Conhecer para apreciar

May 31, 2017 | Autor: Paulo Santos | Categoria: Crítica musical, Música clássica, Poema Sinfónico, Crianças Carentes
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

CONHECER PARA APRECIAR

SANTOS, Paulo Francisco Programas de Cidadania

BAURU – 2º/2005

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO Pró-Reitoria Acadêmica RELATÓRIO DE EXTENSÃO E PESQUISA DE PROGRAMAS DE CIDADANIA

DISCIPLINA: Programas de Cidadania ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Humanas e Sociais Aplicadas ÁREA DE CONHECIMENTO: Cultura, sociologia, psicologia e educação. ÁREA DA PESQUISA: bibliográfica e campo TÍTULO DO TRABALHO: Conhecer para Apreciar AUTOR: Paulo Francisco dos Santos – Música

ORIENTADORAS: Prof.ª. Irmã Rosenilde Alves Gomes Prof.ª Karen Tavano

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES: Universidade do Sagrado Coração, Centro Sócio Educativo Irmã Adelaide

DURAÇÃO PREVISTA: início: 05/10/2005 término: 30/11/2005

Prof.ª. Irmã Rosenilde Alves Gomes Orientação metodológica

Aprovado em: 01/10/2005

Prof.ª. Karen Tavano Orientação Metodológica

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do local......................................................................................................08 1.2 Problematização/Fundamentação Teórica.......................................................................10 1.3 Justificativa......................................................................................................................17

2. OBJETIVOS........................................................................................................................18

3. METODOLOGIA................................................................................................................19

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................20

5. CONCLUSÃO

5.1 Conclusão geral................................................................................................................22 5.2 Conclusão da área musical...............................................................................................22 5.3 Conclusão pessoal............................................................................................................23

6. REFERÊNCIAS...................................................................................................................24

7. CRONOGRAMA.................................................................................................................25

ANEXOS..................................................................................................................................26

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AGRADECIMENTOS À Prof.ª Irmã Alves Gomes e a Prof.ª Karen Tavano, pela habilidade com que orientou esse trabalho. Aos monitores da instituição, pelo companheirismo. A Todos aqueles que, direta ou indiretamente, possibilitaram a realização deste trabalho.

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RESUMO Este trabalho é o resultado da parceria instituição/aluno que teve como principal objetivo a inserção de crianças carentes de uma comunidade ao mundo das artes. Para tal feito, empregou-se um processo inovador onde buscou-se aliar a imagem aplicada no teatro à música sinfônica e seu simbolismo, juntamente com a narrativa. Seguindo esse processo, a música clássica foi apresentada de maneira sutil ao público alvo. As crianças foram envolvidas no contexto do som e da história, e assim, encontraram melhores condições para compreender e apreciar tal obra, o que no futuro pode tornar seu senso crítico musical mais seletivo. Palavras-chave: Crianças Carentes, Música Clássica, Crítica Musical, Poema Sinfônico.

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PREFÁCIO Apresento a vocês o Projeto Conhecer para Apreciar, uma iniciativa do aluno da Universidade do Sagrado Coração (USC), através da disciplina Programas de Cidadania coordenada de forma especial pelo Prof. Ms Rafael Mazzoni. Esse estudante, desenvolveu um projeto aparentemente cultural ministrando oficinas artísticas às crianças da Instituição Centro Sócio Educativo Irmã Adelaide. O universitário, do curso de música, foi pioneiro em projetos desta natureza no nosso Centro e provou que muito mais do que passos, ritmos ou música, soube ensinar para as crianças como ter responsabilidades, adquirir disciplina e ser cidadão. E conseguiu de uma forma tão única, marcar a vida daqueles pequeninos, que protagonizaram um espetáculo lindo competentemente produzido por esse aluno. Parabéns a ele, congratulações as crianças, a instituição e a todos que se envolveram nesta nobre causa abençoada por Deus.

Prof. Ir. Rosenilde Alves Gomes Orientadora do Projeto Conhecer para Apreciar

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ROTEIRO DO TRABALHO DE PROGRAMA DE CIDADANIA

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INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do local

