Comunidades indígenas modernas no Еstado de São Paulo e a interação com população não indígena

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УДК 572 Кузнецова Анастасия Дмитриевна Kuznetsova Anastasiia Dmitrievna Современные индейские общины в штате Сан-Паулу и их взаимодействие с неиндейским населением Modern indigenous communities in São Paulo state and their interaction with non-indigenous population Comunidades indígenas modernas no Estado de São Paulo e a interação com população não indígena Студентка Учебно-научного центра Социальной Антропологии РГГУ Student of Center for Social Anthropology RSUH Estudante do Centro de Antropologia Social Universidade Estadual Russa de Humanidades [email protected] Ключевые слова: Бразильские индейцы, Сан-Паулу, образ индейца, стереотипы, этническое взаимодействие. Keywords: Brazilian Indians, São Paulo, image of an Indian, stereotypes, ethnic interaction. Palavras-chave: Índios brasileiros, São Paulo, imagem do índio, estereótipos, interação étnica. Аннотация Взаимодействие индейского и неиндейского населения на территории Бразилии всегда носило амбивалентный характер. С момента колонизации бразильских территорий португальцами между колонистами и индейцами возникало как выгодное экономическое сотрудничество и добрососедские отношения, так и конфликты, нередко вооруженные. По прошествии пятисот лет многое изменилось. В своей статье автор на основе полевого материала, собранного в Бразилии, штате Сан-Паулу, в январе – феврале 2016 года рассматривает взаимодействие индейского и неиндейского населения в городской (столица штата г. Сан-Паулу) и сельской местности (деревня индейцев гуарани-мбыя БоаВиста, муниципалитет Убатуба, штат Сан-Паулу). Anotação A interação de população indígena e não indígena no Brasil sempre foi de caráter ambíguo. Desde a colonização dos territórios brasileiros por portugueses entre os colonizadores e os índios aconteceram a colaboração econômica lucrativa, relações amistosas assim como conflitos armados. Com o passar de 500 anos muita coisa mudou. No artigo presente a autora analisa a interação entre população indígena e não indígena na área rural e na área urbana com a base na evidência do trabalho de campo realizado em janeiro – fevereiro 2016 na capital do Estado de São Paulo e na aldeia dos Guarani Mbya Boa Vista localizada perto do município de Ubatuba.

Hoje em dia no Brasil residem aproximadamente 800 mil índios que resultam em 0,7% da população total do país. Em geral no Brasil habitam mais de 200 etnias, falantes de línguas pertencentes às várias famílias linguísticas: Tupi, Guarani, Aruaque, Jê, Caribe, Pano, Tucano, Nambiquara, Ianomâmi entre outras assim como etnias falantes de línguas isoladas. A migração indígena para as cidades acontecia irregularmente. Em diversas regiões ela iniciou em épocas variadas, mas o pico foi nos anos 60 – 70 do século XX [4, 7]. Essas migrações definiram a distribuição atual da população indígena rural e urbana nas macrorregiões. A maioria dos índios reside nas áreas rurais das regiões Norte e Centro-Oeste. Vale prestar atenção à Tabela 1, onde se representa a divulgação da população indígena de acordo com a área de residência urbana ou rural. Sob a noção da área rural nós compreenderemos aqui as aldeias indígenas localizadas nos territórios demarcados, nos parques nacionais de preservação da cultura e etnias indígenas assim como os territórios sem demarcação com a população indígena residente fora da cidade. Visto que a quantidade dos índios nas regiões varia também como sua presença nas áreas rurais e urbanas, o caráter da interação deles com a população urbana e a frequência de contatos difere por causa dos vários fatores como as peculiaridades do relevo, a quantidade da população indígena na região, a política local do Governo Estadual e Municipal, ect. A população que se identifica como indígena de acordo com área de permanência (segundo os dados de IBGE, 2010) A população que se identifica como indígena de acordo com área de permanência Macroregião

