CONEXÃO FULL-TIME: UM ESTUDO NETNOGRÁFICO DAS PREFERÊNCIAS DE USO DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS MÓVEIS

May 23, 2017 | Autor: Juliana Miranda | Categoria: Marketing, Market Research, Netnography, Whatsapp
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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS- CCHS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PUBLICIDADE E PROPAGANDA

JULIANA CRISTINA DOS SANTOS MIRANDA

CONEXÃO FULL-TIME: UM ESTUDO NETNOGRÁFICO DAS PREFERÊNCIAS DE USO DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS MÓVEIS.

BELÉM - PA 2015

JULIANA CRISTINA DOS SANTOS MIRANDA

CONEXÃO FULL-TIME: UM ESTUDO NETNOGRÁFICO DAS PREFERÊNCIAS DE USO DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS MÓVEIS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social. Orientado pelo Prof. Dr. Emílio J. M. Arruda Filho.

BELÉM - PA 2015

JULIANA CRISTINA DOS SANTOS MIRANDA

CONEXÃO FULL-TIME: UM ESTUDO NETNOGRÁFICO DAS PREFERÊNCIAS DE USO DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS MÓVEIS.

Trabalho de conclusão de curso de Graduação apresentado ao Centro de Ciências Humanas e Sociais, na Universidade da Amazônia, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social. Orientado pelo Prof. Dr. Emílio J. M. Arruda Filho.

Banca Examinadora _____________________________________________ Prof. Dr. Emílio José Montero Arruda Filho – Universidade da Amazônia ______________________________________________ Profa. Dra. Danila Gentil Rodriguez Cal Lage – Universidade da Amazônia ______________________________________________ Prof. Msc. Mário Camarão França Neto – Universidade da Amazônia

Apresentado em: ____ / ____ / ____. Conceito: ___________________

BELÉM - PA 2015

“Todo o trabalho é vazio a não ser que haja amor.” Khalil Gibran

AGRADECIMENTOS Acima de tudo a Deus por absolutamente tudo, principalmente pela vida e por ter me conduzido pelos caminhos da Comunicação. Agradeço a minha amada Nazica, ao Sr. Buda Shakyamuni, aos pais do ensinamento Shinnyo, aos Ryodoji-sama e aos Guardiões do Darma pela proteção e pelos maravilhosos ensinamentos que iluminam a minha vida e me guiam para o verdadeiro caminho espiritual. Ao meu pai José Maria Miranda Jr., pelo seu amor, por ser minha fonte de inspiração e por apoiar minhas escolhas profissionais, me dando a maior segurança para seguir em frente. À minha mãe Kátia Silene Costa, pela sua força, amor e proteção incondicional e inabalável de mãe. Aos meus irmãos Murilo e Pedro, por me alegrarem em todos os momentos. Às minhas tias Sônia, Teka e Flora, por serem verdadeiros anjos na minha vida. Aos meus avós por estarem sempre presentes com seu amor e dedicação. Ao Luis Paulo Castro pelo companheirismo e carinho de estar sempre disposto a ouvir, ajudar e contribuir com meus projetos, incluindo este. Ao meu padrasto António Valério Costa, pela sua amizade, gentileza e por ser o tradutor oficial dos meus artigos científicos. A todos os meus maravilhosos amigos que são minha próspera fonte de alegria. À Rosangela Darwish, por compreender minhas ideias e me ajudar a compreendê-las Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA), pelas bolsas de pesquisa que me deram a oportunidade de realizar este e outros trabalhos. Ao meu orientador, professor Emílio Arruda, que compartilhou comigo seus conhecimentos, confiou em mim e principalmente por me ensinar a ser pesquisadora e me dar à oportunidade de descobrir o amor pela pesquisa, muito obrigada. Aos meus companheiros do Grupo de Pesquisa em Marketing tecnológico: Marina, Iury, Naiara, Marcelo e Gibran, por integrarem minha família acadêmica. Aos meus maravilhosos professores do curso de Comunicação Social, por todos os conhecimentos e oportunidades que potencializaram meu amor pelos estudos de Comunicação em especial aos professores: Ana Lúcia Prado, Renata Ferreira, Danila Cal, Robson Macedo, Mário Camarão, Ana França e todos os outros, obrigada. A todos que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse até aqui, meu sincero MUITO OBRIGADA!

RESUMO Esta monografia objetiva estudar o comportamento de consumo dos usuários de Redes Sociais digitais móveis, a partir da análise do discurso proferido por estes em ambientes disponíveis no ciberespaço. Em um momento em que o avanço das novas tecnologias proporciona a criação e expansão de dispositivos integrados aos aparelhos digitais, as redes sociais digitais configuram-se em um fenômeno de integração de pessoas e tecnologias. Neste contexto de convergência, integração e hiperconectividade, as redes sociais móveis ganharam destaque e se tornaram altamente relevantes na vida de seus usuários. Logo, este estudo tem o objetivo de analisar a cibercultura no cenário do comportamento dos usuários de redes sociais virtuais móveis, a identidade destes usuários com a tecnologia e os valores atribuídos a esta tecnologia. O ponto de partida desta pesquisa se deu pela observação e pela análise da discussão dos consumidores destas plataformas digitais de comunicação em função da preferência e decisão de uso da rede. Foram analisados os fatores utilitários e hedônicos que motivam o uso destas redes para melhor compreender as características que influenciam as motivações dos usuários. A netnografia foi a metodologia escolhida para a realização deste trabalho por se tratar de um processo metodológico em que a coleta dos dados de pesquisa é realizada no ciberespaço, de forma a possibilitar a análise e codificação dos perfis de usuários destes serviços. Estes perfis foram construídos de acordo com os valores proferidos pelos participantes em seus discursos nos fóruns de discussão on-line. Desta forma, o estudo está direcionado a avançar no caminho da compreensão do comportamento destes usuários, com a finalidade de contribuir para os estudos de Comunicação e Marketing Digital. Palavras-Chave: Cibercultura. Redes Sociais Móveis. Hedonismo. Utilitarismo. Netnografia. Convergência Tecnológica.

ABSTRACT This monography aims to study the behavior of consumption of mobile digital social networks users, from the discourse analysis delivered by these environments available in cyberspace. At one point in the advancement of new technologies provides the creation and expansion of digital devices to integrated devices, digital social networks configured in a phenomenon of integration of people and technology. In this context of convergence, integration and hyper, mobile social networks gained prominence and became highly relevant in the lives of its members. Thus, this study aims to analyze the cyberculture in the scenario of the behavior of users of mobile virtual social networks, the identity of these users with the technology and the values assigned to this technology. The starting point of this research was done through observation and analysis of the discussion of these consumer digital communication platforms depending on preference and network usage decision. Utilities and hedonic factors that motivate the use of these networks to better understand the characteristics that influence the motivations of users were analyzed. Netnography was chosen methodology for this work because it is a methodological process in which the collection of research data is held in cyberspace, in order to enable the analysis and coding of user profiles of these services. These profiles were built according to the values delivered by the participants in their speeches in online discussion forums. Thus, the study is directed to advance the understanding of the behavior of these users, in order to contribute to the Communication Studies and Digital Marketing Keywords: Cyberculture. Mobile Social Networks. Hedonism. Utilitarianism. Netnography. Technology Convergence.

LISTA ILUSTRAÇÕES Figura 1: Fluxograma da Pesquisa.......................................................................................... 22 Figura 2: Ideia de solidão remetida pela possível ausência da rede social.............................. 27 Figura 3: Apocalipse Comunicacional após o suposto fim do aplicativo................................ 28 Figura 4: Dramatização atribuída ao fim do aplicativo............................................................ 29 Figura 5: Preocupação exagerada com a migração de usuários do Whatsapp para o Twitter...................................................................................................................................... 36 Figura 6: Expressão de indiferença pelo fim do Whatsapp e exaltação pelo uso do Twitter..................................................................................................................................... 37 Figura 7: Desprezo por usuários que não utilizam o Twitter e podem vir a utilizar.............. 37

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Dados primários da pesquisa efetuada.................................................................. 25

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comunidades on-line utilizadas para extração de dados, datas de pesquisa e endereços.................................................................................................................................. 25 Tabela 2: Divisão dos enredos desenvolvidos para dar suporte à pesquisa............................ 26

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO. ............................................................................................................ 122

2

REFERENCIAL TEÓRICO. .............................................................................................. 177 2.1

Cibercultura, Identidade e Comunicação dentro das redes sociais. ................. 177

2.2

Convergência tecnológica e comportamento de usuários de redes sociais

móveis.. ................................................................................................................................. 19 3

4

METODOLOGIA .................................................................................................................. 211 3.1

Netnografia ............................................................................................................. 211

3.2

Coleta e interpretação de dados. .......................................................................... 222

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS. ........................................................................... 277 4.1

Viciados em Whatsapp. ......................................................................................... 277

4.2

Usuários inovadores. ................................................................................................ 30

4.3

Justificação do Uso Pelo Valor Utilitário ............................................................. 311

4.3.1

5

Procrastinação. .................................................................................................. 322

4.4.

