CONNEPI 2013 ENSINO DE CIÊNCIA ANÁLISE DAS VISÕES DOS DISCENTES ACERCA DAS AULAS DO CURSO DE EXTENSÃO MAIS CIÊNCIA DESENVOLVIDO NO IFAL-CAMPUS ARAPIRACA

June 14, 2017 | Autor: J. Costa Gomes | Categoria: Ensino Médio, Ensino de Física, Ensino De Ciências, Metodologia De Ensino
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SILVA; AGUIAR; GOMES (2013)

ENSINO DE CIÊNCIA: ANÁLISE DAS VISÕES DOS DISCENTES ACERCA DAS AULAS DO CURSO DE EXTENSÃO MAIS CIÊNCIA DESENVOLVIDO NO IFAL-CAMPUS ARAPIRACA Andresso da Silva¹, Júlia Albuquerque Aguiar 2, José Leandro de Albuquerque Macedo Costa Gomes3 ¹ Aluno-bolsista do Curso de Extensão Mais Ciência do Instituto Federal de Alagoas – Campus Arapiraca, IFAL. Email: [email protected];2 Aluna-bolsista do Curso de Extensão Mais Ciência do Instituto Federal de Alagoas – Campus Arapiraca, IFAL. E-mail: [email protected]; 3Professor Msn. Esp. de Física do Instituto Federal de Alagoas – Campus Arapiraca, coordenador e orientador dos bolsistas do curso de extensão Mais Ciência. E-mail: [email protected]

Artigo submetido em xxx/2013 e aceito em xxxx/2013

RESUMO O presente trabalho pretende analisar quantitativamente e qualitativamente as visões e opiniões de discentes participantes do curso de extensão Mais Ciência realizado no IFAL-Campus Arapiraca acerca do modo como são desenvolvidas as aulas neste último e das mudanças ocorridas em algumas concepções depois dos discentes terem entrado em contato com a metodologia do curso. A pesquisa foi realizada com 28 (vinte e oito) discentes do ensino médio, sendo 18 da rede privada, 10 da pública Estadual e 4 da rede pública Federal de ensino da cidade de Arapiraca que foram distribuídos em duas turmas a

fim de otimizar a pesquisa. Foram utilizados para a obtenção de dados aplicação questionários e produção de relatórios correspondentes a cada aula. Nesses últimos era levado em conta todo o conjunto de reações notórias dos educandos sempre que eram apresentados a um novo assunto ou a uma nova abordagem de um tema já visto anteriormente por eles. São feitas considerações a respeito de possíveis implicações oriundas da relação entre docentes e discentes na construção do conhecimento em sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ciência, Metodologia de Ensino, Ciência, Visões de discentes.

SCIENCE TEACHING: ANALYSIS OF VISIONS OF STUDENTS ABOUT THE LESSONS OF EXTENSION COURSE MORE SCIENCE DEVELOPED IN IFAL-CAMPUS ARAPIRACA ABSTRACT In this paper are analyzed quantitatively and qualitatively the views and opinions of students about the course participants teaching methodology adopted and science classes available in the extension course held at IFAL More Science-Campus Arapiraca. The research was conducted with students of private networks, public state and Federal public schools of the

city of Arapiraca divided into two groups and were used to obtain data application questionnaires and reporting corresponding to each class which was taken into account all notorious set of reactions of students when they were introduced to a new subject or a new approach to a theme already seen previously by them.

KEY-WORDS: Teaching science, Teaching methodology, Science, Visions of students.

