Consumo de Música na Era Digital: A recepção do streaming no Brasil

June 29, 2017 | Autor: Diobert Souza | Categoria: Cultural Studies, Music, Music Industry, Cultural Industry, Digital Age, Streaming Music
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Centro Universitário UNA Diobert Junio Nascimento de Souza

O Consumo de Música na Era Digital: A recepção do streaming no Brasil

Belo Horizonte 2015

Diobert Junio Nascimento de Souza

O Consumo de Música na Era Digital: A recepção do streaming no Brasil

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito de avaliação do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário UNA para obtenção do título de bacharel em Publicidade e Propaganda.

Professor Orientador: Marina Gazire Lemos

Belo Horizonte 2015 2

"Eu era destemida, como uma renegada. Eu tinha um feeling que eu não posso explicar. Eu não ouvi o que as pessoas disseram (...) Eu era constante como uma estrela do norte.

Eu

tinha

um

fogo

queimando em meu coração e eu nunca desisti lutando no escuro. Vim, vi e venci." Madonna

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ABSTRACT

The digital age and later the arrival of Web 2.0 are two events that mark the arrival of innovative technologies and new behaviors to society. Accompanying these new trends , the global music industry has gone through several transformations , the arrival of LPs to the big excitement caused by CDs. When the Web 2.0 imposes a new way of producing and consuming online content, encouraging data sharing through peer-to-peer networks, the illegal use of copyrighted content grows. On this way the entertainment industry , particularly the music industry , are forced to rethink their activities creatively to find the way out to the already inevitable crisis. Arise then, in parallel with other efforts, the musical streaming services , which offer the music industry a chance to continue their activities , becoming a major source of revenue and an important ally in the fight against piracy.

Keywords: Digital Age; Web 2.0 ; Musical Streaming; Musical Industry

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RESUMO

A era digital e, posteriormente, a chegada da Web 2.0 são dois eventos que marcam a chegada de tecnologias inovadoras e novos comportamentos ao cotidiano da sociedade. Acompanhando estes novos modismos, a indústria musical mundial passou por diversas transformações, da chegada dos LPs ao frenesi causado pelos CDs. Quando a Web 2.0 impõe uma nova forma de produzir e consumir conteúdo online, fometando o compartilhamento de dados através de redes peer-to-peer, o consumo ilegal de conteúdos protegidos por direitos autorais cresce. Sendo assim, a indústria do entretenimento, sobretudo a indústria musical, são forçadas a repensar suas atividades de forma criativa para encontrar a saída para a já inevitável crise. Surgem então, em paralelo com outros esforços, os serviços de streaming musical, que oferecem a indústria da música uma chance para continuar suas atividades, tornando-se uma grande fonte de receita e uma aliada importante na luta contra a pirataria.

Palavras-chave: Era Digital; Web 2.0; Streaming Musical; Indústria Musical

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 Fórmula de Cálculo Amostral. Fonte .................................................................. 31 FIGURA 02 Gráfico „Dispositivos mais utilizados.................................................................. 32 FIGURA 03 Gráfico „Fonte de acesso à internet mais utilizada durante o dia‟ ....................... 33 FIGURA 04 Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao abrir sites e/ou redes sociais‟ ....... 35 FIGURA 05 Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao assistir vídeos online‟................... 35 FIGURA 06 Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao ouvir músicas online‟ ................... 36 FIGURA 07 Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao fazer downloads‟ .......................... 36 FIGURA 08 Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao fazer uploads‟ ............................... 37 FIGURA 09 Gráfico „Uso de mídias de armazenamento digital de música‟ ........................... 38 FIGURA 10 Gráfico „Fontes de consumo de música online‟ .................................................. 38 FIGURA 11 Gráfico „Penetração dos Serviços de Streaming de Música no Brasil‟ ............... 39 FIGURA 12 Gráfico „Popularidade dos maiores streaming de música no Brasil‟ ................... 40 FIGURA 13 Gráfico „Experiência de uso agradável‟ .............................................................. 41 FIGURA 14 Gráfico „Relevância do preço na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟ 42 FIGURA 15 Gráfico „Relevância do volume de músicas disponibilizadas na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟............................................................................................ 43 FIGURA 16 Gráfico „Relevância da qualidade do áudio na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟ ........................................................................................................................ 43 FIGURA 17 Gráfico „Relevância do lucro do artista na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟ ........................................................................................................................ 44 FIGURA 18 Gráfico „Relevância do conteúdo exclusivo na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟ ........................................................................................................................ 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 1.1 Problema E Problemática ................................................................................................. 12 1.1.1 Pergunta geral ................................................................................................................ 12 1.1.2 Perguntas específicas ..................................................................................................... 12 1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 12 1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 12 1.2.1 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13 1.2 Justificativa ........................................................................................................................ 13 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 14 2.1 Era Digital ......................................................................................................................... 14 2.1.2 Web 2.0 .......................................................................................................................... 17 2.1.3 Cultura Digital .............................................................................................................. 20 2.1.4 A Criação Artística na Era Digital............................................................................... 21 2.1.5 A Indústria Musical na Era Digital ............................................................................. 23 2.1.5.1 Música Digital na Era Digital ....................................................................................... 25 2.1.6 Streaming ....................................................................................................................... 27 2.1.6.1 Serviços de streaming musical no Brasil ...................................................................... 28 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 30 3.1 Objeto Empírico e Corpus de análise ............................................................................. 32 3.1.1 Os dispositivos mais utilizados ....................................................................................... 32 3.1.2 Fonte de acesso à internet mais utilizada durante o dia ................................................... 33 3.1.3 Classificação da qualidade da conexão à internet ao realizar atividades diversas .......... 34 3.1.4 Armazenamento digital de músicas ................................................................................. 38 3.1.5 Fontes de consumo de música online .............................................................................. 38 3.1.6 Penetração dos Serviços de Streaming de Música no Brasil ........................................... 39 3.1.7 Motivações começar a utilizar o streaming de música .................................................... 40 3.1.8 Popularidade dos maiores serviços de streaming musical no Brasil ............................... 40 3.1.9 Spotify, o campeão em experiência de usuário no Brasil ................................................ 41 3.1.10 Fatores que influenciam na decisão de aquisição de uma assinatura paga .................... 42 3.1.11 Vantagens na utilização do streaming ........................................................................... 45 3.1.12 Desvantagens na utilização do streaming ...................................................................... 46 7

