Condicionamento físico parcial e auto-conceito de alunos da rede pública da zona oeste do Rio de Janeiro

June 19, 2017 | Autor: A. Couto Rodrigues | Categoria: Fitness, Educação Física, Rio de Janeiro, Condicionamento Físico, Graduandos em Educação Física
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doi:10.3900/fpj.2.2.103.p

EISSN 1676-5133

Condicionamento físico parcial e auto-conceito de alunos da rede pública da zona oeste do Rio de Janeiro Artigo Original Waldyr Jorge Angelo Lopes [email protected]

Alexander Machado da Silva Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da UCB - RJ [email protected]

Estélio Henrique Martin Dantas Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da UCB – RJ Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH [email protected]

Alexandre Sobral Lobo Rodrigues Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da UCB - RJ [email protected]

Márcia Borges de Albergaria Universidade Estácio de Sá - RJ [email protected]

LOPES, W.J.A.; DANTAS, E.H.M.; ALBERGARIA, M.B.; SILVA, A.M.; RODRIGUES, A.S.L. Condicionamento físico parcial e autoconceito de alunos da rede pública da zona oeste do Rio de Janeiro. Fitness & Performance Journal, v.2, n.2, p. 103-112, 2003. RESUMO: O objetivo do estudo foi verificar como o nível de condicionamento físico influencia o auto-conceito de alunos do primeiro grau, na faixa etária entre 8 e 12 anos, matriculados na rede pública de ensino, na zona oeste do Município do Rio de Janeiro. A amostra constituiu-se de 120 alunos da quinta série, sendo 60 de cada sexo. Aplicou-se o Questionário de Auto-descrição I de Marsh, testes para Proficiência Motora de Bruininks - Oseretsky, teste de VO2máximo (Protocolo de 1000m de Marins e Giannichi), e o teste de resistência muscular localizada de abdome e de braços pelo Protocolo de Carnaval. O estudo revelou que a Educação Física escolar no primeiro segmento do primeiro grau, contribuiu para o desenvolvimento do condicionamento físico e, consequentemente, para um melhor auto-conceito das crianças avaliadas. Palavras-chave: criança, condicionamento físico, auto-conceito. Endereço para correspondência:

Rua Olinda Ellis, 18/303 – Campo Grande – RJ – CEP 23045-160 Data de Recebimento: janeiro / 2003

Data de Aprovação: fevereiro / 2003

Copyright© 2003 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte. Fit Perf J

Rio de Janeiro

2

2

103-112

mar/abr 2003

ABSTRACT

RESUMEN

Partial physical condictioning and self-concept of public schools’ students of the west region of Rio de Janeiro

Acondicionamiento físico parcial y auto concepto de alumnos de las escuelas públicas de la parte oeste de Rio de Janeiro

The aim of this study was to verify how the level of physical conditioning influences the self-concept of students of the first segment of the first degree between 8 and 12 years old of public schools of the west area of Rio de Janeiro City. 120 students were selected, 60 of each sex. We applied the Self-description Questionnaire I of Marsh, tests for Motor Proficiency of Bruiningks-Oseretsky, test for VO2max (Protocol of 1000m of Marins and Giannichi), and the test for Localized Muscle Resistence for the Carnaval protocol. The study showed that Physical Education on the first segment of the first degree on schools contributes for the development of the physical condition and, consequently, for a better self-concept of children on the first degree evaluated.

El objetivo del estudio fue verificar como el acondicionamiento físico influencia en el auto concepto de los alumnos del primer grado, en una faja de edad entre 8 y 12 años, matriculados en la parte oeste de la ciudad de Rio de Janeiro. La muestra se constituiye de 120 alumnos de la Quinta série, siendo 60 de cada sexo. Aplicamos un cuestionario de Auto Descripción I de Marsh, exámenes para Proeficiencia Motora de Bruininks – Oseretsky, examén de VO2máximo (Protocolo de 1000m de Marins e Giannichi), y la Resistencia Muscular Localizada de abdomen y de brasos por el Protocolo de Carnaval. El estudio revelo que la Educación Física escolar en el primer seguimiento del primer grado contribuye para el desarrollo del acondicionamiento físico y también para mejorar el auto concepto de los niños evaluados.

Keywords: child, physical conditioning, self-concept

Palabras clave: niño, acondicionamiento físico, auto concepto.