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INTRODUÇÃO No processo de aprendizagem os novos conhecimentos tomam o lugar dos anteriores mal estabelecidos, mas esse processo pode ser dificultado na maioria das vezes. A construção de ideias dos discentes adquiridos na vivência funcionam muitas vezes como um obstáculo epistemológico (BACHELARD, 1996). Esses obstáculos impossibilitam transformações de antigos conceitos importantes em determinado tempo passado e contexto para novos conhecimentos (DOMINGUINI & SILVA, 2010). Como Bachelard (1996, p. 18) afirma, “aquilo que cremos saber ofusca o que deveríamos saber”. Nesse sentido, também existem as chamadas concepções alternativas (CAs) que não deixam de ser obstáculos para a construção do conhecimento científico. As CAs são concepções “com significados contextualmente errôneos, não compartilhados pela comunidade científica" (SILVEIRA, MOREIRA e AXT, 1986, p. 1129 apud SILVEIRA, 1996, p.227) e que são muito comuns entre os alunos, mas em desacordo com as atuais concepções científicas. Uma característica bem marcante das CAs é a resistência à mudança, pois, mesmo inadequadas elas são capazes de predizer alguns fenômenos e possuem certo grau de validade por isso. Muitos alunos passam por diversas escolas e mesmo assim as mantêm. Foi constatado que mesmo depois terem cursado Física, a maioria mantiveram suas CAs a respeito de corrente elétrica, entre outros temas. Silveira (1996) defende o combate dessas CAs a partir de algumas medidas (SILVEIRA, 1996). Medidas estas que são tomadas no Curso de Extensão Mais Ciência. Através dos conceitos de obstáculo epistemológico e de concepção alternativa fica claro as implicações de se levar em consideração dos conhecimentos decorridos da vivência extraclasse e que são trazidos pelos educandos para a sala de aula. Na maioria das vezes, estes conhecimentos são fruto do senso comum e transmitidos entre conhecidos ou simplesmente adquirido através experiências cotidianas. Levando em consideração os conceitos trazidos para a sala por parte dos alunos, o docente pode adaptar sua aula para atingir os discentes com os conceitos da ciência de forma mais efetiva e assim possivelmente aumentar o nível de compreensão dos novos pensamentos adequados na aula. O professor não pode entender o educando como uma folha em branco sem opiniões e nem sem nenhum conhecimento (DOMINGUINI & SILVA, 2010). Levando em conta o que foi exposto anteriormente, “cabe ao professor estimular seus alunos a romperem com o conhecimento comum e mergulhar no conhecimento científico” (DOMINGUINI & SILVA, 2010, p. 6). Mas como fazer isso? Através da problematização e questionamentos acerca do conhecimento. É na problematização e no confronto de teorias e concepções que mudaram no decorrer da História que se percebe mais fortemente aspectos importantes da Natureza da Ciência (NdC), Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013

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onde é explicitado o caráter mutável e onde o conhecimento científico analisado como construção humana. A abordagem do curso de extensão se baseia na análise histórica, crítica e no ensino contextualizado levando em consideração e explicitando os fortes e importantes laços entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA). Consequentemente, os discentes tem acesso a uma formação mais crítica, pois é explicitada a importância da reflexão e da aplicação dos conhecimentos científicos na tomada de decisões individuais ou coletivas além de se levar em conta as consequências positivas ou negativas da escolha causadas na sociedade, formando assim cidadãos conscientes e mais envolvidos com questões sociais (AULER & BAZZO, 2001; COLOMBO & BAZZO, 1998; PINHEIRO et al, 2007; REIS, 2004; RICARDO, 2007). A abordagem histórico-filosófica da ciência feita no curso baseia-se na metodologia conhecida como metodologia HFC (História e Filosofia da Ciência), que se mostrou e se mostra efetiva no ensino de ciências por possibilitar uma maior compreensão dos assuntos e por possibilitar uma maior proximidade entre o discente e a ciência por meio da humanização desta última e por aproximá-la do cotidiano dos discentes que entram em contato com essa metodologia. Além de diversas outras consequências positivas para o ensino (ATAIDE & SILVA, 2011; MARTINS, 2007; MORAES, 2009; SILVA & PENIDO, 2011) O curso de extensão Mais Ciência possibilita momentos de debate onde o discente é provocado intelectualmente a todo instante. Os temas são abordados de uma maneira não convencional, ou seja, a metodologia adotada no curso é, portanto, diferente da abordagem com que os discentes participantes do curso estão acostumados. Os temas trabalhados envolvem principalmente Física, mas diversas áreas do conhecimento estão envolvidas nos encontros do curso e na construção do conhecimento no mesmo. Os conhecimentos se entrelaçam. A abordagem visa uma melhor compreensão da Natureza da Ciência (NdC) por parte dos discentes, diagnóstico e combate de possíveis visões inadequadas da ciência e acerca da construção do conhecimento científico (Gil-Pérez et al, 2001). Como consequência do que foi considerado anteriormente, exposição da opinião e consequentemente da visão do discente acerca das aulas se mostra muito importante no sentido possibilitar o diagnóstico de possíveis inadequadas acerca da ciência e a efetividade ou não de determinada metodologia. Pode possibilitar também em um possível melhoramento ou reformulação da metodologia para que se atendam as expectativas e necessidades dos educandos, além de melhorar o contato entre professor, aluno e conteúdo. Neste trabalho discutir-se-á sobre a opinião de discentes da rede pública e privada do ensino médio de Arapiraca acerca das aulas do curso de extensão Mais Ciência oferecido pelo IFAL- Campus Arapiraca. MATERIAIS E MÉTODOS Nos encontros do curso, a metodologia de ensino se baseia principalmente na metodologia HFC, onde os discentes são constantemente instigados e provocados. Os assuntos são Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013

