Confecção de Pastilhas de Pos de Ligas Nanocristalinas a Base de Magnésio Para Armazenagem de Hidrogênio

July 24, 2017 | Autor: T. Maia da Silva | Categoria: Hydrogen Storage, Hydrogen Storage in Complex Metal Hydrides
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Descrição do Produto

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET) Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa)

BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPq

PROJETO: CONFECÇÃO DE PASTILHAS DE PÓS DE LIGAS NANOCRISTALINAS À BASE DE MAGNÉSIO PARA ARMAZENAGEM DE HIDROGÊNIO

Processo: 138182/2013-2 Período: 01/08/2013 a 31/07/2014 Bolsista: Tarik Luís Maia da Silva Orientador: Prof. Dr. Tomaz Toshimi Ishikawa Co-orientador: Dr. José Fernando Ribeiro de Castro

São Carlos, Agosto de 2014

Resumo do Plano Inicial O hidrogênio é uma alternativa energética muito atrativa e entre as técnicas de armazenagem desse gás, o armazenamento em ligas nanocristalinas à base de magnésio é uma solução promissorapor razões econômicas e de segurança. O projeto tem como objetivo processar pós de ligas nanocristalinasà base de magnésio com aditivos por moagem de alta energia. Confeccionar pastilhas utilizando o pó obtidopor moagem de alta energia e variando a pressão de compactação para obter o volume livre e as dimensões desejadas. A caracterização dos pós e das pastilhas foi realizada por meio da caracterização estrutural através de difração de Raio-X (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise de volume livre utilizando picnômetro de hélio e análise térmica para determinação da condutividade térmica.

1. Introdução O hidrogênio é uma alternativa de fonte de energia muito atrativo por ser limpo, já que possui como subproduto de sua combustãoa água. Um dos grandes desafios no uso do hidrogênio como fonte de energia é o seu armazenamento. A armazenagem em estado líquido é muito cara e em estado gasoso, perigosa. Dessa forma, o armazenamento no estado sólido na forma de hidretos metálicos é uma alternativa eficiente, pois apresenta maior facilidade de manuseio, estabilidade e segurança, além de armazenar maior quantidade de hidrogênio num mesmo volume do que na fase líquida [2]. Ao formar hidretos metálicos, as moléculas de hidrogênio são dissociadas na superfície das ligas metálicas e os átomos de hidrogênio se alojam nos espaços intersticiais entre os átomos do metal. Dessa forma, a utilização de ligas nanocristalinas é uma boa opção, já que elas apresentam grãos muito finos que garantem uma maior área de contorno de grãos e, consequentemente, mais sítios disponíveis para o hidrogênio ocupar, o que aumenta a cinética. Contudo, muitas dessas ligas apresentam baixa capacidade de armazenam em peso de hidrogênio e as que apresentam elevada capacidade são, em geral, operacionais em temperatura acima de 300°C e têm cinética de absorção/dessorção de hidrogênio relativamente baixa [2, 4]. Entre as ligas estudadas, as ligas nanocristalinas à base de magnésio se mostraram uma solução promissora. De fato, o magnésio é um metal abundante, de baixo custo, apresenta uma capacidade de armazenamento próximo a 7,6% em peso (uma das maiores entre os hidretos metálicos), estabilidade, boa reversibilidade e densidade baixa [6]. A reação entre o magnésio e o hidrogênio ocorre entre 250 e 370°C, sendo que o processo é exotérmico na hidrogenação e endotérmico na dessorção. Uma vez que a cinética do pó de MgH2 é baixa, aditivos são usados na preparação do pó de hidreto como, por exemplo, Ni e Fe. Esses aditivos atuam como catalizadores para aumentar ainda mais a cinética de absorção/dessorção do pó [1, 6].