SUMÁRIO

3.2 Cronograma ...................................................................................................................... 46 4 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO O streaming é uma tecnologia que nasceu na década de 1990 e passou por diversas transformações desde então. Sendo um dos principais produtos na Era Digital, o streaming vive uma transição mercadológica, deixando de ser apenas uma ferramenta para se tornar um modelo de negócios que já movimentou bilhões de dólares no último ano, ao redor do globo. No Brasil, essa tecnologia começa a ganhar espaço a partir da chegada do YouTube e, anos mais tarde, está disponível em serviços que vão de música à games. O streaming como modelo de negócio representa o início de um novo capítulo na história da produção multimídia e na maneira como as pessoas se conectam a este conteúdo. A Web 2.0, que em suma representa a chegada da interação entre usuário e conteúdo, também tem uma importante função na disseminação desta tecnologia, pois é ela quem apresenta aos usuários a possibilidade de criar seu próprio conteúdo, pavimentando o caminho para que serviços como o YouTube se tornassem realidade. Contudo, a Web 2.0 energizou uma grande inimiga daqueles que acreditam piamente na questão da autoria original: a pirataria. De um modo geral, algumas pessoas sempre procuraram métodos alternativos que facilitassem o acesso a determinado conteúdo, sem pagar por ele. A chegada da Web 2.0 potencializa esta prática, que foi ganhando cada vez mais espaço no âmbito digital. O poder de acessar diversos conteúdos através dos compartilhamentos, utilizando as redes peer-to-peer, por exemplo, fez com que a pirataria se tornasse um grande obstáculo, que cresceria cada vez mais. E todo esse acesso ilegal a conteúdos protegidos por direito autoral trouxe uma crise a indústria de entretenimento no geral, mas afetou principalmente as atividades da indústria musical, que experimentara quedas de vendas ano após ano. A música, na era digital, não está mais presa a um suporte e pode coexistir em qualquer dispositivo conectado a rede, for free. Sendo assim, os esforços para vender CDs, por exemplo, deixaram de fazer sentido ao usuário, que parte do principio de que se é possível acessar a música gratuitamente, por que pagar por ela? Inevitavelmente, a medida em que o acesso a internet cresce, as vendas de música caem, em uma equação inversamente proporcional que coloca em xeque as atividades da indústria musical. Percebendo que o volume de vendas de CDs estava cada vez menor, a empresa Apple une-se aos grandes selos da indústria musical mundial para criar, em 2007, a primeira loja de música online do mundo, a iTunes Store. A grande estratégia por trás deste lançamento está em uma necessidade que a própria empresa percebeu. Até então, não havia a possibilidade de 9

comprar apenas uma música. Se um consumidor X quisesse adquirir determinada música, ele deveria adquirir todo o álbum, pagando um valor relativamente alto, se levar em consideração que está pagando aquilo por uma música apenas. Já para aqueles que tinham se convertido à pirataria online, o grande desafio era o de encontrar arquivos de som com uma boa qualidade de áudio, pois não havia – e ainda não há - um controle de qualidade nesses arquivos. A Apple, então, cria uma loja online que não só permite adquirir apenas uma música (também conhecida como single), como também cria um padrão de qualidade para as músicas. Este padrão foi criado levando em consideração a experiência de reprodução nos mais variados dispostivos de áudio. A chegada da iTunes Store redefiniu a maneira de se consumir música e forneceu fôlego a indúistria musical mundial. Embora a iTunes Store tenha apresentado uma alternativa aos downloads ilegais, o fato é que a loja não foi capaz de neutralizar a pirataria. Antes disso, porém, em 2006 o Google, uma das maiores empresas em tecnologia da informação, anunciou a compra do YouTube e uma nova mudança acontece na indústria musical. O site YouTube existia desde 2005 e sua função principal, na época, era permitir que usuários ao redor do mundo compartilhassem com vídeos de produção própria. Sob o extinto slogan „Broadcast Yourself‟ (Transmita a si mesmo, em tradução livre), o serviço convidava os usuários a compartilharem, através de vídeos, um pouco do que eles viam do mundo. Mas o serviço tomou outros rumos. Ao passar do tempo, os usuários começaram a disponibilizar videoclipes e até mesmo músicas, através de slides de imagens e o YouTube começou a se tornar, mesmo que involuntariamente, um grande centro de consumo de música, principalmente. Os selos musicais bem que tentaram, mas foi impossível remover do site todo o conteúdo disponibilizado ilegalmente. O vídeo era removido em um dia e no outro retornava a rede. Após a aquisição realizada pelo Google, os principais selos da música mundial se reuniram para criar o Vevo, um selo digital pensado para o YouTube. O Vevo representa um acordo entre as gravadoras e YouTube, onde os artistas passam a ter um canal oficial e licensiado pelas gravadoras dentro do site. Aos poucos, após a chegada do Vevo, o YouTube finalmente se posicionou como distribuidor de música na internet, cujo novo slogan é „The latest and greatest music videos, trends and channels‟ (Os mais recentes e maiores videoclipes, tendênciais e canais). Para viabilizar esta parceria, o YouTube divide com as gravadoras parte da receita gerada por publicidade nos canais destes artistas, agregando uma nova fonte de receita as gravadoras. Mas os royalties gerados com esta transação ainda não eram capazes de 10

compensar, junto com as vendas de música em lojas digitais e físicas, os prejuízos trazidos pela pirataria com o auxílio das redes peer-to-peer. O streaming ganhou força com o YouTube e apresentou ao mundo as possibilidades desta ferramenta. Pouco tempo após as mudanças apresentadas pela nova empresa do Google, as empresas começavam a introduzir os usuários aos primeiros serviços de streaming de música, como Deezer e Spotify, que em suma são versões melhoradas de sites que no passado já apresentavam funcionalidades similares (Napster e Pandora, por exemplo). Estes serviços nasceram exclusivamente para a música através de acordos feitos com as gravadoras. Neste novo modelo de negócio, os usuários pagam um valor mensal de R$ 14,90 (no Brasil) - preço médio de um disco - e tem acesso a milhões de músicas disponíveis nas imensas bibliotecas destes serviços. Além disso, existe uma modalidade gratuita, onde o usuário também pode se cadastrar nos sites e acessar todo o conteúdo, mas diferente dos usários premium, estes usuários são expostos a publicidade constantemente. No Brasil, atualmente, existem quatro grandes serviços de streaming, Rdio, Deezer, Spotify e Google Play Music. Além destes, há também o Pleimo, um serviço de streaming de música brasileiro, lançado em 2014. O crescimento do acesso à internet no Brasil e a expansão rápida dos smartphones, fazem do país uma terra fértil para a disseminação desta tecnologia. O Spotify, por exemplo, coleciona sozinho cerca de 60 milhões de usuários (15 milhões de usuários premium e 45 milhões de usuários free), a empresa está no Brasil há apenas 01 ano. Este modelo de negócio apresenta, pela primeira vez, um concorrente de peso para a pirataria no Brasil e no mundo. Este trabalho constitui, a priori, um modelo de pesquisa que no futuro será aplicado em âmbito nacional. A pesquisa teve como objetivo analisar o cenário do streaming musical no Brasil, coletando dados em redes sociais no território de Belo Horizonte. Para isso, criou-se um formulário de pesquisa versátil que pudesse identificar as motivações para consumir música via streaming, a qualidade da internet ofertada no Brasil, entre outras variáveis. Os resultados atuam como um diagnóstico deste novo e inovador modelo de negócio que cresce cada vez mais no Brasil. Estima-se que em 2015, os royalties gerados pelos serviços de streaming serão capazes de compensar as baixas vendas de CDs, por exemplo. A indústria musical apoia-se a essa possibilidade e vê no streaming um grande aliado na luta à pirataria