O Centro Sócio Educativo Irmã Adelaide foi elaborado pela Universidade do Sagrado Coração através do Projeto Criança 2000 que foi coordenado pelo IASCJ, através do lar Universitário Nossa Senhora de Fátima e viabilizado pela parceria com a Fundação Véritas e Universidade do Sagrado Coração. O Centro atende crianças de “risco social” residente na periferia de Bauru através de atividades planejadas, o Projeto visa instrumentalizar a criança para que ela possa ser o agente transformador de sua própria realidade. Com o respaldo da Psicologia e uma metodologia pedagógica adequada, são trabalhados diferentes frentes como a educação, a pré-profissionalização e a formação humana espiritual. Problemas como falta de oportunidades, falta de uma opção de pré-profissionalização, falta de um apoio psicossocial e de acompanhamento social as famílias, levam as crianças socialmente excluídas, algumas vezes para a marginalização. Sem intenção de tirar crianças da rua para ocupar a seu tempo, mas sim de fornecer a elas opções de convívio e de apoio, o centro deixa de ser assistencialista, fundamentando-se num trabalho educacional de base, valorizando o cidadão para sim fortalecer a criança quanto indivíduo e a família como principal núcleo da sociedade. Tem como diretriz fundamental propor e desenvolver ações de enfrentamento à exclusão de parcelas da população, principalmente crianças e jovens que fazem do contexto social seu meio de subsistência e sociabilidade. Esse contingente é bastante significativo e vem crescendo em níveis alarmantes em nossa cidade. A falta de centros comunitários, somada à desestruturação das famílias e aos apelos da sociedade de consumo, vem aproximando esses jovens do grande flagelo das drogas, trabalho infantil, violência e abuso sexual, tendo a maioria das transgressões seu fator motivador. O programa, instalado oficialmente em 09 de setembro de 1996, inicialmente para atender 50 crianças do Parque Jaraguá atende hoje cerca de 150 crianças, de três bairros periféricos de Bauru, Parque Jaraguá, Bairro Ferradura Mirim e Jardim Nicéia. Idealizado pela Universidade do Sagrado Coração, o centro sócio educativo representa, para Bauru e região, um modelo de compromisso com a educação, a cidadania, a fé e a vida. Um

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programa educacional de base que consegue integrar empresas privadas, instituições não governamentais e órgãos públicos pela força de proposta e pelos resultados já obtidos. Para ingressar no programa devem estar regularmente matriculados e frequentes em escolas públicas e, prioritariamente, na 4º série do Ensino fundamental. As crianças estudam em período inverso daquele do funcionamento do programa, evitando transtornos e qualquer prejuízo no desenvolvimento escolar. Levando em consideração a carência de recursos que envolvem a realidade da maioria das crianças atendidas, e a relação direta entre o desenvolvimento nutricional e o intelectual, bem como a integração social e a estabilidade emocional do ser humano, o Projeto tem o cuidado de subsidiar as crianças atendidas com uma alimentação básica. O Projeto atende as crianças de segunda à sextas-feiras, no período das 12h30m às 17h30m, acompanhados por uma equipe multidisciplinar como: Supervisão Administrativo, Supervisão Pedagógica, Supervisão Psicológica, Serviço, Social, Nutricional e Odontológico e localiza-se na Avenida Santa Beatriz da Silva, quadra 7 (Fone: 32030713).

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1.2 Problematização / Fundamentação Teórica

O Brasil possui uma grande diversidade de gêneros musicais, mas a população nem sempre tem acesso a eles, além de ser pouco estudado e divulgado. A música de massa e as FMs predominam na vida da grande maioria, impossibilitando assim o contato com outros gêneros musicais. Sem ter acesso a outras culturas e outros gêneros musicais, o senso crítico da grande maioria acaba por atrofiar. Esse problema já foi diagnosticado e sua solução está longe de ter um fim, mas precisa de um começo. A música de qualidade está presente em todas as culturas, no entanto, segundo Andrade (1975), a busca e a aceitação da boa música pela sociedade brasileira é pequena. A música de massa e as FMs predominam no mercado fonográfico e no cotidiano das pessoas tornando difícil o acesso da sociedade a diferentes gêneros musicais. Sem ter acesso a outras culturas e outros gêneros musicais, o senso crítico da grande maioria deixa de existir. De acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais – 1998), a educação musical faz parte dos currículos escolares, mas a música nas escolas, principalmente nas estaduais ainda é vista como secundária, como expõe VALLE; COSTA (1971, p.07): É preciso que se dê à música o lugar que de direito lhe cabe no currículo da escola primária. Não a música que tem por objetivo a formação de artistas, mas sim a que auxilia o professor primário nas suas tarefas diárias, a que ajuda o aluno no seu desenvolvimento e nas suas necessidades sociais, a que faz com que a criança cresça, a que eleva o nível cultural de um povo.

Há uma resistência em se atribuir devida importância à música por parte das escolas, mediante a prioridade que se dá às matérias tradicionais, privando a educação de exercer sua maior função, a de uma instrução plena a todos. De acordo com a CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA (1988, cap. 7 – art. 227): É dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária [...]

Para Rushton (1985), a música clássica, muitas vezes é classificada como algo que não tem mais valor, e todos que assistem a um concerto ou algum outro espetáculo do gênero, o fazem apenas por status, e na verdade não estão entendendo e apreciando nada, pois essa música é difícil e só serve para os intelectuais. Depois de se pensar nisso, uma questão pode ser gerada: Os critérios de apreciação musical se tornam mais seletivos de acordo com a classe econômica, intelectualidade e