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introduzidos a partir da análise de conceitos passados -válidos no contexto no quais foram produzidos- e das transformações sofridas no decorrer do tempo. São apresentados os contextos socioeconômicos e os problemas que acarretaram a formulação das teorias. As aulas possuem em média duas horas de duração e o encontro com cada turma acontece a cada 15 (quinze) dias, separadamente. As avaliações qualitativa e quantitativa se deram a partir da análise dos relatórios feitos semanalmente e da aplicação dos questionários nas turmas a fim de se chegar a uma conclusão sobre a visão dos alunos acerca do curso e da metodologia e de sua efetividade, além das implicações. Nos encontros, os alunos são levados a expressar e defender sua opinião acerca do tema proposto. Com isso, as reações e visões notadas nos educandos eram documentadas. O questionário aplicado possui 7 (sete) questões. Na turma 1 (T1), que é formada em sua maioria de alunos da rede privada, 9 (nove) dos 19 (dezenove) alunos responderam ao questionário. Na turma 2 (T2), que é formada em sua maioria por alunos da rede privada, 19 (dezenove) alunos de 22 (vinte e dois) responderam o questionário. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os questionários possibilitaram boa fonte de dados. Foi possível concluir muitas coisas a respeito do curso e da opinião dos discentes sobre o mesmo. As tabelas a seguir se referem às perguntas contidas nos questionários e as respostas das turmas T1 e T2, respectivamente. Tabela 1 – Opinião dos discentes da turma T1 sobre o modo como os assuntos são abordados no curso (Questão 1 de T1) ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA Ótimo 6 Muito bom 3 Razoável 0 Ruim 0 Péssimo 0

Tabela 2- Opinião dos discentes da turma T2 sobre o modo como os assuntos são abordados no curso ALTERNATIVAS

(Questão 1 de T2) NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA

Ótimo Muito bom Razoável Ruim Péssimo

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12 7 0 0 0

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Tabela 3 - Opinião dos discentes de T1 sobre o orientador do curso (Questão 2 de T1)

ALTERNATIVAS Ótimo Muito bom Razoável Ruim Péssimo

NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA 6 3 0 0 0

Tabela 4 - Opinião dos discentes de T2 sobre o orientador do curso (Questão 2 de T2) ALTERNATIVAS Ótimo Muito bom Razoável Ruim Péssimo

NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA 12 7 0 0 0

Tabela 5- O nível de diferença do método da aula na extensão em comparação com a aplicada na escola dos discentes de T1 (Questão 3 de T1) ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA a) É extremamente diferente 4 b) Bem diferente 4 c) É diferente, mas nem tanto 1 d) Igual 0 Tabela 6- O nível de diferença do método da aula na extensão em comparação com a aplicada na escola dos discentes de T2 (Questão 3 de T1) ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA a) É extremamente diferente 2 b) Bem diferente 13 c) É diferente, mas nem tanto 4 d) Igual 0 Tabela 7- Grau de reconhecimento dado ao projeto pelos alunos de T1 (Questão 4) ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013

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É importantíssimo para meu desenvolvimento É importante Possui relativa importância Possui pouquíssima importância Possui nenhuma importância

6 2 1 0 0

Tabela 8- Grau de reconhecimento dado ao projeto pelos alunos de T2 (Questão 4 de T2) ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS QUE ASSINALARAM A ALTERNATIVA É importantíssimo para meu desenvolvimento 9 É importante 10 Possui relativa importância 0 Possui pouquíssima importância 0 Possui nenhuma importância 0