Uso influenciado pelo Fator Social. ...................................................................... 333

4.5

Preocupados com a Privacidade ........................................................................... 344

4.6

Utilização por Valor Auto Atribuído – Status..................................................... 355

DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS. ................................................................ 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40 APÊNDICES...................................................................................................................................... 44

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1

INTRODUÇÃO. A sociedade atual vive a era da exaltação às grandes descobertas tecnológicas, em que

os novos dispositivos de alta tecnologia e a expansão do mercado de telefonia móvel são fatores de fundamental importância para o avanço e aperfeiçoamento da tecnologia digital. Este contexto de expansão e tecnologia deu espaço para criação de vários dispositivos digitais que possuem a função de facilitar a vida do usuário, como editar fotos e vídeos e até mesmo facilitar o aprendizado de uma língua estrangeira. Estes dispositivos são denominados aplicativos. Os aplicativos que dão acesso às redes sociais digitais são um exemplo de integração entre serviços diferentes (YANG, 2013). Nas primeiras gerações de telefones celulares, os serviços disponíveis realizavam uma única tarefa individual, de maneira que cada um tinha uma função específica. Um exemplo disto são as mensagens de celular que, em outras épocas, só eram enviadas por serviço de mensagem SMS e que atualmente também podem ser enviadas gratuitamente por alguma rede social digital veiculada ao aparelho, dependendo apenas de uma conexão com a internet. Um mesmo aplicativo de acesso às redes sociais pode realizar diversos serviços, tais como ligação, compartilhamento de fotos, vídeos, localização e outras funções. Estes fatores são proporcionais ao avanço da convergência tecnológica com multifuncionalidade aos seus usuários (LIMA; ARRUDA FILHO 2011). Com isto, gerou-se um crescimento de produtos e serviços vinculados a esta tecnologia móvel. Estas inovações tecnológicas são uma realidade cada vez mais presente no cotidiano das pessoas e isto gera uma maior procura pelos dispositivos de alta tecnologia, em especial os smartphones, tablets e outros dispositivos de tecnologia móvel (ENK et al., 2014). A expansão tecnológica proporcionou maiores facilidades para a inclusão digital e para o crescimento da cibercultura1 (LEMOS, 2013). A necessidade de comunicação e sociabilidade entre as pessoas é fomentada pelo avanço das tecnologias móveis e das redes sociais (FERREIRA; ALVES, 2014), gerando a criação de muitas variedades de serviços que foram surgindo no ambiente digital. Com isto, a convergência presente nos dispositivos móveis modernos já é uma característica fundamental e definitiva, contribuindo para que a

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Junção das palavras cibernética e cultura. Trata-se de um conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores desenvolvidos no ambiente on-line (LÉVY, 1999, p. 17).

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conexão intensa, ou hiperconexão, se expanda e seja cada vez mais presente na realidade dos indivíduos usuários destes serviços (LIMA; ARRUDA FILHO, 2011). Todos estes fatores que estimularam o desenvolvimento e a disseminação expansiva dos dispositivos de alta tecnologia, contribuíram para o aumento de atividades on-line, principalmente através das redes sociais virtuais (KRASNOVA et al., 2010), permitindo este ambiente de hiperconectividade em que as pessoas possam passar grande parte do seu tempo conectadas às redes, através de seus smartphones ou tablets (SMITH; KIDDER, 2010; SATO, 2011). Este fenômeno de crescimento digital e integração gerou uma frequência de acesso às redes sociais. Os aplicativos de comunicação, como os que permitem a utilização de redes sociais do tipo Facebook e Instagram, se tornaram parte dos serviços principais dos novos dispositivos móveis disponíveis no mercado. Com a facilidade de se utilizar a internet através do celular, seja por conexão sem fio ou por serviços de dados de internet oferecidos pelas operadoras de telefonia móvel, as redes sociais digitais móveis ganharam destaque e passaram a ser usadas cada vez mais frequentemente pelo público usuário de dispositivos móveis. Neste sentido, por rede social móvel, entende-se como sendo as redes sociais digitais criadas para serem utilizadas através de dispositivos de tecnologia móvel, possibilitando a publicação e compartilhamento de mensagens e multimídia de qualquer lugar, desde que o dispositivo esteja conectado com a internet. Neste cenário, a presença dos smartphones e tablets na vida das pessoas já se tornou algo corriqueiro, de forma que passaram a ser parte importante da característica pessoal do indivíduo (KATZ; SUGIYAMA, 2006). Com as redes sociais virtuais, estas pessoas tendem a criar uma personificação virtual de si mesmas, ou atores virtuais, em que o indivíduo mostra uma representação de si (RECUERO, 2012), e que esta representação passa a ser sua realidade para o mundo digital (BELK, 2013). Dentro do ciberespaço2, o usuário de redes sociais pode ter uma vida virtual que, de certa forma, está vinculada com a realidade vivida fora do ambiente digital (RECUERO, 2008; LEMOS, 2013; BELK, 2013), mesmo que em certos momentos o usuário publique informações que remetam a alguém que ele não é, mas deseja ser (VIEIRA, 2014). A liberdade de se expressar através das redes sociais permite que o usuário possa também publicar de forma anônima, alguns fatores que o levam a se sentir mais a vontade de expressar 2

Ciberespaço: Ambiente digital que independe da presença física para interação. A internet é o principal ambiente do ciberespaço, porém, este também pode ocorrer na relação do homem com outras tecnologias como celular, videogames, etc. (JUNGBLUT, 2009).

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certos sentimentos e emoções através do ambiente on-line do que em ações físicas reais (RECUERO, 2008; MEHDIZAHDEH, 2010; VIEIRA, 2014). Em um cenário em que as redes sociais móveis estão cada vez mais destacadas na vida dos consumidores de tecnologia, os aplicativos que dão acesso a estas redes, como Instagram, Whatsapp, Viber e Snapchat, tornaram-se exemplos de serviços tecnológicos móveis com alta taxa de utilização pela sociedade. Apesar de serem usuários do mesmo serviço, ou seja, das mesmas redes sociais, diferentes indivíduos possuem personalidades diversas entre si e sua identidade com a tecnologia também diverge de acordo com os valores sociais individuais ou de um grupo (ARRUDA FILHO; CABUSAS; DHOLAKAIA, 2008). Entretanto, pode-se dizer que a maioria destes indivíduos possui identidade com a tecnologia, de forma que os dispositivos e serviços tecnológicos utilizados por eles (Redes Sociais) tornaram-se uma extensão de seu corpo e personalidade (BELK, 2013), o que poderia explicar a necessidade de hiperconexão. Esta hiperconexão integra pessoas ou grupos de pessoas que utilizam tanto os dispositivos tecnológicos quanto as redes sociais em função de fins associados ao prazer e diversão, mas justificam estes pelos valores utilitários do serviço (OKADA, 2005; PALAZON; DELGADO-BALLESTER, 2013). As redes sociais digitais e grupos de discussão existentes dentro do ciberespaço possuindo relevância no auxílio dos consumidores de tecnologia, principalmente na busca de características intrínsecas dos produtos utilizados por estes (STEPHEN; TOUBIA, 2010), de forma que indivíduos de várias partes do planeta utilizam esta conexão diariamente. Devido a este contexto internacional de interatividade e tecnologia, decidiu-se desenvolver uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo, visando o comportamento do consumidor e sua intenção de uso da tecnologia. Desta forma, pretendeu-se realizar coleta e codificação de dados pela netnografia, metodologia que consiste em coletar os dados de blogs/fóruns de discussões on-line, que sejam de extrema confiabilidade (KOZINETS, 2002), analisando os comentários e discussões que ocorrem dentro das redes sociais digitais. Neste contexto, serão analisados blogs/fóruns de sites brasileiros e comentários em redes sociais digitais, objetivando ter a oportunidade de analisar o discurso dos consumidores de redes sociais móveis, para então estudar as preferências destes usuários, baseado na literatura acadêmica. Além disso, também pretende-se verificar de que forma os aspectos pessoais da cibercultura, como identidade digital e a extensão de si mesmo (BELK, 2013), interferem nas formas de atuação dos consumidores de redes sociais móveis. A netnografia se inicia a partir de um determinado tema ao qual se deseja pesquisar, em que o pesquisador acessa fóruns de discussão para observar o que está sendo discutido

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pelos participantes. Estes participantes podem ser consumidores do produto, relatando sua experiência em uma discussão, ou participantes dos fóruns que estão ali apenas por curiosidade, simplesmente participando em busca de mais informações com o objetivo de adquirir conhecimento sobre o produto ou serviço. A autora deste trabalho iniciou sua pesquisa em meados de 2013, primeiramente observando e estudando as formas de comunicação digital mais populares e que eram mais comentadas dentro da ciberesfera. A partir destas observações, percebeu-se que os usuários de redes sociais da internet estão dispostos a discutir suas preferências e queixas a respeito destes serviços digitais e seus aplicativos. Durante o período de observação dos fóruns, notou-se que os consumidores observados sentiam-se a vontade para relatar seus desejos, satisfações e insatisfações com as redes sociais e suas funções e isso gerou a seguinte indagação: Qual a intenção de uso dos consumidores de redes sociais digitais móveis? Essa indagação foi o impulso da presente pesquisa, levando a autora a estudar temáticas que envolvem a análise do discurso dos consumidores, difusão da inovação, convergência da tecnologia, a usabilidade de redes sociais digitais, novas formas de comunicação e cibercultura. Desta forma, o objetivo geral deste estudo foi o de realizar uma análise do comportamento dos consumidores de redes sociais digitais móveis, focando nas preferências tecnológicas, nos desejos e valores sociais do consumidor deste serviço. Especificamente mensurou-se as seguintes etapas: a) Identificar como são realizadas as atividades em comunidades on-line (redes sociais) para os consumidores de alta tecnologia; b) Identificar as preferências e valores para tecnologia de redes sociais móveis; c) Analisar e identificar os fatores determinantes para o comportamento do consumidor de redes sociais móveis; tais como privacidade, procrastinação, tecnologia, fator social, status, prestígio, etc.; d) Identificar as formas de influência das redes sociais digitais móveis na construção da identidade de seus usuários. Como nos últimos anos o mercado apoiou-se em produtos de alta tecnologia, com itens não somente utilitários, que são usados para o trabalho e o estudo, mas também, em itens agregados, voltados para o prazer, diversão e status no uso das redes (OKADA, 2005, PALAZON; DELGADO-BALLESTER, 2013; KATZ; SUGIYAMA, 2006), objetiva-se averiguar, dentre os fatores de preferência, o hedonismo, valor social e identidade do usuário de redes sociais digitais. Neste contexto, este estudo exploratório será relevante no caminho para a compreensão do usuário de alta tecnologia, de suas preferências e da forma que o mercado

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tecnológico e as redes sociais influenciam na construção da identidade e personalidade deste usuário. Atenta-se também para a criação de novas perspectivas de estudo em marketing tecnológico, com o intuito de aprofundar a pesquisa em comportamento de consumo e com o objetivo de lançar novas visões para o ramo da pesquisa em tecnologias móveis agregadas às plataformas de comunicação digitais. Esta monografia está então dividida em 5 capítulos. O primeiro apresenta a contextualização do tema, os objetivos do trabalho e suas justificativas. O segundo capítulo disserta sobre o referencial teórico utilizado para a realização deste trabalho. A metodologia utilizada e suas etapas são explanadas no terceiro capítulo. Em seguida, são apresentados e discutidos os dados e as análises das categorias de usuários das redes sociais móveis estudadas nesta pesquisa. Finalmente o quinto capítulo apresenta as discussões e considerações finais.