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cultura do indivíduo, ou o contato com esse estilo de música desde cedo, pode fazer com que uma pessoa, seja ela de qualquer classe econômica, também sinta prazer em apreciar a boa música? De acordo com Rushton (1985), atualmente o termo música clássica é atribuído à quase toda música ocidental que não seja de jazz, folclórica ou popular. E geralmente são obras de reconhecida grandeza. Nela encontraremos símbolos que empregados na arte segundo Cotte (1997) é a maneira que a pessoa pode por meio de sinais, comunicar a outras as sensações e sentimentos que experimentou pessoalmente. Quer nas artes plásticas, na literatura ou na música, os símbolos constituem a base e a essência da linguagem do artista. Também é preciso examinar o simbolismo dos instrumentos musicais, símbolos ligados ao timbre ou à utilização social dos mesmo e, também, ao seu aspecto exterior ou a tradições lendárias. A vertente clássica apresentada será o poema sinfônico que para Commins (1964), Franz List foi o primeiro compósitos de música programada na forma sinfônica, porém começou a perceber que o arranjo estrutural da sinfonia não era a forma ideal para exprimir um ideia literária ou um programa descritivo. Ele chegou a uma forma bastante flexível para acomodas as mudanças de humor de um tema poético. A isso, deu o nome de poema sinfônico. O seu poema sinfônico não era dividido em movimentos, e sim, fluía de modo continuo. Geralmente baseava-se em vários temas relacionados entre si, que permitiam ao compositor vagar livremente dentro de uma vasta gama de humores, sem perder o fio da melodia. É como se num mundo de sonho flutuasse de uma fantasia a outra. COMMINS (1964). O mesmo autor fala que, Richard Strauss, com seu poema sinfônico Dom Quixote, usa os instrumentos de metal dotados de surdina, para representar o balido das ovelhas e emprega um fole para representar uma revoada. Na Sinfonia Doméstica, descreve um dos seus dias em família e os temas mais diversos retratam os personagens de seus pais, avós, e um deles imita o choro de uma criança. O compositor franco-suíço Arthur Homegger tentou reunir em seu poema musical, Pacífico 231, todos os ruídos que podem ser ouvidos quando uma locomotiva começa a se movimentar em uma estação terminal. A obra Fundição de Ferro, do compositor russo Alexandre Mossolof não poupa a assistência do tumulto continuo de uma fundição em pleno funcionamento. Através da música é possível ilustrar muita coisa. Mas para atender o objetivo que é apresentar sutilmente a música clássica à crianças e pré-adolescentes, essa ilustração foi feita através de história cênica para um melhor entendimento. COMMINS (1964). Como a maioria das crianças gostam de contos, utilizar esse recurso dando novos motivos, adaptações e invenções de ritmos e melodias para ilustrá-lo podem ser um meio para despertar o desejo de conhecer, buscar e compreender. A educadora Sarah Dawsey (1975, p.58) define assim os objetivos das histórias:

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Trazer alegria Despertar a vida emocional de uma pessoa Desenvolver senso de humor Desenvolver a imaginação guiando-a aos caminhos corretos Cultivar o gosto pela literatura e a música Relaxar qualquer tensão mental Criar desejo de conhecer o mundo e seus povos, desejo de viajar  Desenvolver o caráter

Segundo Slade (1978), o jogo dramático infantil é uma forma de arte por direito próprio; não é uma atividade inventada por alguém, mas sim o comportamento real dos seres humanos. Para tratar de jogo Dramático Infantil é preciso considerar que há diferença entre o que a criança faz na realidade e o que os adultos sabem e entendem por teatro; é por isso que a base do jogo dramático é a brincadeira de representa o jogo, e é com esse jogo que se preocupa primeiramente. SLADE (1978). Para o mesmo autor, o jogo, não teatro, é uma parte vital da vida jovem. Não é, uma atividade de ócio, mas sim, a maneira da criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar, criar e absorver. O jogo é na verdade a vida. A melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde a oportunidade e encorajamento lhe são consciente oferecido por uma mente adulta. Isto é um processo de nutrição e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança por meio da amizade e criar a atmosfera propícia por meio de consideração e empatia. Ao trabalhar o Jogo Dramático, uma distinção muito cuidadosa deve ser feita entre drama no sentido amplo e teatro, como é entendido pelos adultos. Teatro significa uma ocasião de entretenimento ordenada e uma experiência emocional compartilhada; há atores e públicos, diferenciados. Porém, a criança, enquanto inibida, não sente tal diferenciação, particularmente nos primeiros anos cada pessoa é tanto ator como auditório. A criança descobre a vida e a si mesma através de tentativas emocionais e físicas e depois através da prática repetitiva, que é o jogo dramático. As experiências são emocionantes e pessoais e podem se desenvolver em direção à experiência de grupo. Mas nem na experiência pessoal nem na experiência de grupo existe qualquer consideração de teatro no sentido adulto, a não ser imposta. SLADE (1978). Pode haver momentos intensos do que pode se chamar de teatro, mas no geral tratase de drama, e a aventura, onde o fazer, o buscar e o lutar é tentado por todos. Todos são fazedores, tanto ator como público, indo para onde querem e encarando qualquer direção que aconteça durante o jogo. A ação tem lugar por toda parte e não existe a questão de quem deve representar para quem, e quem deve ficar sentado vendo quem fazendo o quê. É uma experiência viril e excitante, na qual a tarefa do professor é a de aliado. E nesse drama,

