CONSTRUÇÕES REFLEXIVAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

June 8, 2017 | Autor: Rafael Coelho | Categoria: Cognitive Grammar, Middle Voice, Body care verbs, Portuguese clitic se
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CONSTRUÇÕES REFLEXIVAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Rafael Ferreira Coelho ([email protected])
(Mestre em Linguística pela Universidade de São Paulo)


RESUMO: As construções prototipicamente reflexivas são aquelas que descrevem linguisticamente cuidados corporais (verbos de campos lexicais como WASH, SHAVE, BATHE e DRESS). Em construções desse tipo, o português brasileiro possui uma alternância semântica entre construções como se barbear e fazer a barba. Neste artigo, uma tipologia do domínio reflexivo é proposta de maneira que englobe essa segunda construção, produtiva no português brasileiro, mas não comum em outras línguas.

INTRODUÇÃO
Fenômenos correlacionados ao clítico se tem sido estudado por diferentes perspectivas, tanto no Brasil, como no exterior. No Brasil, os autores tratam do tema em correlação ao uso ou não desse clítico. Nesse artigo, pretendo definir o conceito de domínio reflexivo no português brasileiro (prototipicamente caracterizado como o grupo dos verbos de cuidados corporais), sob a perspectiva de uma tipologia semântica (a partir de conceitos propostos por dois autores da Linguística Cognitiva).
No item 1, são apresentadas as noções de domínios reflexivo e médio de Kemmer (1993a,b), de forma mais detalhada. No item 2, é apresentada a tipologia de transitividade de Talmy (2003a,b). A apresentação desses conceitos é importante porque eles fundamentarão a descrição de fenômenos observados em certas construções reflexivas do português brasileiro.
De acordo com Talmy (2003a,b), línguas como o inglês e o francês são diferentes tipologicamente, porque a primeira apresenta a expressão da reflexividade de forma intransitiva, enquanto que a segunda expressa a reflexividade de forma transitiva (aquilo que explica o uso obrigatório do clítico se). No item 3, proponho uma descrição do domínio reflexivo no português brasileiro a partir dessa tipologia.
O português do Brasil (como as românicas) prefere a expressão da reflexividade na forma transitiva, quando se observa a alternância com o clítico se. Entretanto, a partir de uma análise de frequência do Corpus Brasileiro (ver Bibliografia), foi verificada alguma produtividade de predicados verbais como "fazer a barba" ao invés de "se barbear".
De acordo com a hipótese aqui defendida, isso demonstra que o português brasileiro possui uma tendência de categorizar a construção mais básica desses verbos também marcados com o traço de reflexividade. Como veremos, em construções como essa, o português brasileiro apresenta características que o distanciam tipologicamente tanto do francês, como do inglês.
Finalmente, no item 4, a conclusão é que as línguas como o inglês, o francês e o português brasileiro são diferentes em razão da definição de traços de reflexividade e de transitividade, nas construções prototipicamente reflexivas dessas línguas.

