CONCEITO DE MODULARIDADE − APLICAÇÃO EM MODELOS DE ANÁLISE

May 22, 2017 | Autor: Lisandra Andrade | Categoria: Design, Adaptive Hypermedia, Hypermedia, Cognitive Ergonomics
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CONCEITO DE MODULARIDADE − APLICAÇÃO EM MODELOS DE ANÁLISE

Lisandra de Andrade Dias

CONCEITO DE MODULARIDADE − APLICAÇÃO EM MODELOS DE ANÁLISE

1ª edição

Florianópolis

DIOESC Diretoria da Imprensa Oficial e Editora de Santa Catarina

2011

FICHA CATALOGRÁFICA

AGRADECIMENTOS

Em nome dos usuários novatos, agradeço à FAPESC a oportunidade de publicação da pesquisa.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................9 CAPÍTULO I CONTEXTUALIZAÇÃO.................................................................9 1.1.1 Os usuários novatos e a aprendizagem................................. 13

CAPÍTULO II CONCEITO DE MODULARIDADE..................................................... 19 2.1 Conceito de Modularidade.................................................. 20 2.2 Ambientes modulares........................................................ 24

CAPÍTULO III CONSTRUÇÃO DOS MODELOS DE ANÁLISE...................................... 29 3.1 Hipermídia de comunicação — Gmail...................................... 29 3.1.1 Reconhecimento dos usuários......................................... 48 3.1.2 Reconhecimento da tarefa............................................. 50 3.1.3 Diagnóstico............................................................... 51 3.1.4 Planejamento............................................................ 51 3.1.4.1 Identificação dos critérios..................................... 52 3.1.5 Modelo de Análise....................................................... 52 3.1.6 Resultados alcançados.................................................. 63 3.2 Telefone Celular.............................................................. 63 3.2.1 Avaliação Heurística..................................................... 64 3.2.2 Coleta e análise dos dados............................................. 66 3.2.3 Diagnóstico............................................................... 76 3.2.4 Construção do modelo de análise..................................... 79

8 Lisandra de Andrade Dias 3.2.5 Resultados alcançados.................................................. 84

CAPÍTULO IV CONCLUSÕES FINAIS................................................................ 87 4.1 Futuros trabalhos............................................................. 90

REFERÊNCIAS..................................................................... 91

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Proposta de Dias (2008) — adaptação do modelo genérico de Brusilovsky (2004).................................................................... 22 Figura 2: Tela de Bem-vindo ao Gmail............................................ 31 Figura 3: Tela de cadastro de conta.............................................. 32 Figura 4: Tela de Introdução ao Gmail............................................ 33 Figura 5: Tela sobre o Talk.......................................................... 34 Figura 6: Tela padrão com bate-papo............................................. 35 Figura 7: Tela padrão sem bate-papo............................................. 36 Figura 8: Tela HTML básico......................................................... 37 Figura 9: Tela de Escrever e-mail................................................. 39 Figura 10: Tela de e-mails Com estrela........................................... 40 Figura 11: Tela de Bate-papos..................................................... 41 Figura 12: Tela de E-mails enviados............................................... 42 Figura 13: Tela de Rascunhos...................................................... 43 Figura 14: Tela de Todos os e-mails............................................... 44 Figura 15: Tela de Spam............................................................ 45 Figura 16: Tela de Lixeira........................................................... 46 Figura 17: Tela de Contatos........................................................ 47 Figura 18: Tela de Escrever e-mail – módulo 1.................................. 54 Figura 19: Tela de Caixa de entrada – módulo 1................................ 55 Figura 20: Tela de E-mails enviados – módulo 1................................. 56 Figura 21: Tela de Todos os e-mails – módulo 1................................. 57 Figura 22: Tela de Spam – módulo 1.............................................. 58 Figura 23: Tela de Lixeira – módulo 1............................................. 59 Figura 24: Tela de Com estrela – módulo 2...................................... 60 Figura 25: Tela de Rascunhos – módulo 2......................................... 61

10 Lisandra de Andrade Dias Figura 26: Tela de Contatos – módulo 2.......................................... 62 Figura 27: Tela inicial do celular................................................... 67 Figura 28: Tela Menu................................................................ 68 Figura 29: Tela Menu - continuação............................................... 68 Figura 30: Tela Menu - ícone Contato em destaque............................ 69 Figura 31: Orientação direta....................................................... 70 Figura 32: Seção Contatos − primeiro nível de recursos....................... 71 Figura 33: Seção Contatos − continuação........................................ 71 Figura 34: Lista de contatos........................................................ 73 Figura 36: Continuação da lista de Opções...................................... 73 Figura 35: Lista de Opções......................................................... 73 Figura 37: Busca na lista............................................................ 74 Figura 38: Detalhe do contato selecionado...................................... 75 Figura 39: Mensagem de erro...................................................... 76 Figura 41: Tela Menu para usuários novatos..................................... 80 Figura 40: Tela definição de perfil................................................. 80 Figura 42: Orientação direta para usuários novatos............................ 81 Figura 43: Lista de contatos para usuários novatos............................ 82 Figura 45: Busca na lista para usuários novatos................................. 82 Figura 44: Lista de opções para usuários novatos.............................. 82 Figura 46: Detalhe do contato selecionado para usuários novatos........... 83 Figura 47: Configurações para usuários novatos................................ 83

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, a tecnologia da informação se tornou um tema permanente, e a pesquisa registrou que o número de usuários de Internet mais que dobrou, aumentando de 31,9 milhões em 2005 para 67,9 milhões em 2009. Em 2009, 35% dos domicílios investigados em todo o país (20,3 milhões) tinham microcomputador, frente a 31,2% em 2008, e 27,4% (16 milhões) também tinham acesso à Internet, contra 23,8% em 2008. Em 2009, 67,9 milhões de pessoas com 10 ou mais anos de idade declararam ter usado a Internet, o que representa um aumento de 12 milhões (21,5%) sobre 2008. Em 2005, a Internet tinha 31,9 milhões de usuários; o aumento no período observado em todas as regiões foi de 112,9%. Entre 2005 e 2009, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet foi maior entre os jovens: 71,1% das pessoas de 15 a 17 anos acessavam a rede em 2009; em seguida vieram as pessoas de 18 ou 19 anos (68,7% de acessos). A faixa etária que menos utilizava a Internet foi a de 50 anos ou mais: 15,2%, mas esse contingente de usuários cresceu 138% no período. As mulheres avançaram mais que os homens com relação ao acesso à Internet, especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos (28,2% das mulheres contra 24,8% dos homens); de 40 a 49 anos (31,9% contra 21,8%); e no grupo de 50 anos ou mais de idade (46,1% contra 35,5%). O acesso à telefonia teve expressiva evolução impulsionada pelo crescimento da telefonia móvel celular. De 2004 a 2009, o percentual dos domicílios que tinham somente telefone móvel celular aumentou quatro vezes, de 16,5% para 41,2%. Em 2009, 94 milhões de pessoas da população de

12 Lisandra de Andrade Dias 10 anos ou mais de idade (57,7%) declararam possuir telefone móvel celular para uso pessoal, correspondendo a um aumento de 8,7% em relação a 2008 (7,6 milhões de pessoas). O percentual dos que tinham telefone móvel celular para uso pessoal foi maior entre as pessoas de 20 a 39 anos de idade, ultrapassando 70%. Os números da PNAD (2009) demonstram que é significativo o número de usuários novatos sujeitos à inclusão digital e que, possivelmente, apresentarão dificuldades na aprendizagem de interfaces de uso cotidiano, como controles remotos de televisores, DVDs, micro-ondas, celulares, dentre outras interfaces tecnológicas que devem surgir. Essa demanda exigirá mudanças na atual realidade, pois, além do aumento na produção de equipamentos e de recursos tecnológicos, existe também a necessidade de um desenvolvimento mais especializado de interfaces de ambientes com foco em usuários novatos considerando o número expressivo de excluídos que se tornarão incluídos digitais. Partindo-se da premissa que esses usuários novatos estarão aprendendo a interface com a qual estarão interagindo, logo é fundamental a pesquisa para o desenvolvimento de interfaces intuitivas e condutivas.

1.1.1 Os usuários novatos e a aprendizagem Os usuários, ao interagirem com as interfaces, dividem-se basicamente em três grupos principais: novatos, intermediários e experientes (COOPER e REIMANN, 2007; SCHNEIDERMAN e PLAISANT, 2004; BRUSILOVSKY, 2004). Cooper (2003) caracteriza os diferentes usuários por perfis de acordo com os seus questionamentos durante a interação com a interface, com a seguinte classificação:

Conceito de Modularidade



usuários novatos, que fazem questionamentos tais como: O que este programa faz? Qual é o escopo deste programa? Onde eu inicio? Como eu imprimo?



usuários intermediários, que indagam: Quais são as novas funções nesta versão atualizada? Eu esqueci como importar. O que este comando faz? Errei! Como eu desfaço? Como eu encontro a função X? Qual comando eu usei para a função X? Lembre-me o que isto faz.



usuários experientes, aqueles que desejam saber mais: Como eu automatizo isto? Quais são os atalhos para este comando? Pode isto ser mudado? O que é perigoso? Há uma tecla equivalente no teclado? Como eu otimizo isto?