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REFERENCIAL TEÓRICO.

O referencial teórico desta monografia está dividido em dois tópicos. O primeiro discute as literaturas referentes à cibercultra, identidade e o processo comunicacional dentro das redes sociais digitais, e o segundo disserta sobre as literaturas que abordam a convergência tecnológica, o comportamento do consumidor de alta tecnologia, usabilidade, redes sociais e seus valores.

2.1.

Cibercultura, Identidade e Comunicação dentro das Redes Sociais.

A cultura contemporânea evolui desde a revolução industrial até o ápice da explosão da era tecnológica (LÉVY, 2009). Neste contexto, diversos autores têm explorado o estudo da comunicação digital, os seus impactos e características. Lévy (2009) ressalta que a Internet não é uma mídia tradicional, mas um ambiente que compõe vários instrumentos de comunicação. Este ambiente de comunicação digital gerou a criação de ferramentas que focam o exercício da sociabilidade: as Redes Sociais digitais (RECUERO, 2009). As Redes Sociais digitais ou virtuais são as mídias sociais mais populares no mundo atual, e a cada ano que passa, aumentam o número de usuários deste tipo de mídia. Uma rede social é um conjunto de entidades conectadas entre si através de um ou mais tipos específicos de interdependências, valor social, áreas afins, interesses financeiros, ideologias, crenças, conhecimento ou prestígio (WASSERMAN; FAUST, 1994). Atualmente, estas entidades são classificadas por indivíduos e organizações que estão relacionados em grupos, cuja interação é possibilitada através de tecnologias da comunicação (TELES et al., 2013). Porém, para se discutir redes sociais digitais deve-se, primeiramente, compreender o conceito de cibercultura. Este é o termo utilizado para relacionar a tecnologia com a cultura, contemplando todos os eventos ocorridos no ciberespaço que se associam às formas de comunicação. Para Lemos (2004), cibercultura é um conjunto de processos tecnológicos, midiáticos e sociais que enriquece a diversidade cultural global, construindo processos coletivos através do compartilhamento de informações e conteúdos. Os estudos sobre cibercultura partem da ideia de que as novas tecnologias são ferramentas que promovem uma espécie de “efervescência social” no compartilhamento de emoções, convívio e de formação de uma comunidade (LEMOS, 2013, p. 91). As redes sociais da internet são um exemplo claro de cibercultura, pois dentro deste ambiente de

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compartilhamento de informações, ocorrem trocas de experiências e conteúdos pessoais que contribuem para a formação da personalidade do indivíduo (RECUERO, 2004). As redes sociais virtuais são uma porta de entrada para a construção da identidade e da auto apresentação (MEHDIZADEH, 2010). Nas redes sociais, cada indivíduo exerce uma função e possui uma identidade cultural (RECUERO, 2009). Desta forma, este indivíduo cria relações que afetam diversas áreas de sua vida, sendo áreas de trabalho, estudo, relações pessoais de amizade, etc. Entretanto, a interação no ciberespaço baseia-se no conteúdo das palavras escritas pelo indivíduo, já que não existe um contato pessoal face a face (ZOLKEPLI; KAMARULZAMAN, 2015), e o indivíduo é julgado mais por suas palavras do que por seu gênero, cor ou classe social (RECUERO, 2009). Estudos sobre o comportamento dos usuários das redes sociais demonstraram a grande influência do ciberespaço na construção da cultura e da identidade de um indivíduo (RECUERO, 2008), no qual ambiente virtual se encontra presente de forma constante na vida destes usuários. Um indivíduo passa, no decorrer de sua vida, por diversas experiências e está exposto a diversos acontecimentos. Estes acontecimentos e experiências configuram na formação de diversas teias de significado que o indivíduo tece ao redor de si mesmo, e o conjunto destas teias configura na formação cultural de um indivíduo (GEERTZ, 1973, p. 4). Geertz (1973) também ressalta que indivíduos que vivem em ambientes semelhantes podem criar valores diferentes, com isso geram teias distintas, levando a divergência cultural entre indivíduos com experiências semelhantes. Neste contexto, o público usuário de redes sociais digitais está conectado em redes semelhantes, porém a experiência vivida no ciberespaço é diferente para cada um deles. Para Erikson (1972, p. 10) a identidade é uma concepção de si mesmo, que pode receber influência de fatores culturais, ou seja, valores sociais os quais uma pessoa está exposta, valores estes podendo ser tanto globais como comunitários. Assim, as redes sociais seriam um importante fator social capaz de alterar valores e concepções de seus usuários. Sabe-se que usuários de redes sociais também utilizam as tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas para criar relações dentro e fora do ambiente virtual, gerando identidade e posição social que, na atualidade, apresenta-se cada vez mais integrada. Essas atividades dentro das redes sociais de internet interferem diretamente na formação da identidade do usuário, pois este entra em contato com diversas formas de pensamento, cultura e opinião, podendo afetar até mesmo a concepção de “estilo” e “moda” do indivíduo, por exemplo, (KATZ; SUGIYAMA, 2006; SMITH; KIDDER, 2010).

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2.2. Convergência tecnológica e comportamento de usuários de Redes Sociais móveis. As inovações tecnológicas são um fenômeno de crescimento que eleva o número de usuários no decorrer dos anos. Este crescimento é proporcional à expansão do mercado de comunicação e tecnologias da informação (ROGERS, 2003). Os desafios que crescem junto com os avanços tecnológicos são maiores a cada dia, e isto gera diversos perfis de usuários de produtos e serviços, o que indica a necessidade de implementação de novos mecanismos que influenciem a usabilidade do consumidor (KIMURA; BASSO; MARTIN, 2008). Influenciar esta usabilidade significa proporcionar inúmeras funcionalidades e gerar acesso a diversos usuários e suas preferências divergentes. Desta forma, com a multifuncionalidade, os consumidores atuais possuem variedade na acessibilidade, atendendo a múltiplos interesses. A convergência tecnológica oferecida pelos smartphones e tablets, apresenta variadas ferramentas com funções de integração dos sistemas (HOBDAY et al., 2005) nos dispositivos móveis, como programas que possuem múltiplas características em uma única plataforma, além dos dispositivos de armazenagem numérica e serviços de chamadas que já fazem parte da primeira geração dos telefones celulares. Motivado por este ambiente de tecnologia e hiperconectividade, o indivíduo passa a encontrar em seus dispositivos tecnológicos, juntamente com os aplicativos veiculados a eles, fontes de prazer e diversão proporcionados pela convergência da tecnologia presente nestes dispositivos. Desta forma, a utilização dos dispositivos deixa de ser apenas utilitária e ganha uma função relacionada ao prazer e diversão, em que este contexto de satisfação, realização do desejo e valores ligados à diversão de consumo denomina-se hedonismo (OKADA, 2005; ARRUDA FILHO, 2008; CHOI et al. 2014). O acesso aos aplicativos e às redes sociais através do telefone celular exemplifica a utilização de aparelhos tecnológicos, em que os usuários consideram os atributos relacionados ao produto como sendo hedônicos e/ou utilitários (GILL, 2008; PALAZON; DELGADOBALLESTER, 2013). Estes atributos são fatores decisivos na decisão de compra do aparelho (ARRUDA FILHO, 2008), bem como a estrutura e tecnologia que o aparelho oferece para melhorar a qualidade de acesso às redes sociais digitais (NATANSOHN; CUNHA, 2010). A utilização hedônica e/ou utilitária dos aparelhos tecnológicos móveis também está relacionada com os aplicativos que dão acesso às redes sociais. Estes serviços tecnológicos proporcionam ao indivíduo interações sociais, bem como outras formas de uso disponibilizadas pela tecnologia.