INTRODUÇÃO O desenvolvimento motor de crianças e adolescentes dependem, entre outras coisas, do respeito à sua capacidade de suportar e realizar as atividades físicas propostas. Assim sendo, faz-se necessário que o profissional que com eles trabalhe, tenha noção das reais necessidades dos mesmos e, a partir disso, possa elaborar estratégias a fim de alcançar os objetivos propostos. Vários fatores influenciam esse desenvolvimento, tais como: qualidades físicas, capacidade pulmonar, aparelho motor passivo e ativo, relação crescimento e maturação, metodologia de trabalho e quantidade de experiências motoras. Entretanto, a realização de atividades esportivas por crianças deve ter o caráter recreativo, dar prazer, ser gradual quanto às cargas e ter objetivos em longo prazo. Nas faixas etárias compreendidas entre 8 e 12 anos de idade, crianças e adolescentes apresentam boas bases corporais, por serem pequenas, ligeiras e graciosas, e por possuírem boas relações de força de alavanca. Apresentam melhor capacidade de concentração, de diferenciação de movimento e de uma aquisição refinada de informações, demonstrando nesta idade, ótimas condições à aprendizagem. Entretanto, esta capacidade de aprendizagem não é acompanhada por uma faculdade correspondente de fixar os movimentos aprendidos, sendo, portanto, necessária a constante repetição do movimento, para que este possa ser integrado de maneira estável ao repertório de movimentos da criança (WEINECK, 1986, p. 40). As bases psicofísicas desse nível de idade são extremamente favoráveis para aquisição de habilidades motoras, devendo ser a melhoria das capacidades de coordenação e a extensão do repertório de movimentos, o objetivo principal da formação esportiva da idade escolar precoce (7 a 10 anos de idade) e tardia (10 a 12 anos de idade). No caso da idade escolar precoce, deve-se ensinar um grande número de técnicas básicas com “coordenação motora ampla” e refiná-las em seguida, como 104

também estimular a prática poliesportiva, salvo em modalidades esportivas de alta complexidade. À medida que o jovem cresce, passa a existir a necessidade de um desenvolvimento físico compatível com suas necessidades, conforme explica Matveev (1995, p. 55) quando considera que as capacidades físicas, motoras e psicomotoras de alguma forma se relacionam, integrando-se devido à unidade natural do organismo, à indissolubilidade de suas estruturas e funções corporais. As crianças, ao alcançarem a primeira adolescência (11 a 14 anos de idade), sofrem um grande aumento de altura e peso, podendo ocorrer um deterioramento na relação peso-força e um consequente decréscimo da capacidade de coordenação, influenciando assim, a precisão dos movimentos. Entretanto, é nesta fase que é possível haver a treinabilidade máxima das qualidades de condicionamento, tais como a potência máxima (PAM), resistência muscular localizada (RML), flexibilidade e outras. Portanto, cresce de importância neste momento, a necessidade de se intensificar os níveis de carga e de se desenvolver progressivamente a capacidade de coordenação nas crianças. Por outro lado, essas atividades devem levar em conta a necessidade de associação entre o cognitivo, afetivo e psicomotor, para que o desenvolvimento das crianças e adolescentes seja pleno. Flinchum (1981) afirma que o sucesso com as habilidades físicas contribuem para um melhor auto-conceito e, automaticamente, revertem em um positivo reforço para a auto-imagem do aluno. Este autor enfatiza que, o professor através de suas próprias experiências, pode e deve servir de sustentação a esse postulado, incorporando estratégias que possam fomentar resultados positivos através de programas de educação motora e outros similares. Segundo Vispoel (1994), o auto-conceito tem sido foco de numerosos estudos e pesquisas. No entanto, o interesse pelo estudo tem sido direcionado para a ideia de que a auto-estima negativa diminui a motivação e as realizações, enquanto que as auto-percepções positivas têm efeito contrário. Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 104, mar/abr 2003

Outrossim, considerando que o auto-conceito é questão fundamental ao bem-estar de crianças e adolescentes, pois a forma como se vêem influencia na motivação para a prática de atividades físicas, Marsh (1986) apresenta um questionário que objetiva avaliar a importância que a criança atribui à atividade física em sua vida.

Objetivo Este estudo visou verificar como o nível de condicionamento físico influencia o auto-conceito de alunos do segundo segmento do 1º grau, matriculados na rede pública de ensino, na zona oeste do Município do Rio de Janeiro.

Variáveis A variável independente foi o nível de condicionamento físico. A variável dependente trata-se do auto-conceito.

Delimitação do estudo A amostra foi composta por um grupo de 120 crianças, na faixa etária de 8 a 12 anos, sendo 60 meninas e 60 meninos, pertencentes ao segundo segmento do primeiro grau da rede pública de ensino, na zona oeste do Município do Rio de Janeiro.

Hipóteses H1 = O nível de desempenho motor de escolares do segundo segmento do 1º grau que freqüentaram regularmente aulas de Educação Física no primeiro segmento do primeiro grau é significativamente melhor (para p< 0,05) que do grupo que não freqüentou. H2 = O nível de coordenação motora de escolares do segundo segmento do 1º grau que freqüentaram regularmente aulas de Educação Física no primeiro segmento do primeiro grau é significativamente melhor (para p< 0,05) que do grupo que não freqüentou. H3 = O nível de auto-conceito de escolares do segundo segmento do 1º grau que freqüentaram regularmente aulas de Educação Física no primeiro segmento do primeiro grau é significativamente melhor (para p< 0,05) que do grupo que não freqüentou. H0 = Não existe correlação para p > 0,05 entre nível de condicionamento físico e auto-conceito nas crianças. Tabela 1 - Distribuição da amostra, segundo o sexo