Com o objetivo de construir um tanque armazenador de hidrogênio utilizando essa liga metálica, discos compactados com pós nanocristalinosà base de Mg obtidos por moagem de alta energia têm sido estudados largamente por A. Chaiseet al. que obtiveram discos lisos, resistentes e que podem ser facilmente perfurados e cortados. Contudo, a compactação reduz a porosidade, o que pode reduzir a penetração de hidrogênio nos discos e também causar uma redução da pressão parcial de hidrogênio em algumas partes dos discos durante a absorção [5]. A condutividade térmica também influencia muito a cinética de absorção e dessorção, pois ela limita o tempo em que a reação ocorre. Buscando aumentar essa condutividade, estudos nos quais se misturam o pó de hidreto junto com grafite natural expandido (GNE) na compactação dos discos vêm sendo realizados. O GNEirá aumentar drasticamente a permeabilidade do hidrogênio no sentido radial dos discos, pois se orienta preferencialmente nesse sentido na compactação, mas limita a permeabilidade no sentido axial. Dessa forma, uma espessura limite do disco deve ser adotada [5]. 2. Metodologia No presente trabalho foi processado um nano compósito à base de magnésio utilizando Fe como catalisador na dessorção do hidreto de Mg. O Fe foi misturado na matriz MgH2/Mg por moagem de alta energia sob atmosfera de argônio e de hidrogênio. As microestruturas das fases do nanocompósito na forma de pó e na forma de pastilha foram caracterizadas por DRX (difração de Raio-X), MEV (microscopia eletrônica de varredura), picnometria e análise térmica. 2.1 Materiais Foram utilizados Mg na forma de cristais de pureza 98% e Fe, de tamanho 22 mesh com pureza 99,998%. As partículas de grafite natural expandido (GNE) apresentaram 0,4µm de tamanho. 2.2 Procedimento Experimental 2.2.1

Obtenção do nanocompósito MgH2 + Fe

O hidreto foi processado através de moagem reativa do magnésio com 2% molar de Fe como aditivo utilizando moinho do tipo planetário (figura 1).A moagem foi realizada durante 25 horas, utilizando uma razão massa-bola de 35:1, sendo a massa das esferas igual a 73gramas, e com rotação de 600rpm. Para evitar oxidação, o nano compósito foi manipuladoe armazenado na Glover Boxmostrada na figura 2.

Figura 1 – Moinhos do tipo planetário utilizado na moagem reativa do magnésio.

Figura 2 – Glover Box utilizada para evitar a oxidação do material. 2.2.2

Compactação das pastilhas

O nanocompósito obtido na moagem de alta energia foi misturado a 5% em peso grafite natural nanométrico. A mistura foi prensada utilizando moldes de aço ferramenta, obtidos comercialmente, que variam de diâmetros dependendo do tamanho da amostra desejado. Foram utilizadas prensas hidráulicas do Laboratório de Cerâmicas Especiais no DEMa. As pressões de compactação aplicadas variaram entre 0,25 e 1,00 t/cm2 e a prensagem foi do tipo uniaxial. A figura 3 (a) e (b) apresenta os moldes de 8mm e 50mm de diâmetro, respectivamente. Já a figura 4 (a) e (b) mostra as prensas hidráulicas utilizadas na compactação das pastilhas.

(a) (b) Figura 3 – Moldes utilizados para compactação das pastilhas

(a) (b) Figura 4 – Prensas hidráulicas utilizadas na compactação das pastilhas. 2.3 Técnicas de caracterização 2.3.1

Picnometria

A Picnometria de gás hélio foi utilizada para a determinação da densidade real das pastilhas. A figura 5 mostra o picnômetro de hélio da marca MICROMERITICS modelo AccuPyc 1330 localizado no Laboratório de Cerâmicas Especial do DEMa, onde todas as amostras foram pesadas diretamente no porta amostra previamente aferido.

Figura 5 – Picnômetro de hélio. 2.3.2

Difração de Raio-X

Pela técnica de difração de raios-X, quando um feixe de radiação incide sobre uma amostra policristalina, ocorre sua difração e a esta difração se dá segundo a lei de Bragg, que está diretamente relacionada ao ângulo de incidência (θ) e ao comprimento de onda característico (λ) do feixe, como também à distância interplanar dos planos cristalográficos (dhkl), que é uma característica intrínseca do material que se deseja caracterizar, e a ordem de difração (n). As fases cristalinas foram analisadas pela técnica de difração de raios X (DRX) utilizando um equipamento Siemens modelo 5100 com radiação Kα(Cu), operando com tensão de 40 KV e corrente de 40mA e velocidade do goniômetro de aproximadamente 2º/min., variando de 2θ de 20º a 60º. Os difratogramas obtidos pelos ensaios de difração de raios-x foram indexados através das fichas cristalográficas JCPDS.