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Baseado neste ambiente de consumo dado o prazer, a hiperconectividade é gerada a partir do anseio do consumidor em se manter on-line 24 horas por dia (KIMURA; BASSO; MARTIN, 2008), em que este anseio é associado principalmente às redes sociais e a necessidade de estar conectado (SMITH; KIDDER, 2010). Neste contexto, o acesso à internet em qualquer hora e qualquer lugar, juntamente com um aparelho que apresenta vários serviços ligados à diversão, gera sentimento de culpa nos consumidores, levando estes a procurarem alternativas utilitárias para a valorização de seus aparelhos (OKADA, 2005; ARRUDA FILHO; CABUSAS; DHOLAKIA, 2008). As pessoas usam as tecnologias móveis como forma de expressão de suas identidades sociais, tornando os seus aparelhos tecnológicos objetos que integram a formação de sua personalidade, assim como roupas e acessórios fazem parte da característica social de um indivíduo (KATZ; SUGIYAMA, 2006), logo, o aparelho celular ganha uma função social, que responde várias questões a respeito da identidade (SMITH; KIDDER 2010) e do comportamento de seu consumidor, que leva o indivíduo a interagir com suas emoções, com sua identidade e necessidades (FORTUNATI, 2002). A escolha de uma determinada rede social pode se dar por diversos motivos, sendo estes por razão de trabalho (SMITH; KIDDER, 2010), de privacidade (TELES et al, 2013) ou por valores sociais e de autoafirmação (ARRUDA FILHO, 2008; KATZ; SUGIYAMA, 2006), em que os amigos e familiares possam interagir de forma contínua e segura entre si, de maneira eficiente e satisfatória para o usuário, sem que este se sinta fora do contexto. Os usuários precisam fazer parte do que seu grupo social possui, pois ele não pode apresentar-se fora do escopo da maioria que ele se relaciona, a não ser que possua mais e seja o primeiro a despertar algo novo em uma comunidade (LIMA; ARRUDA FILHO, 2008). Neste ambiente, as redes sociais móveis estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, levando em consideração que a maioria dos usuários de smartphones utiliza esse tipo de serviço em função de sua identidade com a tecnologia (BELK, 2013). Assim, a hiperconectividade integra pessoas para que utilizem as redes sociais em função dos fins hedônicos, mas justifiquem estes pelos valores utilitários do aplicativo (OKADA, 2005; PALAZON; DELGADO-BALLESTER, 2013), apresentando explicações sensatas e funcionais que suportem esta usabilidade.

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METODOLOGIA.

A presente pesquisa tem as redes sociais digitais móveis como seu objeto de estudo, de forma a identificar os consumidores desses dispositivos tecnológicos e como estes usuários utilizam estas redes sociais. Este capítulo será divido em 2 etapas: a primeira explana a netnografia e suas origens e a segunda etapa explica o processo de coleta de dados através dos sites e fóruns online e demonstra os procedimentos da pesquisa para geração dos resultados.

3.1.

Netnografia. Com o objetivo de analisar o consumidor de redes sociais móveis, seus valores e

preferências tecnológicas, desenvolveu-se uma pesquisa netnográfica de cunho qualitativo exploratório. A netnografia é um método utilizado há cerca de 16 anos, e, em síntese, trata-se de uma coleta, que pode ou não ser participativa, de dados oriundos da internet, a partir um determinado tema cultural ou social (KOZINETS 2002). O estudo netnográfico se dá por uma junção da Etnografia no ambiente da Internet (KOZINETS, 2010). A Etnografia é um método que busca compreender o comportamento e a cultura de um determinado grupo de indivíduos, através do estabelecimento de relações, de observações, seleção de informantes, levantamentos de genealogias, dentre outras ações (GEERTZ, 1973 p. 4) Através da Etnografia, foi possível realizar diversos estudos de diferentes áreas do conhecimento, pois se trata de um método bastante eficaz na análise do comportamento. Devido a esta eficácia metodológica, diversos estudiosos de Marketing escolheram o uso mais dedicado da etnografia para a compreensão da cultura, ambiente e comportamento do consumidor dado suas preferências de consumo (ROCHA; BARROS; PEREIRA, 2005). Com a facilidade de acesso à rede e o aumento de usuários da internet com o decorrer dos anos, o mundo virtual passa a ser um pilar importante na vida de seus usuários, no momento em que estes passam a ter uma representação de si mesmos dentro do ambiente online (RECUERO, 2012). Como os indivíduos se representam dentro do universo digital, estão propensos a criar uma extensão virtual de si mesmos (BELK, 2013), dando a oportunidade de se explorar o comportamento dos usuários dentro do ciberespaço. Assim, a netnografia se torna uma ferramenta possível para o estudo de valores e comportamentos, pois os usuários muitas vezes estão mais propensos a compartilhar opiniões

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e experiências dentro do universo digital do que no universo real face a face (LANGER; BECKMAN, 2005). O método apresenta a facilidade da participação em grupos específicos de usuários, tirando a dificuldade da etnografia em se movimentar para locais específicos para vivenciar o contexto do estudo. Assim, a netnografia deve ser realizada com paciência e atenção, para que não se perca detalhes das informações discursadas pelos participantes do fórum, já que estes podem construir ou desconstruir uma ideia com uma única imagem veiculada com o comentário. Para realizar a netnografia deve-se, primeiramente, acessar sites e fóruns de discussão on-line, verificar se são de extrema confiabilidade (KOZINETS, 2002, 2010) para que a coleta de dados se realize de forma segura do ponto de vista acadêmico e observar se os tópicos disponíveis estão gerando discussões coerentes ao tema. Esses cuidados iniciais facilitam a coleta de dados e já deixam o pesquisador ciente da esfera de pesquisa que irá participar. Vale ressaltar que entre os participantes destas discussões on-line, podem existir adeptos àquela comunidade, que sejam participantes que comentem esporadicamente na busca por informações e novidades. 3.2.

Coleta e interpretação de dados. A figura 1. explicita o fluxograma da pesquisa realizada, em que primeiramente

foram estudadas as literaturas referentes à convergência tecnológica, às redes sociais e cibercultura e aos valores sociais e de identidade. Em seguida, estes estudos foram aplicados ao objeto de pesquisa, que são as redes sociais móveis, para que o contexto do cenário do estudo pudesse suportar a análise da netnografia a ser iniciada. Após a coleta de dados, estes usuários foram categorizados e perfis destes foram propostos de acordo com o referencial teórico, finalizando-se com a discussão e análise dos resultados. Figura 1: Fluxograma da Pesquisa.

Fonte: a autora, 2015.

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O estudo netnográfico foi o método escolhido pelo fato de a internet se tratar de um espaço aberto e propício para demonstrar satisfação ou insatisfação da decisão de compra ou utilização do consumidor, além de procurar identificar e interpretar a adoção e aceitabilidade. A netnografia inicia com uma análise detalhada dos sites escolhidos para se realizar a pesquisa. Em seguida, as discussões são coletadas e organizadas. Os dados coletados são organizados em um documento no formato Word, gerando um banco de dados. Este documento gera diversas páginas que são delimitadas em três terços, em que para organização dos dados, as discussões ocupam 2/3 de cada página, deixando o espaço restante (1/3) para codificação e interpretação da pesquisa. Discussões ligadas ao tema devem ser procuradas, lidas e avaliadas para identificar se estas servem para o estudo, podendo assim baixar os comentários de uma específica discussão após ter-se uma clareza sobre a contribuição desta para o estudo. Utilizando de palavras chave sobre o argumento estudado, busca-se diversidade sobre o estudo para alcançar contribuições que tragam satisfações e insatisfações, além das razões para este contexto de uso, preferência e experiência com o objeto específico do estudo. Concluídas estas etapas de coleta e organização de dados, inicia-se a interpretação e codificação destes, momento em que se identificam as categorias de usuários das discussões desenvolvidas, avaliando as descrições dos participantes e suas formas de posicionamento (análise de conteúdo). O pesquisador deve estar atento para fatores como ironia, raiva, alegria, ansiedade, desejo e justificação no momento em que for analisar o conteúdo coletado, de forma a conseguir fazer uma interpretação profunda sobre o significado e a simbologia envolvida no contexto discutido, para poder assim categorizar com qualidade os perfis de usuários de acordo com o discurso na literatura mais adequado a sustentação dos resultados propostos. Os dados desta pesquisa começaram a ser coletados em meados de 2013, quando a autora deste trabalho iniciou sua participação no Grupo de Pesquisa em Marketing Tecnológico da Universidade da Amazônia. Naquela ocasião, foi iniciada uma leitura detalhada dos sites de discussão, em que as pessoas dissertavam sobre a utilização de determinadas redes sociais digitais móveis, onde discutiam a respeito das utilidades, falhas e possíveis melhorias para os dispositivos utilizados naquele momento. Os sites escolhidos para coleta de dados foram: o tecmundo.com.br e o techtudo.com.br. Estes sites são administrados por grandes empresas brasileiras de conteúdo e serviços de internet que são a Globo no caso do Techtudo, e a UOL que administra o Tecmundo. Tais sites permitem que os participantes exponham suas dúvidas e opiniões a

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respeito dos objetos utilizados, além de apresentar notícias sobre as novidades tecnológicas e aprimoramento de produtos já existentes. Em 30 de junho de 2015, na rede social Twitter, foi iniciada uma discussão entre os usuários em que o tema principal era o que eles fariam caso a rede social móvel Whatsapp acabasse. O Twitter é uma rede social criada em 2006 que possui o estilo de blog em pequeno formato ou microblog. Apesar de já ser uma rede com quase 10 anos, ainda é bastante popular entre muitos usuários, já que possibilita interação com organizações, artistas e políticos com seu público (SILVA, 2013). Os comentários coletados neste dia também foram analisados e serão discutidos no decorrer desta monografia. Primeiramente, foi realizada uma leitura generalizada das discussões nos sites, em que foram coletados comentários para uma primeira análise de reconhecimento. Em seguida, foi feita uma pesquisa mais detalhada, em que alguns dados coletados inicialmente foram retirados e outros foram acrescentados. Na transcrição dos comentários para este trabalho, foram retiradas palavras de baixo nível, bem como abreviações de palavras. O material utilizado para coleta foi de 45 páginas no formato Word, fonte Arial, tamanho 12, justificado e organizado para interpretação dos resultados. Pelo fato da rede social Whatsapp ser uma das redes móveis mais utilizadas, vai aparecer com mais frequência no decorrer do trabalho. As pessoas tendem a falar do que elas mais utilizam (NATANSOHN; CUNHA, 2010), portanto é natural que utilizem o Whatsapp como referência para suas discussões. Após a coleta dos dados retirados dos sites apresentados anteriormente, pode-se realizar a análise destes dados, pelos passos de codificação e categorização, dos grupos de usuários. Foram identificadas 6 categorias principais de usuários de redes sociais móveis, e uma subcategoria de usuários do Whatsapp. Os usuários participantes das discussões analisadas apresentaram suas dúvidas, problemas e satisfação pelas redes sociais móveis, sempre utilizando o Whatsapp como referência de comparação. Alguns apresentaram justificativas para a utilização do aplicativo (OKADA, 2005), e outros acreditam em melhorias e utilização de programas com maior facilidade de uso e com mais recursos tecnológicos. Os endereços eletrônicos dos sites (URL) em que foram realizadas a análise e a coleta dos dados utilizados para esta pesquisa estão apresentados na tabela 1., que também mostra as datas de início da participação da autora nos fóruns de discussão on-line, desde que estas foram apenas observadas, até o período de coleta, quando os comentários dos participantes foram extraídos e armazenados.

