Conservação e Restauro de Estuques Decorativos - Capela Palácio Azurara

May 23, 2017 | Autor: M. Filipe da Silva | Categoria: Conservação e restauro, Stucco, Estuques
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Licenciatura em Conservação e Restauro Prácticas de Conservação e Restauro III

Relatório Intervenção de Conservação e Restauro – Estuques

Capela do Palácio da Azurara Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva

Margarida Filipe da Silva Lisboa, Março de 2017

Intervenção de Conservação e Restauro – Estuques Tecto da Capela do Palácio Azurara

Fotografia de Capa Tecto da Capela do Palácio Azurara FRESS

Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva Escola Superior de Artes Decorativas Licenciatura em Conservação e Restauro Revestimentos Arquitectónicos

Prácticas da Conservação e Restauro III Professora Dr.ª Marta Frade

Margarida Filipe da Silva Nº 360425 Março de 2017 2

Intervenção de Conservação e Restauro – Estuques Tecto da Capela do Palácio Azurara

Índice Introdução …………………………………………………………………………….... 4 PARTE I 1.Contextualização ………………………………...……………….…………………. 5 2. Descrição Técnica e Formal ……………………..…………………....…………… 6 3. Diagnóstico ……………………………………………......……………..……….… 9 4. Estado Geral de Conservação ……………………………….….…….………..… 13 4.1. Intervenções de Conservação e Restauro Anteriores ……….….……..…….… 14 5. Proposta de Intervenção ………………………………………..……………...… 15 6. Objectivo e Metodologias de Intervenção 6.1. Objectivo …………………………………………………..………………..… 16 6.2. Aplicação práctica da ética em Conservação e Restauro …………...….…...… 16 6.3. Prevenção, higiene e segurança em Conservação e Restauro …..………......… 19 6.4. Metodologia de Intervenção ……………………………….………..……...… 20 PARTE II 7. Procedimentos | Técnicas e Produtos Aplicados 7.1. Levantamento Fotográfico ……..........……………………….……………… 21 7.2. Levantamento de Patologias …………...………………………………….… 21 7.3. Organização do espaço de trabalho …………………………………………. 22 7.4. Limpeza do extradorso ……………………………………………………… 23 7.5. Consolidação do extradorso ……………………………………………….....25 7.6. Consolidação do tecto estucado …………………………………………...…29 7.7. Fixação ……………………………………………………………………… 32 7.8. Preenchimento de lacunas ………………………………………………...… 35 7.9. Execução de molduras – Molde de cércea ………………………………..… 39 7.10. Assentamento de molduras ………………………………………………… 44 7.11. Colagem de Ornamentos ………………………………………………....... 46 7.12. Limpeza de Material e Ferramentas ……………………………………….. 47 PARTE III 8. Resultados | Observações Finais 8.1. Resultados …………………………………………………………………… 48 8.2. Observações Finais ………………………………………………………….. 51 9. Recomendações ………………………………………………...…………………. 52 BIBLIOGRAFIA …..………………………………………………………………... 53 VISITAS DE ESTUDO ……………………………………………………..………. 54 ANEXOS ……………………………………………………………………………... 57

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Introdução Decorreu durante o primeiro semestre do ano lectivo 2016/2017, no âmbito da disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro III – Revestimentos Arquitectónicos (Estuques decorativos), o projecto de conservação e restauro dos estuques1 da capela do Palácio da Azurara, Fundação Ricardo do Espírito Santo. Saliente-te o carácter formativo característico deste projecto, coordenado pela Professora Dr.ª Marta Frade. As metodologias seguidas foram resultado de discussão e aprendizagem permanente, com recurso a matérias interdisciplinares, entre elas a Biologia, Física, Química, História, e Ética do Restauro. No presente relatório será contextualizado o projecto, descritas todas as fases de trabalho, metodologias e procedimentos utilizados, bem como justificação dos mesmos. Para melhor entendimento, toda a informação aparecerá complementada por imagens do processo.

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A intervenção não contempla a totalidade dos estuques da capela, considerando o tempo lectivo disponível e os restauros já feitos numa intervenção anterior, em 20010, também em contexto formativo (IAOFRESS).

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PARTE I 1. Contextualização É desconhecida a autoria e data de construção do Palácio Azurara, é apenas possível situa-lo no século XVII. Pensa-se que a sua construção aglomerou antigas construções já implantadas no local, com a torre norte. O nome Palácio Azurara surge apenas em 1819, quando este é adquirido pelo primeiro Viscode de Azurara – pensa-se que algumas das alterações estruturais que foram feitas nesta altura, são as que resistem até hoje.2 Já no século XIX o edifício passa a estar aos cuidados do Estado-Maior do Exército até 1912, e em 1933, abarca as instalações de um hospital. A aquisição por parte do Dr. Ricardo do Espírito Santo Silva data de 1947, e sabe-se que a reabilitação do edifício foi feita pelo arquitecto Raul Lino. As alterações comtemplaram o restauro de muitas pinturas, e aplicação de conjuntos de azulejaria provenientes de outros locais. Em 1953, é então aqui criada a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, com o objectivo que preservar e dar a conhecer as artes decorativas portuguesas, incorporando o Museu-Escola de Artes Decorativas Portuguesas. Quanto à sua tipologia, o edifício é caracterizado por uma planta irregular, contemplando quatro pisos distintos.3 Saliente-se ainda que, não há dados sobre danos causados pelo Terramoto de 1755.

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AAVV, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, FRESS, Lisboa, 1994.

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SIPA – Palácio Azurara IPA. 00003194

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2. Descrição Técnica e Formal Apresenta-se um tecto de estuque liso e decorativo, em meia-cana, com cerca de 26m2. Estruturalmente é caracterizado por vigamento (madeira de carvalho) e sistema de fasquiado (madeira de pinho). Da estrutura do extradorso fazem parte duas vigas adossadas às paredes laterais, e 13 vigas paralelas entre si, mas perpendiculares às duas primeiras. Saliente-se ainda a presença de 32 cambotas (madeira de carvalho) de suporte à meia-cana que rodeia o tecto. É nesta esteira de vigamento que assenta o fasquiado. As fasquias, de secção trapezoidal, são pregadas com a base mais estreita para cima, para que o reboco (…) não caia.4 Estas são dispostas paralelamente entre si (assumindo a distância entre cada uma, a largura de um dedo do técnico que as pregou), e perpendiculares ao vigamento. O tecto apresenta uma base de estuque liso, com uma moldura central com cantos em quarto de círculo concavo-reverso5. O estuque liso apresenta, em diferentes áreas da composição, camadas cromáticas de tom pastel, azul, amarelo e bege.6 Dentro da moldura central está inserida uma figura circular raiada, com acabamento em folha de ouro. No meio, lê-se a inscrição AM para Avé Maria, identificável como simbologia mariana. A área restante dentro do pano da moldura principal – nascente e poente - são decoradas por elementos vegetalistas estilizados, ramos de folhas atados por fitas – festões. Estes elementos são em estuque relevado, sem qualquer camada cromática. Os quatro cantos da moldura principal são rematados com palmetas vegetalistas, de folhas viradas para baixo, acompanhando o movimento da meia-cana. Estes elementos decorativos funcionam como elo de ligação das componentes do conjunto. Já fora da moldura principal, a nascente, está representada a Rosa Misteriosa. A Norte está representado o Sol, e a Sul a Lua. Estes três elementos são também 4

