XIII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física – Foz do Iguaçu – 2011
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CONFIGURAÇÕES CURRICULARES DE CURSOS DE LICENCIATURA EM FÍSICA E SABERES DOCENTES CURRICULAR STRUCTURE OF PHYSICS PRE-SERVICE AND KNOWLEDGE OF THE TEACHERS Yara A. F. Guimarães1, Maria Lúcia Vital dos S. Abib2 1
Universidade de São Paulo/IFUSP,
[email protected] 2
Universidade de São Paulo/FEUSP,
[email protected]
A formação de Professores e a Legislação Educacional Nos últimos anos assistimos um processo de reforma nas normativas legais referentes aos aspectos curriculares para o ensino superior, mais especificamente no que se refere à formação de professores (BRASIL, 2001 e 2002a-b). Na sequência destas propostas se desenrolou todo um processo de interpretação da legislação pertinente e uma conseqüente reforma nos aspectos curriculares das licenciaturas. Diversas foram as interpretações (Terrazzan, 2007a-b e Cortela 2007), bem como diferentes são as realidades específicas (Pimenta, 2002) nas Instituições de Ensino Superior (IES) que culminaram em variados mecanismos e alternativas para atender as especificações legais, como consequência da autonomia destas instituições segundo suas especificidades. Buscando investigar este ajustamento às normativas legais e os aspectos formativos que essa nova conjuntura implica analisamos a distribuição de disciplinas na Licenciatura em Física de oito universidades segundo as perspectivas legais. Desta forma, analisamos os Projetos Pedagógicos (PP) de oito universidades: Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal de Rorâima (UFRR), Universidade Federal Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Considerações Sobre os Cursos e Seus Conteúdos Curriculares Através de um olhar focado na estrutura curricular destes cursos buscamos caracterizar, de maneira geral, a organização curricular e a carga horária distribuídas em categorias que representam eixos possíveis na estruturação de cursos de Licenciatura. Analisamos as grades curriculares e ementas dos referidos cursos observando como os saberes docentes são representados nos conteúdos curriculares propostos. Os eixos temáticos foram escolhidos de modo a abranger aspectos essenciais da formação docente e dos saberes de formação (Tardif, 2005). Entendemos que conteúdos curriculares formam um conjunto de assuntos propostos no currículo, selecionados sob certos critérios (BRASIL 2002a e 2002b). Assim os Eixos Curriculares são a estrutura na qual estes critérios de seleção se apóiam, ênfases em eixos específicos revelam indícios das concepções que sustentam esta seleção de conteúdo. A seguir apresentamos uma breve uma breve consideração sobre cada um dos quatro eixos segundo os quais agrupamos as disciplinas e atividades dos cursos analisados:
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Conceitual Eixo dos Conhecimentos Conceituais específicos da área de formação: De caráter científico, este eixo estrutura, sistematiza e orienta os conhecimentos teóricos e experimentais da Física. Envolve o conhecimento dos processos, mecanismos e história dos aspectos científicos. Engloba todos aqueles conhecimentos específicos da Física quanto das ciências que a estruturam ou com ela dialogam na construção do conhecimento. Os conhecimentos que estruturam este eixo podem ser divididos nas três categorias a seguir: Conteúdos de Física: Conteúdos específicos da Física, seus fenômenos, experimentação, epistemologia e história. Conteúdos Estruturantes: Aquelas disciplinas que ajudam a fundamentar a estrutura conceitual e/ou matemática para compreensão da linguagem científica. Conteúdos Temáticos: Disciplinas de outras ciências e/ou de interface entre duas ou mais ciências que dialogam com a Física na construção dos conhecimentos para fundamentar e explicar os fenômenos da natureza. Educação Eixo dos Conhecimentos de Educação: Parte da formação que aborda o conhecimento das ciências da Educação relaciona teorias e fundamentações pedagógica, seus métodos e ideologias. Conhecimento das dimensões histórica, sociais e políticas