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Tabela 1: Comunidades on-line utilizadas para extração de dados, datas de pesquisa e endereços.

Sites utilizados para coleta de dados

Data da coleta de dados

Endereço Eletrônico (URL)

Techtudo

25 de outubro de 2013 a 07 de maio de 2015.

http://techtudo.com.br/

Tecmundo

Twitter

25 de fevereiro de 2014 a 30 de abril de 2015. 30 de junho de 2015 a 20 de setembro de 2015

http://tecmundo.com.br/

http://twitter.com/

Fonte: a autora, 2015.

As palavras-chave utilizadas na pesquisa dos fóruns on-line estão apresentadas no quadro 1. O quadro também apresenta a quantidade de enredos desenvolvidos para dar suporte a pesquisa e sobre o que estes estavam relacionados, o total de páginas do banco de dados, os tipos de redes sociais estudadas no decorrer da pesquisa e discutidas pelos participantes dos fóruns analisados e o total de discussões existentes no banco de dados.

Quadro 1: Dados primários da pesquisa efetuada.

Total de Enredos Checados

Três enredos sobre usabilidade dos aplicativos, prestígio social e utilidade das redes sociais móveis e vício atribuído a estas.

Palavras-Chave Pesquisadas nos Buscadores On-line

Whatsapp, Viber, Aplicativo de Mensagem, Instagram, Rede Social Móvel.

Total de páginas do banco de dados

45 páginas no Word, formato A4.

Redes Sociais discutidas na Pesquisa

Whatsapp, Viber, Twitter, Instagram, Facebook

Total de Número de Discussões

7 discussões

Fonte: A autora, 2015.

Os nomes de enredos utilizados, os números de postagens feitas pelos usuários que participaram das discussões nos fóruns on-line e o número de palavras, podem ser vistos na tabela 2. Nesta tabela, as postagens indicam o número total de participações para cada discussão.

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Tabela 2: Divisão dos enredos desenvolvidos para dar suporte à pesquisa. Nº de discussões

Título das discussões

Nº de postagens

Palavras

1

Whatsapp v.s. Twitter

59

1.362

2

Whatsapp e Instagram são as melhores redes?

39

1.264

3

Whatsapp ou Viber?

30

1 026

4

Temos que fugir da favelização do Twitter.

19

223

5

Ter todos os aplicativos disponíveis para ter mais acessos em todas as redes.

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878

6

É possível utilizar o Whatsapp de maneira corporativa?

19

1395

Vício

7

E se o Whatsapp acabar?

80

4.000

TOTAL

7

274

10.148

Nome do enredo

Usabilidade da Rede Social

Prestígio Social e Utilidade

Fonte: A autora, 2015.

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4.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS.

Os usuários de redes sociais móveis mostram-se cada vez mais exigentes a respeito dos serviços disponíveis no mercado, e procuram sempre mostrar sua opinião em fóruns de discussão online. Após uma análise detalhada desses comentários e das formas de uso das redes sociais móveis, foram criadas categorias de usuários, para que dessa forma as principais características destes usuários possam ser destacadas com o intuito de fomentar uma discussão sobre o argumento. Os títulos das categorias têm como objetivo chamar a atenção para certos tipos de utilização das redes móveis, destacando a personalidade dos usuários apresentados para que se possa fazer uma análise baseada na literatura já apresentada. Os comentários dos usuários serão exibidos de acordo com o tema apresentado no título da categoria, seguidos pela numeração da página do material netnográfico em que o comentário se encontra (P), e pelas linhas (L) em que cada comentário apresenta-se disposto.

4.1.

Viciados em Whatsapp. O título desta categoria representa a intensidade que se descreve os usuários que

apresentam algum tipo de devoção pela rede social Whatsapp. Estes usuários são fieis aos serviços oferecidos pelo Whatsapp Messenger, e muitas vezes não se interessam em conhecer outros serviços devido a grande devoção (MOHAMMADIAN; KARIMPOUR, 2014). Na figura 2, pode-se identificar o significado de um usuário pela rede social Whatsapp.

Figura 2: Ideia de solidão remetida pela possível ausência da rede social.

Fonte: http://twitter.com

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A plenitude e a simbologia instaurada são claros e bem delimitados em que o usuário é algo ínfimo em toda uma imensidão a se perder e ficar só. O que fazer se isto acontecer (o Whatsapp acabar)? Como a figura remete a um usuário hiperbolizando sua reação a um possível fim da rede social Whatsapp, isto também pode descrever o fato do usuário ficar incomunicável, levando a compreensão de que a rede Whatsapp é seu único meio de comunicação com outras pessoas. Tal reação exagerada deixan clara a devoção do usuário por esta rede em questão. A figura 3 também remete à solidão que o usuário afirma se posicionar caso a rede social Whatsapp acabe, levando-o a comparar sua vida com um mundo apocalíptico, sem qualquer tipo de comunicação além da oferecida pelo aplicativo. A rede social já é tão profunda na vida deste sujeito, que já faz parte dele, é uma extensão dele (BELK 1988; 2013), e pensar em um mundo sem aquela rede é pensar em um mundo incomunicável, em que a comunicação fora do ambiente digital não é sequer cogitada por este tipo de usuário. Figura 3: Apocalipse comunicacional após um suposto fim do aplicativo.

Fonte: http://twitter.com//

Outros usuários expressam um sentimento exagerado, como um que relata que caso a rede Whatsapp acabe, sua vida também terá fim, outro ironiza acabar com a própria vida caso a rede social se extinga, como mostra a figura 4.

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“#SeOWhatsappAcabar Acaba aquela coisa pulsante a que chamam coração.” P- 40, L 1-2. “SeOWhatsappAcabar Minha vida chega ao fim” P- 42, L 12.

Figura 4: Dramatização atribuída ao fim do aplicativo

Fonte: http://twitter.com//

A figura expressa um sentimento de devoção ao aplicativo que, de alguma forma, as palavras não seriam suficientes para demonstrar. O usuário em questão vive tão inserido em um contexto digital que para explicar que sua vida não teria sentido caso sua rede favorita fosse extinta, ele utiliza exemplos relacionados a programas e plataformas digitais, como demonstra a figura 4. A devoção a uma determinada marca ou produto é semelhante a uma devoção ideológica (PIMENTEL; REYNOLDS, 2004) em que os membros de um ou mais grupos de indivíduos criam certa ligação e passam a se identificar em virtude dos semelhantes pensamentos e ideologias (PIMENTEL; REYNOLDS 2004, PICHLER; HEMETSBERGER, 2007), como pode-se identificar no seguinte comentário:

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(...) O Hangouts existe há mais de um ano. Nem testei e sei que ainda não chegou nem perto de ameaçar o Whatsapp (...) Por que substituir o que é o melhor? Tem pesquisa que não tem propósito???? P- 20, L 5-8

No comentário apresentado, o indivíduo mostra afeição pelo aplicativo, o classificando como o melhor, sem nem mesmo ter experimentado outra opção, como o Hangouts, exemplo citado pelo próprio usuário em questão. Este comentário é claro ao mostrar a devoção do usuário pela marca Whatsapp, que chega a ignorar propositalmente a existência de outro serviço. “É um aplicativo praticamente essencial hoje em dia (...) os caras desenvolveram um aplicativo brilhante que ajuda a vida de muita gente (...) qual seria o grande problema em se pagar para utiliza-lo? (...) tem que largar de ser mão vaca de querer somente ter vantagem em todas as coisas e prestigiar a galera que trabalha em coisas como o Whatsapp.” P- 25, L 1-17.

O comentário acima demonstra gratidão e satisfação do usuário em relação ao serviço prestado pelo Whatsapp Mesenger. O usuário demonstra tal satisfação e honra em utilizar o serviço que não se importa em pagar por ele (BATRA; AHUVIA; BAGOZZI, 2011), mesmo que existam outras opções gratuitas no mercado. A devoção pelo aplicativo é tamanha, que pagar por ele não se trata de um inconveniente.

4.2.

Adeptos à inovação.

Inovação e tecnologia são temas que coexistem e quase sempre estão interligados. Os dispositivos móveis são constantes alvos de discussões ao redor do mundo onde todos os dias aparecem novidades no ramo das tecnologias móveis (SONG, 2014), objetivando oferecer mais conforto e facilidade de acesso aos serviços para os usuários. Nota-se a realidade dessas inovações na vida dos consumidores de dispositivos móveis quando já se tornaram consagradas ou já estão na moda. Outros usuários, porém, acreditam que devem estar sempre “ligados” nas novidades e que as “novas” tecnologias devem sempre ser testadas. Esses usuários são chamados de high-tech e muitas vezes fazem questão de adquirir aparelhos e utilizar serviços e redes sociais de acordo com seu grau tecnológico (LIMA; ARRUDA FILHO, 2011).