Para Schneiderman e Plaisant (2004), existe uma categorização dos perfis novatos, intermediários, experientes e iniciantes em relação ao design da interface. Para esses autores podem-se classificar tais perfis de usuário da seguinte forma: •

os usuários novatos possuem pouco conhecimento da tarefa ou da interface e podem ter ansiedade sobre o uso do computador, inibindo o seu aprendizado e apresentando dificuldades na interação com interfaces complexas;



os usuários intermediários possuem um conceito estável de tarefa e conhecimento da interface, mas possuem dificuldades em reter as estruturas ou a localização de menus;



os usuários experientes são muito familiarizados com a tarefa, com o conceito da interface e procuram realizar os seus trabalhos de maneira rápida;



os iniciantes são usuários das categorias anteriores, intermedi-

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14 Lisandra de Andrade Dias ário ou experiente, que utilizam pela primeira vez uma determinada interface. Esta categorização por perfis de usuário com relação às características de uso, de acordo com Cooper e Reimann (2007) e Schneiderman e Plaisant (2004), facilita o reconhecimento destes tipos de usuários durante a interação com computadores, seja com ambientes interativos como páginas da web, seja com ambientes de Ensino a Distância (EaD), intranet, software, seja, até mesmo, com demais interfaces digitais. Definir para qual categoria está se projetando é de suma importância, pois, após determinado o perfil dos usuários e de suas características, ficará muito mais fácil a atividade do designer em planejar, desenhar e implementar as interfaces. Em concordância com Schneiderman e Plaisant (2004, p. 69), “as características destas três classes de uso devem ser refinadas para cada ambiente. Projetar para uma classe é fácil, para muitas é muito mais difícil”. Ainda segundo os autores, Quando múltiplas classes de uso devem ser acomodadas em um único sistema, a estratégia básica é permitir uma “estrutura de níveis” (algumas vezes chamadas de camadas [layered] ou diretriz da espiral [spiral approach]) para aprender. Novatos podem ser ensinados com um mínimo de objetos e ações com as quais podem começar. Eles fazem as melhores escolhas quando possuem menos opções e são protegidos de cometer erros, ou ainda, quando recebem um treinamento direcionado à interface. Depois de ganharem confiança por meio da experiência, estes usuários podem progredir até alto nível de concepção de tarefa e acompanhar a concepção de interfaces. O plano de ensinamento deve ser organizado

Conceito de Modularidade

para o progresso do usuário através do conceito de tarefas, com novos conceitos na interface sendo introduzidos apenas quando eles são necessários para suportar uma tarefa mais complexa. (...) O progresso dos usuários novatos é guiado pelo domínio da tarefa, antes de uma lista alfabética de comandos que são difíceis de relacionar com a tarefa. A ideia da estrutura por níveis deve estar no design do software, no manual, nas telas de ajuda, nas mensagens de erro e no tutorial. (...) Usuários novatos querem mais retorno informativo para confirmar suas ações, gostam de telas menos carregadas de informação e uma velocidade menor de interatividade nas telas (SCHNEIDERMAN e PLAISANT, 2004, p. 97, tradução nossa).

Para os novatos, que têm tido acesso aos computadores, seja em busca de informação, de comunicação ou de atualização, a inclusão digital tem se apresentado como um fator determinante tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. No âmbito pessoal, o uso do computador pode proporcionar comodidade, conforto e segurança no dia a dia. A convergência de mídias e a inserção de computadores em equipamentos e utensílios do cotidiano são uma constante crescente na atualidade e em um futuro próximo. É perceptível que usuários que não sabem interagir, ou que possuem grandes dificuldades de interação com interfaces digitais, também encontram dificuldades em interagir com equipamentos simples como micro-ondas, aparelhos de som, televisão com complexos controles remotos e menus nas telas. A falta de domínio na utilização de computadores pode ser um fator excludente. Percebe-se muitas vezes, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, problemas de interação entre o usuário e o computador, seja na relação humano-máquina (hardware), seja na relação humano-sistema

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16 Lisandra de Andrade Dias (software, tecnologia). A era digital, com inúmeras interfaces digitais, apresenta inúmeras vantagens e confortos; entretanto, para esse contingente de usuários novatos, muitas vezes essas interfaces podem causar sensações de incompetência, irritação e até mesmo estresse (MORAES, 2000; NIELSEN, 2000; SCHNEIDERMAN e PLAISANT, 2004; PREECE et al., 2005). Essa situação é agravada, principalmente para os usuários novatos, pelo medo e pela aversão ao novo. E a manutenção de paradigmas obsoletos é explicada por Moraes (2000, p. 77): (...) depende do ser humano, que tende muito mais a preservar do que a inovar. O desconhecido incomoda, é desconfortável para a maioria das pessoas. Pressupõe a necessidade de ver um pouco mais adiante, de planejar do futuro para o presente, ser capaz de perceber onde, quando e como adotar esta ou aquela estratégia. (...) Velhos paradigmas e os valores que lhe são subjacentes dificilmente morrem. Resistem o quanto podem à autodestruição, porque dependem do ser humano com sua natureza extremamente conservadora.

Esse “receio ao novo” pode ser percebido na interação do usuário tanto com hardware quanto com software ainda não conhecidos ou não dominados pelo usuário. Quanto ao hardware, por exemplo, percebe-se, na maioria das vezes, uma dificuldade muito grande quando se troca um usuário de uma plataforma do tipo Personal Computer (PC) para a Macintosh. Quanto aos softwares, constata-se em alguns casos a preferência dos usuários por continuar usando um software do qual já possui o domínio, em vez de experimentar o aprendizado de um novo programa. É evidente que não se podem generalizar as dificuldades e a resis-

Conceito de Modularidade

tência ao novo; entretanto, já foi vislumbrado que pode variar de acordo com o perfil do usuário, ou seja, quanto mais experiente em softwares ou hardwares, mais facilidade terá esse usuário em aprender outro programa. Na maioria das vezes, o inverso também é verdadeiro, ou seja, quanto mais novato o usuário, no uso de equipamentos e de softwares, maior é a sua resistência a uma variação em seu uso. Ainda, se considerarmos que um usuário novato quando deseja realizar uma tarefa também estará aprendendo a interface e seus elementos estruturais, tais como: menus, comandos, funções, caixas de diálogos, etc., então, essa interação concomitante à aprendizagem da interface, seja ela do hardware, seja do software, pode acabar gerando uma sobrecarga cognitiva para este usuário. Na tentativa de facilitar a interação e o aprendizado de interfaces vem-se utilizando hipermídia adaptável e adaptativa, com seus recursos de adaptação na navegação e no conteúdo. Apesar da evolução das interfaces gráficas de softwares e ambientes interativos, ainda é perceptível que o desenvolvimento de interfaces tem foco na lógica de funcionamento (tecnologia) e não na lógica de utilização (usuário), o que caracteriza uma abordagem tecnocentrada e não antropocentrada. Assim, as considerações de ordem pedagógica ou de usabilidade nessas interfaces ficam subordinadas às definições técnicas. Uma abordagem antropocentrada na concepção de interfaces interativas exige a compreensão dos aspectos cognitivos do perfil do usuário, ou seja, os modelos mentais dos usuários, na tentativa de entender quais características as interfaces devem ter, para que sejam fáceis de aprender e de usar.

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CAPÍTULO II

CONCEITO DE MODULARIDADE

Este trabalho tem sua fundamentação teórica no Conceito de Modularidade, que foi proposto por Dias (2008), para concepção de ambientes condutivos e intuitivos com ênfase em usuários novatos. Esse conceito é uma convergência dos conhecimentos da Cognição Situada e da Hipermídia Adaptativa e Adaptável. Dentro da área de estudos da Cognição Situada encontram-se a Ação Situada, a Aprendizagem Situada e a Consciência Situada. A Ação Situada está embasada na forte influência do contexto para a compreensão e para a tomada de decisão; com isso todos os elementos excessivos e pouco pertinentes para uma ação podem induzir ao erro e atrapalhar o aprendizado da interface do aplicativo (SUCHMAN, 1987). A Aprendizagem Situada apoia-se no princípio de que o conhecimento precisa ser apresentado e aprendido no contexto real do indivíduo durante a atividade. E requer a introjeção dos termos e significados com seus respectivos valores associados às ações de quem as está realizando. Ainda, deve proporcionar uma formação individualizada e flexível que atenda ao ritmo individual de cada indivíduo (LAVE, 1988). Os estudos da Consciência Situada ressaltam a importância e a influência do contexto e da situação na interação e na tomada de decisão do usuário com a interface (ENDSLEY, 1996). As autoras acima citadas, Suchman, Lave e Endsley, concordam sobre a necessidade de disponibilizar os elementos pertinentes à tarefa e, com isso, uma simplificação dos elementos da interface. Essa simplificação, quanto à definição da quantidade e da precisão da informação a serem

20 Lisandra de Andrade Dias adquiridas pelo usuário, visa proporcionar uma melhoria na atenção e na redução da carga de trabalho durante a tarefa. Esses fatores são relevantes, principalmente, para os usuários novatos. As técnicas e os métodos da Hipermídia Adaptativa e Adaptável podem viabilizar a ideia de simplificação da interface quanto à apresentação e disponibilização dos seus elementos pertinentes à tarefa. Desde o simples recurso de ocultação de links até a modelagem de acordo com o perfil do usuário. Com isso, podem-se beneficiar a aprendizagem e a interação de usuários novatos na sua inclusão digital.

2.1 Conceito de Modularidade Se o usuário, principalmente os novatos, está aprendendo a interface do aplicativo, conforme se constatou pela literatura pesquisada (BONSIEPE, 1997; COOPER, 1998; MARTINS e SOUZA, 1998; LEITE e SOUZA, 1999; CONSTANTINE e LOCKWOOD, 1999; MARCUS, 1999; PREECE, 2000; NORMAN e NIELSEN, 2000; DIX et al., 2003; VASSILEVA, 2005), então, deve-se proporcionar a simplicidade do contexto com o intuito de facilitar a aprendizagem da interface, a interação e a tomada de decisão. E, assim, respeitar o seu ritmo no desenvolvimento cognitivo, por meio de uma modularidade de conteúdo e de ferramentas apoiada em uma abordagem pedagógica. As recomendações da Consciência Situada propostas por Endsley (1996), e abaixo descritas, fundamentam o Conceito de Modularidade de ambientes: •

no projeto da interface, quanto à importância da definição da quantidade e da precisão das informações a serem adquiridas pelo usuário, compreende-se que a densidade informacional e a impertinência de dados e informações na interface podem

