Considerações sobre a relação entre História e memória nos artigos de Ulpiano T. Bezerra de Meneses e Marta Gouveia de Oliveira Rovai.

July 22, 2017 | Autor: Anderson Faria | Categoria: História Oral, Memória social, Ditadura Brasileira
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ISES/ Faculdade Sumaré






Considerações sobre a relação entre História e memória nos artigos: "A História, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais", de Ulpiano T. Bezerra de Meneses e "Aprendendo a ouvir: a história oral testemunhal contra a indiferença", de Marta Gouveia de Oliveira Rovai.



Como parte das atividades relacionadas ao TCC do curso de História da Faculdade Sumaré, Campus Belém, sob orientação da Professora Helena Wakim Moreno.


Anderson Silveira Faria
R.A. 1311821 - 5º A/NM




São Paulo, 2015



Os dois textos escolhidos para comportar as referências ao trabalho ligam-se pela necessidade metodológica: o uso da história oral, suas peculiaridades e dificuldades, enfrentamentos e respostas que podem oferecer ao pesquisador que trabalhará na obtenção de maiores entendimentos a partir das investigações sobre as lembranças e memórias testemunhais.
O primeiro artigo foi escrito pelo professor Ulpiano T. Bezerra de Meneses, chamado "A História, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais", publicado em 1992 na revista do Instituto de Estudos Brasileiros. O artigo aborda os usos da memória como insumo para construção de um momento histórico, considerando a necessidade em depurar inicialmente o conceito de memória de classificações e denominações dispensáveis. O autor enumera cinco pontos principais que permeiam a problemática do uso da memória: quanto à possibilidade de resgate; o peso do passado que incide sobre o sujeito; a função do esquecimento como necessária para a continuidade das memórias, e demais estratégias que levam ao constante rememorar.
Pensar nestes aspectos inicialmente é considerar o próprio substrato a ser analisado, pois ao contrário de outros tipos de fontes, trabalhar a memória e as lembranças é trabalhar com a subjetividade. Conhecer as características basais que envolvem esse tipo de fonte é importante, pois acessar o testemunho vivo é trabalhar com um material fluido, constante e passivo de mudança em sua estrutura narrativa. Ao final do artigo o autor posiciona-se reticente quanto ao o enaltecimento da memória em detrimento da História para além de sua especificidade como objeto de estudo.
Pensando nas possibilidades em recorrer ao uso da memória como insumo, busquei maiores esclarecimentos em outro artigo, de autoria da professora Marta Gouveia de Oliveira Rovai chamado "Aprendendo a ouvir: a história oral testemunhal contra a indiferença".
Este segundo artigo sintetiza as ideias que o pesquisador interessado em buscar na história oral os recursos e materiais precisa ter para compor seu trabalho, ressaltando a importância em se "ouvir eticamente". Esse ouvir de forma comprometida com a história do outro não é o envolvimento emocional, mas o considerar respeitosamente a memória alheia, a memória que se dispõe diante do pesquisador para sua análise. A preocupação da autora é em reforçar essa importância diante de um quadro social geral de descrédito pela partilha de memórias e experiências, onde as relações entre sujeitos estão cada vez mais são interpoladas e protocolares graças a um processo de indiferença ativada. Essa indiferença, segundo os apontamentos feitos por Rovai, promove o distanciamento do interesse de grande parte da população por assuntos da historiografia nacional – como, por exemplo, as razões promotoras do Golpe Militar de 1964, temática que abordo em minhas pesquisas. A indiferença leva ao senso comum de que não se deve mexer em uma história já resolvida, sendo somente de interesse dos que participaram ativamente ou que foram atingidos pelas consequências do golpe.
O artigo de Meneses aponta para a necessidade em manter-se crítico nos usos da memória como fonte, algo que deve ser naturalmente reconhecido como uma postura historiográfica clássica, primordial ao pesquisador. Entretanto ao buscarmos por estes materiais, precisamos ter uma atitude flexível, diferente de uma análise a uma fonte "dura" como livros, documentos e demais. O artigo de Rovai aponta para um oposto onde as fontes testemunhais demandam cuidados que devem ser considerados pelo pesquisador previamente. A escolha destes dois artigos concorre aos propósitos ensejados na construção do trabalho, permeando não somente o tema, mas a subjetividade e a fluidez das fontes a serem utilizadas. A abordagem e a análise dispensada pelo pesquisador no trato com fontes orais devem reconhecer tais características, mas sem desprezar o teor metodológico necessário para sua conclusão.


Referências:
MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. "A História, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais", Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº 34, 1992, p. 9-24. Acesso em 10/4/15.
ROVAI, Marta Gouveia de O. "Aprendendo a ouvir: a história oral testemunhal contra a indiferença", Revista História Oral, v. 16, nº 2, 2013, p. 129-148. Acesso em 10/4/15.

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