2.3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura A técnica de microscopia eletrônica de varredura utiliza um feixe de elétrons, que varre a superfície da amostra, causando a emissão de elétrons secundários que são utilizados na formação da imagem a ser analisada. As caracterizações foram realizadas proporcionando informações a respeito da interface e da morfologia das fases e o tamanho dos poros. A análise morfológica por Microscopia Eletrônica de Varredura por Emissão de Campo (SEM-FEG,) foi realizada no Microscópio de marca PHILIPS, modelo XL30-FEG nas dependências do LCE/DeMa. 2.3.4

Análise Térmica A análise térmica foi realizada para determinação da condutividade térmica das amostras através da medição da difusividade térmica utilizando o equipamento da marca NETZSCH, modelo LFA 427, localizado no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC) da UFSCar.

3. Resultados e Discussão 3.1 Caracterização do nano compósitode MgH2+ 2% molar de Fe. A Figura 6 apresenta uma difração de raio-x do nano compósito de MgH2+2% molar de Fe. Foi observado a presença a fase metaestável ɣ-MgH2 e evidenciada a formação do hidreto de magnésio pela moagem de alta energia, assim como a presença de Fe no nanocompósito. Além disso, a largura meia altura dos picos de MgH2 indicam que as partículas são nanocristalinas. Analisando a Figura 7, foi possível visualizar que a distribuição das partículas não é homogênea. Isso pode ter sido resultado da moagem, na qual o choque mecânico possibilita a formação de placas de nanopartículas do nanocompósito. A Tabela 1 mostra o resultado da microanálise realizada no material obtido pela moagem de alta energia do Mg + 2% molar de Fe em atmosfera de hidrogênio. Foi observado que houve um aumento da porcentagem de Fe no nanocompósito, possivelmente decorrente de contaminação durante a moagem.

Figura 6 – Gráfico de DRX do nanocompósito.

Figura 7 – MEV do nanocompósito MgH2 + 2% molar Fe. Tabela 1 – Microanálise do nanocompósito MgH2 + 2% molar Fe. Elmt OK Mg K Fe K Total

Spect. Type ED ED ED

Inten. Corrn. 1,147 0,863 0,851

Std Corrn. 0,48 0,69 0,94

Element % 39,12 57,22 3,66 100

Sigma % 0,24 0,24 0,11

Atomic % 50,27 48,38 1,35 100

3.2 Compactação das pastilhas. A Tabela 1 mostra os valores ideais das dimensões de cada tamanho de pastilha. O volume foi obtido através de cálculos utilizando o diâmetro e a espessura desejada. Os valores de massa das amostras foram calculados partindo de uma densidade do hidreto estimada de 1,45 g/cm3 e supondo um volume livre de 50% das pastilhas. Há valores diferentes para pastilhas de mesmo diâmetro,pois foi necessária a realização de novos cálculos para adequar a espessura das pastilhas ao tamanho desejado. Tabela 2 – Valores ideais das dimensões, do volume livre, das massas de hidreto e GNE para as amostras de todos os tamanhos. Diâmetro Espessura (mm) (mm) 50,00 50,00 8,00 8,00 15,53

10,00 10,00 10,00 10,00 5,00

Massa da amostra (g)

Massa de MgH2 (g)

Massa de GNE (g)

Volume livre

14,224 20,100 0,478 0,489 0,923

13,513 19,143 0,455 0,465 0,877

0,711 0,957 0,023 0,024 0,046

50% 40% 50% 40% 40%

Inicialmente foram compactadas seis amostras de 50mm de diâmetro, com o objetivo de testar o procedimento de prensagem para obter as dimensões desejadas.

A Tabela 3 mostra os valores de massa e volume reais das amostras, assim como suas pressões de compactação e dimensões. Foi possível perceber que não se obteve espessuras satisfatórias em relação à desejada. Foi notado ainda que as espessuras mais próximas de 10mm foram obtidas com uma pressão de compactação de 0,5 t/cm2. Os diferentes resultados para uma mesma pressão de compactação podem ser decorrentes de uma má distribuição da mistura quando esta foi colocada no molde. Tabela 3 – Valores reais das dimensões, do volume e das massas de hidreto e GNE das amostras de 50mm de diâmetro e das pressões de compactação.