COSTA, F Pereira, (1919), Tectos Diversos. Enciclopédia Práctica da Construção Civil, Nº 12, Portugália Editora, Lisboa, p. 14. 5 FÜLLER, Josef, (s/d.) Manual do Estucador e Formador. Colecção Biblioteca de Instrução Profissional, Dir. por Thomaz Bordallo Pinheiro. Lisboa: Librarias Aillaud e Bertrand, p. 84. 6 Apesar de ser o jogo de cores encontrado, sabe-se que a não seria a camada cromática original. As cores originais seriam o bordeaux e verde-escuro.

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identificáveis como símbolos marianos, por comparação a outros elementos decorativos, também em estuque relevado.7 Estes três elementos têm acabamento em folha de ouro.

Figura 2 Vista parcial do Tecto.

Figura 3 Palmeta Vegetalista.

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MONEREO, Carla Mariza, Fundamentos para uma proposta de musealização da Capela de Nossa Sr.ª das Mercês do Palácio Marques de Pombal em Oeiras, Lisboa, 2013. Dissertação em Museologia e Museografia da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

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Figura 4 Rosa Misteriosa.

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3. Diagnóstico O diagnóstico feito tem por base a Ficha de Alterações e Patologias preenchida in loco, apresentada integralmente em anexo. A olho nu e numa primeira observação, são evidentes as lacunas no suporte dos lados poente e nascente. As lacunas contemplam fasquias em falta, fasquias e vigamento com zonas apodrecidas. As cambotas de assentamento da meia-cana apresentam-se também, na larga maioria, em deterioração. Destaca-se o ataque biológico por xilófagos, a podridão húmida e descoesão material como patologias mais evidentes da estrutura. O extradorso possuí uma camada considerável de poeiras e detritos orgânicos e inorgânicos, que causam peso, fragilizando o tecto estucado. As argamassas de aderência ao fasquiado apresentam também várias lacunas, como se apresenta no mapeamento gráfico de patologias do extradorso. No tecto são visíveis lacunas em zonas de estuque liso, lacunas de estuque relevado (elementos decorativos e molduras), sujidade orgânica (manchas de humidade), sujidade inorgânica (poeiras), fendas, fissuras, e zonas de estuque liso em destacamento. Há, assim, inevitavelmente interrupção de figuração e interrupção de figuração de padrão. A camada cromática apresenta-se quase em toda a área, em destacamento. Os sintomas acima descritos são facilmente atribuídos à falta de manutenção, alteração funcional (o espaço funciona actualmente como compartimento de arrumos), alteração estilística (assume-se que a paleta de cores presente não é a original), à presença de elementos metálicos e elementos não pertencentes ao conjunto.

Figura 5 Lacuna do Suporte, apodrecimento do vigamento e fasquiado.

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Figura 6 Sujidade no extradorso (fasquiado, vigamento e cambotas).

Figura 7 Lacuna volumétrica e fissuras.

Figura 8 Elementos de estuque relevado em falta (mesa de trabalho in loco).

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Figura 9 Mapeamento gráfico de patologias do extradorso. 11

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Figura 10 Mapeamento gráfico de patologias do tecto estucado. 12

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4. Estado Geral de Conservação Depois de um levantamento rigoroso de alterações e patologias, conclui-se que o estado geral de conservação do tecto da capela é débil, assumindo o mau estado da estrutura, e das lacunas no suporte que comprometem, sem qualquer dúvida, a leitura do conjunto. Não obstante, algumas medidas de prevenção terão sido tomadas em intervenções anteriores, que atrasam o processo de degradação dos materiais. Saliente-se a importância do escoramento, que já estava montado no primeiro momento de contacto da equipa com a obra – se este não existisse, possivelmente o tecto já teria cedido ao peso, devido ao mau estado da estrutura e falta de argamassa de adesão. Apesar da perda de material autêntico ser sempre desfavorável, conclui-se que grande parte dos elementos em falta são replicáveis – é possível retirar os perfis de moldura original para refazer em oficina, e tirar os moldes de elementos decorativos simétricos aos em falta. Note-se ainda que, apesar de esta intervenção ser direcionada ao tecto, há ainda na capela outros revestimentos que não se encontram em bom estado de conservação – azulejos que revestiam o silhar da capela, que foram removidos, e pintura mural em mau estado de conservação nas paredes. Apenas o pano frontal do altar terá sido alvo de uma intervenção, já concluída, ao nível dos estuques e da pintura mural.

Figura 10 Escoramento do tecto com barrotes de madeira, placas de contraplacado e esponja. 13

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4.1.

Intervenções de Conservação e Restauro Anteriores

Ao traçar um plano de intervenção de conservação e restauro, deve fazer-se um levantamento das intervenções realizadas anteriormente. Assim, torna-se mais simples entender as reacções e comportamento dos materiais ao longo do tempo, bem como conhecer as propriedades e compatibilidade dos materiais aplicados. Assim, apurou-se que coexistiram duas intervenções de conservação e restauro, também em contexto formativo, no âmbito dos CETs de Conservação e Restauro de Estuques, e Conservação e Restauro de Madeiras, no ano lectivo de 2009/2010. A nível estrutural, foi encontrada nesta intervenção, perda de secção resistente provocada por acção de agentes biológicos, rupturas da madeira por defeitos locais, como nós a meio-vão de vigas, empenamentos devido às fendas de retração da madeira, e focos de humidade.8 Sabe-se que o tratamento aplicado, devido à presença de insectos xilófagos, foi a aplicação de Xirein à trincha. Foram ainda elaboradas 12 cambotas novas, que não chegaram a ser aplicadas. Foi feita a consolidação das vigas, frechal, contra-frechal e da viga adossada à parede poente-sul.9 Ao nível dos estuques, foram intervencionados os nichos das laterais do altar, e relativamente ao tecto, foi faceado e destacado um segmento da meia-cana. Refere-se ainda que esse segmento da meia-cana, acabou por ceder e está actualmente guardado juntamente com os elementos soltos do tecto.10