Conceito de Modularidade

sobrecarregar o usuário na aprendizagem, na interação e na tomada de decisão; •

quanto à compatibilidade com as necessidades de consciência situada do usuário, essa deve ser com as características perceptivas e cognitivas desse usuário, permitindo assim uma rápida e fácil identificação e interpretação dos elementos estruturais do ambiente;



a intensidade do estresse pode produzir diferentes efeitos no usuário. Se for grande, pode prejudicar a tomada de decisão e a memorização. Portanto, uma interface simplificada e os elementos pertinentes à tarefa reduzirão a sobrecarga mental e a incidência de erros;



a demanda da tarefa não deve exceder a capacidade do usuário de obter a consciência situada, e a complexidade do sistema e da tarefa não deve exceder a capacidade do usuário de gerar objetivos, planos e decisões. Com isso, deve haver um equilíbrio entre a complexidade das tarefas e a capacidade do usuário, permitindo, assim, a realização das tarefas e a tomada de decisão;



a automação diminui a habilidade do usuário em detectar erros no sistema, o que caracteriza um ambiente tecnocentrado; então, possivelmente um ambiente com uma abordagem antropocentrada seja mais vantajoso ao desenvolvimento cognitivo do usuário;



a informação deve orientar os objetivos do usuário. Sendo assim, com as técnicas de Hipermídia Adaptativa podem-se atribuir ao sistema recursos de orientação e informação adicional apoiando a tomada de decisão do usuário;



a importância de filtrar a informação que prejudica a consci-

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22 Lisandra de Andrade Dias ência situada; portanto, quanto mais pertinente a informação com a tarefa, mais atenção será direcionada e melhor será a decisão tomada. O Conceito de Modularidade propõe um rompimento no paradigma da decisão tomada pelo sistema em ambientes interativos do tipo adaptativo e/ou adaptável, visando garantir ao usuário a tomada de decisão. O sistema proposto no Conceito de Modularidade, de acordo com a figura 1, apresenta as seguintes especificações: (1) primeira possibilidade — na primeira interação com o ambiente interativo, o usuário responde a um breve quiz que permite a identificação do perfil do usuário na Base de Modelo de Usuários (BMU); o sistema disponibiliza a Interface Adaptativa (IA) de acordo com o perfil do usuário (novato, intermediário ou experiente); (2) segunda possibilidade — durante a interação com o ambiente, o sistema permite ao usuário a escolha de mudança de Tomada de decisão do usuário: preferência por perfil

perfil a partir da seleção na

BMU

apresentando

a IA de preferência do usuário.

Mecanismo de monitoramento

Aplicação Adaptativa

Monitoramento de informação de nível básico : - tarefas iniciadas, realizadas, canceladas, - resposta às perguntas, - usuário decide mudar de perfil durante a interação.

Figura 1: Proposta de Dias (2008) — adaptação do modelo genérico de Brusilovsky (2004).

Modelagem no Usário

Mecanismo de adaptação

Adaptação por decisões: - ajuda em telas pop-up, - re-estruturação da interface, - prover detalhes nos conceitos de aprendizagem.

Conclusões de avaliações complexas: - usuário está desorientado, - usuário com dificuldades de completar as tarefas, - usuário não compreendeu o conceito.

Adaptação pela tomada de decisão

Conceito de Modularidade

Os sistemas de Hipermídia Adaptativa (HA), para garantir a adaptabilidade, necessitam do perfil de cada usuário, que pode ser recebido por várias fontes — de dados cadastrais até a navegação observada do usuário na rede do sistema. O Modelo do Usuário (MU) é composto a partir das características do usuário, sendo armazenado em uma Base de Modelos de Usuários (BMU). O MU comporta-se como um filtro para os conteúdos e a estrutura de navegação do sistema de HA. Como o aprendizado do usuário é um processo dinâmico, o MU deve evoluir ao longo da interação do usuário com o sistema, permitindo ao usuário a adaptabilidade por preferência de perfil (figura 1). A IA executa dois processos: (1) a apresentação de conteúdos e links adaptados ao modelo do usuário, e (2) a coleta de informações relevantes para mantê-lo atualizado. Geralmente a IA oferece um grau de interatividade, possibilitando ao usuário a adaptabilidade às preferências do usuário, permitindo a configuração de atributos tais como o tipo e tamanho do texto, cores, volume de áudio, tamanho das janelas, etc. O Conceito de Modularidade visa proporcionar um ambiente adaptável, mas também adaptativo, por permitir ao usuário a escolha de um perfil com ferramentas respectivas às tarefas a serem realizadas, possibilitando assim uma interface adaptativa e adaptável (IAA). Nessa interface o usuário possui o recurso de mudar de perfil de acordo com a sua preferência, ou pelo seu nível de desenvolvimento nas tarefas, ou pelo seu conhecimento adquirido ou pelo seu repertório. Pode ser garantida a flexibilidade na mudança de perfil, ou seja, um usuário novato resolve experimentar a interface de usuário de um dos outros perfis: intermediário ou experiente. Então ele opta pelo perfil correspondente, interage com o aplicativo e, caso decida retornar ao perfil anterior, basta fazer a opção apenas com o clique em um comando, permitindo assim a tomada de decisão por parte do usuário.

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24 Lisandra de Andrade Dias 2.2 Ambientes modulares A aplicação do Conceito de Modularidade em ambientes interativos pode ser oferecida nas áreas de conteúdo ou nas de ferramentas. No caso de modularidade de conteúdo, pode-se pensar a disponibilização de materiais e conteúdos de acordo com a evolução no aprendizado do usuário e em ambientes disponíveis para diferentes matérias ou disciplinas. Quanto à aplicação nas ferramentas, a modularidade visa garantir aos usuários uma adaptabilidade por grau de complexidade das ferramentas, ou seja, o usuário define o perfil da IAA, como novato ou intermediário ou experiente para interação, armazenadas na BMU. Para cada perfil o sistema possui uma interface preestabelecida com um determinado agrupamento de ferramentas determinado pelo grau de complexidade, respectivas às tarefas a serem realizadas e, para os usuários experientes, uma interface completa, ou seja, com todas as ferramentas e com recursos alternativos, como a possibilidade de criação de atalhos e macros1. Na estrutura de um ambiente modular, a modelagem da interface de ambiente por perfil de usuário pode ser realizada por recursos de hipermídia adaptativa para a liberação de ferramentas de maneira progressiva. Quanto aos critérios para a liberação das ferramentas em um ambiente modular, eles devem ser determinados de acordo com o tipo do ambiente (tais como: EaD, e-commerce) e com os objetivos dos seus projetistas e gestores. Entretanto, acredita-se que é de suma importância que obedeçam a uma abordagem pedagógica. Sobre os critérios, apresentamos os seguintes exemplos: no caso de softwares (como suíte de aplicativos, softwares educativos e outros) e de aplicativos (apps mobile), podem-se determinar as ferramentas disponíveis

1 Recurso encontrado no software Word que garante a adequação de funcionalidades pré-determinadas pelo usuário.

Conceito de Modularidade

de acordo com (i) as funcionalidades com maior frequência de uso por perfil de usuário, (ii) a complexidade de tarefas passíveis de realização. Estudos como os de Cooper et al. (2007) sobre as personas e suas interações com interfaces digitais podem servir como base teórica para a determinação dessas ferramentas. Em EaD, por exemplo, pode-se determinar a liberação das ferramentas por critérios como (1) as atividades de aprendizado a serem realizadas, ou (2) as ferramentas mais utilizadas por perfil de usuário. Estudos como o de Roesler (2006) podem servir como base para a escolha das ferramentas em ambientes de EaD. Durante a interação, o sistema reconhece a evolução do usuário na realização das tarefas e libera uma nova interface com ferramentas anteriormente ocultadas. Por exemplo, um usuário novato, depois de algumas sessões de interação, consegue realizar rapidamente e/ou com sucesso a execução de suas tarefas; então o sistema na próxima interação libera a interface de perfil de usuário intermediário; e assim sucessivamente, até o usuário conseguir atingir o nível de interface para experientes, na qual estarão disponíveis todas as ferramentas do ambiente. Essa liberação de ferramentas é provida pelo sistema, de acordo com um dos critérios determinados pelos gestores2 do ambiente. Entretanto, acredita-se ser fundamental permitir ao usuário a escolha de perfil, ou seja, caso o sistema libere para um usuário novato a IAA de um intermediário e este não se sinta seguro ou confortável com a nova interface, o usuário novato pode retornar à interface anterior apenas com um clique no comando. E assim a adaptabilidade de mudança de perfil de usuário durante a interação atende à preferência do usuário, configurando uma abordagem antropocentrada.

2 Compreende-se como gestores a equipe multidisciplinar desenvolvedora do ambiente interativo ou software, principalmente os educadores, psicólogos e instructional designers.

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26 Lisandra de Andrade Dias A proposta de modelagem ao perfil do usuário visa garantir ao usuário a tomada de decisão de alteração de perfil, garantindo assim o controle explícito do usuário sobre a interface do ambiente, sobre a sua navegação e seu conteúdo, a qualquer momento da interação. O usuário, ao interagir com um ambiente modular, seja este um ambiente de EaD, seja um software ou um app, no seu primeiro contato com a interface, visualizará uma tela de apresentação, a qual explicará que este ambiente opera com a proposição de módulos de ferramentas. Nessa tela de apresentação, deve haver um breve questionário, um quiz, sobre a experiência e o repertório do usuário com o uso de softwares em geral e especificamente sobre o programa em questão. Assim o sistema identificará o perfil do usuário pelas respostas. Para usuários intermediários e experientes, propõe-se que a interface do ambiente mantenha-se sempre na versão completa do ambiente, ou seja, com todas as ferramentas disponíveis para o seu aprendizado e uso. Para os usuários novatos, o sistema deve apresentar uma mensagem na tela de apresentação, explicando que o sistema liberará um grupo de ferramentas a cada acesso ao ambiente ou de acordo com a complexidade de suas tarefas, ou seja, segundo o critério determinado pelos gestores ou projetistas. Na tela de apresentação sequencial deve constar uma ressalva que o usuário, durante a interação, pode mudar de perfil, ou seja, mesmo sendo um usuário novato, o sistema pode permitir a visualização da interface para os diferentes perfis: intermediário ou experiente, permitindo assim o acesso à versão completa do ambiente. E, ainda, o usuário novato, tendo visualizado a versão completa do ambiente, poderá retornar ao seu perfil inicial, caso deseje. Uma proposta maior, o usuário é perguntado diretamente sobre a relevância de cada unidade que será recuperada, o sistema coloca assim à sua disposição apenas os pontos relevantes, e o usuário decide manter-se ou não com esse perfil.