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1.1 Problema E Problemática: Após realizar uma breve pesquisa bibliográfica, identificou-se a necessidade de compreender o comportamento do consumidor de música atualmente. A fragmentação das fontes de consumo e o surgimento de novos meios promoveu uma mudança na maneira como o consumidor interage com os produtos da indústria musical. Hoje esta interação acontece tanto no meio digital quanto no meio físico. Sendo assim, tentarei responder as seguintes perguntas:

1.1.1 Pergunta geral: Como se caracteriza o consumo de música por streaming no Brasil atualmente?

1.1.2 Perguntas específicas: a) Qual é o perfil do consumidor que consome música por streaming? b) Quais as são as motivações para assinar um serviço de streaming? c) Qual variável determina a preferência por algum tipo de serviço de streaming? d) Quais são as vantagens e desvantagens do consumo de música por streaming na visão do consumidor?

1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral da pesquisa é conhecer o perfil e as motivações de compra dos consumidores de música por streaming no Brasil. Sendo assim, a pesquisa pode auxiliar os criadores de conteúdo, artistas e demais pessoas ligadas a indústria da música, oferecendo um ponto de referência para a criação de soluções assertivas, embasadas à pesquisa e aos perfis de consumo identificados através dela, para impulsionar as vendas, principalmente por meio do aprimoramento dos processos de publicidade e propaganda do mercado musical. 12

1.2.2 Objetivos Específicos 1) Conhecer o atual perfil da indústria musical: como ela se organiza em termos de produção, distribuição e consumo; 2) Compreender o comportamento do consumidor de música, analisando sua trajetória que culmina na assinatura de um serviço de streaming. 3) Entender o impacto do streaming no consumo de música;

1.3 Justificativa A indústria da música causa fascínio por sua capacidade de se reinventar ao longo das décadas. E por isso, talvez, seja difícil imaginar uma vida sem música. O interesse em desenvolver esta pesquisa nasceu no momento em que a indústria musical luta para encontrar uma maneira de sobreviver à cultura digital. A fragmentação proporcionada pelos novos meios de consumo de música ocasionou uma queda brusca no volume de vendas de música. A indústria da música vem criando algumas estratégias para impulsionar o mercado, mas as vendas (digitais e físicas) vêm caindo ano após ano. A revista Billboard afirma que “a receita gerada pela indústria da música em 2013 recuou 3.9% para U$15 bilhões, abaixo dos U$ 15.6 bilhões arrecadados no ano anterior."¹ (SMIRKE, 2014)1. No Brasil, assim como no restante do mundo, o streaming musical vem ganhando cada vez mais espaço no cotidiano dos internautas. Este modelo de negócio apresenta ao usuário a oportunidade de consumir música gratuitamente, como no Spotify, por exemplo, e legal, visto que todo o seu conteúdo é disponibilizado através de acordo com gravadoras. Outro fator interessante é o crescimento exponencial no acesso à internet no Brasil, que é uma ferramenta essencial para as atividades do streaming.

1 Tradução do fragmento do texto original: "Trade revenue generated by the global recorded music industry in 2013 fell by 3.9% to $15.0 billion, down from $15.6 billion the previous year." , acessado em 06 de novembro de 2014

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Entender o comportamento e as motivações de compra do consumidor de música é crucial para a manutenção das atividades da indústria musical mundial. É possível ter uma perspectiva interessante da nova realidade do consumo de música se considerarmos que os "consumidores de música tinham que escolher entre comprar um CD ou baixar o álbum. Atualmente, graças ao nascimento dos serviços de música por streaming como Pandora e Spotify, a escolha está entre baixar música ou simplesmente ouvi-la online.” (IMAN, 2012)2 Para entender um pouco mais sobre esta nova fase do consumo de música, foi realizado um levantamento bibliográfico a fim de promover uma viagem profunda, verdadeira e fundamentada nas grandes revoluções pelas quais a indústria musical passou. Além disso, a proposta de pesquisa pode contribuir positivamente para entender a nova realidade do consumo de música.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 A Era Digital A criação de novas tecnologias esteve, quase sempre, aliada a grandes revoluções no comportamento e no pensamento de uma geração. De acordo com Lemos (2005), a era da informação (ou era digital), é caracterizada pela convergência tecnológica e pela informatização total das sociedades contemporâneas. Para além deste conceito de convergência, a era digital marca a chegada de um novo modelo de interação e comportamento, apresentando novos valores para a sociedade contemporânea. A era digital propõe uma reconfiguração de toda a matriz comportamental conhecida até então pela sociedade contemporânea e assim, dita novas tendências. Encontram-se no DNA deste novo sistema “processos vivos de articulação, processos políticos, sociais, que impactam nosso modo de vida, de construção e de formulação”. (BUCCI et. al, 2009, p. 35). O nascimento do sistema aqui chamado de Era Digital está intimamente ligado à chegada dos computadores digitais e ao nascimento internet. Partindo do contexto histórico, a II Guerra Mundial e a Guerra Fria foram eventos decisivos para a criação e expansão de novas 2 Tradução do fragmento do texto original: "music consumers had to choose between buying a CD or downloadind the album. Nowdays, thanks to rise of music-streaming services like Pandora and Spotify, that choice is becoming whether to download music or just stream it online." , acessado em 06 de novembro de 2014