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notam-se duas qualidades importantes, absorção e sinceridade. Absorção é estar totalmente envolvido no que está sendo feito, ou no que se está fazendo, como exclusão de quaisquer outros pensamentos, incluindo a percepção ou o desejo de um auditório. Sinceridade é uma forma completa de honestidade no representar um papel, trazendo consigo um sentimento intenso de realidade e experiência, e só atingido totalmente no processo de atuar, representar, com absorção. SLADE (1978). Segundo o mesmo autor, essas qualidades são de extrema importância para o indivíduo em crescimento (e também, incidentalmente, porque elas melhorarão todas as tentativas de teatro, se forem conservadas vivas após a puberdade). Essas qualidades começam a emergir mesmo nos estágios mais precoces das duas formas de jogo, jogo pessoal e jogo projetado. Jogo projetado é o drama no qual é usada a mente toda, mas o corpo não é usado tão totalmente. Usam-se bonecos, tijolos, papel velho, etc que, ou assumem caracteres da mente ou se tornam parte do local, onde drama acontece. No jogo projetado típico não vemos o corpo inteiro sendo usado. A criança para quieta, senta, deita de costas ou se acocora, e usa principalmente as mãos. A ação principal tem lugar fora do corpo e o todo se caracteriza por uma extrema absorção mental. O jogo projetado é mais evidente nos estágios mais precoces da criança pequena, que ainda não está pronta para usar o seu corpo totalmente. A partir do jogo projetado, podemos esperar desenvolver mais tarde: artes Plásticas, o tocar instrumentos musicais, jogos e esportes, o ler e o escrever. SLADE (1978). Jogo pessoal é o drama óbvio: a pessoa inteira, ou o eu total é usado. Ele se caracteriza por movimento e caracterização, notamos a dança entrando e a experiência de ser coisas ou pessoas. No drama pessoal, a criança perambula pelo local e toma sobre si a responsabilidade de representar um papel. O jogo pessoal deve ser bem aparente ao redor dos cinco anos de idade, e torna-se mais frequente e mais fácil de distinguir à medida que o controle do corpo é conseguido. A partir do jogo pessoal, podemos esperar o desenvolvimento posterior de: corrida, jogo de bola, atletismo, dança, equitação, ciclismo, natação, luta, excursionismo, etc. Tudo isso são formas de atuar. SLADE (1978). Essas duas formas principais de jogo acrescentam qualidades uma à outra e também à pessoa que está jogando. Por toda a sua vida, o ser humano é feliz ou infeliz na medida em que descobre para si mesmo a mistura correta dessas duas maneiras tão distintas de usar a energia. Tanto o tipo de pessoa como as suas ocupações na vida estão ligadas ao equilíbrio do eu e a projeção. Esses dois tipos de jogo exercem uma influência importante na construção do Homem, em todo o seu comportamento e na sua capacidade de se adaptar à sociedade. A oportunidade de jogar, portanto, significa ganho e desenvolvimento. A falta de jogo pode significar uma parte de si mesmo permanentemente perdida. É esta parte

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desconhecida, não criada, do próprio eu, esse elo perdido, que pode ser a causa de muitas dificuldades e incertezas nos anos vindouros. SLADE (1978). Mesmo usando tais técnicas, antes de mais nada é preciso ganhar a confiança da criança, para que o decorrer do trabalho flua naturalmente. E para isso, de acordo com Mignone (1961), a música deve representar para o grupo, uma recreação alegre e estimulante. E por intermédio dessa recreação, as primeiras diferenciações dos fenômenos musicais: altura, intensidade e timbre do som foram passados. Esses conhecimentos básicos da música, adquiridos na recreação, pela intuição e pela ação, conduzem facilmente a compreensão dos símbolos que representam à música. A criança brinca impulsionada por uma necessidade tão primordial como a do alimento. A criança brinca voltando-se para aquilo que faz apelo à sua atividade lúdica e à sua sensibilidade. MIGNONE (1961). Como a música é atividade que atinge diretamente a sensibilidade, encontra-se nela um caminho certo para a educação integral. O brinquedo musical libera e afirma, socializa, equilibrando e fortalecendo sua personalidade. Cultiva e educa a atenção por meio de interesse sempre presente, disciplinando sem constrangimento. Desenvolve a observação, dando às crianças a possibilidade da expressão pessoal, na motivação das cirandas dramatizadas, nas histórias ilustradas por músicas sugestivas. MIGNONE (1961). O mesmo autor descreve que o desenvolvimento dos meios materiais da arte dos sons deve processar-se lenta e seguramente, de maneira que as primeiras manifestações da criação espontânea permitam o que há de mais simples e primitivo: gestos que acompanham as cirandas, em seguida as dramatizações, os ritmos inventados pelas crianças por meio dos jogos rítmicos e dos instrumentos de percussão, os acompanhamentos para as cantigas e danças, as pequenas melodias conseguidas com a ginástica cantada. O autor Mignone (1961, p.85), aponta os processos benéficos e transformadores pelos qual a criança passa nas atividades recreativas: A atividade recreativa – psicologicamente orientada permite um desenvolvimento da inteligência e uma canalização da sensibilidade infantil através dos brinquedos e jogos musicais em grupo levando as crianças a uma feliz exaltação, que não é perturbada porque ninguém ganha, ninguém perde.