OS CAMPOS SEMÂNTICOS UNIVERSAIS DOS DOMÍNIOS REFLEXIVO E MÉDIO.
Kemmer (1993a,b) propõe uma tipologia semanticamente baseada, em pesquisa que levou em consideração variadas línguas.
Para a autora, o clítico se das línguas românicas é um marcador de voz média que indica dois papeis semânticos de iniciador e ponto final, que se correferenciam, holisticamente, como uma única entidade (Kemmer 1993b:66). Ou pode funcionar como marcador de reflexividade propriamente dita, em que é indicado o fato inesperado de dois papéis semânticos serem atribuídos a uma única entidade.
Assim, na voz média, a correferência é natural, enquanto que, na voz reflexiva, a correferência é algo intrinsicamente significativa. A voz reflexiva é considerada como um tipo de predicação inesperado, porque o mais comum é conceber uma ação de um agente sobre um paciente não necessariamente contíguos. A seguinte alternância do português brasileiro exemplifica a classificação proposta pela autora.
a. Maria se penteou. (voz reflexiva)
b. Maria se preocupou. (voz média)
A predicação semântica de um verbo como preocupar é de um evento em que uma causa age contra um experienciador (A inflação preocupa Maria). Quando marcado com o clítico médio significa uma promoção do experienciador (A Maria se preocupa com a inflação). No caso de o verbo pentear (e outros de cuidados corporais), a atribuição de papéis semânticos é inesperado, porque há intrinsicamente uma relação de inalienabilidade (contiguidade) entre o agente e o paciente.
a. [ A Maria ]i penteou [ o cabelo ]i.
b. [ A Maria ]i penteou [ o cabelo da Patrícia ]j.
Como se observa, aquilo que é propriamente paciente na construção (correferente em a. e livre em b.) não é o todo de uma entidade, mas sim parte dessa entidade ("o cabelo").
Portanto, para Kemmer (1993b), a reflexividade está circunscrita aos verbos de cuidados com corpo, em que é selecionado na predicação, como paciente, uma parte afetada do próprio causador da ação.
É também observado que, mesmo em construções com o verbo pentear como "A Maria penteou a Patrícia", a parte da entidade, o cabelo de Patrícia, está pressuposto. Isso reforça a ideia de que, com verbos de cuidados com o corpo, aquilo que é predicado como argumento interno é uma parte inalienável de alguma entidade.
De fato, através de uma pesquisa interlinguística, Kemmer (1993b) demonstra que os verbos WASH, SHAVE, BATHE e DRESS são comumente interpretados nas línguas como performances de reflexivos. Assim, verbos com domínio lexical referente a cuidados corporais são definidos pela autora como uma categoria especial, distinta de outros verbos médios.
A diferença entre o domínio reflexivo e médio das línguas é também definido por Kemmer (1993b:73) como domínios em posições diferentes no continuum da predicação.
De um lado do continuum, existem os eventos que são caracterizados como possuindo apenas um participante, em que é, ao mesmo tempo, agente e paciente afetado, fisicamente e conceitualmente, sem qualquer distinção desses papéis semânticos. Um exemplo desse grupo é o verbo pular em frases como "O João pulou".
Eventos médios são de certa forma similares a esses verbos intransitivos como pular, com a diferença de que esses possuem um pequeno grau de diferenciação entre os papéis dos participantes.
No outro lado do continuum, existem dois participantes com papéis semânticos distintos, tanto conceitualmente como fisicamente, havendo, portanto, um alto grau de distinção entre o agente e o objeto afetado. Trata-se dos verbos tipicamente transitivos. Similarmente, nos eventos reflexivos, existem dois participantes individualizados, mas, entre eles, há uma relação inesperada de contiguidade física.
Esse tipo de análise é interessante, uma vez que propõe universais dos campos semânticos usualmente expressos por voz reflexiva, em diferentes línguas. Entretanto, enquanto levantamento geral de domínios semânticos não consegue captar as diferenças sintáticas entre as línguas, seja através do comportamento semântico do verbo na frase, seja através do comportamento sintático da combinação de determinadas formas.
Na próxima subseção, é apresentada a tipologia de Talmy (2003a,b) em que é levado em consideração a transitividade dos verbos reflexivos no inglês e no francês. Posteriormente, proporemos alguns fatos observados no português brasileiro a partir dessa tipologia.