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tecnologias digitais. Os computadores que hoje desempenham um papel fundamental na sociedade são bem diferentes e mais desenvolvidos que os dispositivos primitivos que inspiraram sua criação. Segundo Filho (2007), a partir da década de 1930 alguns cientistas iniciaram seus trabalhos com dispositivos de cálculo com algum tipo de sistema para controle. A necessidade de máquinas cada vez mais capacitadas alcançou o auge durante a II Guerra Mundial, pois na Inglaterra, ainda segundo Filho (2007), um grupo de talentos formado por cientistas e matemáticos reuniu-se para tentar criar uma máquina capaz de decodificar os códigos de guerra germânicos e assim, em 1943 construíram o primeiro computador digital eletrônico, o COLOSSUS. A criação do primeiro computador digital eletrônico foi um grande passo para o desenvolvimento dos dispositivos conhecidos hoje. Embora fosse primitivo e bem diferente dos multitarefas que figuram o dia a dia, o COLOSSUS foi o ponto de partida para a evolução dos computadores. Além disso, segundo Filho (2007), o COLOSSUS não foi desenvolvido como um computador de uso geral, mas sim para decodificar códigos de guerra. Todo o processo de criação do dispositivo foi feito como em segredo de estado, tendo o governo inglês revelado sua existência apenas nos anos 1970. Os computadores evoluíram, ano após ano, e na década de 1980, com as grandes revoluções na interface, design e usabilidade do computador e dos softwares, o Personal Computer (PC) finalmente se tornou uma realidade. Mas o processo de popularização dos computadores estendeu-se por mais alguns anos. As máquinas eram relativamente caras chegando a custar até U$ 10.000,00, o que não fazia do computador um objeto compatível com a realidade de muitas famílias. Por outro lado, mesmo com o preço elevado, os computadores começaram a assumir papéis importantes no cotidiano e, como consequência deste processo, o acesso a eles foi democratizado. “O barateamento do computador pessoal (...) promoveu uma radical democratização no acesso a novos meios de produção e de acesso ao conhecimento”. (LEMOS, 2005). Naqueles dias, o computador começava a ganhar espaço no ambiente doméstico e em paralelo, tem-se o desenvolvimento de um novo meio de troca de informações que mudaria o mundo para sempre, a Internet. Assim como o computador, a Internet, em sua forma mais primitiva, foi criada para finalidades militares, entre as décadas de 1950 e 1960. Com risco iminente de um ataque nuclear, os Estados Unidos perceberam a necessidade de criar um meio de comunicação que pudesse interligar laboratórios de pesquisa aos centros militares. 15

O nascimento da Internet está diretamente relacionado ao trabalho de peritos militares norte-americanos que desenvolveram a ARPANET, rede da Agência de Investigação de Projetos Avançados dos Estados Unidos, durante a disputa do poder mundial com a URSS. (...) O apoio financeiro do governo norte-americano através da pesquisa promovida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos por meio da ARPA - Administração dos Projetos de Pesquisa Avançada, já em 1968, foi o impulso para a implantação do sistema de informação em rede. (ABREU, 2009, p. 2)

Com o fim do conflito, a ARPAnet perde sua característica militar e começou a operar também dentro das universidades americanas. “Permitia um acesso livre aos professores e pesquisadores usuários desta tecnologia. A visão educacional das universidades compreendia a rede como uma possibilidade de difusão e de compartilhamento de informação” (ABREU, 2009, p. 2)3. Os potenciais do novo meio de comunicação atraíram cada vez mais usuários, culminando em uma explosão comercial nos anos seguintes, marcando definitivamente o inicio da Era Digital. Durante os anos que seguiram, a ARPAnet, que deste momento em diante é chamada de Net, foi evoluindo e se tornando cada vez mais acessível. A popularização do acesso a rede fez nascer o primeiro provedor de serviços comercias americano, o CompuServe. Os provedores foram os primeiros a enxergar o potencial comercial da rede, mas foi em um instituto europeu de pesquisa, segundo Abreu (2009)4 que Tim Berners-Lee, pesquisador inglês, desenhou a possibilidade de integrar seu computador numa rede mundial onde cada computador fosse um arquivo desta mesma rede, podendo ser acessado por qualquer computador. Nascia a World Wide Web, a internet como conhecemos hoje. A consolidação do modelo de conexão proposto por Berners-Lee marcou também a consolidação da Era Digital. De 1989 (ano em que a World Wide Web foi criada) para cá, os computadores evoluíram para acompanhar as novas demandas e tendências de consumo da sociedade, assim como a conexão ficou cada vez mais veloz. Agora o mundo vive um novo desafio, pois “o que está em jogo nesse começo de século XXI é o surgimento de uma nova fase da sociedade da informação, iniciada com a popularização da internet na década de 80”. (LEMOS, 2005, p. 01)3. O crescimento exponencial dos dispositivos digitais, da troca de informação on-line e da produção de conteúdo apresenta ao mundo uma nova fase da Era Digital. “Com o 3 http://www.bocc.ubi.pt/pag/abreu-karen-historia-e-usos-da-internet.pdf acesso em 23 abr 2015 4 http://www.bocc.ubi.pt/pag/abreu-karen-historia-e-usos-da-internet.pdf acesso em 23 abr 2015

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desenvolvimento da computação móvel e das novas tecnologias nômades (laptops, palms, celulares), o que está em marcha é a fase da computação ubíqua, pervasiva e senciente, insistindo na mobilidade.” (LEMOS, 2005, p. 02)5. A conexão, atualmente, está presente em todo lugar permitindo que a conexão aconteça até mesmo no espaço urbano.

2.1.2 Web 2.0 Quando internet se estabelece, na década de 1990, várias empresas despertaram um grande interesse em investir no novo meio de comunicação. Segundo Tristão (2008)6 todos queriam, de alguma maneira, “estar” na Internet mesmo que sem um objetivo suficientemente claro para justificar a empreitada ou uma ideia empresas „ponto-com‟, companhias que confiaram no ciberespaço como central. Essas empresas existiam apenas no mundo digital, toda e qualquer ideia podia se tornar uma empresa „ponto-com‟, bastava executa-la online. Pouco tempo após o inicio das empresas „ponto-com‟, o mercado experimentara uma saturação como nunca vista antes. Assim como a Internet, as empresas „ponto-com‟ estavam por todos os lugares e o frenesi criado pela nova tecnologia elevou o valor das ações dessas empresas a altos níveis, tornando-as supervalorizadas. “Todos tinham (...) algum plano de negócio para constituir uma empresa ponto.com que tinha como principal objetivo abrir seu capital na bolsa de valores e, (...) deixar investidores e empreendedores milionários” (TRISTÃO, 2008, p. 26)7. Criou-se então o cenário perfeito para uma bolha econômica e, como já era de se esperar, no ano 2001, acontece o estouro desta bolha. Algumas companhias perderam mais de 90% de seu valor de mercado e deixaram de existir do dia para a noite. A crise havia chegado pela primeira vez a Internet e a principal preocupação foi fazer com que o novo meio não deixasse de existir. Com poucas empresas „ponto-com‟ em funcionamento, a Internet precisaria passar por um processo de reestruturação. Todo o fluxo e conteúdo deveriam ser repensados, a inovação era a única chance de vida para a „internet pósbolha‟.