Importante é como é dada essa recreação, sob que forma, em que progressão, até atingir a sua finalidade, formar uma base segura e bem assimilada para o aprendizado que se segue. A recreação parte da escola funcional que exprime o conceito de agir em função de alguma coisa, portanto a ação dirigida pela mente. Movimentos motores que dirigidos pela mente, executam e exprimem o pensamento. Com a recreação musical damos à criança

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um motivo para a sua auto expressão, para exteriorizar os seus sentimentos encontrando satisfação e equilíbrio emocional, tão valiosa para a sua educação integral. MIGNONE (1961). Também com esse propósito de interação destacam-se as danças circulares sagradas. A autora Tiverom (1998), narra que a cultura Europeia, com os portugueses, cultivou a dança através do cristianismo como manifestação exterior do seu culto diante do altar: Os fieis dançavam enquanto entoavam cantos e hinos. O círculo representa a totalidade completa, quer no tempo, quer no espaço. Além da alegria, da harmonia e da paz que a dança proporciona, Tiverom (1998, p.185) cita inúmeros benefícios a quem as pratica. Socialização: O gesto de dar as mãos sem saber quem está à direita ou à esquerda, apenas sentindo o outro, percebendo seu apeto firme ou suave, e se a mão está quente, fria, morna, seca, úmida... tudo isso nos faz sentir dentro deu um grupo. Timidez: Acaba, tranquilamente... Movimento: Para suprir a necessidade de se movimentar o corpo. As Danças levam todo o corpo a movimentar-se de forma graciosa. Ritmo: O ritmo (rotina) traz segurança, todos nós precisamos dele. Além disso, esse nosso ritmo corporal vai de encontro ao ritmo da vida, num constante inspirar e expirar, conforme a natureza nos mostra. Este é o motivo das crianças gostarem tanto de dançar. Apoio: Ao abrir os braços para dar as mãos, a pessoa vai encontrar outra mão esperando a sua. Ela, de alguma forma, está dando apoio. “Será que vou aprender”? Bem, se for muito difícil, alguém do lado, certamente irá mostrar como se faz, e assim por diante... Terapia: Há Danças que ajudam crianças dispersas da realidade a aumentar a concentração, a centrar um objetivo em relação ao meio em que se encontra. O mesmo pode ser aplicado à pessoas tensas, auxiliando-as a libertarem de preocupações do cotidiano. Com isso dança passa a ser um momento de meditação. As Danças Circulares também representam uma comunhão universal. De acordo com a dança. Ligamo-nos ao espírito do povo. Ao comemorar uma boa colheita, posso transportar-me para o meio de um milharal, por exemplo. Ao festejar um casamento, sou o próprio convidado, alegrando-me com os noivos. Numa saudação, saúdo a todos que estão ao meu redor... Numa dança de floral, através das suas afirmações belas e úteis, trabalhamos nossas necessidades de mudança interior nos mais diferentes aspectos: entendimento, perdão, compreensão, amor..., cada um deles representando a dose adequada para nossa saúde física e mental. Concentração: Quem não se concentra na dança, não dança. Embora não seja recomendado ficar contando os passos e sim sentir bastante o ritmo, a concentração é importante e, sem fazer comparações com outras pessoas, é só

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sentir a música, sentir o ritmo, e deixar que os pés – que têm bom ouvido – sigam este fluxo sensível. Cavalheiros: a dança em grupo e em roda é uma forma de encontrar eixo, resgatando o já extinto sentimento de grupo.

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1.3 Justificativa

O autor desenvolveu um trabalho com as crianças e pré-adolescentes, na faixa etária entre 07 e 14 anos, matriculados no Centro Sócio Educativo Irmã Adelaide. Essa entidade foi escolhida por meio de pesquisa feita nos trabalhos anteriores da disciplina programa de cidadania, onde constatou-se que ocorrera trabalho semelhante na mesma entidade. Somando isso à localização do centro, o autor entendeu que ali se encontraria o público alvo do projeto, o que realmente se confirmou, devido à carência da região. Pelo fato de não se conhecer o histórico de uma obra ou o simbolismo dos instrumentos sinfônicos, a apreciação de um concerto de música clássica geralmente torna-se bastante cansativo. Por isso, fazendo uso de um processo inovador, o projeto tende a aliar a imagem aplicada no teatro, à música sinfônica e seu simbolismo, juntamente com a narrativa. Seguindo esse processo, a música foi apresentada de maneira sutil ao público alvo, pois no Brasil, atualmente existe uma defasagem na compreensão e identificação da música por parte da sociedade. Incluindo-os ao meio da música clássica, através da interpretação e encenação de uma história musicada, o chamado poema sinfônico, que reúne música, teatro e narrativa em uma única obra, as crianças foram envolvidas no contexto do som e da história, e assim, encontraram melhores condições para compreender e apreciar tal obra, o que no futuro pode tornar seu senso crítico musical mais seletivo.