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“Não sei por que toda essa euforia por causa do Whatsapp. Já se tem aplicativos como o Viber e o LINE que dão um verdadeiro banho no Whatsapp (...)Whatsapp (...) que app palha! (...) o Line tem até versão desktop3 (...) já tá na hora da galera parar de escolher um app só por que ele é fácil de mexer e partir pra opções que oferecem mais oportunidades de uso” P-22, L 15-23. “Já dá pra parar de perder tempo com whatsapp né galera? Vamos todos migrar pro Viber que tem a opção de ligação pra número fixo e é muito mais detalhado e cheio de opções que o Whatsapp, além de ser esteticamente mais bonito. Os emotions são bem melhores (...) acho que assim que o viber ganhar popularidade o whatsapp vai cair em desgraça!” P-23, L 1-5. “Acho que já deu de utilizar um app miado que nem o whatsapp. Engraçado, bonitinho, faz ligação pra fixo e é DE GRAÇA. Claro que estou falando do Viber. Não adianta nada o Whatsapp lançar a opção ligação de voz se não dá pra ligar pra fixo e a qualidade ainda é ruim. Ou geral muda pro Viber, ou indiquem um aplicativo melhor. Por que viver de passado é coisa de museu.” P-35, L 32 – 47.

Os três comentários acima mostram três usuários diferentes que estão insatisfeitos com o Whatsapp e se mostram dispostos a utilizar um aplicativo inovador que, além de oferecer mais recursos que o Whatsapp, ainda apresente opções de serviços que, na opinião deles, seriam melhores e apresentariam mais recursos tecnológicos. Os três indicam o Viber como uma opção de uso mais qualificada. A verdadeira influência de usabilidade destes indivíduos é a tecnologia (ANTHONY; SINFIELD, 2007), e não a moda e a marca.

4.3.

Justificação do Uso Pelo Valor Utilitário

Certos indivíduos afirmam que o uso da rede social está diretamente ligado a funções utilitárias como trabalho e estudo (SIMITH, KINDER 2010), assim como a comunicação entre integrantes de uma família (LIMA; ARRUDA FILHO, 2011). Apesar disso, estes 3

No momento em que este comentário foi coletado (Novembro de 2014) a rede social Whatsapp ainda não possuía versão de uso para desktop.

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mesmos usuários utilizam o serviço para compartilhar fotos, notícias e outros tipos de mídias ligadas ao prazer e diversão, mesmo justificando o uso com atos utilitários (OKADA, 2005; GILL, 2008; PALAZON; DELGADO-BALLESTER, 2013). “O Whatsapp é muito massa para se comunicar no trampo! economiza muito tempo (...) eu baixei pq precisei no serviço, mas tbm uso pra falar com minha namorada e amigos, ninguém é perfeito.... kkkkkkk (...)” P 29, L 12-17 Este indivíduo acredita que utiliza o aplicativo apenas para fins utilitários, sem levar em consideração as atividades hedônicas que envolvem a usabilidade do serviço. Para se livrar de algum sentimento de culpa (OKADA, 2005; ARRUDA FILHO, 2008) gerado pelo uso hedônico do serviço, o consumidor afirma que a usabilidade é, na maior parte das vezes utilitária. “(..) é mesmo muito bom esse tal de whatsapp, meu chefe mandou todo mundo na firma usar esse troço (...) Passo o dia usando o negócio (...) recebo muita coisa engraçada (...) agora meus amigos não me deixam trabalhar(...)só uso no trabalho mesmo e olhe lá!!!” P-30, L 11- 15. Em um mesmo comentário, o indivíduo se contradiz ao dizer que utiliza o aplicativo o dia inteiro e depois finaliza dizendo que o uso acontece apenas no ambiente de trabalho. Dominado por culpa, o consumidor procura justificar o uso do aplicativo de maneira que ele sinta que aquele serviço é necessário para o seu trabalho e que qualquer outro tipo de utilização é facilmente aceitável, já que o objetivo principal está sendo realizado.

4.3.1.

Procrastinação.

Apesar da justificação do uso pelo valor utilitário, quando questionados o que fariam caso a rede social Whatsapp acabasse, alguns usuários afirmaram que teriam um melhor desempenho no trabalho/estudo, mesmo que afirmassem isso com certo tom de ironia. Esta atitude expressa procrastinação dos usuários em relação aos seus trabalhos e estudos. Estes usuários procrastinam suas responsabilidades para utilizar as redes sociais. A procrastinação é a atitude de adiar uma ação para uma data futura (SHU; GNEEZY, 2010). “#SeOWhatsappAcabar Eu vou conseguir estudar!” P 34, L 9.

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“#SeOWhatsappAcabar Eu vou arrumar um emprego” P 34, L 20 “#SeOWhatsappAcabar Certamente vou render bem mais no meu trabalho e finalmente consiga um aumento” P 35, L 22 -23. “#SeOWhatsappAcabar Eu passo no vestibular selado”. P 35, L 29. Os quatro comentários acima mostram que os usuários em questão, utilizam demasiadamente a rede social móvel Whatsapp, a um nível prejudicial que interfere na realização acadêmica ou de trabalho. Estes indivíduos também podem ser enquadrados na categoria “Viciados em Whatsapp”, porém a criação desta subcategoria serviu para mostrar o ato de procrastinar dos usuários, ao mesmo tempo em que entram em contradição quando justificam a utilização do serviço para fins utilitários para em seguida admitirem o uso para fins hedônicos (PALLAZON; DELGADO-BALLESTER, 2013).

4.4.

Uso influenciado pelo Fator Social. Uma das maiores vantagens em se utilizar redes sociais móveis é a facilidade de

comunicação imediata em tempo real. Muitas pessoas explicam que a utilização destes serviços para conversas entre familiares e amigos é uma enorme vantagem, principalmente quando entra em questão o fator reduzir distâncias e não perder o contato com entes queridos que vivem longe. “O aplicativo pode ser excelente, mas enquanto a maioria dos meus amigos estiverem usando o Whatsapp, terei que me prender á ele. Não adianta em nada eu migrar para outro aplicativo do gênero e meus amigos não.” P 9, L 23-27 “Não me interessa usar um aplicativo que seja desconhecido pra todo mundo que eu gosto de falar. Nada a ver essa discussão! O melhor aplicativo é aquele que é mais utilizado (..). Dane-se se o Whatsapp não liga4, por isso eu tenho Tim! Hahahaha” P 20, L 40-45

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No momento em que este comentário foi coletado (Junho de 2014), a rede social Whatsapp ainda não possuía ferramenta de ligação de voz.

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“Estou onde meus amigos estiverem. #TAMOJUNTOWHATSAPP” P 18, L 10. O primeiro comentário desta categoria mostra resistência de um usuário em mudar de serviço de mensagens instantâneas, devido ao número de amigos que utilizam o Whatsapp. O segundo comentário expõe um usuário que nem acredita pra que serve um tipo de discussão sobre mudanças de aplicativos de mensagem, já que, para ele, o importante é utilizar as plataformas comunicacionais que amigos, parentes e conhecidos também utilizam. Para usuários deste tipo, não é vantajoso utilizar aplicativos que os amigos não utilizam, já que a escolha da rede social móvel é feita de acordo com a interação do grupo social que vivencia (KATZ; SUGIYAMA, 2006), o principal objetivo é se comunicar com eles, mesmo que essa comunicação exista com frequência fora do ambiente do ciberespaço.

4.5.

Preocupados com a Privacidade

A preocupação com a privacidade faz com que pessoas se sintam inseguras no ambiente digital (TELES et al, 2013). Algumas até mesmo deixam de usar certas redes por sentirem que suas vidas estão muito expostas para qualquer um que tenha acesso ao ciberespaço. Por causa disso, muita gente utiliza com mais frequência as redes sociais digitais móveis, pois estas possuem um maior controle de acesso e publicação. O uso de redes sociais de mensagens instantâneas como Whatsapp e Viber, veiculam seus serviços a um número de telefone. Assim, o usuário para se comunicar com outro, precisa do número do telefone deste e vice e versa. “A maior vantagem do WhatsApp é o fato de ele se restringir aos contatos de sua agenda, gosto de manter a privacidade”. P 9, L-23. “Eu uso o Whatsapp por que só falo com quem tem na minha lista de telefone. Caso algum engraçadinho consiga meu número é só bloquear. Muito simples.” P 10, L 10-13. Apesar da popularidade do Whatsapp e das vantagens, em termos de privacidade, oferecidas por esta rede social, alguns usuários preferem utilizar outras opções de rede, como o Instagram, uma rede social que proporciona a publicação de fotos e vídeos, podendo ter seu conteúdo bloqueado (proibido) para os não seguidores dos usuários. Recentemente, o

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Instagram lançou uma atualização que permite troca de mensagens tanto particulares quanto em grupo (COSTA, 2015). “Eu só tenho Instagram. Eu gosto dele porque eu bloqueio as minhas fotos (...), e ninguém fica enchendo meu saco por lá e nem vendo a minha última visualização. O Facebook, por mais que a gente bloqueie, as pessoas conseguem ver as fotos(...). Fico com medo” P 45, L 13-18.

4.6.

Utilização por Valor Auto Atribuído – Status.