SEXO Feminino Masculino

Freq. Absoluta 60 60

Freq. Relativa 50,0% 50,0%

REVISÃO DE LITERATURA Condicionamento físico Segundo Dantas (1995, p. 58), crianças em idade escolar necessitam desenvolver a potência aeróbia máxima, a coordenação motora, a resistência muscular localizada e a flexibilidade, através de uma preparação geral. O referido autor comenta, também, que este é o momento no qual se deve oferecer à criança uma ampla gama de atividades desportivas, enfatizando-se as atividades naturais, com o objetivo de propiciar experiências motoras múltiplas, em um contexto de educação física escolar, prolongando-se até os 10 ou 12 anos. Fernandes (1981, p. 74-75) considera a coordenação motora como a qualidade física “que se constitui em condição necessária para o rendimento desportivo e também para a vida cotidiana”. Acrescenta, ainda, que esta valência física deve ser desenvolvida logo nos primeiros anos de vida, devendo fazer parte dos programas de educação física. Zakharov (1992, p. 168) afirma que os maiores acréscimos das capacidades de coordenação se verificam na idade de 4 ou 5 anos. Entretanto, no período entre 7 e 12 anos se encerra a formação dos sistemas funcionais do organismo, que determinam a coordenação dos movimentos. Desta forma, conclui-se que a infância apresenta-se como a época mais favorável ao desenvolvimento do treinamento das capacidades de coordenação. Pompeu (1995, p.51) considera que “aparentemente a pouca estimulação nos primeiros anos de vida pode ser a causa da coordenação deficiente. As diferenças entre os indivíduos na coordenação motora são fortemente relacionadas com o nível de atividade física nos primeiros anos de vida”. Salienta também, que o professor deve preocupar-se em fixar e aperfeiçoar as habilidades já dominadas e que, mais tarde, a capacidade de aprendizado-motor será restabelecida. Barbanti (1996, p. 72) aponta o período entre 7 e 10 anos como a fase da maiores possibilidades para o desenvolvimento das capacidades coordenativas fundamentais. A base adquirida nesta fase processará a execução das ações motoras mais amadurecidas ao longo da vida. Isto acentua a importância da aquisição e estabilização de uma grande variedade de experiências motoras, sobretudo durante a idade escolar, particularmente nas quatro primeiras séries do primeiro grau. Tabela 2 - Distribuição da amostra segundo a prática de educação física no primeiro segmento do 1º grau

PRÁTICA Sim Não

Freq. Absoluta 61 59

Freq. Relativa 50,8% 49,2%

Tabela 3 - Distribuição da amostra segundo Sexo e Prática de Educação Física no primeiro segmento do 1º grau

SEXO Feminino Masculino TOTAL

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 105, mar/abr 2003

Sim 33 ⇒ 27,5% 28 ⇒ 23,3% 61 ⇒ 50,8%

Não 27 ⇒ 22,5% 32 ⇒ 26,7% 59 ⇒ 49,2%

TOTAL 60 ⇒ 50,0% 60 ⇒ 50,0 % 120 ⇒ 100% 105

Weineck (1986, p. 38) não recomenda o treinamento com predominância de força antes da puberdade devido ao baixo nível de testosterona apresentado por crianças em relação aos adultos. Essa diferença começa a diminuir quando da entrada na fase mais avançada da maturação, por volta dos 11 ou 12 anos de idade, devido ao dimorfismo sexual, isto é, uma divergência de fatores físicos da performance devido à diferenciação dos dados antropométricos entre meninos e meninas. Isto provocará nos meninos um aumento correlativo do volume muscular, ocasionando a subida da testosterona que, por sua vez, causará uma indução enzimática, melhorando então, a capacidade de trabalho anaeróbio. No tocante ao desenvolvimento aeróbico, Dantas (1995) relata que, devido à reduzida capacidade glicolítica em crianças (face à maior presença de enzimas oxidativas em relação às glicolíticas), a célula muscular utiliza os ácidos graxos livres e, por conseguinte, cria reservas de glicose mais rápido do que em adultos, o que possibilita um desenvolvimento maior da capacidade aeróbia. Reforça também esse fato, o maior número de mitocôndrias (local da produção da energia aeróbia) em crianças do que em adultos. Segundo as Diretrizes do American College of Sports Medicine (2003), o treinamento de resistência para crianças deve considerar, entre outros, os seguintes aspectos principais: a) todos os exercícios devem ser executados de uma maneira controlada e devem ser evitados os movimentos balísticos rápidos e espasmódicos; b) a resistência deve ser proporcional às necessidades e limitações estruturais das crianças. A resistência excessiva pode lesionar as estruturas esqueléticas e articulares em desenvolvimento; c) cada série de um exercício deve consistir de 8 a 12 repetições; d) aplicar a sobrecarga aumentando inicialmente o número de repetições e, subseqüentemente, aumentando a resistência; e) o conjunto de exercícios deve incluir, pelo menos, um para cada grande grupo muscular; f) realizar duas sessões de treinamento de resistência por semana, com pelo menos um dia de repouso entre as sessões. Tabela 4 - Média da variável idade da amostra