Figura 11 Aplicação de Xirein. Imagem retirada de ZENKL, Luísa, PINHEIRO, Miguel Reynolds, GOMEZ, Rafael, Restauro do Tecto da Capela do Palácio Castelo-Novo|Levantamento de Patologias e Proposta de Intervenção, Estágio CET em Conservação e Restauro de Madeiras e Mobiliário, IAO-FRESS, ano lectivo 2009/2010. 8

ZENKL, Luísa, PINHEIRO, Miguel Reynolds, GOMEZ, Rafael, Restauro do Tecto da Capela do Palácio Castelo-Novo|Levantamento de Patologias e Proposta de Intervenção, Estágio CET em Conservação e Restauro de Madeiras e Mobiliário, IAO-FRESS, ano lectivo 2009/2010. 9 ZENKL, Luísa, PINHEIRO, Miguel Reynolds, GOMEZ, Rafael, Restauro do Tecto da Capela do Palácio Castelo-Novo|Levantamento de Patologias e Proposta de Intervenção, Estágio CET em Conservação e Restauro de Madeiras e Mobiliário, IAO-FRESS, ano lectivo 2009/2010. 10 FERREIRA, Ana, Relatório Final de Estágio de Conservação e Restauro de Estuques Decorativos – Capela da FRESS. Coordenação de Hugo Pinhão e Marta Frade, CET de Conservação e Restauro de Estuques Decorativos, IAO-FRESS, Lisboa, 2010.

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5. Proposta de Intervenção Com base nos levantamentos anteriormente expostos, são propostas as seguintes fases de tratamento: 

Levantamento fotográfico exaustivo do tecto pré-intervenção, como registo e documentação;



Limpeza mecânica do extradorso (com aspirador, trincha e vassoura), com o objectivo de minorar o peso sobre o tecto, facilitar a visualização do material original, e receber posterior consolidação;



Consolidação do extradorso (com ninhos de pita e gesso-cola), de forma a garantir a estabilidade da estrutura, e consequentemente do tecto estucado;



Consolidação do tecto (com gesso-cola, por injecção), para fortalecer e preencher as zonas de destacamento em estado frágil, fendas e fissuras;



Fixação do tecto – lado nascente – com placa de estafe, com o objectivo de preencher a lacuna do suporte, devolver a leitura, e conferir estabilidade ao conjunto;



Preenchimento e nivelamento de massas aplicadas em zonas de fracturas e lacunas, com massa de estuque, de forma a devolver volumetricamente a leitura original ao conjunto;



Execução de peças em falta, através de moldes de cércea e moldes de silicone;



Assentamento de peças de material original solto, e réplicas feitas em oficina, com o objectivo de colmatar as lacunas volumétricas de estuque relevado. 15

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6. Objectivos e Metodologias de Intervenção 6.1.

Objectivo

A intervenção que aqui se descreve, visa a valorização patrimonial, não só do tecto como da capela em que se insere, minorando os danos visíveis e invisíveis que possam comprometer uma leitura correcta do mesmo, o tratamento de patologias estruturais que influenciam o estado de conservação dos materiais, tanto a médio como a longo prazo. Para uma valorização histórica, artística e patrimonial, inclui-se também um estudo teórico e técnico do tecto, trabalhando paralelamente com a disciplina de História do Estuque Decorativo I.

6.2.

Aplicação Práctica da Ética na Conservação e Restauro

Atendendo à complexidade daquilo que é a actividade da conservação e restauro, vários estudos teóricos e éticos são feitos antes de qualquer intervenção. Entende-se que todas as acções de conservação e restauro devem ser devidamente justificadas, nomeadamente na intervenção em que aqui nos ocupamos. O conceito de obra de arte, seu propósito e valor foram alvo de discussão, principalmente a partir do século XVIII. Consideremos o Restauro Crítico, e Cesare Brandi (1906-1988) como o pai do restauro moderno/contemporâneo. Por Brandi e na Carta de Atenas de 1964 são defendidos alguns princípios vitais, em que ainda nos baseamos na actividade da conservação e restauro contemporânea. Saliente a importância do enquadramento de cada obra no seu respectivo contexto histórico, cultural e geográfico. As acções directas sobre uma obra alteram consoante algumas variáreis, nomeadamente o espaço em que se encontram, a comunidade em que se inserem, e o tipo de culto que lhe é feita. ‘Un mismo objecto puede cumplir

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funciones distintas para distintas personas, y el hecho de que buena parte de esas funciones sean intangibles(…)’11 A autenticidade do material original deve ser irremediavelmente respeitada, assumindo que qualquer sinal de posterior intervenção deve ser identificável. Considerem-se dois conceitos importantes, o de compatibilidade e de reversibilidade. Qualquer intervenção deve ter em conta o grau de compatibilidade do material original com os os novos materiais utilizados, nunca comprometendo a estabilidade do primeiro. A intervenção escolhida deve respeitar a função original e assegurar a compatibilidade com os materiais, as estruturas e os valores arquitectónicos existentes.12

A reversibilidade é o um conceito um tanto utópico nesta actividade, pelo que se deve sempre tentar aproximar o máximo possível áquilo que é uma intervenção reversível, não comprometendo intervenções futuras, a possibilidade de acesso a todas as evidências incorporadas na peça, e salvaguardado a maior quantidade possível de material autêntico. Embora a aplicação in situ de novas tecnologias possa justificar-se para uma boa conservação dos materiais originais, estas devem ser constantemente controladas tendo em conta os resultados obtidos, o seu comportamento ao longo do tempo e a possibilidade da sua eventual reversibilidade.13

Justificam-se assim as limitações éticas com que nos deparamos nesta intervenção – apenas foram reconstituídas molduras e ornatos decorativos aquando da existência de exemplares iguais ou simétricas, a partir dos quais se possam tirar moldes rigorosos. Em situações particulares considera-se ainda a reconstrução de elementos a partir de fotografias ou documentos comprovativos. Neste caso particular, não nos foi possível a reconstrução de alguns elementos decorativos pela falta de documentação ou de elementos iguais ou simétricos com material original suficiente.

11

MUÑOZ VIÑAS, Salvador, Teoría Contemporánea de la Restauración, EditorialSintesis, Madrid, 2004, p. 156. Carta de Cracóvia – Princípios para a Conservação e o Restauro do Património Construído, 2000. Ponto 10. 13 IDEM, Ponto 10. 12

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Figura 12 Exemplo de um caso em que é possível refazer a lacuna em falta de um ornato, através de um molde tirado do lado simétrico – molde de silicone.