5 http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/r1465-1.pdf acesso em 12 abr 2015 6 http://www2.dbd.pucrio.br/pergamum/tesesabertas/0610433_08_pretextual.pdf acesso em: 05 mar 2015 7 http://www2.dbd.pucrio.br/pergamum/tesesabertas/0610433_08_pretextual.pdf acesso em: 05 mar 2015

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O estouro da bolha das empresas ponto-com no outono de 2001 marcou uma virada na web. Muitos concluíram que a web tinha recebido uma publicidade exagerada quando, na realidade, bolhas e consequentes reorganizações parecem ser um traço comum a todas as revoluções tecnológicas. Tais crises tipicamente assinalam o momento em que uma tecnologia ascendente está pronta para assumir seu lugar no centro da ação. Impostores são eliminados, as histórias de verdadeiro sucesso mostram sua força e começa a haver uma compreensão sobre o que distingue um caso do outro. (O'REILY, 8 2005, p. 1)

A Web 2.0 nasce então da necessidade de reinvenção da Web, fomentada por uma discussão iniciada em um período anterior a crise e potencializada por ela. Segundo Auntoun (2014, p.4), a discussão sobre as transformações que seriam nomeadas de Web 2.0, por Tim O'Reilly (2005), foi iniciada pelo chamado Cluetrain Manifest9, que propôs uma conversa sobre a mudança na comunicação e nos negócios a partir do surgimento de um público auto organizado e participativo. Ainda de acordo com Auntoun (2014, p.4), o usuário estava cada vez mais exigente, capaz de interagir e se comunicar através da internet usando os mais diferentes tipos de dispositivos de comunicação. A crise desestabilizou muitas empresas e, de certa forma, criou um ultimato para a web. Em meio a desordem e ao pessimismo resultados do estouro da bolha, algumas empresas „ponto-com‟ ainda se mantinham de pé e não foi por acaso. Especialistas observaram que havia algum tipo de padrão nas empresas que sobreviveram a bolha Segundo O'Reilly (2005)10, o colapso ponto- com marcou uma espécie de virada e deu sentido a uma convocação chamada de Web 2.0. Foi proposto e desenvolvido um processo comparativo que tinha por objetivo identificar pontos comuns entre produtos, serviços e tecnologia de diversas categorias que melhor representassem os períodos de euforia pré-bolha.com e os de sensatez pósbolha.com (...) Dessa maneira, os três especialistas acreditavam ser possível entender o que as empresas que sobreviveram à crise tinham em comum com as que estavam surgindo e com isso chegar a um conjunto básico de características que pudessem auxiliar não só na identificação de verdadeiros representantes da Web 2.0, mas, principalmente, em um conjunto de princípios que, a partir daquele momento, seriam integrados, ou melhor, associados às já conhecidas regras de usabilidade e interação homem-computador para nortear o desenvolvimento de produtos e serviços web. (TRISTÃO, 2008, 11 p.29)

8 http://www.academia.edu/4096810/o_que_e_web_20 acesso em: 06 mai 2015 9 http://www.cluetrain.com/portuguese/ acesso em: 14 mai 2015 10 http://www.flaudizio.com.br/files/o-que-e-web-20.pdf acesso em 23 abr 2015 11 http://www2.dbd.pucrio.br/pergamum/tesesabertas/0610433_08_pretextual.pdf acesso em: 05 mar 2015

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A Web 2.0 caracteriza-se, principalmente, por uma nova forma de interagir na internet. O conteúdo que antes era produzido apenas pelas empresas e entidades 'ponto-com', agora é colaborativo, permitindo uma troca de conhecimento em todas as esferas da internet. Antoun (2014, p. 91), afirma que a Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações. O usuário deixa a função de apenas consumir e passa também a produzir conteúdos autorais e, com ajuda de ferramentas desenvolvidas especialmente para a Web 2.0 (YouTube, Blogger, Wordpress e etc.), este usuário pode compartilhar suas produções com o mundo. A descentralização do conteúdo na web trouxe consigo um novo olhar para as relações de emissor e receptor, que agora atuam juntos e em nível não hierárquico. A internet, na era da Web 2.0, aprende com seus usuários e assim ganha ainda mais importância e relevância no dia-a-dia da sociedade contemporânea. A nova organização de produção e consumo de conteúdo online trazida pela Web 2.0 foi fundamental também para a criação de serviços inovadores, como as redes sociais digitais e o compartilhamento em redes peer-to-peer (P2P). Segundo Antoun (2014, p. 38), a revolução nos meios de comunicação provocou uma mudança determinante na forma de interação entre os indivíduos, no modo como cada um poderia interagir e estar em contato com outros a seu redor. As primeiras redes sociais digitais apresentaram aos seus usuários uma nova forma de interagir com outras pessoas. Foram as redes sociais digitais que trouxeram a possibilidade de reunir pessoas com interesses em comum, criando comunidades, e, dentro delas, fóruns para discussões, incentivando o diálogo no ambiente online. "As redes digitais representam, hoje, um fator determinante para a compreensão da expansão de novas formas de redes sociais e da ampliação de capital social" (ANTOUN, 2014, p. 35). Além disso, as redes sociais incentivam e fomentam a colaboração entre os usuários. Enquanto as redes sociais digitais reúnem pessoas, os serviços de compartilhamento peer-to-peer (P2P) reuniam material cultural. Estes serviços, ainda em atividade na internet, são voltados para “troca de arquivos digitais, cada computador conectado à rede torna-se tanto “cliente” (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um “servidor” (oferta seus próprios arquivos para que outros possam “baixá-lo”). (PRIMO, 2007, p. 1). Os sistemas de compartilhamento peer-to-peer (P2P) são grandes aliados na disseminação de conteúdo multimídia na internet. A maior parte desde acervo, no entanto, é

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constituída por material protegido por direitos autorais, mas que transitam livremente no ambiente online, sem a autorização e/ou controle do detentor dos direitos. A consolidação da Web 2.0 aconteceu de maneira natural e agora "uma série de novas ferramentas e aplicações povoa a internet. Os blogs se multiplicam e crescem em importância como fonte de informação. As redes peer-to-peer se disseminam e a troca de arquivos tornase incontrolável" (ANTOUN, 2014, p. 13). As possibilidades são diversas e os usuários também.