Idade (anos) N Média Desvio Padrão Variância

Geral 120 11,5 0,6 0,36

Quando se trata de condicionamento neuromuscular, enfocando a resistência muscular localizada, a criança possui menor capacidade de resistir à fadiga muscular. Isto se deve, principalmente, à maior concentração de H+ durante o acúmulo de ácido lático. Desta forma, Dantas (1995) recomenda a redução da intensidade e frequência na aplicação de exercícios físicos em crianças. Weineck (1986) afirma que na infância e na adolescência, o desenvolvimento da capacidade de performance de resistência deve receber atenção especial, pois torna o sistema imunológico mais eficaz e aumenta a resistência às infecções comuns. Além disso, sugere como principais métodos de treinamento para a infância, o de longa duração e o de intervalos breves, ou seja, de cargas intervaladas. Como treinamentos de longa duração exemplificam as corridas em mata e em terreno variado, corridas de 1, 2 e 3 minutos, corrida em labirinto e corrida com condução de bola. Para as cargas intervaladas, indica os pequenos jogos, tais como: corridas por números, polícia e ladrão, revezamentos, minibasquete, queimada, e outros. Pereira (1985) enfatiza que o “exercício físico regular durante os anos de desenvolvimento não só é seguro, como necessário”, e os tais sérios riscos da participação desportiva estão restringidos, em geral, aos “jovens atletas de elite”. O autor acrescenta que, em crianças ativas, observou-se que a potência aeróbia máxima (VO2máx) aumenta em função da idade, ao passo que em populações extremamente sedentárias, verificam-se decréscimos no consumo máximo de oxigênio durante a fase da adolescência. O VO2máx, tanto em crianças de maturação precoce como tardia, acaba por atingir um valor idêntico na maturidade. O limiar anaeróbio ventilatório em crianças bastante ativas aumenta em função do crescimento, tendo uma evolução idêntica ao VO2máx.

Auto-conceito O auto-conceito, ou seja, a forma com a qual um indivíduo se avalia em uma visão ampla, decorre das percepções que este desenvolve sobre si mesmo e que são formadas através de experiências e das interpretações dessas experiências. Shavelson, Hubner e Staton, citados por Vispoel (1995), definem que essas percepções são organizadas dentro de sistemas multifacetados e hierárquicos, formando, pois, algo descrito como auto-conceito global. Esta multifacetação aplica-se à correlação existente entre a auto-estima e vários fatores de ordem física, sócio-emocional e outros elementos de natureza acadêmica e moral.

Tabela 5 - Médias da variável idade da amostra distribuídas segundo o sexo e o status da prática de educação física no primeiro segmento do 1º grau

Idade (anos) Sexo Prática N Média Desvio Padrão Variância 106

Feminino Sim 33 11,4 0,7 0,49

Feminino Não 27 11,3 0,7 0,49

Masculino Sim 28 11,5 0,5 0,25

Masculino Não 32 11,6 0,5 0,25

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 106, mar/abr 2003

Discutindo sobre o fenômeno da percepção, Medina (1989) enfatiza que a diferença básica entre os seres humanos em relação aos outros seres vivos prende-se às possibilidades de suas consciências. Somente o ser humano possui a capacidade de perceber a si próprio e aos que o cercam. Na infância, o processo se inicia com o desenvolvimento da auto-cognição, através do qual a criança aprende primeiro as construções cognitivas relativas ao seu corpo. Através da exploração e experimentação, a criança começa a diferenciar suas capacidades dos seus limites. A troca de experiências ocorre rapidamente e se desenvolve gradualmente, à medida que ela passa a interagir com outras crianças, adultos e o meio ambiente. Estas experiências contribuem, então, para o desenvolvimento de sua consciência. Segundo Snodgrass (1977), o auto-conceito é uma atribuição humana que necessita ser trabalhada. Normalmente não existe no nascimento, sendo desenvolvido e permanecendo por toda a vida. Estabiliza-se parcialmente entre 11 e 12 anos de idade, ou seja, reduz em intensidade de desenvolvimento aproximadamente neste período. Neste momento da vida da criança, ou seja, em torno dos 11 anos de idade, o desenvolvimento baseia-se no contato com pessoas que convivem mais próximas e em outras atividades sociais em que a criança normalmente se envolve. É o período da imagem, do espelho, da formação estabilizada da auto-imagem. O auto-conceito tem sido foco de vários estudos dirigidos à análise do desenvolvimento geral da criança, sendo, portanto, um dos fundamentos da Psicologia e Educação Infantil. O autoconceito positivo, criado na escola e na sociedade, é considerado por todos os autores desenvolvimentistas, uma meta de educação e sociabilização, agindo sobre os aspectos de motivação e, consequentemente, representando um potencial facilitador de realização (VISPOEL, 1993-1995). As crianças que criam, participam e conseguem através de experiências múltiplas, sucesso, alegria, prazer e realização em função do movimento e das atividades agradáveis recebem, sem dúvida, um considerável reforço positivo imediato, servindo como base para um maior desenvolvimento do nível de habilidades corporais. Quando direcionado à auto-estima, o auto-conceito global é frequentemente caracterizado através do desenvolvimento da autoconfiança e capacidades gerais. Entretanto, se as mesmas não forem devidamente analisadas e avaliadas, torna-se confuso o seu positivismo. Uma criança que tem uma meta e procura alcançá-la, percebendo a sua capacidade de atingi-la, tenderá a ter seu auto-conceito distorcido (MARSH, 1994). Vispoel (apud SHAVELSON e BOLUS, 1994) identifica sete características básicas à estruturação do auto-conceito, definindo que este: Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 107, mar/abr 2003