Amostra

Diâmetro (mm)

Espessura (mm)

Pressão de compactação (t/cm2)

Massa de MgH2 (g)

Massa de GNE (g)

Volume (cm³)

A1

50,00

8,77

1,00

13,520

0,710

17,213

A2

50,00

8,87

1,00

13,520

0,711

17,410

A3

50,00

8,77

0,50

13,520

0,712

17,213

A4

50,00

X

0,75

13,520

0,710

x

A5

50,00

X

0,50

13,520

0,714

x

A6

50,00

9,57

0,50

13,520

0,712

18,797

A7

50,00

12,00

0,50

19,143

0,968

23,562

Ocorreram alguns problemas durante a retirada das amostras do molde após a prensagem. A amostra A3 quebrou ao meio durante a desmontagem, porque a parte superior grudou no molde. Como resultado da prensagem, sobrou resíduos de pó de hidreto na parede do molde. Esses resíduos dificultam a desmontagem do molde atrapalhando o deslizamento das peças. Buscando uma melhor forma para desmontar o molde sem quebrar a pastilha, como no caso da amostra A3, tentou-se um novo procedimento. Contudo, as pastilhas A4 e A5 sofreram deformações devido ao vácuo causado na desmontagem, conforme mostra a Figura 8 (c) e, por isso, não foi possível obter uma espessura média e, consequentemente, um valor para o volume dessas amostras, como demonstrado pelos “x” na Tabela 3. Já as amostras A2, A6 e A7 não sofreram danos durante a desmontagem. Houve dificuldade na aderência nas camadas de GNE puro nas bases das amostras com a mistura. A Figura 8 (a) mostra que a amostra A1 não foi compactada com essas camadas. Pela Figura 8 (d), pode-se perceber como as camadas da base inferior da amostra A6 grudaram no molde durante a desmontagem, talvez devido a uma má limpeza do molde. Isso também ocorreu com a amostra A3. As amostras A2,

A4, A5 e A7 perderam uma ou duas de suas camadas algum tempo após a desmontagem do molde. A amostra A7 teve sua massa calculada utilizando uma densidade de 1,625g/cm³, obtida pela média das densidades medidas na picnometria, e um volume livre de 40%, ajustado em relação ao volume livre calculado na análise com picnômetro. Além disso, analisando a Tabela 3, foi observado que a amostra A7 teve uma espessura muito maior que as outras. Isso porque essa massa foi calculada com uma proporção de GNE e de hidreto errada (massa de GNE não foi desconta no calculo da massa de hidreto). Como mostra a Figura 8 (e), a amostra A7, assim como a amostra A2, foi perfurada nos pontos por onde passarão os fios e tubos de aquecimento e resfriamento. Elas não se quebraram, o que demonstra uma boa resistência mecânica.

(a)

(b)

(c)

(d) (e) Figura 8 – Amostras de 50mm de diâmetro: (a) amostra A1; (b) amostra A2 antes da perfuração; (c) amostra A4; (d) amostra A6 e (e) amostra A7 perfurada. A Figura 9 (a) mostra uma das cinco amostras que foram compactadas num molde de 8mm de diâmetro, destinadas ao estudo do volume livre das pastilhas. A Tabela 4 mostra os valores de massa e volume reais das amostras, assim como suas pressões de compactação e dimensões. Comparando os resultados, foi observado que, novamente, as espessuras que mais se aproximam da espessura ideal foram obtidas com uma pressão de compactação de 0,5 t/cm2. As diferenças de resultados para uma mesma pressão de compactação podem ser explicadas por falhas na distribuição da mistura ao colocá-la no molde. Esse erro se reflete também no volume das amostras. As pastilhas B4 e B5, mostradas na Tabela 4, tiveram suas massas calculadas partindo de uma densidade de 1,625g/cm³ e de um volume livre de 40%, obtidos pela picnometria das amostras B1 e B3. Ainda, essas amostras foram compactadas com

uma proporção de GNE e hidreto errada (a massa de GNE não foi descontada no calculo da massa de hidreto). Ao tentar aproximar a espessura da amostra B5 reduzindo a pressão de compactação para 0,25 t/cm2, ocorreu quebra da amostra como demonstrado na Figura 9 (b). Isso porque a baixa pressão de compactação juntamente com erros no cálculo da massa dessa amostra e o uso de uma maior densidade e de um menor volume livre contribuíram para uma espessura grande, além de tornar a amostra muito frágil. Tabela 4 – Valores reais das dimensões, do volume e das massas de hidreto e GNE das amostras de 8mm de diâmetro e das pressões de compactação.