A TIPOLOGIA DA TRANSITIVIDADE REFLEXIVA BÁSICA: O CASO DO FRANCÊS E DO INGLÊS
Conforme definição de Kemmer (1993a,b), apresentada anteriormente, o domínio reflexivo refere-se a verbos de cuidados corporais. No inglês, o verbo reflexivo típico comporta-se de forma intransitiva.
Talmy (2003b) propõe, para o inglês, dois tipos de verbos, com base no teste da lexicalização da reflexividade interna ao predicado da proposição. Somente aqueles que expressam lexicalmente a reflexividade no verbo são intrinsicamente interpretados como intransitivos.
a. I shaved (myself).
b. * I cut (OK myself).
Como podemos concluir, o verbo shave do inglês não precisa do marcador myself para ser interpretado como reflexivo. No caso do verbo cut não é bem formada a interpretação reflexiva sem a presença obrigatória desse marcador.
Isso significa que o verbo inglês shave possui uma estrutura mais básica intransitiva, enquanto que o verbo cut possui uma estrutura mais básica transitiva.
Esse fenômeno difere daquilo que se observa nas línguas românicas e seu típico clítico se (reflexivo, recíproco ou médio), uma vez que sua presença obrigatória significa uma estrutura mais básica também transitiva.
De fato, Talmy (2003b: 90) chama a atenção para o fato de que, em línguas como o francês, os verbos de cuidados corporais não compartilham essa propriedade semântica dos verbos do inglês.
Quadro 2: Diferença de construções reflexivas entre o Inglês e o Francês, baseado em Talmy (2003b).
Inglês
Francês
He shaved.
Se raser.
He washed.
Se laver.
He bathed.
Se baigner.
He dressed.
S'habiller.

Em inglês, verbos de cuidados corporais são expressos basicamente de forma intransitiva (He shaved). Portanto, essa língua exibe uma estruturação da valência mais básica do verbo em que a forma intransitiva e reflexiva é a menos marcada.
Em francês, diversamente, há a lexicalização desse tipo de verbo obrigatoriamente como transitivo. Na teoria do autor, isso ocorre porque, nessa língua, os verbos desse tipo são mais basicamente entendidos como transitivos, não correferenciais, portanto, de maneira que a expressão reflexiva deve ser obrigatoriamente a mais marcada.
Esquematicamente podemos propor a seguinte diferença entre o inglês e o francês quanto à tipologia de marcação semântica mais básica para verbos de cuidados corporais.

Inglês
Francês
Mais básico
I shaved
Je rasé Jean.
Menos básico
I shaved myself
Je me suis rasé.



Importante observar que, dentro do modelo da Semântica Cognitiva desenvolvido por Talmy (2003b), as construções com ou sem o uso do pronominal reflexivo não são consideradas exatamente iguais no inglês.
Para diferenciar uma construção da outra, o linguista propõe as seguintes representações ideacionais, reproduzidas no Quadro 3 a seguir.





Quadro 3: Diferenças ideacionais entre as construções com shave (Talmy 2003: p. 92-93)