Figura 13 Exemplo de um caso em que não é possível refazer a lacuna em falta de um ornato, devido à falta de material documental ou material original simétrico.

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6.3.

Prevenção, Higiene e Segurança em Conservação e Restauro

A actividade da conservação e restauro merece especial atenção àquilo é a prevenção, higiene e segurança, atendendo aos materiais com que se trabalha em, muitas vezes, circunstâncias em obra. Esta intervenção, pelas suas características, e por se realizar em contexto formativo, teve de obedecer a uma série de regras que conferem a segurança da equipa. Salienta-se a necessidade de prevenção de acidentes, prevenção de doenças profissionais e de garantir o bem-estar das alunas. É possível nomear dois tipos diferentes de protecção, a protecção colectiva e a protecção individual.14 No que diz respeito à protecção colectiva, salienta-se a utilização de andaimes inspecionados e montados por profissionais. Também a escada de acesso ao extradorso foi sempre montada no local por um profissional. A ventilação do local é de extrema importância, atendendo ao nível de poeiras no ar, durante dos trabalhos. Para assegurar esta medida de prevenção, manteve-se sempre a janela da capela aberta, de modo ao ar circular. Foquemo-nos nos equipamentos de protecção individual, em que cada aluno, para trabalhar, utilizou sempre fato de macaco, botas de biqueira de aço, touca, capacete, e luvas. Em alguns casos, quando necessário, recorreu-se também a máscaras de pó, óculos e viseiras de protecção. É ainda de extrema importância referir que, deve ser leita a leitura dos símbolos de segurança de cada material utilizado.

14

MIGUEL, Joaquim, Manual de Prevenção, Higiene e Segurança no Trabalho, Apresentação na disciplina de PHST I, Licenciatura em Conservação e Restauro, ESAD-FRESS, Lisboa, 2015.

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6.4.

Metodologia de Intervenção Atendendo às especificidades da obra e recursos disponíveis, foi traçado um esboço inicial da ordem de trabalhos. Contudo, alguns percalços aparecem durante a obra- comportamento inesperado dos matérias quando mexidos, ou falta de recursos in loco, que provocam muitas vezes alterações metodológicas. A obra contou com cinco alunas e uma professora coordenadora, trabalhando num horário de 12 horas semanais, no espaço de tempo compreendido entre Novembro e Março do corrente ano. As 12 horas implícitas no horário académico, não correspondem, na verdade, ao tempo de trabalho efectivo, pelo que se apresenta em anexo um esquema das horas de trabalho. Quanto aos recursos técnicos e materiais, contou-se com um andaime fixo no interior da capela, e uma escada amovível de acesso ao extradorso. Todos os materiais consumíveis e ferramentas foram cedidos pela entidade responsável, ESAD – FRESS.

Figura 14 Andaime in loco de acesso ao tecto estucado. Fotografia de Marta Frade.

Figura 15 Escada amovível de acesso ao extradorso.

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PARTE II 7. Procedimentos | Técnicas e Produtos Aplicados 7.1.

Levantamento Fotográfico No primeiro contacto com a Capela, foi feita uma primeira observação a olho nu, e registo fotográfico exaustivo – visão geral e de pormenor do tecto. Algumas dificuldades foram encontradas neste processo, devido ao escoramento do tecto, que impediu acesso visual a algumas zonas da peça. Não foram também conseguidas fotografias de pormenor mais rigorosas, devido à falta de acesso a andaimes, e contacto mais directo com a peça. Com recurso a uma escada móvel, posicionada na laterar exterior da capela, acedeu-se ao extradorso do tecto, onde foi também possível fazer um registo fotográfico do mesmo, e respectivo estado de conservação.

Este processo é essencial ao início dos trabalhos, não só para a elaboração da proposta de intervenção (a proposta é feita com base no registo fotográfico, observação, levantamento de patologias, orçamento e prazos impostos), como para registo histórico da peça. É-nos também útil para o uso por comparação, com o resultado final de intervenção: antes e depois.

7.2.

Levantamento de Patologias O levantamento de patologias foi feito com base no toque e observação da peça. Foi preenchida uma ficha de identificação e diagnóstico/estado de conservação, em que se enumeram e descrevem as patologias presentes. Esta ficha foi elaborada no contexto da mesma disciplina, com supervisão da Professora Coordenadora. Esta fase de trabalho é fundamental no sentido em que permite à equipa traçar um plano de trabalhos que se adeque às características e estado de conservação da peça. O levantamento e diagnóstico foi feito em duas frentes: alterações e patologias do tecto, mas também patologias e estado de conservação do extradorso, danos estruturais.

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7.3.

Organização do Espaço de Trabalho Antes de dar início aos trabalhos, foi feita uma arrumação, limpeza e organização ao espaço de trabalho in loco. A Capela terá servido, nos últimos anos, como espaço de armazenamento de peças pertencentes à FRESS – estas peças foram retiradas da capela e acondicionadas num outro espaço. Foi retirada uma quantidade razoável de entulho da Capela, principalmente da Sacristia. Foram encontramos muitos materiais referentes à anterior intervenção de conservação e restauro, entre eles moldes de silicone de estuques figurativos, moldes de cércea de molduras, e uma parte de uma meia cana, que teria sido removida do local original. A organização do espaço permite uma ordem de trabalhos metódica, rentabilização de tempo, e maior grau de protecção de material original, atendendo à diminuição de poeiras no ar e materiais não pertences que comprometam a estabilidade da peça, e segurança da equipa técnica. Foram encontrados fragmentos de material original, que foram devidamente identificados e dispostos na mesa de trabalho in loco, para serem posteriormente devolvidos ao local original.

Figura 16 Recolha de fragmentos originais.

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7.4.

Limpeza do Extradorso Iniciaram-se os trabalhos com a limpeza mecânica do extradorso. Tratando-se de um tecto de construção antiga - meia cana, com fasquiado assente em vigamento e cambotas de suporte da meia-cana – é necessária a limpeza da estrutura. Recorreu-se a vassouras de mão, trichas e aspirador. Toda a estrutura estava coberta por uma grande camada de poeiras e entulho. O entulho foi retirado manualmente, e as poeiras foram cuidadosamente aspiradas. Este processo permite-nos observar o estado de conservação das vigas, das fasquias e da argamassa que agrega o estuque à estrutura. Foi possível perceber que muitas das fasquias se encontravam em mau estado, e que muitas zonas tinham falta de argamassa, o que fragiliza bastante o tecto – As fasquias trapezoidais devem estar tapadas pela argamassa. O esquema abaixo mostra fasquias devidamente envolvidas por argamassa. Registou-se também o mau estado de conservação da maioria das cambotas de suporte à estrutura da meia-cana. Este processo antecedeu e facilitou o processo seguinte, de consolidação do extradorso.