Em contraste com aqueles usuários que utilizam as redes sociais de acordo com seu círculo de amizades, existem aqueles que preferem as redes menos utilizadas, como é o caso do Twitter. O Twitter é uma rede de fácil acesso pelo celular, porém muitas pessoas ainda a utilizam pelo computador (desktop). Os primeiros dispositivos da geração de smartphones já possuíam aplicativos de acesso ao Twitter. Algumas vezes preocupados com questões de privacidade (TELES et al, 2013), os usuários acreditam que terão mais liberdade de falar o que sentem e pensam em redes em que a família não está presente. De acordo com a análise dos dados, identificou-se que, outras vezes, os usuários não quererem estar em uma rede social muito lotada para que não ocorra poluição de conteúdo devido ao grande número de usuários. “Quem se importa com o fim do Whatsapp? Já temos a melhor rede social que é o Twitter e os melhores tão lá”. P- 43 – L- 11 e 12. “#SeOWhatsappAcabar dane-se, quem tem Twitter tem a melhor rede social do mundo! P- 44, L – 22. #SeOWhatsappAcabar eu vou poder me dedicar exclusivamente para o Twitter, a melhor rede social da vida! Podre vai ser se minha mãe resolver criar um pra ela. Acaba minha vida. P - 38, L 27-28. #SeOWhatsappAcabar o Twitter pode ficar favelado igual ao Orkut e aí vai ser miado. #nãoacabawhatsapp #vidalongaaotwitter P39, L 13. #SeOWhatsappAcabar ainda vai existir o Twitter, então nada vai afetar minha felicidade. P-40, L 36.

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A figura 5 expressa preocupação com a possível migração de usuários do Whatsapp para o Twitter, em que o autor do conjunto imagem e texto expostos na figura, além de ironizar o acontecimento, mostra certo sentimento de desprezo em relação aos não usuários do Twitter quando os classifica como “modinha”, indicando que utilizar o Twitter não está ligado com a moda e sim com o status auto atribuído por seus usuários (HENRICH; GIL-WHITE, 2001). Figura 5: Preocupação exagerada com a migração de usuários do Whatsapp para o Twitter.

Fonte: http://twitter.com//

O fato de estar em uma rede social menos populosa faz com que alguns usuários acreditem que usar aquela rede, por ser menos popular, possuam uma personalidade diferente e especial, vindo a representar um fator de sua identidade (KATZ, SUGYIAMA 2006), e temem por perder essa identidade exclusiva original que justificava o uso, caso a rede mais popular saia de circulação e as pessoas regressem ou ingressem em uma rede menos popular, como se pode ver nas figuras 6. e 7. Os comentários desta categoria e as imagens apresentadas expressam relatos de usuários felizes com a rede social Twitter (Figura 6), porém temerosos que haja migração de outras redes para o microblog e com isso ocorra uma “superlotação” e consequentemente caia a qualidade do conteúdo publicado (Figura 7). Estes usuários também mostram certo sentimento de superioridade por utilizar a rede social Twitter, agregando valor, criado por eles

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mesmos, a uma utilização, um tipo de valor que é auto atribuído por eles e que os fazem sentir especiais em relação aos não usuários (HENRICH; GIL-WHITE, 2001).

Figura 6: Expressão de indiferença pelo fim do Whatsapp e exaltação pelo uso do Twitter

Fonte: http://twitter.com// Figura 7: Desprezo por usuários que não utilizam o Twitter e podem vir a utilizar

Fonte: http://twitter.com//

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5.

DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Com o avanço tecnológico e a popularidade dos smartphones e tablets, as redes sociais ganharam um espaço significativo no cotidiano de grande parte das pessoas. O sucesso atribuído a estes eventos gerou uma demanda para a criação de novos estilos de serviços que proporcionassem bem estar e segurança para os usuários. As redes sociais móveis se destacaram e sua usabilidade está diretamente ligada aos aparelhos tecnológicos que permitem mobilidade, e já fazem parte dos vários dispositivos incorporados ao aparelho. Usuários de redes sociais digitais apresentam características sensíveis de valor hedônico, que os levam a ter sentimento de culpa quando gastam demasiado tempo utilizando algum serviço, motivados por sentimentos de prazer e diversão. Indivíduos tendem a justificar usos hedônicos dos dispositivos com ações utilitárias para que assim se livrem do sentimento de culpa. No decorrer da pesquisa, identificaram-se indivíduos que possuem certa devoção a um tipo de serviço oferecido pela rede Whatsapp, e que se mostraram relutantes, até mesmo indignados, com a sugestão de tentar utilizar outro serviço. Estes usuários se dizem extremamente satisfeitos com o serviço oferecido pelo Whatsapp e não acreditam na necessidade de usar outro. Em contrapartida, também foram encontrados usuários que possuem paixão pelas novas tecnologias, usuários high-tech. Estes possuem devoção pela inovação e não pela marca ou serviço, com isso estão abertos a discutir sobre a utilização de novas plataformas digitais, visando vantagens proporcionadas pela tecnologia, o serviço que oferece as melhores opções de comunicações, design, etc. Alguns indivíduos justificaram a utilização das redes sociais móveis com o trabalho, afirmando que o aplicativo era necessário para comunicação entre colegas e prestadores de serviço. Porém, estes mesmos indivíduos confessaram que utilizam as redes móveis fora do ambiente de trabalho para se comunicar com familiares e amigos. Alguns até mesmo disseram que a utilização das redes sociais móveis chegava a atrapalhar seu desempenho profissional. Outros usuários afirmaram que a escolha da rede social móvel está diretamente ligada com a rede de amizades, e que escolheriam utilizar a rede que fosse mais popular entre seus amigos, familiares e conhecidos. Alguns afirmaram não se importar com o tipo de serviço que era oferecido pela rede mais popular, já que se seus amigos estiverem usando, eles também vão usar. Todos estes fatores confirmam a intenção de uso ligada ao fator social, em que a importância da plataforma digital utilizada está diretamente ligada com a rede de amigos que

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também utilizam a mesma plataforma, independente de fatores como qualidade e gratuidade de outros serviços disponíveis. Para muitos usuários analisados nesta pesquisa, os fatores privacidade e segurança foram fundamentais na escolha da rede social móvel. Estes usuários disseram se sentir mais seguros com as redes que exigem o conhecimento do número de telefone para entrar em contato com outro indivíduo, de forma que, teoricamente, só entrariam em contato com pessoas próximas e conhecidas. Outros usuários preferem bloquear o conteúdo postado em suas redes para garantir a privacidade. Um grupo relevante de usuários utiliza o Twitter, uma rede social mais antiga no estilo de microblog, a qual só se pode publicar até 140 caracteres de texto, porém ainda assim esta possui um público significativo, diferente de outras redes que foram perdendo a popularidade com o passar do tempo. Durante uma interação entre diversos usuários do Twitter, indagou-se o que aconteceria caso a rede social Whatsapp acabasse. Alguns usuários afirmaram não se importar com fim da rede, porém mostraram preocupação em relação a uma possível migração do Whatsapp para o Twitter. Foram apresentados comentários que expressavam certo sentimento de superioridade dos adeptos do Twitter em relação a não usuários, o que mostra que, para alguns, a utilização da rede remete a algum tipo de prestígio auto atribuído pelos participantes desta rede. A netnografia foi de fundamental importância para a realização deste estudo, apesar de apresentar certas limitações. As dificuldades encontradas na pesquisa ocorreram na coleta de dados, em que os participantes de discussões on-line muitas vezes não especificaram de que forma utilizam as redes, limitando-se a comentar defeitos e dificuldades encontrados em determinados serviços. Poucos foram aqueles que realmente explicaram as formas que utilizam as redes sociais móveis. Para uma pesquisa futura, uma metodologia complementar poderia ser utilizada, como entrevistas em profundidade. Este estudo apresentou uma proposta de continuidade baseada na análise de uma amostra específica de usuários de redes sociais, em que a pesquisa se concentra em campos virtuais regionais específicos, correlacionando a usabilidade com os aparelhos tecnológicos, para que dessa maneira se obtivesse resultados oriundos de um estudo mais específico em termos de análise de público. Uma análise cross-cultural para compreender valores de diferentes regiões do mundo seria uma opção de continuação desta pesquisa, que teve a iniciação científica como ponto de partida, e que continuará em um possível projeto de mestrado.

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APÊNDICES

APÊNDICE A: PRIMEIRA PÁGINA DO BANCO DE DADOS RETIRADOS DOS FÓRUNS DE DISCUSSÃO ONLINE.

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APÊNDICE B: PRIMEIRA PÁGINA DO BANCO DE DADOS RETIRADOS DA REDE SOCIAL TWITTER

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APÊNDICE C: QUADRO DE CATEGORIZAÇÃO DO BANCO DE DADOS RETIRADOS DOS FÓRUNS DE DISCUSSÃO ON-LINE E DA REDE SOCIAL TWITTER.

Creating Constructs Thematic Category

Page / Line Reference

Phrases from transcript

P-10, L 1-2

nem merece comentários, pow q q eu to fazendo aki,kkkk whatsapp na veia....

P- 20, L 5-8

O Hangouts existe há mais de um ano. Nem testei e sei que ainda não chegou nem perto de ameaçar o Whatsapp (...) Por que substituir o que é o melhor? Tem pesquisa que não tem propósito????

P- 40, L 1-2

#SeOWhatsappAcabar Acaba aquela coisa pulsante a que chamam coração.”

P- 25, L 1-17.

É um aplicativo praticamente essencial hoje em dia (...) os caras desenvolveram um aplicativo brilhante que ajuda a vida de muita gente (...) qual seria o grande problema em se pagar para utiliza-lo? (...) tem que largar de ser mão vaca de querer somente ter vantagem

Devotos do Whatsapp

em todas as coisas e prestigiar a galera que trabalha em coisas como o Whatsapp. P- 42, L 12

#SeOWhatsappAcabar Minha vida chega ao fim.

P-7, L 18-22

Whatsapp é infinitamente melhor. Nas funções, no Design. A única coisa que vejo vantagem no Viber, é que ele sincroniza com seu aplicativo no PC. Coisa que o Whatsapp ainda não e nem sei se vai ter, mas de qualquer jeito é superior!