2.1.3 Cultura Digital A cultura digital é, em uma definição mais limitada, o conjunto de transformações sociais e culturais trazidas pela chegada das redes digitais. “É a cultura que nasce no interior, e a partir da expansão das redes digitais, que faz uma recombinação muito importante, muito interessante da ciência com as artes e tudo o que permite que exista no meio desse processo”. (BUCCI et. al, p. 67). A sociedade experimenta, desde a chegada dos computadores digitais e da internet, uma vida cada vez mais conectada e em consequência disso, as percepções do ser humano em relação aos elementos do cotidiano sofreram uma mudança radical. Esta áurea de transformações tem grande influência da emergência das redes digitais, que conectam pessoas de uma maneira nunca experimentada antes. A cultura digital é uma recombinação de elementos, que tem como consequência o nascimento de um novo comportamento coletivo, uma nova maneira de se relacionar, consumir e conviver em grupo. As mudanças acontecem a todo o momento e, embora sutis, refletem os rumos de um novo mundo. Na era digital a comunicação é onipresente, as redes digitais permitem isso. Existe também uma troca intensa de informação e conhecimento: o usuário cria seu próprio conteúdo e pode compartilha-lo com o mundo a qualquer minuto, na mesma forma e intensidade em que consome conteúdos produzidos por terceiros. De acordo com Bucci et. al (2009), é interessante enxergar a cultura digital não só como um suporte, mas sim como a essência de todas estas transformações que fazem parte da cultura das redes, do compartilhamento, da criação coletiva e da convergência. Os debates, por exemplo, não estão mais presos as salas onde costumavam acontecer. As discussões agora foram para a rede graças a “possibilidade e uma interação que o digital traz, quebrando a 20

relação piramidal de poucos emissores para muitos receptores, que era a marca da comunicação do século XX”. (BUCCI et. al, 2009, p. 37). A sociedade contemporânea, assim como a cultura digital, está em constante mudança e aprende com ela mesma. A cultura digital é a concretização e a potencialização de uma sociedade conectada e inteligente que quer (e pode) consumir, mas, sobretudo quer produzir. A cultura digital emerge as vozes que antes não podiam se manifestar e que encontram no digital o suporte para seus ideais. As redes proporcionam também um intercâmbio cultural, pois conecta povos e nações 24 horas por dia, permitindo uma interação direta entre eles. Outro aspecto interessante envolvendo a cultura digital é a digitalização de produtos culturais como livros, filmes e músicas. Um exemplo disso é o site Pirate Bay, que permite baixar no computador filmes, seriados, músicas e etc. Tudo isso de forma gratuita e sem troca de informação pessoal. O usuário necessita apenas ter conexão à internet e um programa para baixar os arquivos disponíveis no catálogo do site. A oferta de produtos em rede experimenta um crescimento exponencial, pode-se encontrar, por exemplo, toda a obra de Shakespeare, Beethoven e Bah, tudo isso a um clique de distância. Essa é a era da conexão.

2.1.4 A Criação Artística na Era Digital A chegada da Era Digital trouxe consigo diversas possibilidades e contribuiu também para uma mudança significativa na criação artística. Novos suportes foram criados e como consequência, os processos criativos e a produção precisaram ser repensados. O artista na era digital abandona, de certo modo, a transformação da matéria-prima bruta em algo novo e começa a trabalhar com recombinações de materiais já existentes. De acordo com Bourriaud (2009), os artistas, a partir dos anos 1990, interpretam, reproduzem, reexpõem ou utilizam produtos culturais disponíveis. A sociedade na era da conexão consome bens culturais de uma maneira nunca vista antes. Essa digitalização cultural apresentou ao mundo uma nova maneira de se conectar a músicas, filmes e outros diversos conteúdos que sejam relevantes para o usuário em questão. O conteúdo transita livremente pela rede, sem barreiras, criando uma biblioteca de infinitas possibilidades: do consumo a criação de novos bens, partindo de obras já existentes. A era digital potencializou a capacidade de reprodução e mixagem. Nesta nova lógica usuários e 21

artistas ganham a possibilidade de mixar determinado produto cultural para em seguida apresenta-lo ao mundo como uma obra autoral. A este fenômeno atribui-se o nome de 'Cultura DJ‟ (BOURRIAUD, 2009). A criação artística na era digital é fragmentada, inspirada em criações anteriores. O imediatismo do mercado aliado aos desafios da criação artística, criaram um cenário onde a produção original é substituída por um método alternativo. Sendo assim, a Cultura DJ é muito mais que uma forma simplificada de criar, ela é um reflexo real das práticas do novo consumidor de música O consumidor em êxtase dos anos 1980 desaparece diante de um consumidor inteligente e potencialmente subversivo: o usuário das formas. A cultura DJ nega oposição binária entre enunciação do emissor e a participação do receptor, que esteve no centro de muitos debates sobre a arte moderna. O trabalho de um DJ consiste na concepção de um encadeamento em que as obras deslizam sobre as umas sobre as outras, representando ao mesmo temo um produto, um instrumento e um suporte (...). O produto pode servir para fazer uma obra, a obra pode voltar a ser um objeto: instaura-se uma rotação, determinada pelo uso dado às formas. (BOURRIAUD, 2009, p.41 e 42).

Os artistas não recorrem apenas à arte para se inspiraram. Os processos de criação hoje são versáteis o suficiente para flertar com questões que emergem em outros setores da sociedade. Este fenômeno é conhecido como tecnoarte. “É um fenômeno que se utiliza da metalinguagem digital, da capacidade de recombinação de arquivos, da capacidade de retrabalho de toda a produção simbólica. Então cada vez mais ciência, tecnologia e arte se juntam”. (BUCCI et. al, 2009 p. 67). A observação desses setores distintos pode ser um fator determinante para o sucesso dos produtos criados. A lógica da cultura DJ fica ainda mais clara quando entende-se que "toda indústria tem elevados custos fixos de produção, em contraposição a custos quase irrisórios para reprodução de uma obra" (NOGUEIRA, 2013, p. 10). Partindo deste principio não é errado pensar que produzir uma obra inteira, do zero, é um processo visivelmente mais caro que reproduzi-la e/ou mixa-la, apresentando uma nova versão do produto anterior ao mundo. Além disso, com a otimização dos processos de produção, o crescimento de produtos culturais acontece de maneira exponencial e a oferta nunca foi tão grande.