Geral

Urbana

Rural

1991

2000

2010

1991

2000

2010

1991

2000

2010

100

100

100

100

100

100

100

100

100

Norte

42,4

29,1

37,4

16,8

12,1

19,5

50,5

47,6

48,6

Nordeste

19,0

23,2

25,5

22,5

27,6

33,7

17,9

18,4

20,4

Sudeste

10,4

22,0

12,0

35,4

36,7

25,1

2,5

5,9

3,7

Sul

10,3

11,5

9,2

14,3

13,6

10,8

9,0

9,3

8,1

Brasil

Por meio deste artigo a autora irá analisar a composição étnica dos índios do Estado de São Paulo; as peculiaridades da integração dos índios ao contexto urbano moderno; procurando revelar os estereótipos básicos existentes em relação aos índios entre os cidadãos do Brasil. Sendo que este um tema amplo demais, tentaremos responder às questões colocadas baseando-se no material coletado durante o trabalho do campo conduzido no Brasil, no estado de São Paulo em Janeiro e Fevereiro de 2016, na área urbana (São Paulo capital) e na área rural (aldeia dos indígenas Guarani Mbya Boa Vista, cidade de Ubatuba, estado de São Paulo). Os depoimentos também foram coletados nas etapas anteriores da pesquisa. A autora tem como objetivo explicar a situação geral no Estado aplicando o material das outras regiões para que a comparação destaque os aspetos da interação interétnica mais essenciais para São Paulo. Para compreender o contexto em que ocorrem as interações vamos examinar os estereótipos sobre os índios que existem no âmbito dos brasileiros de origem não indígena. Com o auxílio do método de entrevista formal, conduzido na forma escrita, entre os brasileiros das várias regiões do país, nós sabemos que as características essenciais e mais significativas para os brasileiros comuns são as seguintes:

1. O índio reside em territórios remotos; 2. Alimenta-se com os produtos da mata ao lado do seu aldeamento;

3. Suas crenças religiosas são ligadas diretamente com as forças da natureza; 4. Têm a aparência diferenciada dos outros brasileiros: a pele mais escura, olhos puxados, cabelo negro e liso. Evidencia-se que os traços físicos são a característica de maior destaque para o brasileiro médio ao diferenciar índios dos outros brasileiros; 5. Comércio de produtos artesanais; 6. Cultura especial. Estas características constroem uma imagem geral do índio entre a população urbana do Brasil, pois a maioria dos entrevistados vivem nas cidades grandes. O estereótipo citado nos parece muito estável e permanente, visto que o conjunto de conhecimentos sobre os povos indígenas é geralmente reduzido. O maior número de entrevistados conseguiram nomear pelo menos uma etnia indígena residente no território brasileiro (contudo as mais conhecidas foram as etnias Tupi e Guarani). É claro que eles obtiveram essa informação na maioria dos casos do curso escolar de história, onde os índios são estudados mais frequentemente só no contexto de história colonial. Somente poucas pessoas têm consciência da existência do estereótipo em relação aos índios e algumas pessoas reclamam que o índio verdadeiro não existe mais ao considerar todas as alterações que aconteceram com povos indígenas desde o início da colonização, embora tais afirmações sejam escassas. Não creio que exista o índio "verdadeiro". Mesmo após a integração cultural com a sociedade branca, o índio tenta manter o que for possível das suas raízes. Os índios podem estar em diferentes graus de aculturação, e esta pode ter sido mais ou menos violenta. Os mais aculturados trabalham, como qualquer operário, nas empresas conhecidas dos consumidores, mas a um salário vergonhosamente inferior. E pode morar nas favelas e cortiços das grandes capitais. Os demais, menos aculturados, moram e fazem algo mais próximo do que seus antepassados [2]. Alguém com uma cultura diferente da nossa, embora hoje em dia os índios tenham acesso à internet, TV e coisas que nós também consumimos, imagino eles com um jeito diferente de ver o mundo [2] . Apesar de tais respostas serem poucas, podemos chegar a conclusão que gradualmente “o mito” do índio selvagem começa a desaparecer. Isso influencia positivamente às mudanças das relações entre os índios e não índios: os brasileiros começam exibir o interesse às culturas indígenas, apesar disso ter a ver mais com casos únicos do que uma tendência da massa. À vista disso a mudança gradual do estereótipo pouco afeta a situação geral. Durante a pesquisa da aglomeração urbana de São Paulo nós descobrimos que os índios residentes lá podem ser divididos em três categorias: índios nativos de São Paulo (geralmente os Guaranis e os representante do tronco linguístico tupi-guarani), índios migrantes do Nordeste em busca de trabalho; e também os índios provenientes dos outros países latino-americanos que vêm buscar trabalho (habitualmente são os Quíchuas, Aimarás do Peru, da Bolívia e Equador). Na capital do Estado existem pelo menos quatro aldeias indígenas dos Guarani Mbya. Duas estão situadas no bairro Parelheiros, na fronteira com município de São Bernardo do Campo. As restantes estão no Pico de Jaraguá [6, с. 10 – 11, 1]. Naquele território os aldeamentos indígenas têm a fronteira com os não indígenas. Outros índios moram dispersos no território dos bairros de São Paulo e não formam uma comunidade fixa. Vale destacar todas as aldeias lembradas por nós foram estabelecidas nos anos 60 – 70 do século XX. Isso significa primeiramente que não são as terras nativas das comunidades indígenas. Elas foram estabelecidas por causa da iniciativa dos líderes indígenas, apoiadores não indígenas ou somente por acaso [6, 1]. Antes da demarcação dos territórios durante muito tempo migravam dentro do Estado em busca de lugares apropriados para seu sustento e permanência. Infelizmente não podemos definir com mais precisão como estes grupos apareceram no território de São Paulo, se eles residiam nestas terras antes da colonização ou vieram depois de outros lugares.