a) é organizado e estruturado para conter uma vasta gama de informações a eles relacionadas; b) é multifacetado e reflete um sistema de um indivíduo e/ou compartilhado pelo grupo; c) é hierárquico com percepções de comportamento, com inferências feitas por um indivíduo sobre si mesmo nas áreas acadêmicas ou não, levando a deduções sobre si de maneira geral; d) o auto-conceito é estável, mas quando ele desce na hierarquia torna-se instável; e) de acordo com a evolução da criança para a fase adulta, torna-se o auto-conceito cada vez mais multifacetado; f) têm dimensões descritivas e avaliativas, de forma que o próprio indivíduo possa se auto-descrever e se auto-avaliar; g) pode ser diferenciado de outros fundamentos, como o que realiza academicamente. O auto-conceito descritivo acadêmico e não acadêmico de Marsh (1990), estabelece através de um questionário de Auto-Descrição I (SDQ. 1), um perfil de crianças na faixa etária entre 8 e 12 anos, de ambos os sexos. Esse perfil é traçado com base nos seguintes conceitos: habilidades físicas, aparência física, relações com os pares, relações com os pais, leitura, matemática, escolar geral e pessoal geral. Com a aplicação de um programa de condicionamento físico utilizando coordenação motora, RML e VO2max., espera-se poder estabelecer uma correlação entre o auto-conceito e o condicionamento físico, visto que a motivação e consequentemente o empenho da criança na atividade física, depende muito da forma como ela se conceitua. Crocker et al. (2000), demonstraram através da aplicação de um Questionário de Atividade Física para Crianças Mais Velhas que as auto-percepções físicas, especialmente o condicionamento físico e qualidades desportivas, são significantes indicadores de atividade entre crianças com a idade de 10 a 14 anos, em escolas no Canadá. Foram avaliados 220 meninos e 246 meninas. Para isso, os autores se basearam no Perfil de Auto-Percepção Física (PSPP), no qual as auto-percepções relacionadas com o condicionamento físico, competência esportiva, força, aparência física e o valor físico geral foram avaliadas. Raudsepp et al. (2002), determinaram a relação entre a autopercepção física, atividade física de moderada a intensa e a performance física nas crianças e adolescentes de 11 a 14 anos de uma escola Estoniana. Foram avaliados 134 meninos e 119 meninas. A auto-percepção da aparência corpo, do condicionamento físico, da aptidão atlética e da força foram medidos pelo Perfil de Auto-Percepção Física de Crianças (CPSPP). A atividade física de moderada a intensa foi avaliada durante 7 dias. Os resultados mostraram que a auto-percepção física teve uma significativa correlação com a atividade física e a boa forma entre crianças e adolescentes. 107

Gráfico 1 - Médias do Auto-Conceito segundo prática de Educação Física no 1º Segmento do 1º Grau

METODOLOGIA

Médias dos Scores

O estudo utilizou um protocolo de pesquisa do tipo Descritiva (Survey), descrevendo não apenas condições atuais, mas também fazendo comparação destas condições com critérios pré-determinados. É um método muito utilizado para fornecer informações de valor na tomada de direção na área educacional, desportos, saúde e social (FLEGNER et al., 1995, p.58).

60 50 40 30 20 10 0

SIM NÃO

A

Instrumentos

B

C

D

E

F

G

H

Escalas Normalizadas

Para se avaliar o auto-conceito, foi utilizado o Self Description Questionnaire I - SDQ I (Questionário de Auto-Descrição), desenvolvido por Marsh (1990). Para a avaliação da coordenação motora, foram aplicados os Testes de Bruininks - Oseretsky (1978). Para a verificação da resistência muscular localizada do abdomen e dos braços, foram feitos o teste abdominal e o teste de flexão-extensão de braços conforme os protocolos de Carnaval (1995). A resistência muscular localizada de membros inferiores foi medida através do teste de agachamento, segundo o Protocolo de Dantas (1995). Por último, para se avaliar a potência aeróbia máxima, foi aplicado o teste de VO2máximo, através do Protocolo de Marins e Giannichi (1996).

Seleção dos sujeitos Os participantes do estudo são alunos da Rede Pública de Ensino do Município do Rio de Janeiro, cursando a 5ª série do segundo segmento do primeiro grau. A amostra foi de 120 crianças, distribuídas em dois grupos de 60 crianças de ambos os sexos, sendo 30 meninos e 30 meninas. O primeiro grupo era formado pelas crianças que participaram de aulas regulares sob orientação de um professor de Educação Física no primeiro segmento do primeiro grau. O segundo grupo foi constituído pelas crianças que não cursaram essa disciplina no primeiro segmento do 1º grau.

O critério de inclusão ou exclusão das crianças ficou restrito à faixa etária entre 8 e 12 anos de idade e à condição de estarem cursando regularmente o ano letivo.