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Em suma, o novo modelo de criação artística é multilateral, mutável e feito de recombinações que vão para além da arte, trazendo as influências de outras áreas com o objetivo de criar produtos cada vez mais relevantes para um mercado cada vez mais exigente.

2.1.5 A Indústria Musical na Era Digital A música permeia a sociedade desde os tempos antigos, a Indústria Musical não. Para falar sobre a indústria musical é necessário entender que a música como forma de expressão artística está desvinculada da noção comercial vinculada a ela a partir do último século. A música é antes de tudo uma forma de expressão artística, capaz de cruzar barreiras sociais e geográficas. Para Lima e Santini (20--), a música é um produto social e simbólico de grande importância nas diferentes formações culturais. Nos tempos antigos a música era uma arte restrita, não haviam objetos ou dispositivos capazes de armazenar melodias, ou até mesmo expandi-las para além do ambiente onde fossem apresentadas pelos músicos. Era possível então imaginar uma pessoa que jamais tivesse escutado uma música, senão a produzida por ela mesma. Foi a partir do século XX em que a história da música mudou e que esta forma de arte ganhou de fato uma visão comercial. "A primeira etapa de ampliação universal do mundo da música foi iniciada com os registros de gravação sonora em discos de vinil e à transformação radiofônica. A música reproduzida mudou os processos de registro, difusão e consumo”. (LIMA; SANTINI, 20--, p. 2)12. O vinil é um divisor de águas na história da música, pois marca a chegada da era da reprodução, ou seja, a música não está presa ao ambiente ou aos músicos, ela agora está em um suporte maleável e pode ser executada a qualquer momento. A Indústria Musical começa então a ganhar aspectos mais parecidos com os conhecidos atualmente. A chegada do vinil promove uma mudança no processo de produção musical, criando um referencial comum entre os que fazem pertencem à indústria, pois O processo de produção industrial supõe a fabricação de bens culturais idênticos. Assim, a indústria fonográfica concentrou progressivamente a propriedade dos meios de produção e difusão, induzindo a uma forma hegemônica de consumo de música: a compra

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de discos de vinil com pouco mais de meia hora de música. (LIMA; 13 SANTINI, 20--, p. 2)

A partir da criação do vinil, a conquista de novas tecnologias digitais aprimorou ainda mais o processo de criação e distribuição musical. A segunda grande revolução na história da indústria musical contemporânea é a chegada do Compact-Disc, o CD. A chegada do Compact-Disc ao mercado musical aconteceu ainda na década de 1980. A consolidação deste novo suporte diminuiu os custos de produção e segundo Vicente (2010)14, permitiu um radical barateamento dos custos para gravação e prensagem do disco, bem como a multiplicação dos estúdios de gravação em todo o mundo. Ainda de acordo com Vicente (2010)15, surgimento do CD possibilitou o relançamento de praticamente todo o repertório de fonogramas acumulado pela indústria, garantindo grande lucratividade às empresas. A chegada deste novo suporte representou a consolidação da era digital pela indústria musical. O surgimento das tecnologias digitais cria condições para a música passar ser gravada através de computadores que transformaram o som numa sequência de bits, e assim surge o registro de música em Compact-Disc (CD). A expansão das tecnologias digitais facilita o armazenamento e a manipulação da informação digital. É a construção da rede interativa de computadores, e seu posterior crescimento e consolidação no mundo inteiro na década de 90, que permite a informação ser finalmente transmitida e recebida sem 16 depender de um suporte físico único. (LIMA; SANTINI p. 2)

A chegada dos CDs marcou também o início de uma grande crise na indústria musical. O novo suporte poderia ser facilmente reproduzido e esta característica marcou o inicio do fenômeno conhecido como pirataria. A pirataria, que em suma é a reprodução total ou parcial, comercial ou gratuita de um determinado produto sem autorização do detentor dos diretos autorais, foi potencializada na era digital. As cópias podiam ser feitas em qualquer computador com um leitor de CD, sem a necessidade de um software específico, pois já existiam recursos nativos de gravação nos sistemas operacionais que acompanhavam os dispositivos. Estas cópias começaram a ser vendidas em grande escala nos quatro cantos do mundo, a um preço relativamente baixo em relação às licenciadas. Embora diminuísse consideravelmente a margem de lucros das empresas, a pirataria ainda não representava um 13 http://www.rpbahia.com.br/biblioteca/pdf/ClovisMontenegroDeLimaRoseSantini.pdf acesso em: 24 abr 2015 14 http://www3.usp.br/rumores/pdf/rumores12_11.pdf acesso em 26 abr 2015 15 http://www3.usp.br/rumores/pdf/rumores12_11.pdf acesso em 26 abr 2015 16 http://www.rpbahia.com.br/biblioteca/pdf/ClovisMontenegroDeLimaRoseSantini.pdf acesso em: 24 abr 2015

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grande risco a indústria musical. Contudo a chegada de uma nova forma de consumo de música apresentaria a esta indústria uma queda de vendas como jamais vista antes.

2.1.5.1 Música Digital na Era Digital A expansão das redes digitais nos anos 1990 iniciou uma revolução no consumo de música. Até então, mesmo com a chegada do Compact-Disc (CD) à indústria musical, a música dependia de um suporte físico para ser reproduzida. Com a adesão cada vez maior da internet por parte dos consumidores, tornou-se necessário pensar em medidas que priorizassem a transmissão de música online. Porém arquitetura de rede da época não suportava o tráfego de grandes arquivos. A solução foi desenvolver um formato que pudesse compactar o tamanho dos arquivos de áudio sem comprometer a qualidade. Após diversas tentativas, os engenheiros finalmente encontraram um formato compatível com as necessidades imediatas de transmissão online, visando sempre a qualidade do áudio. Assim nasceu o MP3. O suporte MEPG 3, ou simplesmente MP3, surgiu em 1992 como uma das consequências do trabalho dos MPEGs (Moving Picture Experts Groups), criados em 1988 pela ISO (International Association of Standardization), em associação com a IEC (International Electrotechnical Commission), para definir novos padrões de digitalização de áudio e vídeo. O MP3 permitiu a digitalização de áudio em arquivos mais de dez vezes menores do que os obtidos com o WAV, o suporte anteriormente utilizado. A popularização de seu uso para a troca de arquivos musicais na internet ocorreu a partir de 1997, com a criação, por Justin Frankel, do Winamp, um software que reproduzia arquivos MP3 em ambiente Windows. (VICENTE, 2010 p. 14)

O MP3 promoveu o desprendimento da música a um suporte físico e se consolidou como o formato de áudio mais utilizado na Web. Esse fenômeno marca o início do declínio da indústria musical. Segundo Vicente (2010)17, o início do fracasso das empresas com compõe esta indústria aconteceu ainda na década de 1990. Os arquivos de áudio em MP3 começaram a transitar livremente no ambiente digital, sem qualquer barreira para impedir a reprodução não autorizada. As redes ficaram mais sofisticadas e com isso surgiram novas ferramentas, como as redes peer-to-peer, capazes de potencializar a disseminação deste conteúdo na internet.