Conceito de Modularidade

Para usuários intermediários e experientes, propõe-se que a interface do ambiente mantenha-se sempre na versão completa do ambiente, ou seja, com todas as ferramentas disponíveis para o seu aprendizado e a sua utilização.

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CAPÍTULO III

CONSTRUÇÃO DOS MODELOS DE ANÁLISE

Para avaliação do Conceito de Modularidade, Dias (2008) construiu um modelo de análise em um ambiente de EaD — o TelEduc, que foi avaliado por meio de uma avaliação ergonômica de usabilidade do tipo Ensaios de Interação com usuários novatos, a experiência contou com dois grupos, um de controle e outro de experimento. A partir do diagnóstico, concluiu que apesar de a interação consecutiva facilitar a identificação e o reconhecimento dos elementos de uma interface para ambos os grupos, o Conceito de Modularidade foi um agente facilitador na compreensão e na interação dos usuários junto à interface do ambiente. Os resultados alcançados daquele estudo indicaram a necessidade de avaliar a possível aplicação do Conceito de Modularidade em outros tipos de softwares aplicativos, celulares, dentre outras, utilizados por usuários novatos. O presente estudo apresenta aplicação do Conceito de Modularidade em uma hipermídia de comunicação, o Gmail (item 3.1), e em um telefone celular (item 3.2).

3.1 Hipermídia de comunicação — Gmail A escolha por um webmail se deu em decorrência: (i) de ser expressivo o número de usuários de e-mails, (ii) do uso significativo dessas ferramentas de comunicação, (iii) de pesquisadores de novas tecnologias indicarem como tendência o uso de aplicativos diretamente nos servidores e (iv) por esse tipo de ambiente ser liberado e gratuito. Assim, facilitando en-

30 Lisandra de Andrade Dias contrar usuários novatos que necessitam aprender essa interface para uma efetiva interação. Pressupõe-se que a aplicação do Conceito de Modularidade em um webmail pode ser um potencializador no uso dessa ferramenta de comunicação por usuários novatos. As etapas seguintes foram: (i) a coleta e a análise dos dados sobre o Gmail, sobre os usuários dessa ferramenta de comunicação e sobre a tarefa realizada nesse aplicativo; (ii) o planejamento, com a definição de critérios para a aplicação do Conceito de Modularidade, e (iii) a construção do modelo de análise. Para o reconhecimento do Gmail foram descritas somente as ferramentas respectivas à funcionalidade de comunicação do tipo webmail, ou seja, do tipo assíncrono, considerando que esse aplicativo faz parte do grupo Google e, portanto, apresenta muitos outros aplicativos associados, entre eles: Agenda, Textos e Planilhas, Fotos, Talk (aplicativo que permite a comunicação síncrona), Marcadores, Notícias on-line e o atalho do mecanismo de busca do Google. Ainda, para o reconhecimento do Gmail, consideraram-se todas as etapas para o cadastro de uma conta de acesso e utilização desse aplicativo apenas como ferramenta de comunicação. Para a utilização do Gmail, um usuário necessita de um computador com acesso à internet e um navegador (aplicativo que permite a navegação na rede de computadores). Então, deverá preencher o campo de endereço com a seguinte URL: www.gmail.com. O usuário visualizará a tela inicial “Bem-vindo ao Gmail”, conforme a figura 2. Nessa tela, na coluna à esquerda, encontram-se as informações da empresa sobre o serviço de e-mail, e, no campo à direita, representado em forma de box, encontra-se o campo para entrada de dados para o acesso às páginas internas do Gmail e a possibilidade de criação de conta nesse webmail.

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Figura 2: Tela de Bem-vindo ao Gmail.

Na tela de cadastro de conta, conforme a figura 3, todos os campos para a criação da conta devem ser preenchidos.

Figura 3: Tela de cadastro de conta.

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Após a realização do cadastro de conta, o sistema disponibiliza a tela Introdução ao Gmail, que apresenta poucas das ferramentas do aplicativo de comunicação. Juntamente existe a opção “Estou pronto — mostre a minha conta” que permite pular esta apresentação, como pode ser visto a seguir.

Figura 4: Tela de Introdução ao Gmail.

34 Lisandra de Andrade Dias Ao clicar na opção “Estou pronto — mostre a minha conta”, o usuário visualizará ainda outra tela de apresentação, esta sobre a ferramenta Talk, conforme a figura 5.

Figura 5: Tela sobre o Talk.

Nessa tela, figura 5, o usuário é informado sobre o Talk, ferramenta de comunicação síncrona também conhecida como bate-papo, e possui a opção de salvar ou não o histórico de suas conversas. Nessa mesma tela existe a opção “Legal! Ir para minha caixa de entrada”. Então, o usuário entrará na sua conta de webmail. A tela inicial de acesso ao Gmail, figura 6, corresponde ao Padrão com bate-papo, com todos os aplicativos associados disponíveis, tais como:

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Agenda, Textos e Planilhas, Fotos, Talk, Marcadores, Notícias on-line e atalho do mecanismo de busca do Google. Nas telas internas do Gmail, o usuário possui a opção de mudar de visualização de tela. Existem as opções: Padrão com bate-papo (tela padrão), Padrão sem bate-papo e HTML básico. Em qualquer um dos padrões de visualização das telas, é possível alterar a escolha de visualização. O padrão sem bate-papo, figura 7, permite apenas a ocultação da ferramenta Talk. Entretanto, a opção HTML básico, figura 8, apresenta uma tela bastante simplificada com a ocultação das ferramentas: Agenda, Textos e Planilhas, Fotos, Talk e Notícias on-line. Com isso, conclui-se que esta interface é adaptativa, pois permite a ocultação das ferramentas mais complexas ou menos pertinentes para a realização de tarefas; entretanto, o seu padrão inicial (default) é o mais complexo.

Figura 6: Tela padrão com bate-papo.

36 Lisandra de Andrade Dias

Figura 7: Tela padrão sem bate-papo.

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37

Figura 8: Tela HTML básico.

38 Lisandra de Andrade Dias Como a ênfase do Conceito de Modularidade está em usuários novatos, que na sua maioria das vezes desconhecem ou não percebem a possibilidade de alterações de padrões, optou-se em realizar o reconhecimento do aplicativo a partir da tela padrão, ou seja, a Padrão com bate-papo. Essa interface é a opção com maior densidade informacional, como se pode verificar nas figuras a seguir, por disponibilizar todos os recursos e aplicativos citados anteriormente, e ainda por apresentar todas as funcionalidades referentes ao aplicativo de comunicação como se encontram descritas a seguir: a)

Na tela Escrever e-mail, conforme a figura 9, encontram-se os campos comuns para se escrever uma mensagem, e são estes: Para, Assunto, Adicionar Cc, Adicionar Cco, o espaço para a conteúdo da mensagem, alguns recursos para a formatação da mensagem, o recurso de verificação de ortografia e de anexar arquivo, os botões de Enviar, Salvar agora e Descartar.

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Figura 9: Tela de Escrever e-mail.

40 Lisandra de Andrade Dias b)

A tela Caixa de entrada é também a tela padrão de entrada no Gmail, figura 6; nela encontram-se os campos Arquivar, Denunciar Spam, Excluir, Mais ações, Atualizar e a possibilidade de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

c)

Na tela Com estrela (figura 10) encontram-se os campos Remover estrela, Denunciar Spam, Mais ações, Atualizar e a possibilidade de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

Figura 10: Tela de e-mails Com estrela.

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d)

41

Na tela Bate-papos (figura 11) encontram-se os campos Mover para a caixa de entrada, Mais ações, Atualizar e as possibilidades de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela, e de alterar a opção de histórico de bate-papo em Configurações e Saiba mais.

Figura 11: Tela de Bate-papos.

42 Lisandra de Andrade Dias e)

Na tela E-mails enviados (figura 12) encontram-se os campos Emails enviados, Mais ações, Atualizar e as possibilidades de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela e a possibilidade de Enviar mensagem.

Figura 12: Tela de E-mails enviados.

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f)

43

Na tela Rascunhos (figura 13) encontram-se os campos Descartar rascunhos, Mais ações, Atualizar e as possibilidades de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

Figura 13: Tela de Rascunhos.

44 Lisandra de Andrade Dias g)

Na tela Todos os e-mails (figura 14) encontram-se os campos Mover para a caixa de entrada, Denunciar Spam, Excluir, Mais ações, Atualizar e a possibilidade de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

Figura 14: Tela de Todos os e-mails.

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h)

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Na tela Spam (figura 15) encontram-se os campos Excluir definitivamente, Não é spam, Mais ações, Atualizar e a possibilidade de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

Figura 15: Tela de Spam.

46 Lisandra de Andrade Dias i)

Na tela Lixeira (figura 16) encontram-se os campos Excluir definitivamente, Mover para a caixa de entrada, Mais ações, Atualizar e a possibilidade de Selecionar: Todas, Nenhuma, Lidas, Não lidas, Com estrela, Sem estrela.

Figura 16: Tela de Lixeira.

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j)

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Na tela Contatos (figura 17) encontram-se os campos Escrever, Excluir, Adicionar contato a..., Criar contato, Importar e Exportar. Nessa seção, existem as categorias Enviados por e-mail frequentemente, Todos os contatos, Grupos, e existe a possibilidade de Pesquisar Contatos e Selecionar: Todos, Nenhum. Outro recurso disponível nessa seção é o uso de Filtros para gerenciar as mensagens e o Saiba mais.

Figura 17: Tela de Contatos.

48 Lisandra de Andrade Dias Foi percebido, no reconhecimento do aplicativo, que as páginas Caixa de entrada, Com estrela, Bate-papos, E-mails enviados, Rascunhos, Todos os e-mails, Spam e Lixeira apresentam o link para a seção Notícias, enquanto as páginas Escrever e-mail e Contatos não o apresentam. Em todas as páginas estavam presentes as caixas Contatos rápidos, Marcadores e Convide um amigo. E em todas as páginas os comandos de ações aparecem na parte superior e na inferior da caixa de conteúdo. Essa presença no topo e na base é pertinente quando a caixa de conteúdo está repleta de dados gerando uma barra de rolagem, facilitando assim a visualização dos comandos sem a necessidade de rolar a barra. Entretanto, quando a caixa de conteúdo não apresenta muitos dados, então é perceptível a densidade informacional devido à redundância de elementos.