P-8, L 24-36

Concorrência de peso o Whatsapp ja tem, como por exemplo o viber que é um aplicativo muito bem construído, leve, com mais recursos que o Whatsapp e multiplataforma, ainda assim não consegue ter os usuários que o Whatsapp tem simplesmente pq não opera em todos os campos do Whatsapp. Eu particularmente não vislumbro no médio prazo algum produto que possa desbancar o Whatsapp, simplesmente pq ele faz o básico, que é o que as pessoas querem bem feito.

P-9, L 1-7

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P-3, L 14-16

Depende da popularidade dos dois apps entre seus amigos, o app mais popular entre seus amigos é o melhor para vc.

P-6, L 30-34

Eu particularmente gosto mais do Viber, porque vivo fora do Brasil e posso usar para mensagens e para voz. Mas o Whatsapp é o mais usado em geral pelo meus amigos, então no final eu acabo usando mais o Whatsapp para mensagens e limitando o Viber para os que eu ligo por voz. Mas os dois são bons. O Viber é pior para instalar, e as vezes não envia a mensagem de validação e aí para instalar é um inferno. Já o Whatsapp é mais fácil, instala e reconhece de imediato.

P 7, 1- 5

P- 39, L 13. Usabilidade das Redes Sociais

#SeOWhatsappAcabar o Twitter pode ficar favelado igual ao Orkut e aí vai ser miado. #nãoacabawhatsapp #vidalongaaotwitter

P-9, L 23-27

O aplicativo pode ser excelente, mas enquanto a maioria dos meus amigos estiverem usando o Whatsapp, terei que me prender á ele. Não adianta em nada eu migrar para outro aplicativo do gênero e meus amigos não.

P 20, L 40-45

Não me interessa usar um aplicativo que seja desconhecido pra todo mundo que eu gosto de falar. Nada a ver essa discussão! O melhor aplicativo é aquele que é mais utilizado (..). Dane-se se o Whatsapp não liga, por isso eu tenho Tim! Hahahaha.

P-6, L 25-34

o Viber é gratuito em ambos sistemas faz o mesmo que o Whatsapp, mas você pode fazer ligação normal e de vídeo e agora tem o Viber Desktop que você pode utiliza o seu Viber no PC ou no Mac....porém existe um outro chamado WeChat que não é muito popular aqui no brasil mas é em outros países, também é gratuito em ambos sistemas e além de mandar mensagens , fotos, vídeos e ligação você pode enviar áudio como walkie talkie e conversar com pessoas aleatórias de qualquer lugar do mundo ou que estejam próximas de você...

P-7, L 1

Dispostos a inovar (qualidade dos serviços)

P-8, L 4-24

Leve, rápido, bonitinho, e é capaz de interagir com pessoas que utilizam o app no smartphone e quem está logado no chat do gmail ou go google+, esse é o Hangouts, sucessor do gtalk. Assim como o Gtalk, ele também faz chamadas de áudio, porém faz chamadas de vídeo e até conferências (assim como o hangout que conhecemos no google +).Quem usa o Whatsapp pode interagir com todos os contatos que possuem o app, e no caso do hangout, essa abrangência é bem

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maior. No meu caso (que passei o final de semana todo brincando com o app) gostei muito e praticamente não usei o Whatsapp (e olha que fico usando ele o final de semana todo).No caso do meu aparelho, gastou menos bateria, pude conversar com pessoas que ainda não possuem app no aparelho e quem eu indiquei o app também aprovou.Meu Whatsapp está com os dias contados, e pelos comentários no Google Play, muita gente que tem o Hangout excluiu o Whats.E vocês concordam que essa tendência vai continuar? E logo logo o Whatsapp já era? P-14, L 14-17

(Telegram) Achei particularmente, um programa muito atraente, com um design muito bom. E eu digo mais, se o app ganhar a versão em Português (Brasil) vai arrebentar e crescer mais ainda.

P-18, L 19-22

Nimbuzz, Viber e Skype são os que brigam pra tentar oferecer o melhor serviço, aí vai depender de qual é mais popular na sua rede de amigos...

P-18, L 24-27

Tão rápido e simples como o Whatsapp creio que o App Line seria a melhor resposta! Além de ser um aplicativo que tem a funções de fazer ligações e torpedos gratis num único app.

P-19, L 1-10

Recomendaria o Hangouts, que saiu este ano. É do Google, e integrado com todos os seus serviços (você pode falar do bate-papo do Gmail, do Google+ ou do app que é a mesma coisa), o que significa que qualquer um com conta no Google (pode ser só o Gmail mesmo) tem acesso a ele. Tem suporte a videochamadas (e, ao contrário do Skype, não precisa pagar para ter mais de duas pessoas nela), chamadas de voz, criação de grupos, etc. De alternativa, pode tentar o GroupMe

P-19, L 12-24

Todos os já citados são ótimos aplicativos de entrega de mensagens, que inclusive, substituem muito bem o serviço de SMS. Entretanto, no quesito EFICIÊNCIA, nenhum deles chega perto da qualidade do BlackBerry Messenger. Quem já usou a o aplicativo na plataforma da antiga RIM sabe do que estou falando. E como há rumores que o BBM irá ser disponibilizado para iOS e Android, acredito que seja o perfeito app para "substituir" o whatsapp, pois assim que os usuários notarem sua melhor eficiência tenderão a migrar. As chamadas por voz e vídeo também são ótimas no bbm, mas acredito que o Skype ofereça melhor qualidade neste quesito.

P-20, L 10-33

Já usei os 4 citados (LINE, Viber, Whatsapp e WeChat) e mais dois que não estão listados aqui (Tango e Kakaotalk, embora esse ultimo seja um "clone" do LINE). Com toda a certeza, o LINE é o melhor. Porquê? 1) Tem versão desktop (principal diferencial com os outros

P – 21, L 1- 4

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citados, pois você pode baixá-lo tanto para Windows/MAC quanto pra Android/iOS/BlackBerry/Afins) 2) GRATUITO E SEM PROPAGANDA ALGUMA 3) Em termos de mensagens de texto e voz, são super leves e as ligações são mais leves e melhores que as ligações de programas consagrados como o Skype (detalhe: SEM RUÍDOS, chiados, etc, que são super comuns nas ligações do skype) E O PRÓPRIO VIBER, por exemplo. 4) Se você for chegado em jogos, o LINE tem uma gama de jogos para você e seus amigos competirem (só perde para o Kakao Talk nesse quesito porque na Coréia do Sul, onde o Kakao sempre foi popular, empresas estão investindo pesado em jogos para Kakao users, muitas vezes, trazendo títulos já consagrados antes da existência do app). 5) Tem stickers divertidos e fofos. Sou usuária do LINE desde NOVEMBRO DE 2012 (não errei a data não. Dois mil de DOZE mesmo), conheci por intermédio de amigos estrangeiros que já usavam o aplicativo e não o troco por nada.

Aqueles que Justificam o Uso do Aplicativo Whatsapp de alguma maneira.

P-29, L 8-10

“é mesmo muito bom esse tal de whatsapp, meu chefe mandou todo mundo na firma usar esse troço até os motoboy tão usando.Passo o dia usando o negócio e recebo muita coisa engraçada, é mta piada engraçada, hahahaha. agora meus amigos não me deixam trabalhar, se não fosse o meu trabalho eu nem tinha. só uso no trabalho mesmo e olhe lá!!!”

P-23, L 1

Meu trabalho exige que eu use o whastapp então não posso nem testar outro.

P-30, L 12-17

“O whatsapp é muito massa para se comunicar no trampo! economiza muito tempo que antes eu tinha que ficar indo nas salas de todo mundo, agora mando mensagem e pronto! eu baixei pq precisei no serviço, mas tbm uso pra falar com minha namorada e amigos, ninguém é perfeito.... kkkkkkk ”

P 9, L-23.

A maior vantagem do WhatsApp é o fato de ele se restringir aos contatos de sua agenda, gosto de manter a privacidade”.

P 10, L 10-13 Privacidade

P 45, L 13-15

Eu uso o Whatsapp por que só falo com quem tem na minha lista de telefone. Caso algum engraçadinho consiga meu número é só bloquear. Muito simples.” Eu só tenho Instagram. Meu arroba é @sotenhoinstagram kkkkk. Eu gosto dele pq eu bloqueio as minhas fotos e só quem é meu

50

amigo que vê o que eu posto. O face por mais que a gente bloqueie as pessoas conseguem ver. Fico com medo”.

P 34, L 9.

#SeOWhatsappAcabar Eu vou conseguir estudar!” .

P 34, L 20

#SeOWhatsappAcabar Eu vou arrumar um emprego”

P 35, L 22 -23

#SeOWhatsappAcabar Certamente vou render bem mais no meu trabalho e finalmente consiga um aumento”.

P 35, L 29

#SeOWhatsappAcabar Eu passo no vestibular selado”.

P-30, L 11- 15.

(..) é mesmo muito bom esse tal de Whatsapp, meu chefe mandou

Justificação por Uso Corporativo

todo mundo na firma usar esse troço (...) Passo o dia usando o negócio (...) recebo muita coisa engraçada (...) agora meus amigos não me deixam trabalhar(...)só uso no trabalho mesmo e olhe lá!!!

P-29, L 12-17

O Whatsapp é muito massa para se comunicar no trampo! economiza muito tempo (...) eu baixei pq precisei no serviço, mas tbm uso pra falar com minha namorada e amigos, ninguém é perfeito.... kkkkkkk (...)

P-29, L 22-25

Todo mundo que trabalha em empresa tem que ter Whatsapp. É praticamente obrigatório. Quem não tem vai ser obrigado a baixar(...).

P-33, L 44-45

#SeOWhatsappAcabar eu vou largar esse emprego de merda que eu não faço nada e arranjar alguma coisa que preste.

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