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OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Desenvolver senso crítico para uma melhor apreciação musical.

2.2 Objetivos específicos

Apresentei elementos da música clássica para que se desenvolva a intelectualidade do educando, permitindo-o compreender, apreciar e valorizar tal música. Proporcionei um contato com estilos e instrumentos musicais até então desconhecidos por muitos pela cultura mostrando a grande diversidade de campos que abrange a arte. Estimulei o espírito de grupo através da sociabilização. Contribuí com a formação de um aluno criativo e inteligente.

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METODOLOGIA

Foi feita uma atuação em campo, com crianças e pré-adolescentes na faixa etária entre 07 e 14 anos, do Centro Sócio Educativo Irmã Adelaide. Inicialmente, para ganhar a confiança da criança, foram aplicadas dinâmicas de grupo onde se trabalhou canto, ritmo, percepção musical, danças e jogos dramáticos. (SLADE, 1978; MIGNONE, 1961). Posteriormente, atendendo o objetivo maior do projeto foram criadas oficinas de teatro onde foi elaborada e apresentada a encenação de um poema sinfônico (A Roca de Ouro). Foram utilizados materiais fonográficos, instrumentos musicais, ilustrações, figurino e cenário elaborados pelas próprias crianças, com recursos da própria instituição.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

No dia 05 de outubro das 8hs30 às 11hs foi realizado o primeiro contato com as crianças, apresentando a elas os objetivos e como seria feito o projeto. As 50 crianças foram divididas em 4 turmas com suas respectivas faixa etária. A turma 4 dentro da faixa etária de 13 à 14 anos, trabalhou em oficinas de teatro onde foram realizados jogos dramáticos (SLADE, 1978). A turma 3 na faixa de 11 e 12 anos, nesse dia trabalhou com dança (TIVEROM, 1998), o que se fez necessário certa adaptação do previsto aos ritmos do momento, como o (axé). Com a turma 2 e 1, de 07 à 10 anos de idade, o primeiro contato foi feito através de dinâmicas de recreação e percepção musical (MIGNONE, 1961), o que também precisou ser adaptado ao chamado (rap), forte vertente naquela comunidade. No dia 19 de outubro das 8hs30 às 11hs, foi feito uma seleção entre as turmas onde se procurou buscar crianças que já haviam tido experiência ou maior predisposição para o teatro. Com isso, foi pré-definida a turma responsável pelo teatro. As outras turmas continuaram a obedecer a sua formação e faixa etária, trabalhando com recreação (MIGNONE, 1961), dança (Axé) e canto (Rap). No dia 26 de outubro das 8hs30 às 11hs, foi apresentada à turma de teatro o poema sinfônico (ANEXO I), que seria encenado. Nesse dia se deu início aos ensaios da peça. Os monitores começaram então a fazer um rodízio entre as turmas para que o entretenimento não ficasse monótono, mas para isso não acontecer, tivemos que nos adaptar mais uma vez e atender aos anseios das crianças pelo esporte, que seria uma forma de gastar energia que, aliás, não é pouca. Foi criado então um campeonato de futsal com a participação das quatro turmas, que se realizava no final das atividades de cada dia, para que não dispersasse a atenção do foco principal do projeto. Dia 09 de novembro das 8hs30 às 11hs, a turma de teatro iniciou os ensaios da peça (ANEXO I), (SLADE,1978). Os ensaios da dança (axé) e canto (rap) também tiveram seu início. A segunda partida de futsal foi realizada e as recreações (MIGNONE, 1961), também começaram a seguir um tendência esportiva, com muito movimento corporal, exemplo: queimada, pular corda, elástico, pega-pega, pic-esconde, etc. Usando recursos da própria instituição, como tatames, observando os anseios daquele momento, abusou de dinamismo a ponto de elaborar uma primeira ideia de ginástica olímpica, como forma de entretenimento, fazendo com que as crianças praticassem, viradas de mão, etc. Tudo isso acompanhadas por um monitor especializado. Dia 16 de novembro das 8hs30 às 11hs, já com a confiança das crianças totalmente conquistada, devido à potencialidade do trabalho em conjunto com a adaptação, o rendimento das funções fica cada vez melhor e o ensaios dão bons resultados. A terceira partida de futsal foi concluída e as atividades de entretenimento, agora adaptadas à nossa realidade, seguem dando muito certo.