Procedimento na Coleta de Dados Para aplicação do questionário SDQI (Questionário de AutoDescrição), desenvolvido por Marsh (1990), a escola determinou o horário que melhor se adaptasse ao aluno e à própria instituição de ensino. Durante esse horário pré-estabelecido, foram esclarecidas ao aluno as partes do questionário e que o mesmo fazia parte de um estudo. Após a parte informativa, o pesquisador solicitou nova leitura do questionário pelo pesquisado, questionando-o sobre dúvidas existentes. Em seguida, a criança preencheu o questionário de forma independente e individual. Cautela foi tomada em termos de deixar claro para o pesquisado, que seu nome não seria divulgado, pois ele teria um número identificador substituindo a sua identidade. Em outro momento, foram aplicados consecutivamente em dias alternados, os testes referentes ao condicionamento físico, conforme os protocolos mencionados anteriormente.

Tabela 6 - Status da prática de educação física no primeiro segmento do 1º Grau

Praticam educação física no 1º segmento do 1º grau Escalas Normalizadas Habilidade A Física Aparência B Física Relações com C os Pares Relações com D os Pais E Leitura F Matemática G Escolar Geral H Pessoal Geral

Média

SIM n = 61 D.P.

Média

NÃO n = 59 D.P.

Variância

Variância

47,7

9,99

99,80

42,8

10,4

108,16

56,7

6,07

36,84

54,2

7,97

63,52

53,2

8,83

77,96

54,0

8,40

70,56

48,1

9,55

91,20

47,9

9,89

97,81

48,5 46,9 44,7 49,1

13,3 11,6 11,6 8,13

176,89 134,56 134,56 66,09

47,4 47,5 45,5 48,4

11,7 12,5 11,0 8,97

136,89 156,25 121,00 80,46

Tabela 7 - Resultado do Teste de Coordenação Motora

Prática da Educação Física no primeiro segmento do 1º Grau Total de Pontos na Escala Bruininks

108

Média 27,14

SIM (n = 61) D.P 2,62

Variância 6,86

Média 27,54

NÃO (n = 59) D.P 2,62

Variância 6,86

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 108, mar/abr 2003

Tratamento estatístico Utilizou-se o Teste de Hipóteses, Análise da Variância Simples (ANOVA one way) e o Teste de Amplitude, Post-Hoc (Range Test), de Intervalo de Confiança. A amostra foi descrita por sexo (feminino e masculino) e prática da atividade física no primeiro segmento do 1º grau (masculino e feminino). O tratamento estatístico processou-se em relação ao auto-conceito de Marsh, ao nível de condicionamento físico (desempenhos em séries de exercícios), e ao Teste de Bruinninks - Oseretsky, como também ao estudo de correlação entre eles. A estatística descritiva foi utilizada para caracterização da amostra, e a estatística de inferência, por intermédio do Teste de Hipótese e da Análise de Variância simples (ANOVA one way), foi aplicada a uma estrutura de 4 grupos 2 x 2, isto é, 2 sexos e 2 status da prática da atividade física (Sim e Não), com o objetivo de verificar diferenças significativas (p 0,05, conclui-se que não existem diferenças significativas entre as médias etárias dos grupos estudados, para a variável idade. Isto implica dizer, que todos os elementos da amostra pertencem a mesma faixa etária. Uma vez que não existem diferenças significativas nesta população segundo as faixas etárias, aplicou-se também o teste ANOVA one way, tendo os grupos sido separados, considerando somente o status da prática ou não da educação física no primeiro segmento do 1º grau, no sentido de se verificar as implicações deste parâmetro específico, sobre o comportamento das variáveis que definem o auto-conceito. Os resultados encontrados seguem conforme a Tabela 10:

Tabela 8 - Resultados dos Testes de Resistência Muscular Localizada e do VO2 Máx no sexo feminino

Prática da Educação Física no 1º Segmento do 1º Grau Variáveis Abdominal Agachamento Flexão/Extensão de braços VO2máx

Média 27 31 14 57,7

SIM (n = 33) D.P 10 10 10 4,7

Variância 100 100 100 22,09

Média 23 34 10 52,6

NÃO (n = 27) D.P 10 11 7 10,2

Variância 100 121 49 104,04

NÃO (n = 32) D.P 10 11 6 5,5

Variância 100 121 36 30,25

Tabela 9 - Resultados dos Testes de Resistência Muscular Localizada e do VO2Máx no sexo masculino

Prática da Educação Física no 1º Segmento do 1º Grau Variáveis Abdominal Agachamento Flexão/Extensão de braços VO2máx

Média 25 32 15 56,6

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 109, mar/abr 2003

SIM (n = 28) D.P 10 9 10 6,1

Variância 100 81 100 37,21

Média 24 34 9 57,9

109

Temos, então, que para o auto-conceito, somente no item relativo a habilidades físicas, a média dos scores T dos elementos que compõem o conjunto dos praticantes, são maiores significativamente que a dos não praticantes. Nos demais itens, não foram observadas diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre as médias dos grupos, praticantes e não praticantes de educação física no primeiro segmento do 1º grau escolar. Para avaliação dos resultados obtidos no Teste de Bruininks Oseretsky, aplicou-se novamente a ANOVA one way, segundo também, os grupos de praticantes e não praticantes de educação física no primeiro segmento do 1º grau escolar, para as médias obtidas no teste. Os resultados seguem conforme a Tabela abaixo: Sendo p (0,5186) calculado > 0,05, denota-se que não existem diferenças significativas entre os desempenhos médios dos dois grupos. Em síntese, são iguais.

