Construindo uma rede de colaboração

June 4, 2017 | Autor: V. Fialho Capellini | Categoria: Colaboração, Construccion
Share Embed


Descrição do Produto

4

Construindo uma rede de colaboração Centro de Inclusão, Digital e Social - CPIDES/Unesp

Vera Lúcia Messias Fialho Capellini

N

a perspectiva da educação inclusiva, a escola é concebida como uma instituição de educação formal que, fundamentada na concepção de direitos humanos, combina igualdade e diferença como valores indissociáveis, avança na proposta de promover o desenvolvimento de todos os alunos atrelado à garantia da qualidade de ensino. Assim sendo, para atender especificamente aos alunos com deficiência, deve contar com apoio da educação especial, que neste novo paradigma passa por redefinição conceitual e assume papel preponderante neste processo, sobretudo como articuladora de uma rede de apoio. A educação especial é uma área do conhecimento e passa a ser concebida pela Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008) como sendo uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem de alunos com deficiência. [...] A dialética que se estabelece entre o professor da sala comum e o professor especializado deve ser evidente para ambos. Cabe ao último a competência para prover o serviço de apoio especializado ao aluno com deficiência. Portanto, é importante ficar atento e se, porventura, alguns professores da classe comum insistirem no círculo vicioso que historicamente existiu – professor especializado atendendo alunos com defasagem na aprendizagem, independentemente de terem ou não a deficiência, para tentar alfabetizá-los, visto que sua sala de recursos tinha um número menor de alunos –, a resposta deve ser NÃO! Logicamente que um não argumentado na legislação e na fundamentação teórica sobre o trabalho do atendimento educacional especializado, enfatizando que essa prática precisa ser extinta em nossas escolas, pois o Serviço de Apoio Pedagógico Especializado não é reforço escolar! Dentre o rol de atribuições que cabem ao professor especializado, uma delas é constituída pela função de colaborar na identificação das potencialidades dos alunos com deficiência, bem como suas necessidades educacionais especiais. Dessa forma, é importante observar e ficar atento, pois muitas vezes o aluno, em vez de não ser capaz de fazer determinada atividade, pode de fato não estar tendo acessibilidade para isto, daí a relevância das tecnologias assistivas. [...] Apenas a avaliação inicial do aluno com deficiência não é suficiente para acompanhar seu

desenvolvimento. É de suma importância a elaboração de registros do trabalho desenvolvido, sempre tendo como marco referencial a aprendizagem do aluno. A seleção do material didático a ser utilizado no acompanhamento e apoio ao desenvolvimento do aluno com deficiência [...] é outra tarefa que compete ao professor da educação especial. Alguns materiais podem ser produzidos pela equipe escolar. A construção da escola inclusiva é um projeto coletivo, que passa por uma reformulação do espaço escolar como um todo, desde espaço físico, dinâmica de sala de aula, passando pelo currículo, formas e critérios de avaliação. Acreditamos que só com a execução de um projeto político-pedagógico inclusivo é que caminharemos para a construção de uma escola inclusiva, pois acreditamos, assim como Vale (1995), que projeto é a capacidade humana de não aceitar a realidade como determinada e imutável e, em contrapartida, estabelecer alvos e metas que transformem o contexto numa realidade mais adequada aos fins e desejos humanos. Assim, o planejamento do professor da sala de recursos deve ter como parceira a equipe escolar e, a partir daí, se pensar em quais: as condições necessárias para o aluno acessar o conhecimento e para incentivar a interação do aluno com os instrumentos e signos mais avançados;

Política para o setor só se efetivará se cada um fizer sua parte: sociedade, sistemas educacionais, escolas e família

as atividades que partam do interesse dos alunos, que requeiram uma maior explicitação de temas ou conteúdos e a utilização mediadora de instrumentos ou equipamentos que favoreçam a sua apreensão; os mecanismos de colaboração com os professores da própria escola ou demais profissionais que porventura atendam o aluno; as orientações e a elaboração de material didático-pedagógico, ou a utilização de outros materiais a serem utilizados pelos alunos com deficiência na classe comum. No trabalho de apoio, a participação da família é imprescindível. Cabe também ao professor especializado conhecer os recursos disponíveis no município em que atua e, mais que isso, buscar possíveis parcerias, promover visitas educativas aos espaços públicos e oportunizar a vivência de situações nas quais os alunos possam desenvolver autonomia. [...] Por fim, uma política de educação inclusiva só se efetivará se cada um fizer sua parte: sociedade, sistemas educacionais, escolas e família! Referências BRASIL. MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. VALE, J. M. F. do. Projeto pedagógico como projeto coletivo. In Circuito Prograd: O projeto pedagógico de seu curso está sendo construído por você?. São Paulo: Pró-Reitoria de Graduação, Unesp, 1995. Vera Lúcia Messias Fialho Capellini é professora do Departamento de Educação e do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.