3.1.1 Reconhecimento dos usuários O Gmail como um aplicativo que garante a comunicação entre usuários acaba sendo utilizado por diferentes perfis de usuários, como os novatos, os intermediários, os experientes e os iniciantes. O objeto de nossa pesquisa são os usuários novatos, e, de acordo com Schneiderman e Plaisant (2004), esses possuem pouco conhecimento da tarefa ou da interface, podendo ter ansiedade sobre o uso do computador, inibindo o seu aprendizado e apresentando dificuldades na interação com interfaces complexas. Cooper e Reimann (2003) caracterizaram os usuários por perfis baseados nos seus questionamentos durante a interação com a interface. Os novatos fazem questionamentos tais como: O que este programa faz? Qual é o escopo deste programa? Onde eu inicio? Como eu imprimo? Tomado conhecimento das características perceptivas e cognitivas deste perfil de usuários, buscaram-se recomendações sobre a concepção e o

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desenvolvimento da interface para esse público. Segundo Dias (2002), para os usuários novatos o aprendizado das interfaces ocorre em dois momentos: na busca e no encontro de uma determinada informação, e também no “como” se relacionar com as interfaces dos aplicativos e dos ambientes interativos. E que os usuários novatos tomam conhecimento da interface, das funções e comandos, como um usuário em resolução de problema com elaboração de procedimentos, nos quais esta elaboração depende da representação da situação. Logo, a interface mais condutiva facilitará o aprendizado proporcionando uma eficiente representação da situação por parte do usuário, mostrando como interagir com estes ambientes interativos. Portanto, as interfaces devem ser condutivas e garantir aos usuários: (i) fácil aprendizado, (ii) a possibilidade de atingir com eficiência seus objetivos, (iii) facilidade para memorização da interface, (iv) uma minimização de erros durante a interação (DIAS, 2002). Sobre a navegação para esse perfil de usuários, Dias (2002) recomenda o uso de links e botões com denominações coerentes e facilmente decodificáveis. Sobre o conhecimento da tarefa ou da interface, Dias (2002) constatou que os usuários novatos, na maioria das vezes, têm como procedimento comum utilizar a configuração de tela padrão ou que tenha sido disposta por algum técnico. No Gmail existe a possibilidade de três modos de visualização, como foi explicado anteriormente no item Reconhecimento do Aplicativo. Entretanto, o recurso de mudança de visualização encontrase localizado na parte inferior da tela, desfavorecendo a percepção de tal ferramenta. Portanto, conclui-se que os usuários novatos do Gmail mantêm, provavelmente, a tela padrão de visualização, ou seja, a tela padrão com bate-papo.

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50 Lisandra de Andrade Dias 3.1.2 Reconhecimento da tarefa De acordo com o reconhecimento do Gmail, verificou-se que na tela padrão é possível a utilização de diferentes aplicativos associados, tais como: Agenda, Textos e Planilhas, Fotos, Talk, Marcadores, Notícias on-line, atalho do mecanismo de busca do Google e o recurso de Bate-papo disponível na área central, juntamente com as ferramentas mais comuns de e-mail, o que permitiria uma grande variedade de tarefas. Entretanto, como foi delimitado anteriormente, nosso estudo restringe-se apenas às ferramentas do aplicativo como um webmail, sendo que, entre elas, existe a possibilidade de realização de diferentes tarefas, tais como: •

o recebimento e o envio de mensagens,



escrever mensagens e rascunhos,



o armazenamento de rascunhos e de mensagens,



marcação de mensagens,



visualizar e-mails, spams, lixeira.

A partir do perfil dos usuários desse estudo e de uma análise de similares em outros webmails, como o Hotmail e o Yahoo mail, foram estabelecidas como principais tarefas realizadas nesse tipo de aplicativo: •

o recebimento e o envio de mensagens,



escrever mensagens,



o armazenamento de mensagens,



visualizar e-mails, spams, lixeira.

Como tarefas secundárias foram estabelecidas:

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o armazenamento de rascunhos,



a marcação de mensagens,



contatos.

3.1.3 Diagnóstico A partir do reconhecimento do aplicativo, percebeu-se que o Gmail permite ao usuário a opção por diferentes interfaces: Padrão com bate-papo (tela padrão), Padrão sem bate-papo e HTML básico, sendo que esta última é a que apresenta menor densidade informacional em relação à tela padrão e à outra opção. Sobre o reconhecimento do usuário, constatou-se que o Gmail pode ser utilizado por diferentes perfis de usuários, como os novatos, os intermediários, os experientes e os iniciantes. E que, para os novatos, a aprendizagem da interface e a interação devem ser facilitadas por meio de uma interface condutiva e intuitiva. E que este perfil de usuário durante a aprendizagem de interfaces utiliza ferramentas mais básicas, porque, muitas vezes, desconhece recursos e ferramentas mais complexas devido à falta de domínio do conhecimento da tarefa.

3.1.4 Planejamento Neste item, descreve-se o planejamento para a construção do modelo de análise com a aplicação do Conceito de Modularidade, que prevê a concepção de interfaces a partir do reconhecimento do aplicativo, dos seus usuários e das tarefas que serão realizadas. Com a convergência desses dados foram identificados os critérios

51

52 Lisandra de Andrade Dias para a construção do modelo de análise.

3.1.4.1 Identificação dos critérios Sobre os critérios usados para o agrupamento das ferramentas da interface do Gmail por módulos, foram identificados os seguintes: (1) as ferramentas mais comumente encontradas em webmails, (2) na funcionalidade da ferramenta para atingir os objetivos da tarefa. Para a liberação das ferramentas dos módulos durante a interação, foram determinados os critérios: (1) periodicidade de interação e (2) tempo da interação. Para isso, o sistema deve monitorar a interação do usuário e por meio do histórico, quando o usuário atingir um número determinado de interações e um tempo específico, então haverá a liberação das ferramentas relativas ao próximo módulo.

3.1.5 Modelo de Análise A partir do reconhecimento do aplicativo, do usuário, da tarefa e da determinação dos critérios para a aplicação do Conceito de Modularidade, foi construído o modelo de análise que recomenda, para os usuários novatos, a simplificação da interface e a pertinência das ferramentas com a tarefa. O recurso que permite a mudança de visualização, do tipo HTML básico para padrão com bate-papo ou sem bate-papo, foi priorizado mantendo-o no topo da tela com destaque e junto à marca do Gmail. A priorização dessa informação pode facilitar a tomada de decisão para a mudança de visualização da interface do aplicativo. Como se concluiu, anteriormente, que os usuários novatos do Gmail, provavelmente, mantêm a tela padrão de visualização, ou seja, a tela padrão com bate-papo, e que essa apresenta densidade informacional.

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E o Conceito de Modularidade recomenda uma simplificação da interface para os novatos. Portanto, propõe-se que a base para a construção do modelo seja a tela HTML básico. Para que seja disponibilizada a tela de acordo com o perfil, quando o usuário finaliza o seu cadastro no Gmail, ele visualiza o texto introdutório sobre o aplicativo e suas ferramentas, e, então, poderá responder a um breve quiz que identificará o seu perfil de usuário. Se for identificado como intermediário ou experiente, então o sistema informará como o usuário pode mudar o modo de visualização de HTML básico para o Padrão com bate-papo ou para o Padrão sem bate-papo. Para os usuários intermediários e experientes, por dominarem a tarefa, é muito mais fácil a alteração da tela padrão. Se o perfil for identificado como novato, então o sistema apresenta uma tela explicativa sobre a característica modular do aplicativo, que, a partir da tela simplificada, a HTML básico, as ferramentas do webmail serão liberadas de acordo com os critérios dispostos anteriormente. E também será informado que poderá mudar e como poderá mudar o modo de visualização. É de suma importância que o usuário seja informado do Conceito de Modularidade e, com isso, tenha o poder de decisão em acessar o Gmail no modo de visualização da sua preferência. O usuário novato, aceitando o Gmail com o Conceito de Modularidade, então acessará a interface com o primeiro módulo de ferramentas para a realização das tarefas arroladas como principais, que são escrever e enviar e-mails, acessar a lixeira, verificar as mensagens tidas pelo sistema como spam e ler todos os e-mails. As telas com as adequações para o usuário novato, baseadas no Conceito de Modularidade, podem ser vistas nas figuras a seguir.

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Figura 18: Tela de Escrever e-mail – módulo 1.

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Figura 19: Tela de Caixa de entrada – módulo 1.

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Figura 20: Tela de E-mails enviados – módulo 1.

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Figura 21: Tela de Todos os e-mails – módulo 1.

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Figura 22: Tela de Spam – módulo 1.

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Figura 23: Tela de Lixeira – módulo 1.

60 Lisandra de Andrade Dias O segundo módulo de ferramentas, para a realização das tarefas estabelecidas como secundárias, são as telas de contato, rascunho e com estrela. As telas com as adequações para o usuário novato podem ser vistas nas figuras a seguir. Após a liberação do segundo módulo de ferramentas, o sistema continuará monitorando a interação do usuário com o aplicativo de comunicação. E, de acordo com os critérios arrolados anteriormente, o sistema disponibiliza a interface-padrão com bate-papo.

Figura 24: Tela de Com estrela – módulo 2.

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Figura 25: Tela de Rascunhos – módulo 2.

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Figura 26: Tela de Contatos – módulo 2.