da Educação. Envolve o estudo de concepções de ensino e aprendizagem, instrumentos didáticos e mediações na ação educativa. Integrador Eixo dos Conhecimentos de Ensino de Física: Disciplinas que têm função de tonar as partes (outros eixos) um conjunto, no sentido de significar os conteúdos segundo a ação docente. Refere-se ao saber-fazer. Experiencial Eixo dos Conhecimentos relativos à Prática da docência em Física: Conhecimentos da experiência promovidos pela formação inicial. Atividades destinadas à socialização inicial da prática docente, onde o licenciando atua, sob supervisão, como docente em ambientes formais ou não-formais de ensino. No Gráfico 1 temos uma representação de como os conteúdos curriculares dos cursos analisados podem ser distribuídos segundo os eixos temáticos que propomos. Neste gráfico o eixo dos Conhecimentos Conceituais específicos da área de formação foi decomposto nas três categorias que o compõe. Através desta representação fica evidente que os saberes disciplinares são melhor contemplados que os demais nestes cursos específicos. Assim, percebemos que os eixos de Educação, Integrador e Experiencial (que representam os saberes da Formação Profissional, Curricular e Experiencial, respectivamente) representam juntos aproximadamente 50% da carga-horária total dos cursos. Sendo a UFMT, com 35% a que possui menor percentual e a UFCar o maior com 57%. Apesar da UFSC possuir a maior carga-horária para o eixo Conceitual (1710 horas no total) percentualmente da somados demais eixos é 43% da carga-horária total do curso. Considerações Finais As instituições apresentam formas diferentes de responder aos mecanismos legais e, em certa medida, os respectivos Projetos Pedagógicos refletem as concepções dos professores que o elaboraram. O elo comum que une e integra os diferentes PP analisados é certamente a forma como esses conhecimentos são distribuídos e agrupados nestes cursos de formação, como evidenciado no gráfico 1.
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GRÁFICO 1: Representação da Carga-Horária por Eixo Curricular.
Percebemos que há forte predomínio do eixo que compõe os conhecimentos conceituais e que a distribuição de vários elementos curriculares, por exemplo, a prática como componente curricular, apresentam implementação diversificada, abrindo possibilidades diversas na formação docente para atender as especificidades locais de diferentes realidades brasileiras. Destacamos desta forma, que muito ainda há que se avançar no sentido de alcançar uma distribuição mais equilibrada dos conteúdos curriculares e consequentemente do desenvolvimento dos saberes docentes na formação inicial Referências BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Orientação para as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação. CNE/CES nº 583, de 4 de abril de 2001. ______. Diretrizes Curriculares para formação de professores da educação Básica. Resolução CNE/CP nº 1, 18 de fevereiro de 2002a. ______. Duração e a carga horária dos componentes curriculares dos cursos de licenciatura. Resolução CNE/CP nº 2, 18 de fevereiro de 2002b. CORTELA, B. S. C. C. e NARDI, R. “Disciplinas integradoras na implantação de uma estrutura curricular para a formação de professores de física” VI ENPEC, Florianópolis (SC), 2007. GOBARA, S. T. e GARCIA, J. R. B, “As licenciaturas em física das universidades brasileiras: um diagnóstico da formação inicial de professores de física”, Revista Brasileira de Ensino de Física v.29, n.4, pp. 519-525, 2007. PIMENTA, S. G. e GHEDIN, E. (Orgs.) “Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito” São Paulo: Cortez, 2002. TARDIF, M. “Saberes docentes e formação profissional” Petrópolis: Vozes, 2005. TERRAZZAN, P. G. DUTRA, E. A. WINCH, SILVA, A. A. “Configurações curriculares em cursos de licenciatura e formação identitária de professores” VI ENPEC Florianópolis (SC), 2007a. TERRAZZAN, E. A. WINCH, P. G. DUTRA, E. F. e AGOSTINI, S “Reflexos das normativas legais sobre formação de professores em configurações curriculares de cursos de licenciaturas em física” XVII SNEF, São Luis (MA), 2007b.
