Construcao da memoria historica entre o Antigo e o Moderno O Casarao UFF

May 22, 2017 | Autor: Rodrigo Turin | Categoria: Historia, Arquitetura e Urbanismo, Memoria
Share Embed


Descrição do Produto

O Casarão || UFF Jornal do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF

Construção da memória histórica entre o Antigo e o Moderno 14/08/2013 · por jornalocasarao · em Uncategorized. · Por Patrícia Fernandes Entrevista com o professor pós-doutor de História da UniRio, Rodrigo Turin (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do? metodo=apresentar&id=K4750148Z3). Ele é especialista em “Antigos e Modernos: diálogos sobre a escrita da História”. Professor, alguns frequentadores de cafés antigos (http://jornalocasarao.com/2013/08/14/casacave-o-cafe-pioneiro-no-centro-do-rio/) no Centro do Rio ressaltam a sensação de “suspensão no tempo” provocada pela arquitetura, tradição e história desses espaços (http://jornalocasarao.com/2013/08/14/corredor-cultural-do-centro-da-cidade-do-rio-dejaneiro/). Como funciona isso? Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que em muitos desses espaços é a própria materialidade do passado, tornado presente aos olhos do observador, que produz essa sensação de suspensão temporal. A arquitetura é capaz de gerar um efeito de distanciamento, na qual o indivíduo experimenta “tocar o passado”, literalmente, deslocando-se do seu presente; é uma sensação física, não apenas intelectual. A arquitetura é capaz de gerar um efeito de distanciamento, na qual o indivíduo experimenta “tocar o passado”

(https://jornalocasarao.files.wordpress.com/2013/08/cinelandia-1919.jpg)

Cinelândia, 1919. Imagem: Wikimedia Commons. Essa experiência depende, contudo, de pelos menos dois fatores: a) uma prática de conservação, que implica em preservar traços originais desses espaços e b) uma pré-disposição dos indivíduos a perceberem esses traços como signos de uma época, o que implica já possuir uma certa consciência histórica. O senhor já deu uma entrevista sobre a construção de espaços de memória no Centro do Rio, falando especificamente de espaços culturais, como os museus, que tem uma função de manutenção e, em alguns casos, resgate da memória e história da cidade. Pode nos falar, resumidamente, sobre esse processo? Os museus são instituições através das quais a sociedade seleciona e organiza determinados objetos, dotando-os de um valor especial, o qual não teriam em seu uso cotidiano. Quando um objeto é levado a um museu e exposto ele ganha um novo sentido, seja ele científico, artístico ou histórico. Com isso, a criação e a implementação dos museus representa um processo no qual a sociedade seleciona e organiza sua própria memória, elaborando um sentido ao seu passado e, no mesmo movimento, orientando valores de ação para o futuro. A sociedade, contudo, é ela própria histórica e constituída por grupos sociais distintos que lutam para definir quais os conteúdos e as formas dessa memória coletiva. Todos esses espaços culturais têm sua própria história, vinculados aos momentos nos quais foram criados e às suas sucessivas mudanças. A memória, assim, também é um espaço de lutas e conflitos sociais, sujeita a usos políticos. Todos esses espaços culturais têm sua própria história, vinculados aos momentos nos quais foram criados e às suas sucessivas mudanças.

(https://jornalocasarao.files.wordpress.com/2013/08/dia-de-gala-em-ruas-movimentadas-dorio-de-janeiro-1914.jpg) Dia de gala em ruas movimentadas do Rio de Janeiro, 1914. Imagem: Wikimedia Commons.

Um museu sempre diz mais do presente de uma sociedade do que propriamente de seu passado. Lutar pela preservação e pela democratização desses espaços é garantir que os grupos sociais possam se reconhecer como atores históricos, articulando uma relação viva entre passado, presente e futuro. Enquanto acadêmico na área de História, como o senhor observa a clara oposição entre antigo e moderno no Centro Histórico do Rio de Janeiro que se constitui de forma física (com casarões antigos e prédios ultramodernos) e psicológica (com a coexistência e, eventual substituição, entre esses espaços? Eu não afirmaria que a relação entre antigo e moderno se apresenta tão claramente como oposição. O modo como definimos e relacionamos o “antigo” e o “moderno” depende de uma série de fatores, implicando já uma percepção historicamente incorporada. Por exemplo, qual a diferença entre o “antigo” e o “velho”? O modo como estabelecemos os critérios para classificar um prédio, nesses termos, implica estabelecer valores que definem se ele será ou não preservado. Novamente, a questão é encontrar a boa medida nessa distribuição entre passado e futuro, entre antigo e moderno. E não há nenhuma fórmula para isso. Além disso, a coexistência entre prédios antigos e modernos pode ser percebida pelos indivíduos de maneiras distintas, seja como oposição e ruptura entre um “antes” e um “depois”, seja como complementaridade e continuidade de um sentido histórico de “progresso”. Um historiador e um corretor de imóveis certamente atribuiriam sentidos diversos a essas relações.

(https://jornalocasarao.files.wordpress.com/2013/08/avenida-central-no-rio-de-janeiro1912.jpg) Avenida Central no Rio de Janeiro, 1912. Imagem: Wikimedia Commons. Além disso, todas as sociedades convivem, simultaneamente, com o antigo e com o moderno. O contraste entre esses diferentes tempos é o que constitui e dá visibilidade a nossa própria historicidade; o fato de estarmos condenados a vivermos e experimentarmos, de algum modo, a

mudança. Entre esses pólos, devemos achar nosso lugar e constituir nosso presente. Novamente, a questão é encontrar a boa medida nessa distribuição entre passado e futuro, entre antigo e moderno. E não há nenhuma fórmula para isso. O risco dos excessos já foi apontado por muitos estudiosos: o de uma memória demasiada que nos impede de agir, como no conto de Borges, “Funes, el memorioso”; ou, então, um futuro tirânico que submete, em seu nome, o passado e o presente. Entre esses pólos, devemos achar nosso lugar e constituir nosso presente. Leia também: Cafés: estrelas de cinema (http://jornalocasarao.com/?p=2122&preview=true) Casa Cavê – o café p=2142&preview=true)

pioneiro

no

Centro

do

Rio

(http://jornalocasarao.com/?

Lá é pra curtir, pra relaxar e deixar a mente se acalmar (http://jornalocasarao.com/2013/08/14/la-e-pra-curtir-pra-relaxar-e-deixar-a-mente-seacalmar/) Confeitaria Manon: origem portuguesa à tradição espanhola (http://jornalocasarao.com/? p=2196&preview=true) Confeitaria Colombo: p=2188&preview=true)

um

século

de

histórias

(http://jornalocasarao.com/?

Anúncios

Uma resposta para “Construção da memória histórica entre o Antigo e o Moderno” 1. Pingback: Construção da memória histórica entre o Antigo e o Moderno | Jornalistando·

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.