Amostra

Diâmetro (mm)

Espessura (mm)

Pressão de compactação (t/cm2)

Massa de MgH2 (g)

Massa de GNE (g)

B1

8,00

9,34

0,75

0,450

0,0227

B2

8,00

9,23

1,00

0,450

0,0228

B3

8,00

9,71

0,50

0,450

0,0234

B4

8,00

10,09

0,50

0,489

0,0246

B5

8,00

13,31

0,25

0,489

0,0278

O mesmo problema de aderência das camadas de GNE nas bases das pastilhas foi encontrado nas amostras de 8mm, conforme a Figura 9 (a) indica. As amostras B1, B2, B3 e B5 tiveram uma ou duas de suas camadas descoladas algum tempo após a desmontagem. Outro problema encontrado foi em relação ao molde de 8mm. Por ter um pino muito fino e feito com um aço muito macio, algumas prensagens deformavam o molde. Foi preciso fazer reparos após algumas compactações. Além disso, durante o processo de desmontagem também houve problemas. Nas amostras B2 e B3 as camadas da base inferior grudaram no molde. A fim de solucionar esse problema, um novo procedimento foi adotado a partir da amostra B4: o GNE da camada da base inferior passou a ser compactado juntamente com a mistura do pó do primeiro preenchimento do molde. E esse procedimento começou a ser usado para as amostras de todos os tamanhos e, após essa mudança, as amostras não sofreram danos devido a camadas grudadas no molde.

(a) (b) Figura 9 – Amostras de 8mm de diâmetro: (a) amostra B1 (b) amostra B5. Para realizar uma análise térmica, foi prensada uma pastilha de 15,53mm de diâmetro. A Tabela 5 mostra os valores das dimensões e da pressão de compactação utilizada. Não houve problemas durante a compactação, tanto em relação à desmontagem do molde, quanto à aderência das camadas de GNE das bases da pastilha. Tabela 5 – Valores das dimensões e das massas reais da amostra de 15,53mm de diâmetro e da pressão de compactação. Diâmetro Amostra (mm) C1

15,53

Espessura (mm)

Pressão de compactação (t/cm2)

Massa de MgH2 (g)

Massa de GNE (g)

Volume (cm3)

5,80

0,50

0,920

0,046

1,10

A Tabela 6 apresenta as dimensões das amostras-padrão confeccionadas para testar o funcionamento do equipamento que realiza a análise térmica, que há muito não era utilizado. Assim, pastilhas de magnésio metálico foram usinadas, lixadas e recobertas com um filme de carbono, como mostra a Figura 10. Tabela 6 – Dimensões das amostras de magnésio metálico usinadas. Amostra

Diâmetro (mm)

Espessura (mm)

D1

18,00

5,09

D2

18,00

4,98

D3

18,00

5,04

(a)

(b)

Figura 10 – Amostra D1 de Mg metálico (a) antes de lixar e recobrir e (b) após lixar e recobrir. A Tabela 7 mostra os valores do diâmetro, espessura e densidade aparente da amostra compactada para realizar análise de microscopia eletrônica de varredura. Essa amostra foi compactada também com 0,5t/cm2 de pressão e sem camadas de GNE nas bases. Tabela 7 – Valores referentes à pastilha analisada no MEV. Diâmetro (mm)

Espessura (mm)

Volume (cm3)

Massa da pastilha (g)

Densidade aparente (g/cm3)

7,98

4,21

0,21

0,224

1,06

3.3 Caracterização dos discos compactados. A Tabela 8 mostra os valores de densidade, volume de hidreto e volume livre obtidos pela análise no picnômetro de hélio. Foi possível identificar que os resultados obtidos em relação ao volume livre, em torno de 35%, para todas as pressões de compactação, ficaram muito distantes do valor suposto inicialmente, igual a 50%. Esse erro pode ter sido influenciado pela maneira a qual foram prensadas essas pastilhas: houve muitas compactações manuais antes da compactação na prensa hidráulica, para que a mistura fosse completamente colocada no molde. A partir disso, um volume livre de 40%, mais perto do valor obtido na picnometria, passou a ser usado no calculo de todas as pastilhas seguintes, independentemente do tamanho. Ainda comparando os resultados da Tabela 8, foi observado que o valor da pressão de compactação é inversamente proporcional ao volume livre. O que é lógico, uma vez que quanto maior a pressão de compactação, mais compactado o hidreto está e, assim, há menos espaço livre. Por exemplo, observando a Tabela 8, a pressão de 0,75 t/cm2 na amostra B1 garantiu um volume da pastilha de 0,469 cm3, menor em relação à amostra B3, que apresentou um volume de 0,488 cm3, com pressão de 0,5 t/cm2. Tabela 8 – Valores obtidos pela picnometria das pastilhas de 8 mm de diâmetro.