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No dia 23 de novembro das 8hs30 às 11hs, os ensaios tanto da turma de teatro quanto a de dança (axé) e canto (rap) seguem sua reta final para as apresentações, que nesse momento foi na própria instituição e para eles mesmos. As práticas esportivas continuam sendo realizadas e nesse dia com a quarta e última partida de futsal, já com um campeão, o torneio é encerrado. Nesse mesmo dia realizou-se a cerimônia de premiação, onde os atletas foram contemplados com medalhas. Também todas as crianças do projeto Conhecer para Apreciar foram premiadas com medalhas de honra ao mérito por participação. Dia 30 de novembro das 8hs30 às 11hs, enquanto as atividades esportivas seguem normalmente, foi preparado o local das apresentações. Tendo as próprias crianças e funcionários da instituição como plateia, está pronto nosso palco, onde tem início as apresentações com dança (axé), canto (rap) e teatro (ANEXO I), nosso principal objetivo. Com o grande final da música aliada ao texto e no calor da cena final, a emoção está à flor da pele e nesse momento são lançados pelas janelas inúmeros balões coloridos, dando um linda impressão visual e encerrando com chave de ouro nossas apresentações e também meu projeto.

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CONCLUSÃO

5.1 Conclusão geral

O Aluno da disciplina de Programas de Cidadania teve seus objetivos alcançados. Com um projeto embasado em teorias, adaptando-as quando preciso à realidade de uma instituição que trabalha com crianças carentes, durante 9 semanas entre os meses de outubro e novembro, o autor desenvolveu atividades com 50 crianças na faixa etária de 07 à 14 anos de idade. A ação se deu no centro Sócio Educativo Irmã Adelaide, no bairro Ferradura Mirim, Bauru. As atividades permitiram as crianças desenvolverem arte teatral, dança e música, além de atividades esportivas. Isso tudo contribuiu para que as crianças aumentassem sua autoestima e motivação.

5.2 Conclusão da área musical

O autor acredita que o trabalho realizado pode não ter o resultado esperado a curto prazo, mas sim, a longo prazo, pois as crianças que hoje tiveram o primeiro contato com a música clássica, podem no futuro se lembrar que ouviu algo diferente do que as grandes massas ouvem e por iniciativa própria irem procurar um novo contato com tal música. Já com seu senso crítico formado, podem incluir a boa música a seu gosto musical, tornando-se assim mais seletivo e por conta disso, a indústria fonográfica tendera a se adequar a uma nova realidade.

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5.3 Conclusão Pessoal

Devido a essa experiência, acredito que cresci muito como pessoa e cidadão. Esse projeto me proporcionou vivenciar muita coisa e, dali, tirar algumas lições e conclusões. Primeiramente gostaria de falar dos monitores da instituição, que foi uma das melhores equipe que já trabalhei. Claro que tivemos problemas, pois sabemos o quanto é difícil o relacionamento de diferentes personalidades, mas soubemos contornar isso muito bem. É por eles que hoje ainda tenho mais fé nas pessoas e do bem que delas pode provir. Também gostaria de falar dos meus orientadores que me tratava com tanto carinho e, com brilho no olhar de quem sabia exatamente o que estávamos vivendo, sem nem mesmo estar presente, graças as suas experiências. Isso me motivava tanto que parecia canalizar o carinho deles diretamente até às crianças e isso foi bastante importante, pois a carência que lá encontrei não foi apenas financeira, mas sim, muita carência afetiva. Na ordem pedagógica, percebi que os meninos e as meninas estão se equiparando, o que acaba causando atrito, pois o menino não trata mais a menina como menina e as meninas assumem a essência dos meninos, deixando de lado seus brinquedos para brincarem com brinquedos de menino. Acredito que isso se deve à carência financeira, que causa um distanciamento da fantasia. Mas também percebi que essa inversão se dá a partir da faixa etária de 11 à 14; as crianças de faixa etária de 07 à 10, tende a procurar os brinquedos de suas respectivas idade. O problema é que na instituição em que trabalhei há uma defasagem no número d meninas da faixa etária entre 07 à 10, o que acaba forçando uma equiparação. Faço esse relato até como forma de desabafo, pois presenciei uma sena onde um menina de 08 anos, estava querendo brincar de elástico e para isso procurava suas coleguinhas; não encontrou, e foi então pedir a uma menina de 13 anos para brincar com ela, a mesma se recusou; isso cortou meu coração, mas não pude fazer nada. Uma vitória pessoal que também atribuo aos monitores da instituição foi o fato de que quando encontramos dificuldades diante da adequação da teoria à prática, mais precisamente, à realidade daquelas crianças, conseguimos superar com muito dinamismo e criatividade. Me recordo que um monitor fez o seguinte comentário “Você é a primeira pessoa que vem aqui e se diz disposto a se adaptar aos anseios das crianças, muitos veem e só criticam”. Recebi esse comentário com muita satisfação e vejo como reconhecimento de um trabalho bem feito.

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6

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Mário. Aspectos da música brasileira. São Paulo: Livraria Martins. 1975. 297 p. BRASIL. PCN – Parâmetros curriculares nacionais – terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental – 5 à 8 séries – Introdução aos parâmetros curriculares nacionais, Brasília: MEC/SEF, 1998. 174 p.