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3.1.6 Resultados alcançados Foi constatado que é possível aplicar o Conceito de Modularidade em um aplicativo de comunicação amplamente utilizado por usuários novatos, o Gmail. A aplicação pode ser verificada pela construção do modelo de análise, a partir do reconhecimento do aplicativo, dos usuários e das tarefas a serem realizadas. O Conceito de Modularidade prevê o agrupamento de ferramentas por módulos e a liberação das ferramentas a partir de critérios que contemplem o desenvolvimento do usuário naquele contexto. Para o agrupamento das ferramentas da interface do Gmail por módulos foram identificados os critérios: as ferramentas mais comumente encontradas em webmails e na funcionalidade da ferramenta para atingir os objetivos da tarefa. E a liberação das ferramentas dos módulos durante a interação se dará a partir dos critérios: periodicidade de interação e tempo da interação. Ainda, o Conceito de Modularidade prioriza a simplificação da interface e a pertinência das ferramentas para a realização das tarefas com o intuito de facilitar a tomada de decisão do usuário, uma abordagem antropocentrada. E, para isso, foi proposto uma adequação na arquitetura da informação da interface do Gmail.

3.2 Telefone Celular A escolha pelo telefone celular se deu devido (i) ao número expressivo de usuários deste aparato tecnológico, (ii) ao desenvolvimento de interfaces digitais totalmente diferenciadas por parte de cada uma das empresas fabricantes desse aparato tecnológico, (iii) à inexistência de garantia por parte de algumas empresas deste segmento, de homogeneidade nas

63

64 Lisandra de Andrade Dias interfaces digitais entre seus diversos modelos, implicando na necessidade de o usuário aprender a nova interface digital a cada aquisição de um novo equipamento — seja este de um diferente fabricante, seja de um diferente modelo de uma mesma empresa —, facilitando, assim, encontrar usuários novatos que necessitam aprender essa interface para uma efetiva interação. Foi realizado um estudo sobre a complexidade das suas funcionalidades e das suas respectivas interfaces digitais para a determinação de uma tarefa com este equipamento. Para a coleta e análise dos dados e diagnóstico, foi realizada uma avaliação heurística. A partir dos resultados foi aplicado o Conceito de Modularidade para a construção de um modelo de análise.

3.2.1 Avaliação Heurística Esta avaliação está baseada nos princípios para a projetação da interação móvel com computadores de mão sugeridos por Weiss (2001); Chan (2002); Gong (2004) & Ballard (2004) apud Cybis et al. (2007), que são: 1.

Adequação ao contexto do usuário móvel — é necessário analisar se as aplicações e serviços são apropriados ao ambiente e às necessidades do usuário móvel. O usuário móvel deseja acesso rápido à informação no momento e local em que mais precisa dela.

2.

Interface não “miniaturizada” — a interface deve ser projetada para aquele equipamento e não adaptada de outro. A estrutura de navegação, os controles e as metáforas devem ser projetados de acordo com as características físicas do equipamento.

3.

Consistência interna e externa — as telas devem apresentar homogeneidade entre si, permitindo ao usuário reconhecer a

Conceito de Modularidade

sua padronização. Para garantir a consistência externa, devem ser utilizados elementos de outras interfaces já conhecidos pelo usuário. 4.

Minimização de custo e carga de trabalho — o tempo de acesso e o custo dos serviços são fatores importantes para o usuário móvel. É importante reduzir o número de cliques e telas necessárias para a execução das tarefas mais frequentes. Os ícones auxiliam na memorização de comandos.

5.

Facilidade de navegação — a estrutura de informação e de comandos deve ser simples, facilitando a sua compreensão e permitindo a fácil memorização. A estrutura dos menus deve garantir um número menor de ações, mesmo que tenha de ampliar o número de itens no menu. As opções Voltar e Tela inicial devem ser constantes nas telas.

6.

Apoio à seleção de opções — a presença de mecanismos de seleção facilita a busca de informações. Aos usuários, deve ser garantida a fácil identificação de menus e submenus, categorias e links.

7.

Cuidado com a rolagem da tela — para a navegação em uma tela com um número excessivo de itens, será necessária uma barra de rolagem. Do usuário será exigida a capacidade mnemônica (na memória de trabalho) para a memorização de todas as opções nesta lista. Quanto menor a tela, menor a quantidade de informação visível, gerando uma maior carga cognitiva. Deve-se trabalhar com hierarquia da informação, ou seja, as informações mais importantes devem ser posicionadas no topo da lista.

8.

Apoio às interrupções — a interação móvel pode ser interrompida a qualquer momento por problemas técnicos ou agentes

65

66 Lisandra de Andrade Dias externos do ambiente. A interface deve dar suporte ao usuário. Caso durante a interação ocorra algum tipo de interrupção, o sistema deve armazenar todos os dados que permitam ao usuário a retomada de interação. Com isso, o usuário não necessitará repetir a entrada de informações e comandos já digitados. 9.

Apoio à personalização da interface — telefones celulares são equipamentos pessoais e carregados para todos os lugares. As suas interfaces devem garantir usabilidade nos diferentes contextos de uso, por exemplo: em lugares com excessiva ou com baixa iluminação. O sistema deve permitir a personalização por preferência e por necessidade de uso, como o aumento, a redução ou a alteração de tipografia e a substituição das cores de fundo.

3.2.2 Coleta e análise dos dados Como cenário foi escolhido o Nokia 2660, um modelo de telefone celular acessível ao grande público e, atualmente, objeto de promoções em operadoras telefônicas. Acredita-se que esses fatores intensificam a possibilidade de uso deste modelo por usuários novatos. Para a avaliação foi considerada a seguinte tarefa: realizar uma chamada telefônica com o comando associado ao nome ou número do contato na seção Contatos. Foram analisadas as complexidades das funcionalidades e das suas respectivas interfaces digitais e, tendo sido verificada uma extensa variedade de funcionalidades, fez-se necessária a delimitação de apenas uma tarefa a ser realizada e consequentes coleta e análise de dados e diagnóstico. Foi determinada como unidade de pesquisa a seção Contatos, por acreditar-se

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ser uma das funcionalidades principais de um telefone celular. Considerando que o perfil de usuário em estudo é o novato, compreende-se que ele não possui habilidades de criação de atalhos — portanto, durante toda a análise, serão utilizados os caminhos de interação do tipo padrão do equipamento. Para o acesso à seção em questão, o usuário precisa visualizar telas anteriores, que fazem parte deste estudo. Na figura 27, a tela inicial deste celular, encontram-se os seguintes dados: antena e sinal de recepção, bateria e o seu nível de carga, indicação do acionamento do bluetooth, horário local, operadora telefônica e código de área; imagem de fundo determinada pelo usuário a partir de um padrão disponível no equipamento e, na parte inferior, os comandos acionáveis que permitem a interação com as interfaces digitais, que são: Ir para — atalhos para acesso às seções do celular determinados pelo usuário; Menu — acesso às seções do celular-padrão determinado pelo software; e Cx. Ent. (Caixa de Entrada) — tecla de atalho. Essa interface é bastante simplificada, apresentando apenas os ícones de informação sobre o status do equipamento e permitindo acesso às suas funcionalidades por meio da seção Menu.

Figura 27: Tela inicial do celular.

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68 Lisandra de Andrade Dias Para localizar a seção Contato, o usuário deverá acionar a opção Menu da tela principal. Então, será visualizada a tela padrão com todas as seções representadas em linguagem iconográfica, tendo em destaque (com fundo azul) a seção Galeria, como pode ser visto na figura 28. Nesta tela encontram-se as dez (10) seções: Mensagens, Contatos, Registro, Configurações, Galeria, Mídia, Organizador, Aplicativos, Web, Serviços TIM. Devido à representação por ícones e sendo a lista de seções extensa, para a navegação o usuário deverá utilizar-se da barra de rolagem, conforme podem ser visto nas figuras 28 e 29.

Figura 28: Tela Menu.

Figura 29: Tela Menu - continuação.

O padrão do sistema do celular determina a Galeria como principal seção, garantindo-lhe destaque com o fundo azul, independentemente de ser a seção preferencial ou de maior uso por parte do usuário — ou seja, trata-se de uma decisão tecnocentrada. Para entrar na seção Contatos, o usuário deverá, por meio do teclado (componente físico do equipamento), mover o cursor de acionamento para cima, escolhendo a seção Contatos,

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representada por um ícone — um livro entreaberto com um telefone na capa (figura 30).

Figura 30: Tela Menu - ícone Contato em destaque.

Isso pode ser classificado como um ruído de usabilidade, já que causará ao usuário uma redução no seu desempenho da realização da tarefa. De acordo com os princípios para projeto, compreende-se como sendo inadequado ao contexto do usuário móvel de perfil novato, pois: •

a tela apresenta barra de rolagem, em função do número extenso de seções, gerando uma carga cognitiva durante a interação que, por sua vez, é parcialmente amenizada pela presença dos ícones, que facilitam a memorização dos dados;



o grande número de seções enquanto estrutura de navegação exige ações desnecessárias por parte do usuário novato. Nesta etapa inicial de interação não é garantido apoio às interrupções.

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70 Lisandra de Andrade Dias O sistema foi projetado com o recurso Orientação Direta de hipermídia adaptativa, que garante ao usuário um breve texto explicativo a respeito da ferramenta selecionada. Este texto aparece automaticamente caso o usuário demore mais de 20 segundos para acionar a ferramenta selecionada, servindo de apoio à seleção de opções (figura 31).

Figura 31: Orientação direta.

Ao entrar na seção Contatos, o usuário visualiza o primeiro nível de recursos, que tem as seguintes opções: Nomes, Sincronizar tudo, Configurações, Grupos, Discagens rápidas, Número de serviço, Meus números, Excluir todos os contatos, Mover contatos e Copiar contatos, conforme as figuras 32 e 33. Neste primeiro nível de ferramentas, o usuário necessita de mais uma ação para o acesso aos nomes da sua lista de contatos: escolher a opção Nomes.

Conceito de Modularidade

Figura 32: Seção Contatos − primeiro nível de recursos.

Figura 33: Seção Contatos − continuação.