Pressão de Amostra compactação (t/cm2) B1 0,75 B2 1,00 B3 0,50 B4 0,50 B5 0,25

Volume da pastilha (cm³)

Volume sem poro (cm³)

Densidade (g/cm³)

Volume livre (%)

0,469 0,464 0,488 0,507 0,669

0,308 0,314 0,309 0,329 X

1,564 1,505 1,69 1,561 X

34,40 32,45 36,75 35,15 X

Com o objetivo de determinar sua condutividade térmica, a amostra C1 foi submetida à análise térmica por 3 vezes, sem sucesso. Em cada caso, houve erros no equipamento, tais como não conseguir aquecer o forno ou mesmo estabilizar o sinal para emissão da radiação infravermelha. Esses erros não permitiram obtenção de dados. Na última tentativa, se conseguiu aquecer o forno até a temperatura desejada de 300ºC, mas não estabilizar o sinal e a amostra apresentou rachaduras na região que recebe a radiação infravermelha, conforme a Figura 11. Após uma tentativa de descobrir o porquê dos erros durante a análise, foi observado que uma peça do equipamento estava estragada. Devido ao tempo e ao custo muito grande de manutenção do equipamento, não foi possível realizar uma análise térmica para obtenção de valores de condutividade térmica utilizando esse equipamento.

Figura 11 – Amostra de 15,53mm de diâmetro com danos após análise. A figura 12 mostra as imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura. As imagens (a) e (b) da figura 12 foram tiradas na superfície da amostra. Já as imagens (c) e (d), foram tiradas do corte longitudinal e transversal, respectivamente. Foi observado, pela Figura 12 (a), que o tamanho das partículas do hidreto é de aproximadamente de 200 nm. Além disso, foi possível notar os aglomerados de partículas que se formaram durante a moagem de alta energia, na Figura 9(b).

A Figura 12 (c) e (d) evidenciam a diferença dos tamanhos entre a fase do nanocompósito e do GNE, sendo que a fase grafite apresenta aglomeradas muito maiores. A espessura dos contornos entre as fases é de aproximadamente 4,5 µm.

(a)

(b)

(d) (c) Figura 12 – Imagens de MEV de uma amostra compactada.

4. Conclusão Os discos compactados apresentaram boa resistência, podendo ser cortados e perfurados. Além disso, foi dominada a técnica de compactação para se obter discos com a espessura desejada, sendo que a pressão ideal de compactação foi 0,5 t/cm2. A Picnometria das pastilhas revelou uma porosidade satisfatória e condizente com o relatado na literatura, aproximadamente 35%. Infelizmente, não foi possível realizar medidas de condutividade térmica nos discos. A microscopia eletrônica de varredura mostrou que a moagem de alta energia resultou em partículas nanométricas, sendo que a distribuição de tamanhos não foi homogênea devido à formação de placas do nanocompósito. Houve ainda um aumento da quantidade de Fe na estequiometria do nanocompósito, causada por contaminação durante a moagem. A difração de Raio-X revelou que a moagem realmente produziu MgH2 como o esperado, assim como a fase metaestável ɣ-MgH2 e evidenciou a presença de Fe no material obtido.

5. Referência bibliográfica [1] CHAISE, A., FRUCHART, D., DE RANGO, P., MARTY, PH. Experimental and numerical study of a magnesium hydride tank. International Journal of Hydrogen Energy, v. 35, p. 6311-6322, 2010.

[2] CASTRO, J. F. R. Desenvolvimento de Nanocompósitos à Base de Mg Armazenadores de Hidrogênio Processados por Moagem de Alta Energia. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de São Carlos, 2003. [3] CHAISE, A. Etude experimentale et numérique de réservoirs d’hydrure de magnésium. Thèse (Docteur) - Université Joseph Fourier, 2008. [4]Kapischke, J., Hapke, J. Measurementof the effective thermal conductivity of a MgMgH2 packed bed with oscillating heating. Experimental Thermal and Fluid Science, v. 17, p. 347-355, 1998. [5] CHAISE, A., FRUCHART, D., DE RANGO, PH., MARTY, Ph, S. Miraglia, S., Olivès, R., Garrier, S. Enhancement of hydrogen sorption in magnesium hydride using expanded natural graphite. International Journal of Hydrogen Energy, v. 34, p. 85898596, 2009. [6] P. de Rangoa, A. Chaise, J. Charbonnier, D. Fruchart, M. Jehan, Ph. Marty, S. Miraglia, S. Rivoirard, N. Skryabina.Nanostructured magnesium hydride for pilot tank development.Journal of Alloys and Compounds, 2007.

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