Figura 17 Limpeza mecânica do extradorso.

Figura 18 Limpeza mecânica do extradorso com vassoura.

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Figura 19 Sujidade no extradorso (cambotas- pormenor).

PÓS-LIMPEZA

PRÉ-LIMPEZA

Figura 20 Sujidade no extradorso, comparação pré e pós-limpeza.

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7.5.

Consolidação do Extradorso Já com a limpeza mecânica terminada, procedeu-se à consolidação do extradorso. Este processo é de extrema importância, pois confere solidez ao tecto – solidez que estava até aqui comprometida pela falta de argamassa que unificasse o tecto estucado à estrutura de madeira. São colocados ninhos de pita (sisal sintético) embebidos em gesso-cola, nas zonas de argamassa em falta. Os ninhos são elaborados manualmente, envolvendo linhadas de pita15 aleatoriamente de maneira a formar uma rede resistente. Para o ninho ser eficaz deve ser mecanicamente resistente a pressões e puxões externos. O gesso-cola apresenta-se em pó, e deve ser peneirado (evitando grumos) - com peneira ou manualmente- para um recipiente de água, até saturar a água. Depois é bem mexido com pá de pedreiro. Note-se que o volume de gesso-cola será o dobro do volume de água inicial.

Os ninhos de pita são submersos no preparado de gesso-cola, e estrategicamente colocados sobre as fasquias desprovidas de argamassa, abrangendo também alguma área dos barrotes a que estão pregadas. Saliente-se ainda a importância de humedecer o suporte antes da aplicação dos ninhos embebidos – utiliza-se um borrifador de água destilada para borrifar o fasquiado. A utilização de água destilada justifica-se pela pouca quantidade de sais nela presentes, que minoram a probabilidade de novas patologias nos materiais. Se o suporte não for humedecido, vai tendencialmente absorver a água do gesso cola, e posteriormente destacar-se por falta de adesão. Mais se refere que, este processo foi interrompido pela existência de uma situação de perigo: durante a consolidação do extradorso, o tecto estucado começou a cair no local da lacuna do suporte. Neste momento foi tomada a decisão de avançar para a consolidação do tecto estucado, e só depois retomada a consolidação do extradorso.

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Antigamente, no lugar da pita sintética, era utilizada crina de cavalo. Justifica-se a alteração do material pela facilidade de deterioração da crina de cavalo, por ser um material orgânico.

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Antigamente, no lugar da pita sintética, era utilizada crina de cavalo. Justifica-se a alteração do material pela facilidade de deterioração da crina de cavalo, por ser um material orgânico.

Figura 21 Ninho de pita.

Figura 22 Passagem do ninho de pita em gesso-cola.

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Figura 23 Aplicação de pita + gesso cola no tardoz – adesão do fasquiado ao vigamento.

Figura 23

Consolidação do extradorso – pita + gesso cola já aplicado.

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SECO

HÚMIDO

Figura 24

Consolidação do extradorso – Comparação gesso-cola já seco, com gesso-cola acabado de aplicar.

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7.6.

Consolidação do Tecto Estucado Garantida a consolidação do extradorso, debruçamo-nos sobre o tecto estucado e respectiva consolidação. Em primeiro plano foi realizada uma limpeza superficial mecânica, com recurso a trinchas para a remoção de poeiras. Recorreu-se também ao bisturi para a remoção de pelicula cromática em destacamento. É de referir que esta camada em destacamento não era original – Pelo que foi possível entender, as cores originais do tecto seriam bordeaux e verde, e a camada cromática que encontramos era em tons pastel, azul e amarelo. Para conseguir trabalhar com o gesso, removeram-se estas camadas cromáticas que rodeavas as zonas de lacunas, fendas e fissuras no material original. Pela reduzida largura de algumas fissuras, foi utilizado um berbequim manual que perfurasse as mesmas, em algumas zonas – estes furos facilitam o processo seguinte de consolidação por injecção, com seringas de bocal mais largo que as fissuras originais. Justifica-se a utilização de berbequim manual pela capacidade que dá ao técnico de controlar as vibrações causadas ao material original. As fissuras e zonas de destacamento de material, são de especial fragilidade, que facilmente cedem às vibrações de um berbequim eléctrico. Nas fissuras e aberturas feitas com berbequim, foi injectada água destilada, e logo depois gesso-cola com seringa de 60 ml e palhinha colocada no bocal, para melhor penetração. O gesso cola deve ser injectado um pouco mais liquefeito do que o habitual, para passar pelos canais da seringa. Deve continuar-se a injectar até o gesso-cola surgir à superfície, indicando que já preencheu as zonas em falta. Depois foram limpos os excessos com uma esponja húmida, e deixou-se o gessocola ganhar presa, até por fim secar. Foram também usadas espátulas quadrangulares e ovais, quando necessário.

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Figura 25

Perfuração de fissuras de pouca largura, com berbequim manual.

Figura 26

Fissura perfurada com injecção de gesso-cola.

Figura 27

Consolidação: Injecção de gesso-cola com seringa em fissuras.

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Figura 28

Consolidação: Injecção de gesso-cola com seringa numa fenda. (em paralelo consolidação no extradoroso, desta zona, com pita embebida em gesso-cola).

Figura 29

Consolidação: Limpeza de excessos com esponja.

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7.7.

Fixação A fase de fixação implicou o preenchimento de uma lacuna ao nível do suporte (ausência de fasquiado e argamassa). Para este preenchimento, e assumindo que a área de lacuna era considerável, é possível a introdução de novas fasquias, com rede de cobre ou latão (malha de 6mm), ou aplicação de placas de estafe. Optouse pela placa de estafe, pela maior facilidade e rapidez de aplicação, e por ser um material leve, que não comprometeria a estabilidade dos materiais. Ao tirar o desenho da lacuna, estilizou-se o mesmo, resultando num quadrado e um triângulo de menor dimensão. As duas peças foram recortadas (com recurso a serrote de madeira) na placa de estafe. Já com os devidos recortes feitos no estafe, procedeu-se à fixação da mesma ao tecto. Foram estrategicamente feitos 10 furos no estafe, onde passavam fios de pita, que foram amarrados com nós fortes aos barrotes superiores. Justifica-se este método, pela falta de estabilidade dos barrotes, que não permitiram o aparafusamento da placa de estafe. A impossibilidade de aparafusamento, método escolhido inicialmente, deve-se a um tratamento desconhecido feito pelos alunos do CET de Madeiras, na intervenção de 2010. Este processo implicou a presença de duas alunas no extradorso do tecto, a atar os fios de sisal aos barrotes, e duas alunas no andaime, assegurando-se que a placa se mantinha no sítio correcto.