Na questão 5, foi perguntado aos discentes o que poderia mudar nas aulas para elas ficarem melhores. A grande maioria optou por marcar nenhuma das alternativas por acreditarem que as aulas já estavam boas. Na questão 6, foi perguntado aos educandos o que mudou no modo de ver e de pensar depois das aulas da extensão. Em T1, um grande número de alunos relatou que depois das aulas no curso começou a reconhecer a importância que a física – ou a ciência, de modo geral – tem no seu cotidiano, devido ao aprofundamento no conteúdo. Passaram a questionar sobre alguns conceitos/teorias passados na escola ou como sentidos “populares” que diferem da explicação dada no curso. Dois alunos dizem querer que os professores da escola fizessem o mesmo, passar o conteúdo de forma diferente e “correta”, assim facilitaria a sua aprendizagem. Outro aluno(a) não gostava de estudar ciência por achar complicado e mudou de opinião depois de assistir as aulas do Mais Ciência. Na mesma questão na turma T2, boa parte dos relatos destaca o enriquecimento do conhecimento obtido, onde esses refletem mais nas explicações dadas, enxerga a aplicação desse conhecimento de diversas formas. Também se faz do curso uma oportunidade para rever os assuntos dados na escola e tirar dúvidas, o que desperta um interesse maior de aprender. Passaram a enxergar a ciência de maneira mais ampla, analisando os fatos de diversas maneiras com uma visão de mundo diferente, além do “comum”. Alguns descobriram que os conhecimentos podem ser buscados pelos alunos e professores, os construindo em debates, analisando também os métodos adotados pelos professores. Eles se acostumaram com os assuntos de forma a achá-los mais fáceis. Com exceção de um educando que diz não ter mudado muito seu modo de ver ou de pensar, todos os outros mudaram sua forma de interpretar os assuntos e o mundo depois do curso. Na questão 7, foi pedido que explicassem e destacassem as diferenças dos encontros do Mais Ciência em relação as aulas na sua escola. Em T1 muitos alunos acham que as aulas são mais interativas, dinâmicas e explicativas, abrindo espaço para relatar suas opiniões sobre o assunto o que desperta vontade de prestar atenção e de querer aprender. Mostra que a ciência Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013

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não é apenas uma parte teórica e “chata”, diferente de nas aulas convencionais que o conteúdo é passado de forma “clássica” que segue um programa preconcebido. O assunto é dado de forma mais ampla e é mais fácil de aprender, pois não se sofre pressão como na escola que frequentam, de provas e trabalhos. Nessa mesma questão em T2, a grande maioria dos discentes declarou que as aulas são mais dinâmicas onde há a abertura para discussões e recursos tecnológicos que diferencia o grande interesse pelo conhecimento. Há mais explicação do que escrita em quadro. Aborda o assunto com mais detalhes, um estudo mais profundo. Algo que facilita isso, segundo eles, é a menor quantidade de alunos em sala comparando com o de sua escola. As aulas passam a importância de algo a mais do que apenas cálculos (fórmulas). Um educando ressalta que o método adotado na sua escola de apenas passar assuntos e mais assuntos em paralelo com atividades e provas onde existe o interesse e pressão por parte dos docentes e pais por boas notas, não se mostra eficaz, pois se esquece do que aprendeu poucos meses depois. E já no Mais Ciência as discussões e debates fazem os assuntos ficarem bem mais interessantes e melhor de serem compreendidos. As primeiras questões possibilitam concluir que a metodologia utilizada e o ministrante do curso são efetivos em suas funções. Os assuntos são passados de forma agradável tanto como consequência da metodologia, como pela relação entre o ministrante e os educandos. Nota-se claramente que o curso obtém êxito em sua função de transmitir conhecimentos. As questões possibilitam também concluir que os alunos notam a diferença entre metodologias adotadas em sala. Isso traz implicações importantes no sentido de explicitar o papel dos alunos, não como passivos ou indiferentes em relação ao método adotado, mas sim como construtores diretos e indiretos do conhecimento na sala de aula dependendo se o método é o mais adequado para o contexto no qual os discentes estão inseridos. As CAs anteriormente citadas muitas vezes se fortalecem por adequar-se ao contexto e necessidades dos seus possuidores e reprodutores. Levar em consideração a aceitação e efetividade de determinada metodologia pode evitar a necessidade das CAs e, portanto, de possíveis obstáculos epistemológicos. Nesse sentido, a proximidade entre professor e aluno se mostra de suma importância por facilitar a demonstração das opiniões dos discentes a respeito da metodologia adotada pelo o professor. Muitas vezes, por não ter contato com o aluno e pelo não conhecimento das dificuldades enfrentadas por ele, além da existência de dificuldades e desafios enfrentados pelos próprios docentes, o processo de construção de conhecimento é prejudicado pela a aplicação de modos de desenvolver aulas que não são os mais adequados para o contexto social e econômico enfrentado pelos alunos (LIMA & VASCONCELOS, 2006). CONCLUSÃO A consideração das visões e conceitos prévios dos alunos e o combate imediato de conceitos inadequados são indispensáveis para o desenvolvimento e construção adequados do conhecimento científico em sala de aula. Para tanto, se mostra necessário a exposição dessas concepções por parte dos discentes. A exposição e avaliação das visões dos educando referentes à metodologia também se mostraram muito importantes na construção do conhecimento. Através de discussões e do Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013