I shaved him. b. I shaved myself. c. I shaved.
A diferença cognitiva entre as três construções está na noção de invólucro da transitividade (noção essa graficamente representada acima com um conjunto que envolve o agente da ação).
Se o evento descrito refere-se a uma ação que afeta uma entidade fora do invólucro, significa que a sentença será expressa transitivamente. Assim na representação ideacional em a., o invólucro representa que existem dois participantes na ação e a sentença é expressa na forma transitiva.
Particularmente para diferenciar a reflexividade alternante do verbo shave em b. e c., a noção de invólucro da transitividade é utilizada. Assim, em b., o reflexivo expresso por myself indica que a parte do corpo (o rosto ou a barba), que sofre a ação, é interpretado como um objeto afetado fora da esfera do agente e da ação. Sintaticamente, isso significa que existe uma relação de adjunção entre o verbo e o pronominal.
Já em c., ao contrário, a reflexividade intrínseca do verbo faz com que o agente, a ação e o objeto afetado sejam interpretados internamente ao invólucro ideacional. Nesse caso, a sintaxe do verbo é de natureza intransitiva.
VERBOS DE CUIDADOS COM O CORPO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO.
Nesta subseção, os verbos de cuidados corporais são caracterizados, tipologicamente, conforme a definição semântica de Kemmer (1993a,b), com fundamento, também, na proposta de diferenciação entre línguas como o inglês e o francês, de Talmy (2003a,b).
Os verbos de cuidados corporais em português brasileiro possuem as mesmas características do francês, quando alternantes no uso com o clítico se.
a. Eu me [-barbeei/-penteei/-lavei/-banhei/-vesti].
b. * Eu [barbeei/penteei/lavei/banhei/vesti]verbo intransitivo.
A princípio, verbos de cuidados corporais em português brasileiro possuem como estrutura mais básica a transitividade. Isso explica a má-formação em b. quando os verbos são forçosamente expressados como intransitivos.
Entretanto, é notável que, nos verbos de cuidados corporais do português brasileiro, há uma certa tendência de expressá-los como formas transitivas em que a semântica lexical de cuidado corporal não é expressada somente no verbo, mas através da combinação do verbo com um objeto direto de semântica específica.
a. Eu lavei o corpo.
b. Eu penteei o cabelo.
c. Eu vesti a roupa.
d. Eu tomei banho.
e. Eu fiz a barba.
As construções acima são produtivas em português brasileiro. Nelas, a combinação de um verbo da categoria alvo (pentear, lavar e vestir) ou de um verbo leve (fazer ou tomar), com objetos correlacionados aos cuidados corporais e/ou à parte do/no corpo, são interpretadas também como reflexivas.
Realmente, em busca realizada no Corpus Brasileiro foi verificada uma grande produtividade dessas construções, sendo que, em alguns casos, a forma do predicado com o objeto direto é mais frequente do que o uso da forma verbal com o clítico se.
Tabela 1: Frequência dos verbos de cuidados corporais com clítico se em contraste com construções do tipo [ V0 [ [N +CORPO]] no Corpus Brasileiro.
Construções
No. Ocorr.
%
se pentear
73
69%
pentear o cabelo
13
12%
fazer o cabelo
14
13%
fazer o penteado
6
6%
totais (=)
106
100%
 

 
se barbear
78
58%
barbear a barba
0
0%
fazer a barba
56
42%
totais (=)
134
100%
 

 
se lavar
373
10%
se banhar
380
10%
tomar banho
2872
79%
lavar o corpo
5
0%
banhar o corpo
0
0%
totais (=)
3630
100%
 

 
se vestir
3006
66%
vestir a vestimenta
1
0%
vestir a roupa
500
11%
usar a roupa
988
22%
botar a roupa
15
0%
colocar a roupa
42
1%
totais (=)
4552
100%

Na tabela 1, é notável que construções como tomar banho são muito mais frequentes do que suas paráfrases com o clítico se. Enquanto que, em comparação com as alternâncias perifrásticas com os verbos pentear e vestir, a frequência é maior com o clítico.
Entretanto, não nos interessa aqui a análise de frequências em si, mas atestar a produtividade dessas construções no português brasileiro e sua caracterização, através de uma análise de corpora.
Numa análise, é observado que, nos exemplos de a. a c., em (6) acima, a classificação do português brasileiro como uma língua com predicação mais básica do tipo transitivo é vislumbrada. Entretanto, com relação aos exemplos em d. e e., também em (6), em que a interpretação reflexiva das construções são somente possíveis com a combinação dos verbos leves com seus objetos referentes à categoria alvo (de cuidados corporais), a sua classificação quanto a transitividade não é tão facilmente caracterizada.
No caso dos verbos leves, existe, enquanto representação ideacional, uma certa noção de intransitividade no invólucro cognitivo. Ou seja, como os verbos leves precisam de seu objeto para a construção possuir uma interpretação semântica plena, elas possuem características próprias das construções intransitivas.
No caso das representações ideacionais de Talmy, no Quadro 3 acima, teríamos os seguintes paralelos com "fazer a barba" do português brasileiro.
a. Eu fiz a barba do João. (=) I shaved John.
b. Eu fiz a minha barba. (=) I shaved myself.
c. Eu fiz a barba. (=) I shaved.
Contudo, ao contrário do inglês, que realmente possui a característica de possuir verbos de cuidados corporais tipicamente intransitivos, em português brasileiro, essa intransitividade é somente ideacional, uma vez que, sintaticamente, a construção é realizada de forma transitiva entre um verbo e um nominal inalienável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RUMOS DA PESQUISA
Kemmer (1983a,b) define o domínio reflexivo como um campo semântico à parte do domínio médio. O domínio reflexivo é caracterizado, basicamente, pelo campo semântico de cuidados corporais (WASH, SHAVE, BATHE e DRESS).
A partir dos conceitos da teoria de Talmy (2003a,b), propus, neste artigo, que as diferenças tipológicas entre o inglês, o francês e o português brasileiro (com relação à estrutura desses verbos de cuidados corporais) são fundamentadas na análise do seguinte esquema comparativo.