COMMINS, B, D. A orquestra sinfônica. Rio de Janeiro: Record, 1964. 124 p.

COTTE, V, J, R. Música e simbolismo: ressonância cósmicas dos instrumentos e das obras. São Paulo: Cultrix, 1997. 227 p.

JORGE, R. H. C. et al. Música brasileira: erudição e bossa-nova. 2005. 36f. Relatório final apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Programas de Cidadania, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Sagrado Coração, Bauru, 2005.

MIGNONE, C, L. Guia para o professor de recreação e iniciação musical. São Paulo: Ricordi, 1961. 58 p.

RUSHTON, J. A música clássica: uma história concisa e ilustrada de Gluck a Beethoven. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1985. 185 p.

SALLES, T. C. A. et al. Ritmo Social. 2005. 32f. Relatório final apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Programas de Cidadania, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Sagrado Coração, Bauru, 2005.

SLADE, P. O jogo dramático infantil. São Paulo: Summus, 1978. 102 p.

TIVEROM, M, N. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. São Paulo: Triom, 1998. 195 p.

VALLE, D, A, E; COSTA, M, N. Música na escola primária. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1971. 108 p.

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CRONOGRAMA

Data

Horário

Atividade

Estratégia

05/10

8h 30min às 11h

Primeiro contato através de dinâmicas de recreação, conhecimento da percepção musical

Dinâmica e música

19/10

8h 30min às 11h

Oficina teatral, dança e palestra sobre instrumentos

Dança, música, teatro e dialogo

26/10

8h 30min às 11h

Ensaio da encenação do poema sinfônico, dança e palestra sobre música

Dança, música, teatro e dialogo

09/11

8h 30min às 11h

Ensaio

16/11

8h 30min às 11h

Ensaio

23/11

8h 30min às 11h

Ensaio e premiação de medalhas aos participantes

Dança, música, teatro Dança, música, teatro Dança, música, teatro

30/11

8h 30min às 11h

Ensaio geral e Apresentação

Dança, música, teatro

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ANEXO I A Roca de Ouro

E

ra uma vez um jovem rei que saiu a cavalo pelo reino. Ele fica com sede e resolve

parar em uma casa para pedir água, é atendido por uma jovem muito bonita. Ela lhe oferece um copo d’água e ele percebe que, após ela dar a água, senta em uma roca e começa a fiar um tecido. O rei se apaixona perdidamente pela jovem, que se chamava Dornica, e declara a ela todo o seu amor. Orei pede então a mão de Dornica em casamento para sua madrasta, que na verdade era uma bruxa. Dornica era uma garota órfã que foi adotada pela bruxa, que por sua vez tinha uma filha legítima muito parecida com Dornica. A bruxa aceitou o pedido da mão de Dornica em casamento e marcaram um dia para ir até o castelo. Foi quando a bruxa começou colocar seu plano em prática. No meio do caminho, atravessando a floresta, a madrasta e a filha legitima mataram Dornica, deixando-a por lá. Com um aspecto de crueldade a bruxa ainda corta-lhe as mãos, os pés e arranca os seus olhos, coloca-a em um saco e leva com ela para o palácio. A madrasta entra no palácio para celebrar o casamento do rei com sua filha legítima, que era muito gananciosa. O rei enganado sem saber de nada acaba se casando com a filha legítima e começa a viver com aquela jovem que não era a verdadeira Dornica. Um certo dia, surge uma batalha e o rei se despede de sua esposa de maneira muito dolorosa, pois não saberia se voltaria vivo. Aparece então um velho sábio, que andando pela floresta, encontra o corpo de Dornica mutilado pelo chão e como era um mago descobre logo tudo que havia acontecido. Ele então se encaminha até o palácio com um plano para resolver aquela situação. Procura a velha madrasta e propõe um acordo: trocaria as mãos os pés e os olhos de Dornica por uma roda de ouro, um pedal de ouro e um banquinho de ouro para colocar na roca da filha legítima dela. A madrasta, muito gananciosa, aceita a troca. O velho sábio volta para floresta, recompõe os pedaços de Dornica usando água pura e faz com que ela ressuscite. Depois de algum tempo, o rei vitorioso retorna da batalha em seu cavalo, entra em seu palácio e reencontra sua esposa. Depois do reencontro ela diz para o rei que havia conseguido uma roca de ouro. O rei admirado diz: - Que maravilha! Coloque-a girar para que eu possa ver. Então, ela começou a fiar. Como era uma roca mágica, faz surgir uma voz que conta para o rei com detalhes o crime cometido pela madrasta de Dornica. O rei, em desespero, sai correndo para floresta a fim de encontrar o corpo de sua amada para que ela tivesse um enterro decente. Chegando na floresta, ele não encontra o corpo de Dornica, acaba indo até a casa dela e se depara com ela viva. Declara novamente todo o seu amor e percebe que seu sentimento por ela aumentou ainda mais. E assim eles passaram a viver juntos aquele amor e foram felizes para sempre. Fim Poema Sinfônico (A Roca De Ouro)

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