A necessidade de clicar Nomes para ter acesso à lista de contatos pode ser classificada como um ruído de usabilidade, já que causará ao usuário mais uma redução no seu desempenho da realização da tarefa. Novamente de acordo com os princípios para projeto, compreende-se como sendo inadequado ao contexto do usuário móvel de perfil novato, pois: •

para ter acesso à sua lista de contatos, inicialmente o usuário deve optar por Contatos e, depois, escolher a opção Nomes, podendo o usuário novato ser acometido por dúvidas;



a tela apresenta barra de rolagem devido ao número extenso de seções, o que gera uma carga cognitiva durante a interação — amenizada pela presença de pequenos ícones acompanhados de denominações, que facilitam parcialmente a memorização dos dados. Entretanto, a extensão das palavras faz com que haja uma divisão silábica e que as subseções com nomes compostos gerem duas linhas de texto enquanto as opções com

71

72 Lisandra de Andrade Dias nome simples apresentem uma linha em branco, causando inconsistência interna na navegação; •

a estrutura de navegação é extensa devido ao grande número de seções, exigindo ações desnecessárias ao usuário novato.

Ao selecionar Nomes, o usuário terá acesso à sua lista de contatos. Para escolher o número a ser discado, existem três possibilidades de navegação: (i) buscá-lo diretamente na lista com o uso do cursor da interface física do celular, conforme a figura 34, ou (ii) digitar as primeiras letras do nome a ser pesquisado na lista de contatos, conforme a figura 37, ou (iii) pesquisar pelo contato, atividade para a qual o usuário deve clicar em Opções na tela com a lista dos nomes, seção localizada no canto inferior esquerdo, provocando o surgimento de uma tela de busca. Ao clicar em Opções da seção Nomes, abrirá uma tela com os recursos disponíveis dos quais o primeiro é Procurar, como pode ser visto na figura 35. Nesta tela, ele colocará as iniciais do nome a ser pesquisado na lista de Contatos — veja a figura 37. Enquanto o usuário insere as letras do nome do contato, o sistema mostra as possibilidades na lista. Na tela Lista de Contatos (figura 34), na primeira possibilidade de busca pelo nome do contato a ser chamado, sobre os princípios para projeto, percebe-se que: •

a barra de rolagem desaparece, configurando inconsistência interna da interface. A navegação ocorre com o movimento para cima ou para baixo da faixa azul de seleção;



a navegação é facilitada com a opção Voltar;



o sistema não garante apoio à interrupções;



o sistema não apresenta apoio à seleção de opções.

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Figura 34: Lista de contatos.

Figura 35: Lista de Opções.

Figura 36: Continuação da lista de Opções.

73

74 Lisandra de Andrade Dias Na segunda possibilidade de busca pelo nome do contato, tela Lista de Contatos (figura 37), sobre os princípios para projeto, nota-se que: •

a barra de rolagem continua inexistente, configurando inconsistência interna da interface. A busca do contato ocorre pelo mecanismo de busca, pois, ao serem digitadas as letras do nome, a faixa azul remete o usuário às opções mais prováveis;



a navegação é facilitada com a opção Voltar;



surge mais um ícone na tela — a representação de um lápis acompanhado das letras ABC, que significa que o usuário pode inserir dados;



o sistema não garante apoio a interrupções;



o sistema não apresenta apoio à seleção de opções.

Figura 37: Busca na lista.

Na tela de Opções da seção Nomes (figuras 35 e 36), na terceira possibilidade, a denominação na tela continua como Nomes, apesar de o usuário estar em uma subseção com uma lista de recursos. Sobre os princí-

Conceito de Modularidade

pios para projeto, pode-se observar que: •

a barra de rolagem volta a aparecer, reforçando a inconsistência interna da interface. A navegação ocorre com o movimento para cima ou para baixo da faixa azul de seleção;



a barra de rolagem é extensa, com a presença de 9 itens, gerando no usuário uma carga cognitiva, conforme as figuras 35 e 36;



a navegação é facilitada com a opção Voltar;



o sistema não garante apoio a interrupções;



o sistema não apresenta apoio à seleção de opções.

Ao localizar o nome desejado, o usuário tem duas possibilidades de discagem: clicar no botão verde do teclado, que fará a discagem imediatamente, ou clicar em Detalhes, opção disponível no centro da parte inferior da tela, conforme figura 34. Então, surgirá a tela para a chamada que pode ser visualizada na figura 38, bastando apenas clicar na opção Chamar, disponível no centro da parte inferior da tela. Existe, ainda, a possibilidade de não localização do nome para ser re-

Figura 38: Detalhe do contato selecionado.

alizada a chamada telefônica. Isso pode ocorrer com a segunda e a terceira possibilidades de navegação, descritas anteriormente. Como resultante de uma pesquisa com insucesso, aparece a mensagem “(não encontr.)”, como pode ser visto na figura 39. Compreende-se que, se fossem suprimidos os elementos ponto “.” e parênteses “( )”, a palavra “encontrado” poderia

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76 Lisandra de Andrade Dias ser escrita por extenso, e não na forma abreviada, facilitando sua leitura e compreensão. Também não houve consistência interna no tamanho da tipografia utilizada para apresentar a mensagem de erro — caso tivesse sido mantida, possibilitaria também que a mensagem aparecesse escrita de forma não abreviada.

Figura 39: Mensagem de erro.

3.2.3 Diagnóstico A partir da coleta e da análise de dados, constatou-se que são necessárias seis (06) ações para a realização da tarefa de realizar uma chamada telefônica selecionando o número pela lista de contatos deste telefone celular. O sistema existente no equipamento analisado apresenta flexibilidade de adaptação de acordo com a experiência do usuário, desde que este tenha o domínio da realização da tarefa de criação de atalhos ou de configuração de equipamentos, característica de usuários experientes, não

Conceito de Modularidade

comum aos usuários novatos. A tela Menu apresenta como padrão de acionamento imediato a opção da seção Galeria, que permite a visualização de imagens e o download de videoclipes e arquivos de música, como se a função principal de um telefone celular fosse a visualização de imagens ou mesmo o uso do equipamento como um tocador de músicas. Para o acesso à lista de contatos, o usuário novato necessita optar pela seção Contatos, representada pelo ícone do livro com o telefone, sendo que na tela seguinte o mesmo ícone recebe a denominação Nomes. Os ícones garantem uma redução na carga cognitiva do usuário, pois diminuem a necessidade de memorização, desde que haja uma relação natural entre a sua representação e o seu significado. Não é recomendado o uso em duplicidade de um mesmo ícone para diferentes comandos e/ou seções para qualquer perfil de usuário, pois isso pode confundi-lo no processo de interação e provocar um erro na realização da tarefa. Ainda, na realização desta tarefa, percebeu-se que algumas telas apresentam barra de rolagem, fator desaconselhado para usuários novatos — que podem não perceber as informações não disponíveis na tela. Compreende-se que a interface digital e o sistema do equipamento analisado apresentam certa complexidade para a realização da tarefa de discagem, principalmente se considerarmos o perfil de usuários novatos. Lembrando que Jones (2006) apud Cybis et al. (2007) afirma que a interação com as telas pequenas tem custo elevado no que diz respeito a tempo e esforço cognitivo, devido principalmente ao fato de o usuário se perder durante a navegação, tornando a execução das tarefas entediante e, muitas vezes, frustrante. Esse esforço cognitivo pode ser de diferentes ordens: a dificuldade de interação com a interface digital devido à complexidade da tarefa, um número extenso de ações para a realização da tarefa, ícones sem significado

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78 Lisandra de Andrade Dias explícito ou redundância dos ícones. Ainda, o uso de telefonia móvel pode sofrer influência do ambiente onde o aparelho está sendo utilizado — por exemplo: o usuário pode ter déficit de atenção por estar em um local com muitos ruídos, o usuário e/ou o aparelho podem estar em movimento ou, ainda, podem estar sendo realizadas múltiplas atividades simultaneamente. Sobre os princípios de projetação, de um modo geral, pode-se dizer que: •

a interface não apresenta adequação ao contexto do usuário novato;



as telas apresentam certa consistência externa, com o uso de ícones e metáforas semelhantes em outros modelos e em outros celulares;



as telas apresentam parcial consistência interna quanto à estrutura de navegação e padrões de telas; entretanto, percebem-se a duplicidade de um ícone e o uso inconstante de barra de rolagem;



a necessidade de um número considerável de ações para a realização da tarefa não proporciona uma minimização de custo, uma vez que, quanto maior o tempo de uso do celular com a iluminação de tela, maior será a sua frequência de recarga;

• o número excessivo de ações para a realização da tarefa acarretará uma carga cognitiva de interação, que também será agravada pela inconstância de significado do ícone representado pelo fone sobre o livro; • a interface não garante facilidade de navegação para os usuários novatos, pois as opções de cada seção apresentam-se na forma de listas longas, o que poderia ser remediado com um melhor agrupamento; • o apoio à seleção de opções está presente apenas no

Conceito de Modularidade

menu principal, com o intuito de informar brevemente sobre cada seção; • a presença da barra de rolagem de tela é inconstante. O sistema de navegação não é padrão, ou seja, nas telas de Opções verifica-se a presença de barras de rolagem, enquanto na Lista de Contatos a navegação ocorre com o movimento da faixa azul de seleção; • o sistema garante parcialmente apoio às interrupções. A tela em visualização será mantida caso a ação seja interrompida; entretanto, caso haja uma interrupção de ordem técnica, como finalização de bateria, não são recuperadas as ações, mas apenas os dados armazenados anteriormente; • devido ao dimensionamento das telas, acredita-se que a interface não é um modo “miniaturizado” de outro aplicativo; • garante apoio à personalização da interface apenas para usuários intermediários e experientes.