No entanto, em sua memória permanece a noção que eles habitam estas terras há muito tempo, na nossa visão, eles podem ser considerados a população nativa deste território. A vida deles está sempre na luta pela demarcação das terras, que eles obtiveram. A situação com migrantes indígenas do Nordeste é muito mais complicada. As causas de migração deles para São Paulo são consequência de conflitos com proprietários, empobrecimento de terras que resultou em situação de fome, e também os conflitos dentro da comunidade indígena provocados pela influência civilizatória da cultura ocidental [4]. A migração começou nos anos 1950 devido a aridez que alcançou a região nordestina. O problema básico encontrado pelos índios nas megalópoles é primeiramente a moradia. A maioria deles tem que asilar-se em casas pequenas alugadas, nas favelas. Se alguns índios conseguem adquirir imobiliário, sempre ocorre com esforço enorme ou de preço da sua própria saúde [4, 1]. Eu tenho casa própria. Trabalhei muito, estou doente, mas tenho minha casa. Graças a Deus dos Pankararé daqui, tem muitos que moram em barraco. A maioria está numa pobreza danada [5]. Alguns índios tentam se misturar na população urbana e não mantêm o contato com a aldeia materna, contudo, a maioria dos índios nordestinos continua fortalecendo os laços com a aldeia e a visitam anualmente pelo menos uma vez graças ao rito Ouricuri que os obriga a vir [5, с. 20]. Por exemplo, os índios Pankararu, Fulni-ô, Pankararé, Atikum e outros [1]. Falando sobre os índios andinos em São Paulo, nós não tínhamos estudado destas migrações nas megalópoles como nosso objetivo. Entretanto o número maior dos brasileiros ainda não suspeita que distante do seu olhar corre a vida das etnias indígenas diferentes. Mas os brasileiros não diferenciam estes grupos que vêm a São Paulo em busca de trabalho daqueles que vêm dos outros países da América Latina. Apesar do fato que na sociedade brasileira existe uma imagem estável do índio selvagem, ela pode atualizar-se em formas diferentes dependendo do contexto e da situação concreta. Nós conseguimos determinar dois modelos de atualização desta imagem: o primeiro é “o selvagem nobre” que sofreu das mãos dos colonizadores e dos bandeirantes, o segundo modelo é “o índiovagabundo”, selvagem e ignorante. Imagens apresentadas do índio se acham desde a colonização e quase não mudam até hoje. O primeiro estereótipo romantizado pode se destacar do modo seguinte: “Se o índio vem para qualquer universidade, nós com muito prazer reclamamos como isso é importante para nossa cultura e nossa história”. E o segundo se revela assim: “Se alguma pessoa encontra o índio no centro da cidade, ela acha que o índio está vagabundeando, pedindo dinheiro, impede a passagem dos outros. Se o índio está na área rural, também acham que ele é vagabundo. Além de tudo aqui se envolve o conflito agrário” [1] Dessa maneira se apresentam dois estereótipos generalizados sobre a imagem do índio do ponto de vista do nosso informante. A presença desses estereótipos dificulta muito a integração dos índios à sociedade brasileira. Além do mais eles se estabelecem na mídia, que impede a transformação deles. Estas imagens, sendo fixas na consciência das pessoas, servem de obstáculo para interação das populações tão distintas e às vezes se viram as causas dos conflitos. Embora nos certos casos a interação se alivia por auxílio das organizações governamentais e não governamentais (NGO) que atua, na defesa de direitos indígenas e reivindicação de terras. Podem servir de exemplo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Instituto Socioambiental (ISA), Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e dezenas de outros. Queremos salientar que em relação às cidades grandes, particularmente São Paulo, um dos nossos informantes principais, antropólogo Benedito Prézia, divide os índios em duas categorias: os que moram nos aldeamentos permanentes (na área rural) e os que vieram das outras regiões e vivem na Grande São Paulo (quer dizer dentro da cidade mesma). Para os indígenas dos aldeamentos rurais é menos complicado entrar em contato com o governo municipal e a população urbana visto