Depois de a placa estar segura e bem assente, foram aplicados ninhos de pita embebidos em sisal, nas zonas de ligação da placa ao tecto, material original. Assim, garantiu-se a estabilidade da placa.

Note-se que a fixação foi feita apenas numa das lacunas de suporte do tecto, apesar de não ser a única. Nesta intervenção focamo-nos apenas na zona superior ao altar.

Figura 30

Registo do desenho da lacuna. 32

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Figura 31

Corte da placa de estafe.

Figura 32

Placa de estafe já cortada à medida da lacuna (parte), com os fios de pitta já passados para prender ao vigamento.

Figura 33

Uma (de duas) partes do estafe já colocado no local da lacuna.

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Figura 34

Preenchimento das zonas de contacto placa de estafe com o original.

Figura 35

Nivelamento dos preenchimentos na zona de lacuna fixada com placa de estafe. Fotografia de Marta Frade.

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7.8. Preenchimento de Lacunas O preenchimento de lacunas foi feito em zonas de fissuração, fendas, lacunas nas paredes laterais, na zona que foi fixada com estafe, e área circundante. Para preencher utilizou-se massa de estuque (cal apagada + água + gesso). Para a preparação da massa forte, coloca-se cal apagada num recipiente, formando uma espécie de vulcão, deixando um buraco no meio da cal. Depois adiciona-se água até perfazer o buraco feito no meio da cal. Peneira-se o gesso para a água (evitando a formação de grumos), até esta saturar. Mistura-se o preparado com uma espátula, até ficar uniforme. Fez-se o preenchimento e nivelamento de fissuras, e dos furos feitos com berbequim. A aplicação da massa forte é também feita com espátula. Este processo requer alguma rapidez, atendendo ao rápido tempo de secagem da massa forte. Antes da aplicação da massa de estuque deve humedecer-se o suporte. O preenchimento da lacuna referente à zona fixada foi igualmente preenchido e nivelado, apesar de ter sido um processo bastante mais complexo e demorado. Recorreu-se a um nível, para certificar que o preenchimento desta área maior ficava bem nivelado. O preenchimento de lacunas requer especial atenção, não podendo sobrepor o material original. Os excessos devem também ser limpos logo a seguir à aplicação da massa. Posteriormente ficam algumas nuvens de pó (do gesso e da cal da massa) nas zonas circundantes às áreas preenchidas, que devem ser limpos com uma esponja seca.

Figura 36

Preparação de massa de estuque – cal pronta a receber água e gesso.

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Figura 37

Preenchimento de fissuras com massa de estuque.

Figura 38

Preenchimento de lacunas com massa de estuque (parede norte).

O nivelamento dos preenchimentos, é feito com recurso a bisturi e lixa. Numa fase inicial utilizou-se bisturi, de forma a tirar os excessos, e por fim utilizam-se lixas, réguas de canto, nível, e calços de madeira de forma a conferir um aspecto suave e plano. Primeiro usam-se lixas de gramagem mais alta, e por último passa-se uma lixa de água para melhor acabamento.

Figura 39

Nivelamento de preenchimento de lacuna, com lixa e calço de madeira. (moldura, parede canto esquerdo).

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Foram também preenchidas lacunas em zonas não referentes ao tecto, nomeadamente no canto esquerdo da capela, entre a janela e a porta de entrada. Tanto nesse local como numa das molduras do tecto, foram feitos preenchimentos com recurso a molde de cera de dentista, em que a lacuna de moldura é corrida no local, e não na mesa. O perfil da moldura é tirado com o pente de perfis, e desenhado numa ‘folha’ de cêra de dentista. Aqui o desenho é recortado com bisturi. A zona de assentamento é riscada e humedecida para melhor aderência. O gesso é colocado sobre a zona de lacuna, e é corrido o molde de cera. Deve correr-se o molde várias vezes, e ir adicionando gesso se necessário, até o preenchimento ficar o mais direito possível. Depois de seco, procede-se ao nivelamento, com recurso a bisturi e lixa. No caso de preenchimentos em molduras rectas, utilizam-se calços de madeira e régua de cantos, para conferir que a moldura fica recta.

Figura 40

Local de lacuna a preencher no local com molde de cera. (tecto)

Figura 41

Folha de cera de dentista.

Figura 42

Correr do molde de cera na parede.

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Figura 43

Preenchimento de lacuna feito com molde de cera, depois de limpo e nivelado.

Figura 44

Lacunas preenchidas e niveladas – parede lado esquerdo da porta de entrada.

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7.9.

Execução de Molduras – Molde de Cércea

Foram executadas molduras (rectas e curvas) para o preenchimento da lacuna do canto esquerdo da moldura em quarto de círculo-convexo. Para isso, recorreu-se a um molde de cércea, feito na oficina de fundição da FRESS. O perfil da moldura foi tirada com um pente de perfis. ‘As molduras (…) são moldadas por meio de cérceas, operação a que os estucadores chamam [correr]. (…) O desenho da moldura é colocado sobre uma uma chada pe folha de zinco e cortado pelo seu contorno. Essa folha de zinco é pregada numa tábua que tem o mesmo recorte, mas de maneira a que a folha de zinco fique mais saliente, isto é, saia um pouco fora da madeira. Nos todos desta tábua são pregadas outras duas formando uma espécie de treno em que a tábua que tem a cércea de zinco fica a meio; as tábuas laterais são ligadas a uma travessa para lhe dar resistência e conservar a sua posição.’16 É ainda pregada uma é régua ao molde de cércea, para que esta «corra» na lateral da mesa, sem desviar o molde, permitido fazer uma moldura recta. Tanto o molde (zonas de contacto com a mesa e contacto com o gesso) como a mesa onde se corre, é trinchada com sabão mole, de forma a lubrificar as superfícies. Saliente-se a importância de testar o movimento do molde sobre a mesa, antes de depositar o gesso sobre a mesa. ‘(…) deita-se a massa do gesso no seu lugar até atingir a altura do perfil, sendo então puxado o molde encostado bem à régua. O excesso de massa do gesso que se junta nesta operação é tirado com uma colher e deitado novamente na moldura nos sítios onde se apresentem falha; assim se repetem continuamente as «corridas» com o molde, até a moldura se apresentar com o seu perfil nitidamente.’17 ‘Quando o gesso começa a fazer preza, é necessário fazer outra massa nova (…)’18 Esta massa nova deve ser feita um pouco menos espessa, assumindo que funciona como camada de acabamento, para remates e pequenos ajustes da moldura.