Sendo os r calculados maiores que o r crítico (0,1780), e ambos positivos, podemos concluir que existe correlação direta entre o VO2máx e o auto-conceito relacionado à habilidade física. Em resumo, pode-se concluir que ao distribuirmos os valores individuais do VO2máx e dos Scores T do auto-conceito (habilidade física) dentro de um eixo cartesiano, encontramos os elementos praticantes de educação física no primeiro segmento do 1º grau escolar da amostra, de ambos os sexos, concentrados em níveis superiores aos de ambos os sexos não praticantes. Esta afirmativa é corroborada com os resultados encontrados anteriormente, nos quais os praticantes apresentaram médias maiores que às dos não praticantes, para a variável da Score T referente à habilidade física.

TESTE DE HIPÓTESES

O mesmo estudo foi utilizado com as médias das variáveis relativas aos desempenhos nas séries de exercícios e o VO2máx, descritas nas tabelas 8 e 9, tendo sido separados os grupos segundo o sexo, obtendo-se os seguintes resultados, conforme as tabelas abaixo:

Hipótese Substantiva

Em síntese, fica demonstrado que o grupo dos praticantes apresentou médias significativamente diferentes se comparado ao grupo dos não praticantes. No sexo feminino houve diferenças nos itens abdominais e VO2máx, pois o grupo feminino de praticantes (P) de educação física no 1º segmento do 1º grau escolar apresentou melhor desempenho que o grupo feminino não praticante (NP). Para os grupos do sexo masculino, encontraram-se diferenças significativas somente no item flexão, em que o grupo dos praticantes (P) apresentou melhor desempenho do que o grupo dos não praticantes (NP).

Sendo r (Feminino) = 0,1987 e r (Masculino)= 0,2157, significativos para p ≤ 0,05 com r crítico = 0,1780, podemos concluir que existe relação de proporcionalidade direta entre o condicionamento físico (VO2máx.+ séries de exercícios) e o auto-conceito.

A fim de verificar possíveis relações funcionais, ou de proporcionalidade, entre a variável do condicionamento físico, entendida como sendo o VO2máx e o auto-conceito (habilidade física), separando segundo o sexo, utilizou-se o Teste de Correlação de Pearson, para pÑP ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___

Tabela 11 – Tratamento estatístico dos resultados do Teste de Bruininks - Oseretsky

Coordenação Motora Total Ptos Bruininks 110

F Calc 0,434

Signif. P 0,5186

Resultado Iguais

Obs __

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 110, mar/abr 2003

≤ 0,05), para a variável flexão, onde as médias dos praticantes (15 ± 10) foram maiores que as dos não praticantes (9 ± 6). De acordo com os resultados encontrados, conclui-se que o grupo dos praticantes de educação física no primeiro segmento do 1º grau escolar, para ambos os sexos, apresentaram desempenho significativamente melhor (p ≤ 0,05) que o do grupo dos não praticantes, no tocante ao desempenho motor, aqui definido pelos itens da série de exercícios. Isto implica dizer que a Hipótese Nula (H01) é falsa. H2 - O nível de coordenação motora de escolares do segundo segmento do primeiro grau que freqüentaram regularmente as aulas de Educação Física no primeiro segmento do primeiro grau é significativamente melhor (para p ≤ 0,05) que do grupo que não freqüentou.

A média dos Score T para o item habilidade física, do Teste de Marsh, para avaliação do auto-conceito do grupo praticante (47,7± 9,99) apresentou diferenças significativas (p > 0,05) da média do grupo não praticante (42,8 ± 10,4). Nos demais itens do teste, não foram observadas diferenças significativas entre as médias dos grupos praticantes e não praticantes. De acordo com os resultados encontrados, conclui-se que o grupo dos praticantes de educação física no primeiro segmento do 1º grau, para ambos os sexos, não apresentou desempenho igual (p > 0,05) ao do grupo dos não praticantes, no tocante ao auto-conceito, aqui definido pelo Teste de Marsh. Isto implica dizer que a Hipótese Nula (H03) é falsa.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A média de pontos no Teste de Bruininks-Oseretsky do grupo praticante (27,14 ± 2,62) não apresentou diferença significativa (p > 0,05) da média do grupo não praticante (27,54 ± 2,62).