que os órgãos oficiais os representam, existem organizações encarregados a vigiar a saúde, educação indígena ect. “Os indígenas que vivem fora de aldeia (a maioria em São Paulo – cerca de 12 mil) estão lutando para serem tratados de forma diferenciada, mas sem muitos progressos. Na PUC, onde vários indígenas estudam, disseram uma vez que se sentiam discriminados não por serem indígenas, mas por serem pobres”[1]. Parcialmente, adiciona o informante, isso acontece, além do mais, porque a sociedade não os considera de índios verdadeiros por causa da mistura com outras etnias, portanto, não devem ser defendidos. Na maioria dos casos isso pode ser aplicado aos índios nordestinos. Devemos tomar em conta que ambos os informantes, citados anteriormente, pertencem a população bem instruída, um deles é antropólogo, e são bem informados sobre a questão indígena. Mas têm outras pessoas que apesar de ter recebido boa educação não reconhecem nenhum dos problemas com índios em São Paulo. “Há muitas culturas em São Paulo: há pessoas provenientes da Ásia, há índios, há negros, por isso a relação a eles é normal. Em São Paulo eles não são considerados de pessoas da classe inferior”[1] Desse jeito o entrevistado não repara nenhuma injustiça em relação aos índios em São Paulo, pois se esbarra com eles ocasionalmente e não mantém o contato permanente. Entretanto no contexto do país inteiro ele considera os índios bastante humilhados, o que foi extraído não da experiência pessoal dele, mas do discurso nas mídias, conversas e das outras fontes de informação comuns. Assim sendo as formas distintas da organização social e territorial dos índios fortalecem a eles as oportunidades diferentes de interação com população não indígena. Os índios residentes nos aldeamentos fixos, em grupos numerosos, são socialmente mais protegidos graças à colaboração com organizações pró-índio. Os migrantes nordestinos indígenas espalhados dentro das megalópoles são mais vulneráveis, pois vivem individualmente. Diariamente eles encaram a população urbana nas ruas, no trabalho, no transporte público, por isso sofrem dos estereótipos criados pela sociedade brasileira. Este estereótipo também é reforçado por conta de muitos deles pertencerem à classe mais pobre. Todavia a dinâmica se mostra positiva na destruição dos estereótipos antigos e que possivelmente resultará numa força progressiva que fortalecerá na melhoria das relações interétnicos no Brasil.

Fontes 1.

2.

3.

Materiais do campo da autora 2016 (MCA 2016). Expedição ao Estado de São Paulo em Janeiro – Fevereiro 2016 (informantes: Marcos Tupã Mbya, Carmen Junqueira, Benedito Prézia, Enrico Marchini, Arnaldo Marchini, Terezinha Marchini, Nicholas Núñez, Ivan Núñez, Dagoberto Marin, Renata Melleiros Paoleio, Gustavo Camin, Bruno Barnadão Quaresma). Materiais do campo da autora 2015 (MCA 2015). Entrevistas de forma escrita (informantes: Ellen Cristina Silva, Maycon de Souza Esquer, Renato Diego Lima Orosco, André Ángelo Taveira, Jefferson Oliveira, Adriel Maria Carneiro, Priscilla Melo, Daiane Almeira entre outros). Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística. Os indígenas no Censo Demográfico 2010. Primeiras considerações com base no quesito cor ou raça. – Rio de Janeiro.: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística – IBGE. Diretória de pesquizas., 2012.

Literatura 4. Котовская М. Г. Адаптация индейцев тупи и терена к городской среде. // Экология американских индейцев и эскимосов. – М., 1988. – С. 202 – 209. 5. Comissão Pro-Índio de São Paulo. Índios na cidade de São Paulo. São Paulo, 2009. 6. Gauditano R., Guarani M., Guarani J. Aldeias Guarani Mbya na cidade de São Paulo / Nhandekuery Mbya rekoa São Paulo tetã mbyte re. São Paulo, 2006. 7. Virtanen P. K. Amazonian Native youth and notions of indigeneity in urban areas. // Identities: Global Studies in Culture and Power, № 2 – 3, 2010. С. 154 – 175.

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