3.2.4 Construção do modelo de análise O Conceito de Modularidade recomenda o agrupamento de ferramentas e de conteúdos para a projetação de interfaces digitais e ambientes interativos. Para ter acesso a esses módulos, o usuário, na primeira interação com a interface digital, deve ser categorizado de acordo com o seu perfil, o que pode ser realizado com a apresentação de um breve quiz sobre a experiência com a realização de tarefas no tipo de interface em questão. Esse questionário pode estar

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80 Lisandra de Andrade Dias disponível na forma de um manual de instruções junto ao equipamento, de maneira que o usuário teria acesso imediato a ele quando da aquisição do bem. A partir do resultado obtido, o usuário deve ser instruído a selecionar o perfil de usuário no sistema (figura 40). E ainda, em qualquer momento de interação, o usuário deve ter à sua disposição o recurso de mudar de perfil de acordo com a sua prefe-

Figura 40: Tela definição de perfil.

rência, seja pelo seu nível de desenvolvimento nas tarefas, seja pelo seu conhecimento adquirido, seja pelou seu repertório. Pode ser garantida a flexibilidade na mudança de perfil, de forma que um usuário novato possa experimentar a interface de usuário intermediário ou experiente, e, caso decida retornar ao perfil anterior, tenha a possibilidade de mudança de perfil por meio de um ícone a ser disponibilizado na seção Menu. Para este estudo não foi desenvolvido uma proposta de ícone, pois é sabido que para a sua projetação são necessários estudos profundos, envolvendo a avaliação das alternativas com usuários. Aos usuários novatos deve ser apresentada uma interface mais simplificada. Para garantir essa qualidade, a tela Menu disponibiliza apenas Figura 41: Tela Menu para usuários novatos.

as principais ferramentas necessárias

Conceito de Modularidade

para interagir com o celular, suprimindo o recurso Serviços TIM. A interface sugerida disponibiliza as ferramentas principais para a interação com o celular e garante que a seção mais utilizada pelo usuário receba o destaque com o quadrado azul de fundo (figura 41). O Conceito de Modularidade, por ter suas bases teóricas nos conhecimentos da ergonomia de interfaces, de usabilidade e de hipermídia adaptativa, também prioriza que as interfaces sejam condutivas, devendo ser mantido, portanto, o recurso de Orientação Direta (figura 42).

Figura 42: Orientação direta para usuários novatos.

Quando o usuário novato seleciona a seção Contatos, imediatamente ele é direcionado para a lista de contatos, sem telas de recursos referentes a esta seção. Ou seja, é eliminada tela com o primeiro nível de recursos (figuras 32 e 33). O agrupamento destes recursos estará disponível na seção Menu, na opção Configurações (figura 30). Na tela de Lista de Contatos, o usuário pode localizar o nome ou telefone desejado para a realização da chamada telefônica com o uso da

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82 Lisandra de Andrade Dias barra de rolagem (figura 43). Ou, ainda, escolhendo Opções, no canto inferior esquerdo, pode pesquisar por um mecanismo de busca o nome ou telefone desejado, como pode ser visto nas figuras 44 e 45. Recomenda-se manter o recurso original do equipamento, que aciona automaticamente o mecanismo de busca em resposta ao clique em uma letra do teclado, gerando uma oportunidade de aprendizagem de atalhos que Figura 43: Lista de contatos para usuários novatos.

os usuários novatos encontrarão também em outras funcionalidades deste sistema (figura 45).

Figura 44: Lista de opções para usuários novatos.

Figura 45: Busca na lista para usuários novatos.

Conceito de Modularidade

Independentemente da escolha do caminho, o usuário novato chegará à tela com o nome e o telefone do seu contato da lista, realizando a chamada pelo comando Chamar localizado no centro da parte inferior da tela (figura 46). Para contemplar as recomendações do Conceito de Modularidade, sugere-se que o primeiro nível de recursos da seção Contatos — Nomes, Sincronizar tudo, Configurações, Grupos, Discagens rápidas, Número de serviço, Meus números, Excluir todos os contatos, Mover contatos, Copiar Contatos — constitua um agrupamento denominado Configurações e que o mesmo esteja disponível ao usuário na seção Opções. Por acreditar-se que os usuários não alteram diariamente as configurações, estes recursos estarão acessíveis conforme a demanda do usuário, conforme pode ser visto na figura 47.

Figura 46: Detalhe do contato selecionado para usuários novatos.

Figura 47: Configurações para usuários novatos.

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84 Lisandra de Andrade Dias 3.2.5 Resultados alcançados Com a aplicação do Conceito de Modularidade, o modelo de análise permitiu: •

a determinação da seção Contato como padrão de acionamento imediato contempla o principal uso de comunicação da telefonia móvel, adequando-se ao contexto dos usuários novatos;



a realização da tarefa de uma chamada telefônica selecionando o número pela lista de contatos do telefone celular Nokia 2660, reduzindo a apenas três (03) o número de ações: tela padrão > tela Menu > tela Lista de Contatos;



a redução no número de ações proporcionando uma minimização de custo pela diminuição do tempo de uso do celular com a iluminação de tela, induzindo a uma redução na frequência de recarga do aparelho;



o menor número de ações para a realização da tarefa reduzindo a carga cognitiva de interação;



o agrupamento do primeiro nível de recursos da seção Contatos em Opções evitando a duplicidade do uso do ícone do telefone sobre o livro que, originalmente, é usado com os significados de Contatos e Nomes;



o agrupamento de recursos por objetivo de tarefa facilitando a navegação para os usuários novatos, uma vez que as longas listas de opções de cada seção serão acessadas apenas sob demanda;



a consistência interna, com a permanência das barras de rolagem que devem ser mantidas sempre que o usuário tiver a possibilidade de navegação do tipo para cima e para baixo;

Conceito de Modularidade



a consistência externa, com o uso de ícones e metáforas semelhantes em outros modelos e em outros celulares;



o apoio à seleção de Contatos na tela Menu, sugerindo-se também a aplicação de Orientação Direta nos recursos disponíveis na seção Opções.

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CAPÍTULO IV

CONCLUSÕES FINAIS

Em linhas gerais, foi constatado que é possível aplicar o Conceito de Modularidade em um aplicativo de comunicação amplamente utilizado por usuários novatos, o Gmail, e em um telefone celular como o Nokia 2660. A aplicação pode ser verificada pela construção dos modelos de análise apresentados. Em linhas específicas, constatou-se que o reconhecimento do aplicativo, dos usuários e das tarefas a serem realizadas favorece a aplicação do Conceito de Modularidade no Gmail, na questão do agrupamento de ferramentas por módulos e na liberação das ferramentas a partir dos critérios que contemplam o desenvolvimento do usuário naquele contexto. Para o agrupamento das ferramentas da interface do Gmail por módulos foram identificados os critérios: as ferramentas mais comumente encontradas em webmails e na funcionalidade da ferramenta para atingir os objetivos da tarefa. E a liberação das ferramentas dos módulos durante a interação se dará a partir dos critérios: periodicidade de interação e tempo da interação. Ainda, como o Conceito de Modularidade prioriza a simplificação da interface e a pertinência das ferramentas para a realização das tarefas com o intuito de facilitar a tomada de decisão do usuário, uma abordagem antropocentrada, para isso foi proposto uma adequação na arquitetura da informação da interface do Gmail. Sobre o estudo com o telefone celular, a avaliação heurística demonstrou que a interface digital apresenta ruídos de usabilidade nos princípios para projetos de interação móvel, principalmente no tangente aos

88 Lisandra de Andrade Dias itens: consistência interna, minimização dos custos e da carga de trabalho, facilidade de navegação, apoio à seleção de opções, cuidado com a rolagem da tela e apoio à personalização da interface. a interface digital é pouco adequada ao contexto do usuário novato, considerando especialmente casos em que o mesmo esteja em movimento e/ou passível de influências ambientais que lhe causem déficit de atenção e lhe prejudiquem a interação com o equipamento móvel. As telas apresentam certa consistência externa, dada a presença de ícones e metáforas semelhantes aos existentes em outros modelos e em outros celulares; entretanto, apresentam falhas de consistência interna quanto à estrutura de navegação, à inconstância da presença de barra de rolagens e de padrões de telas, e ao exibir um ícone em duplicidade. A interface não visa à otimização do processo de interação, havendo a necessidade de um número considerável de ações para a realização da tarefa, o que aumenta o custo de uso do equipamento de maneira indireta. Ainda, o número excessivo de ações para a realização da tarefa implica em uma carga cognitiva de interação, que também pode ser agravada pela inconstância de significado do ícone representado pelo fone sobre o livro. A navegação não é facilitada para os usuários novatos, tendo em vista que algumas telas apresentam longas listas de recursos, fato agravado pela presença inconstante da barra de rolagem de tela. O sistema de navegação não é padrão: enquanto algumas telas permitem a navegação por intermédio da barra de rolagem, em outras a seleção de funções é feita por meio da movimentação de uma faixa azul. O apoio à seleção de opções é inconstante, pois não é oferecido em todas as telas com lista de recursos ou ícones. O sistema garante parcial apoio às interrupções, uma vez que recupera as ações apenas quando o usuário demora a tomar uma decisão, e não nos casos de interrupções de ordem técnica.

Conceito de Modularidade

Aos usuários intermediários e experientes deste tipo de interface, é garantido o apoio à sua personalização por meio de atalhos e configurações. Para usuários novatos que necessitam de uma interface intuitiva e, principalmente, condutiva, não há suporte à personalização. A partir da aplicação do Conceito de Modularidade na construção do modelo de análise do celular determinou-se a seção Contato como padrão de acionamento imediato (principal uso de comunicação da telefonia móvel), favorecendo a adequação do contexto aos usuários novatos. Um número máximo de ações para a navegação pode ser garantido com o agrupamento de recursos por objetivo de tarefas, que permitam o acesso de informações por demanda. Ainda, a redução de número de ações pode proporcionar uma redução na carga cognitiva para o usuário e uma minimização dos custos de interação. Respeitando as características de interação dos usuários novatos, devem ser garantidas a estes interfaces digitais com consistência interna de navegação e de disponibilização da informação, bem como apoio à seleção de opções e recursos do tipo “ajuda”. Acredita-se que o Conceito de Modularidade aplicado neste modelo de análise proporciona uma abordagem antropocentrada, por meio de uma simplificação do contexto de interação e da liberação de ferramentas sob demanda. Espera-se favorecer a interação e facilitar a tomada de decisão por parte dos usuários novatos. Ainda, espera-se que este estudo contribua para o enriquecimento das pesquisas sobre ergonomia e usabilidade direcionada para usuários novatos, área de pesquisa ainda muito carente de informações.

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90 Lisandra de Andrade Dias 4.1 Futuros trabalhos Esta publicação apresenta parte de uma pesquisa que está em constante evolução. Intenciona-se a aplicação do Conceito de Modularidade em diversas interfaces digitais e ambientes interativos.

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