Com base nos objetivos formulados e nos questionamentos levantados para o desenvolvimento desta pesquisa, constatou-se a partir dos resultados ao longo da mesma que:

De acordo com os resultados encontrados, conclui-se que o grupo dos praticantes de educação física no 1º segmento do 1º grau escolar, para ambos os sexos, apresentou desempenho igual (p > 0,05) ao do grupo dos não praticantes, no tocante à coordenação motora, aqui definido pelo Teste de Proficiência Motora de Bruininks-Oseretsky. Isto implica dizer que a Hipótese Nula (H02) é falsa.

a) a criança necessita de movimentos estruturados e orientados para o seu desenvolvimento motor;

H3 - O nível de auto-conceito de escolares do segundo segmento do 1º grau que freqüentaram regularmente as aulas de Educação Física no primeiro segmento do 1º grau é significativamente melhor (para p ≤ 0,05) que do grupo que não freqüentou.

b) o condicionamento físico de crianças entre 8 e 12 anos de idade é importante e necessário, desde que respeitados seus limites fisiológicos; c) o aparelho motor passivo e o ativo são beneficiados com a aplicação de um programa de condicionamento físico; d) as qualidades físicas essenciais ao desenvolvimento do condicionamento físico de crianças entre 8 e 12 anos são: PAM (VO2máx), RML e a coordenação motora;

Tabela 12 - Tratamento estatístico dos resultados do sexo feminino (g. l = 58)

Exercícios Físicos Abdominal

Agachamento Flexão VO2Máx

F calc. 18,490 0,388 0,855 8,003

Signif. p 0,0001 0,5419 0,3682 0,0061

Resultado Diferentes Iguais Iguais Diferentes

Obs P>NP _ _

P>NP

Resultado Iguais Iguais Diferentes Iguais

Obs _ _ P>NP _

NOTAS: (1) P - praticante de Educação Física no primeiro segmento do 1º grau (2) NP - não praticante de Educação Física no primeiro segmento do1º grau Tabela 13 - Tratamento estatístico dos resultados do sexo masculino (g. l = 59)

Exercícios Físicos Abdominal Agachamento Flexão VO2Máx

F calc. 0,296 0,3792 6,787 0,930

Signif. p 0,5941 0,3792 0,0112 0,3484

NOTAS: (1) P - praticante de Educação Física no primeiro segmento do 1º grau (2) NP - não praticante de Educação Física no primeiro segmento do 1º grau Tabela 14 - Correlação entre Condicionamento Físico (VO2máx) e Auto-conceito (habilidade física)

Sexo Masculino Feminino

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 2, 2, 111, mar/abr 2003

VO2Máx x Auto-conceito

Resultados

0,2157 > 0,1780 0,1987 > 0,1780

r > 0 = proporção direta r > 0 = proporção direta

111

e) a RML é beneficiada através de exercícios abdominais, flexãoextensão de braços e agachamento; f) o auto-conceito, ou seja, o modo como o indivíduo se autoavalia de forma ampla, decorre das percepções que este desenvolve sobre si mesmo e que se formam em decorrência das experiências múltiplas e da interpretação das mesmas; g) o auto-conceito interage com todo comportamento e todo comportamento envolve o movimento, sendo este muito estimulado a partir da repetição, “feedback” e de experiências bem sucedidas; h) a educação física escolar no primeiro segmento do 1º grau, contribui para o desenvolvimento do condicionamento físico e, consequentemente, para um melhor auto-conceito de crianças no segundo segmento do 1º grau.

BARBANTI, Valdir J. Treinamento Desportivo: Bases Científicas. 3. ed. São Paulo: CLR Balieiro, 1996. BRUININKS, Robert H. Bruininks-Oseretsky test of motor proficiency. Cricle Pires, MN: American Guindance Service, 1978. CROCKER, P. R.; EKLUND, R. C.; KOWALSKI, K. C. Children’s physical self-perceptions. Saskatoon: University of Saskatchewan, 2000. DANTAS, Estélio H. M. A prática da preparação física. Rio de Janeiro: Shape, 1995. FERNANDES, José Luis. O treinamento desportivo: procedimentos, organização, métodos. 2. ed. São Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária Ltda, 1981. FLEGNER, Átila J.; DIAS, J. C. Pesquisa e metodologia. Rio de Janeiro: [s. n.], 1995 .FLINCHUM, Betty M. Desenvolvimento motor da criança. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981. MARINS, João C. B.; GIANNICHI, Ronald S. Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático. Rio de Janeiro: Shape, 1996. MARSH, Hebert W. Global Self-esteem; its relation to weighted averages of specifc facet of self-concept and their importance. Journal of Personality and Social Psychology, n.

Conclui-se que o estudo “Condicionamento Físico Parcial e Auto-conceito de Alunos da Rede Pública da Zona Oeste do Rio de Janeiro”, confirmando-se as hipóteses estatísticas quando se diz que o nível do desempenho motor, coordenação motora e auto-conceito de escolares do segundo segmento do 1º grau que freqüentaram regularmente as aulas de educação física no primeiro segmento do 1º grau, é significativamente melhor (para p < 0,05) que do grupo que não frequentou.

51, 1986.

Em estudos futuros, recomenda-se a continuação da pesquisa, aplicando-se outras técnicas e explorando outros aspectos na relação condicionamento físico (como, por exemplo, a flexibilidade) e auto-conceito de escolares do primeiro segmento do 1º grau.

PEREIRA, Fernando M. D. Respostas e adaptações da criança ao esforço. [S. l. : s. n., 1995].

Recomenda-se, também, que o instrumento utilizado para a pesquisa do auto-conceito de escolares do primeiro segmento do 1º grau, contenha maiores informações que permitam o aprofundamento dos resultados obtidos nesta pesquisa.

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