16

FÜLLER, Josef, (s/d.) Manual do Estucador e Formador. Colecção Biblioteca de Instrução Profissional, Dir. por Thomaz Bordallo Pinheiro. Lisboa: Librarias Aillaud e Bertrand, p. 62. 17 18

IDEM, pp. 53-54. IDEM, p. 54.

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Figura 45

Pente de perfil.

Figura 46

Início do corte da folha de zinco. Fotografia de Marta Frade.

Figura 47

Acerto do perfil na folha de zinco com lima e grosa.

Figura 48

Comparação da folha de zinco já cortada para o molde de cércea final, com a moldura original.

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Figura 49

Serração das placas de madeira de estrutura da caixa do molde de cércea.

Figura 50

Cércea já pronta.

Figura 51

Molde de Cércea terminado, já com a régua pregada.

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Figura 52

Lubrificação do molde de cércea e mesa com sabão mole.

Figura 52

Deposição de gesso sobre a mesa, antes de correr o molde.

Figura 53

Correr do molde de cércea.

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De seguida, foram corridas as molduras curvas. Para isso, calculou-se o ângulo da circunferência que deu origem ao fragmento em falta. Para isso, utilizou-se o mesmo molde de cércea anteriormente descrito. Em vez da guia, utilizou-se o método ‘tipo compasso’, em que se pregou-se um espigão à mesa, preso com o diâmetro certo ao molde de cércea. O método de correr a moldura é igual ao das molduras rectas, como anteriormente descrito.

Figura 54

Sistema criado para correr as molduras curvas.

Figura 55

Moldura curva depois de correr o molde de cércea. 43

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7.10.

Assentamento de Molduras

As molduras foram cortadas, com base nas medições feitas previamente – foi tirado o desenho das molduras em falta, passado para papel vegetal, e passado para a zona de assentamento com a técnica de estresido19. Já com as molduras cortadas, foram feitos riscos no suporte e no tardoz das molduras, e ambos humedecidos, para melhor aderência. O assentamento é feito com gesso cola. Depois disso, devem ser limpos os excessos com uma esponja húmida, e niveladas as uniões.

Figura 56

Técnica de estresido – picotagem.

Figura 57

Técnica de estresido – passagem do desenho para o local, com boneca de grafite.

Figura 58

Desenho já passado para o local de assentamento de molduras.

19

A técnica de estresido consiste no desenho feito numa folha de papel vegetal, e picotado. Depois, assenta-se o desenho no local do suporte, e passando uma boneca de grafite, o desenho fica representado no local.

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Figura 59

Corte de molduras.

Figura 60

Testes das molduras já cortadas, antes da colagem.

Figura 61

Molduras assentes na zona de lacuna.

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7.11.

Colagem de Ornamentos

Foi colado um fragmento de um ornamento, que se destacou no enquadramento do nicho central. A zona de contacto do ornamento com o suporte foi humedecida, e colada com gesso-cola. Os excessos são limpos com uma esponja. Utilizou-se pita para suportar o peso do fragmento durante a secagem. Finalmente, a zona de união é cuidadosamente nivelada.

Figura 62

Fragmento destacado.

Figura 63

Humedecer o fragmento.

Figura 64

Colagem do fragmento.

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7.12.

Limpeza de Material e Ferramentas

A limpeza adequada dos materiais e ferramentas, durante uma intervenção de conservação e restauro, é essencial ao bom funcionamento da metodologia aplicada e manutenção dos utensílios. Principalmente na área de conservação e restauro de estuques decorativos, esta tarefa merece especial atenção, atendendo ao carácter dos materiais utilizados – as massas usadas, ao secarem, ganham forte aderência aos materiais metálicos (os mais utilizados, como espátulas, bisturis,..), e quanto mais regular for a limpeza, mas fácil e rápido é o processo. Saliente-se ainda que a presença de resíduos nas ferramentas pode causar danos nas peças a ser mexidas. Assim, durante todo o processo, salientam-se alguns cuidados intrínsecos: 1. Limpeza de espátulas, talochas, colheres de pedreiro, serrotes e todas as ferramentas de metal, apenas por meio mecânico, assumindo que a utilização de água causaria ferrugem nos mesmos. A limpeza mecânica passa por raspar o material metálico, passar uma escova seca também metálica, e por fim passar lixa, até não exisitir presença de quaisquer resíduos; 2. As taças, baldes e recipientes plásticos, usados para depósito de massas de estuque, cal e gesso, são limpas preferencialmente quando a massa já se encontra seca, destacando-se da superfície plástica com bastante mais facilidade; 3. Seringas plásticas foram lavadas com água corrente, de modo a desimpedir os canais antes que as massas secassem; 4. O andaime in situ, tal como os kits, foram limpos com frequência durante a intervenção, de modo a facilitar o processo de limpeza, ou contaminação das peças.

Figura 65

Limpeza mecânica de espátula de pintor, com escova metálica. 47

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PARTE III 8. Resultados | Observações Finais 8.1.

Resultados

A intervenção deu-se por terminada no dia 23 de Fevereiro do corrente ano. Consideram-se satisfatórios os resultados obtidos, atendendo ao trabalho que se propôs fazer na fase inicial do projecto, e aos recursos disponíveis. Foi preenchida com sucesso a lacuna do tecto (lado esquerdo da sacristia), com as devidas réplicas de moldura, e acabamentos. O extradorso foi consolidado nesta zona, até quase meio – não foi possível consolidar a restante área, assumindo outros trabalhos como prioritários. Foram feitos preenchimentos de lacunas volumétricas em zonas de estuque liso, não só do tecto como das paredes. Todos os preenchimentos feitos foram devidamente nivelados, deixando esse processo finalizado. Foram ainda consolidadas áreas de destacamento de estuque liso (principalmente zonas curvas da meia-cana), que conferiram bastante mais estabilidade ao conjunto.

A manufactura de molduras rectas e curvas foi um processo essencial não só atendendo às necessidades da peça de que nos ocupámos, como à aprendizagem das alunas de licenciatura em conservação e restauro – ramo de revestimentos arquitectónicos - A utilização do molde cércea é uma prática antiga, e reflexo de muitas das obras de estuque decorativo encontrados em obras de património histórico e artístico.

Figuras 66 e 67

Antes e depois – fixação e consolidação do extradorso. 48

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Figuras 68 e 69

Antes e Depois – Lacuna do tecto.