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confronto de ideias é possível construir de maneira adequada visões acerca da importância do estudo da ciência e sobre a Natureza da ciência (NdC). Foi notado que a relação aluno-professor se apresenta como uma possível chave para o diagnóstico e combate às visões inadequadas sobre o conhecimento científico. A partir dos dados, é possível concluir que a metodologia adotada no curso está alcançando seu objetivo. Uma abordagem contextualizada se mostra e se valida como necessária. São inúmeras as consequências positivas dessa abordagem explicitadas pelas questões propostas aos discentes no curso Mais Ciência. Mas existe uma abordagem que atenda às necessidades de todos? Uma abordagem que tenha êxito em todos os contextos? Essas são algumas dúvidas que inevitavelmente podem surgir, pois, como se viu, o conhecimento é uma construção e está sujeito às dúvidas e questionamentos. O referido trabalho procurou apresentar a importância da exposição das visões dos discentes acercadas aulas, além de apresentar a abordagem histórico-filosófica como uma possível saída para as concepções inadequadas e procurou também evidenciar as possíveis consequências de uma boa relação entre aluno e professor, através da análise das respostas dos discentes participantes do curso de extensão Mais Ciência. REFERÊNCIAS 1. ATAIDE, M. C. E. S.; SILVA, B. V. C. As metodologias de ensino de ciências: contribuições da

experimentação e da História e Filosofia da Ciência. HOLOS, Ano 27, Vol. 4. 2007. Artigo submetido em junho/2011 e aceito em setembro/2011. 2. AULER, D.; BAZZO, W. A. Reflexões para a implementação do Movimento CTS no contexto

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conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. 314 p. 4. BAZZO, W. A.; LINSINGEN, I. von; PEREIRA, L. T. do V. O que são e para que servem os estudos

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Matemática. Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade, v.2, n.1. p.39-46, jan/jun 2011. 6. COLOMBO, C. R.; BAZZO, W. A. Educação tecnológica contextualizada, ferramenta essencial

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o livro didático. Congresso Internacional de Filosofia e Educação. Caxias do Sul, 2010.

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8. GIL-PÉREZ, D.; MONTORO, I. F.; ALÍS, J. C.; CACHAPUZ, A.; PRAIA, J. Para uma imagem não

deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v.7, n.2, 2001. p. 125-153. 9. LIMA, K. E. C.; VASCONCELOS, S. D. Análise da metodologia de ensino de ciências nas escolas

da rede municipal de Recife. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v.14, n.52, p. 397-412, jul./set. 2006. 10.MARTINS, A. F. P. História e filosofia da ciência no ensino: há muitas pedras nesse caminho...

Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.24, n.1, 2007. p.112-131. 11.MORAES, J. U. P. M. A visão dos alunos sobre o ensino de física: um estudo de caso. Scientia

Plena, vol. 5, num. 11, 114809, 2009. 12.PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e sociedade: a

relevância do enfoque CTS para o contexto do ensino médio. Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 71-84, 2007. 13.REIS, Pedro Guilherme R. DOS. Controvérsias sócio-científicas: discutir ou não discutir?

Percursos de aprendizagem na disciplina de ciências da terra e da vida. 2004. 472f. Tese (Doutorado em Educação, Especialidade: didática das ciências) - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 14.RICARDO, E. C. Educação CTSA: obstáculos e possibilidades para sua implementação no

contexto escolar. Ciência & Ensino, vol. 1, número especial, novembro de 2007. 15.SILVA, E. de Souza; PENIDO, M. C. Martins. História das ciências no ensino de física: Quais os

argumentos para inserir? Camaçari, 2011. 16.SILVEIRA, F. L. da. A metodologia dos programas de pesquisa: a Epistemologia de Imre Lakatos.

Caderno Catarinense de ensino de Física, v.13, n3: p.219-230, dez. 1996.

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