Inglês
Francês
Português Brasileiro
mais básico
I shaved
Je rasé Jean
Eu fiz a barba
menos básico
I shaved myself
Je me suis rasé
Eu fiz a barba do João



No português brasileiro, quando o clítico reflexivo é expressado, há uma alternância entre estrutura mais básica e outra mais marcada, semelhantemente àquela proposta por Talmy (2003a,b) para o francês.
Entretanto, no português brasileiro, existe a produtividade das construções de verbo suporte, em que a versão mais básica expressa reflexividade, diferentemente do tipo românico. O português brasileiro é diferente também nesse aspecto do inglês, uma vez que a forma verbal mais básica reflexiva daquela língua é sintaticamente transitiva.
A seguir, destaco os traços de reflexividade e transitividade verbal nas estruturas mais básicas das línguas aqui estudadas.
Tipologia da distribuição de traços nas construções mais básicas com verbos de cuidados corporais.

Francês
Inglês
Port.Bras.
reflexividade
-
+
+
transitividade
+
-
+

A representação acima desses traços, distribuídos entre línguas, sugere que o português brasileiro exibe uma estrutura mais marcada, quando se refere à noção de distinção entre os participantes da ação, com esse tipo de verbo.
a. [O João]i penteou [o cabelo]i,*j.
b. [O João]i penteou [o cabelo dele]i,j.
A agramaticalidade do índice j em (a) está no fato de que a sentença não permite uma leitura não reflexiva, uma vez que se trata de uma forma mais básica.
Como hipótese, defendo que a produtividade de construções com verbos leves, seguidos de nominais inalienáveis, é caracteristicamente um fenômeno do português brasileiro e o diferencia do francês e do inglês, em relação a construções reflexivas mais básicas.
O próximo passo da pesquisa é aprofundar essas noções a partir da análise de alguns verbos do domínio médio, proposto por Kemmer (1993a,b). O objetivo desse aprofundamento é verificar até que ponto o domínio médio comporta-se similarmente ou diferentemente ao domínio reflexivo, no português brasileiro.
Bibliografia
Corpus Brasileiro - coletânea de aproximadamente um bilhão de palavras de português brasileiro, resultado de projeto coordenado por Tony Berber Sardinha, (GELC, LAEL, Cepril, PUCSP), com financiamento da Fapesp. Disponível em: http://www.linguateca.pt/ACDC/
KEMMER, S., 1993a. 'Middle voice, transitivity and the elaboration of events'. IN: Fox, B. and Hopper, P. J. (eds) Voice, form and function. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins Publishing Company p. 179-230.
KEMMER, S., 1993b. The middle voice. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins.
TALMY, L., 2003a. Toward a Cognitive Semantics. Volume I: Concept Structuring Systems. Cambridge, Massachusetts, London: The MIT Press.
TALMY, L., 2003b. Toward a Cognitive Semantics. Volume II: Typological and Process in Concept Structuring. Cambridge, Massachusetts, London: The MIT Press.


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