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Figuras 70 e 71

Antes e Depois – Lacuna Moldura - Parede.

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8.2.

Observações Finais

Apesar de se assumir a necessidade da continuidade dos trabalhos aqui desenvolvidos, considera-se notório o contributo prestado para a conservação do património aqui existente, nomeadamente dos estuques artísticos. Por fim, saliente-te a riqueza e importância da aprendizagem feita durante todo o processo. Como descrito inicialmente, este projecto desenvolveu-se em contexto formativo, como o objectivo de preparar futuros técnicos de conservação e restauro, especializados em revestimentos arquitectónicos. Como alunas, foi-nos dada uma oportunidade única de contacto com a realidade daquilo que é uma intervenção de conservação e restauro de estuques. Foram constantemente aliados os conceitos teóricos, com a aprendizagem técnico-prática. É ainda de salientar que a execução deste projecto não seria possível sem o esforço e confiança depositados em nós, pela Escola Superior de Artes Decorativas e pela Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, o apoio do pessoal da FRESS, em especial o Fusco (oficina de fundição), Luís (departamento de conservação e restauro), Raúl (oficina de madeiras), e Sr. Albino, pelo que aqui ficam os devidos agradecimentos. Um especial agradecimento fica à professora coordenadora Dr.ª Marta Frade, pelo apoio, partilha de conhecimentos teórico-práticos.

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9. Recomendações Apesar do trabalho por nós realizado, ficam ainda muitas situações por resolver, pelo que se considera de extrema importância a continuidade dos trabalhos, e a resolução de problemas estruturais. O telhado que cobre o extradorso deve ser rapidamente concertado, de modo a evitar a entrada de água; a estrutura do tecto deve ser intervencionada por pessoal especializado da área de madeiras: revisão da estrutura de vigamento e fasquiado. Os estuques carecem ainda de várias frentes de intervenção, nomeadamente a consolidação da restante área de fasquiado, preenchimento de lacunas que não ficaram preenchidas, devolução de ornamentos em falta (é possível que este trabalho seja feito por nós no segundo semestre do corrente ano lectivo, na disciplina de Técnicas do Estuque

Decorativo),

colagem

de

fragmentos

que

ficaram

devidamente

acondicionados na sacristia da capela. Recomenda-se a intervenção de uma equipa de conservação e restauro especializada em pintura mural, em várias zonas da capela, nomeadamente nas paredes – existem marmoreados em muito mau estado de conservação e camadas cromáticas em destacamento. Finalmente, sugere-se que o espaço da capela não seja utilizado para armazenamento de peças ou outros materiais, e que seja feito um controlo mínimo da humidade relativa do ar.

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BIBLIOGRAFIA Carta de Cracóvia – Princípios para a Conservação e o Restauro do Património Construído, 2000.

BRANDI, Cesare, Teoria do Restauro, Edições Orion, Amadora, 2006. COSTA, F Pereira, (1919), Tectos Diversos. Enciclopédia Práctica da Construção Civil, Nº 12, Portugália Editora, Lisboa. FERREIRA, Ana, Relatório Final de Estágio de Conservação e Restauro de Estuques Decorativos – Capela da FRESS. Coordenação de Hugo Pinhão e Marta Frade, CET de Conservação e Restauro de Estuques Decorativos, IAO-FRESS, Lisboa, 2010. FÜLLER, Josef, (s/d.) Manual do Estucador e Formador. Colecção Biblioteca de Instrução Profissional, Dir. por Thomaz Bordallo Pinheiro. Lisboa: Librarias Aillaud e Bertrand. MIGUEL, Joaquim, Manual de Prevenção, Higiene e Segurança no Trabalho, Apresentação na disciplina de PHST I, Licenciatura em Conservação e Restauro, ESADFRESS, Lisboa, 2015. MONEREO, Carla Mariza, Fundamentos para uma proposta de musealização da Capela de Nossa Sr.ª das Mercês do Palácio Marques de Pombal em Oeiras, Dissertação em Museologia e Museografia da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2013. MUÑOZ VIÑAS, Salvador, Teoría Contemporánea de la Restauración, Editorial Sintesis, Madrid, 2004. ZENKL, Luísa, PINHEIRO, Miguel Reynolds, GOMEZ, Rafael, Restauro do Tecto da Capela do Palácio Castelo-Novo|Levantamento de Patologias e Proposta de Intervenção, Estágio CET em Conservação e Restauro de Madeiras e Mobiliário, IAOFRESS, ano lectivo 2009/2010.

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VISITAS DE ESTUDO Ainda no contexto da disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro III, foram feitas cinco visitas de estudo (passeio pela Baixa Pombalina, Casa do Alentejo, Museu da FRESS [e extradorso do Museu da FRESS], Oficinas da FRESS, Quinta do Bom Jardim), com o objectivo de contactar com obras de estuques decorativos de diferentes épocas e técnicas, e observação de diferentes patologias. Por se terem demonstrado de extrema importância à aprendizagem desta disciplina, serão abaixo exemplificados alguns dos casos identificados.

Figura I Criptoflorescência – Ourivesaria, Rua Garret. 5 de Novembro de 2016.

Figura II Estuque liso fissurado, r/c Rua Garret. 5 de Novembro de 2016.

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Figura III Técnicas de estuque: scaiola nas colunas. – Casa do Alentejo. 5 de Novembro de 2016.

Figura IV Sujidade do extradorso dos tectos do Museu de Artes Decorativas Portuguesas – FRESS. 14 de Dezembro de 2016.

Figura V Sais e fungos dos tectos e paredes do Museu de Artes Decorativas Portuguesas – FRESS. 14 de Dezembro de 2016.

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Figura VI Lacuna no tecto das oficinas da FRESS com entrada de água. 14 de Dezembro de 2016.

Figura VII Camadas excessivas de tinta plástica sobre estuques de baixo-relevo. – Quinta do Bom Jardim. 15 de Janeiro de 2017.

Figura VIII Presença de sais numa parede da casa da Quinta do Bom Jardim. Luz Rasante. 15 de Janeiro de 2017. 56

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ANEXOS

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1/3 58

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Mapeamento da distribuição de tarefas durante o semestre lectivo. Créditos: Beatriz Reis.

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v

Esquema do sistema de vigamento e fasquiado.

Esquema do sistema de fasquiado (perfil).

Esquema do sistema de fasquiado com argamassas (perfil).

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Cal apagada em pasta, utilizada para a massa de estuque. A cal apagada (hidróxido de cálcio), é um composto químico Ca(OH2) que é resultado de uma reação de óxido de cálcio com água. A solução aquosa é uma base relativamente forte e reage com violência com ácidos.

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