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A popularização do acesso à internet, aliada à taxa alta de compreensão de arquivos de áudio - o MP3 - juntamente com a facilidade oferecida pelas redes de compartilhamento de arquivos, criaram um ambiente propício para que nunca como antes o material protegido por copyright circulasse livremente, sem o pagamento de direitos autorais aos seus detentores legais. (PRIMO, 2007, p. 1)

Ainda sofrendo com o crescimento do consumo não autorizado de música online, a indústria musical ganhou, no ano de 2003, um aliado no combate a pirataria. A chegada dos iPod, reprodutor de áudio criado pela Apple Inc., iniciou uma revolução no consumo de música, pois algum tempo após o lançamento do dispositivo, a Apple Inc. Lançou também uma plataforma para compra de músicas (videoclipes e filmes, anos mais tarde), incentivando os usuários do iPod a fazerem o download legal de suas músicas, a iTunes Store. A loja de música online da Apple figurou um papel importante para indústria da música na era digital. Havia, já em 2003, uma vasta biblioteca de músicas disponibilizadas gratuitamente na internet. Porém não havia ainda um padrão de qualidade para os arquivos já disponíveis. Ao fazer o download de uma música, o usuário era surpreendido por ruídos, músicas que acabavam antes do tempo correto, vinhetas e etc. Além disso, a taxa de bits (que em suma é o que define a qualidade do áudio em MP3) variava muito de um arquivo para o outro. Onde a indústria enxergava problema, a Apple Inc. Identificou uma oportunidade. Partindo do pressuposto que ao baixar um arquivo ilegal muitas vezes o usuário não encontrava o que de fato queria e na qualidade que queria, a Apple, ao desenvolver a iTunes Store, ofereceu aos consumidores a possibilidade de pagar por apenas uma faixa do CD (coisa que não era possível adquirindo a cópia física) e também impôs um padrão de qualidade para o que julgava ser „a experiência ideial‟ em áudio. Sendo assim, de acordo com Engelbert, Graeml e Weiler (20--), o iTunes provou a viabilidade de vendas online de música, transformando-se rapidamente em uma nova e importante fonte de receitas para a Apple e para as gravadoras. Presente em 119 países, a iTunes Store representa um marco na história da indústria musical. A biblioteca ofertada pela loja da Apple Inc. já ultrapassa 26 milhões de músicas12 e no catálogo possui um mix variado que vai dos artistas consagrados pelo público até os artistas independentes. Para se ter uma ideia, até fevereiro de 2013, já haviam sido vendidas 25 bilhões de músicas18. Com a consolidação da iTunes Store como parceira fundamental da industrial musical na era digital, a internet apresentou aos usuários uma nova forma de consumir conteúdos online, o streaming. 18 https://www.apple.com/br/pr/library/2013/02/06iTunes-Store-Sets-New-Record-with-25-Billion-Songs Sold.html acesso em: 16 mai 2015

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A questão dos direitos autorais e da pirataria representa uma pauta em constante discussão na indústria musical. Os grandes selos da música insistem em afirmar que precisam "coibir a 'pirataria' devido ao declínio nas vendas de seus produtos que 'ameaça o futuro da produção cultural". (VIEIRA, 2011, p. 137). No entanto, existe outra discussão acerca deste discurso, que trazem reflexões profundas acerca do impacto da pirataria e da disseminação não autorizada de conteúdo protegido por direitos autorais na rede. A intuição inicial é acreditar, imediatamente, que qualquer reprodução cultural equivale a uma venda a menos deste bem, e é isso que tem defendido a indústria do conteúdo. (...) Não há relação de causalidade necessária entre (a) download de uma determinada obra e (b) uma disposição cogente do responsável pelo download em gastar dinheirona aquisição do bem. Essa é uma presunção insustável. Pode-se dizer que há alguma medida de interesse no bem, que poderia ou não ter resultado na aquisição de uma cópia (...) caso não 19 houvesse a possiblidade de download. (MIZUKAMI, 2007, p. 104)

De fato, a chegada da era digital à indústria musical veio aliada a uma queda brusca na venda de música. Contudo é impossível determinar, em termos exatos, o quanto a cultura de downloads afetou nas atividades desta indústria. Muitos estudos foram desenvolvidos para chegar a um número exato, mas, segundo Mizukami (2007)20, o que pode ser afirmado com base nos estudos realizados, é que o compartilhamento de arquivos provavelmente tem algum impacto negativo na venda de discos e se esse impacto é mais próximo a 0% ou 100% do total de vendas da indústria musical, não é possível determinar. Entender este impacto ainda é um desafio para aqueles que tentam entender e projetar o futuro da indústria musical.

2.1.6 Streaming A ascensão da internet nos anos 1990 trouxe consigo a necessidade da criação de ferramentas que pudessem oferecer uma experiência agradável para o consumo de conteúdo multimídia online. Fazer o download de músicas, por exemplo, era uma atividade extremamente trabalhosa, cuja realização necessitava de muito tempo, consequência da velocidade extremamente limitada disponibilizada aos usuários naquele tempo. Assim, em 1997, uma nova ferramenta surgiu, criada para tentar reduzir o tempo de download de 19 http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5101 acesso em: 16 mai 2015 20 http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5101 acesso em: 16 mai 2015

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determinados conteúdos e ao mesmo tempo, facilitar o acesso à eles, o streaming. De acordo com Coutinho (2013), o streaming pode ser definido como uma forma de transmissão instantânea de dados de áudio e vídeo através de redes e por meio do serviço é possível assistir a filmes ou escutar música sem a necessidade de fazer download, o que torna mais rápido o acesso aos conteúdos online. Durante muito tempo o streaming não foi explorado de maneira comercial. Era apenas uma ferramenta para facilitar a vida dos usuários. Há algum tempo, porém, empresas enxergaram nesta tecnologia um novo modelo de negócio que poderia servir de reforço ao combate à pirataria online, potencializada pela chegada da Web 2.0. O streaming é, atualmente, um dos maiores disseminadores de conteúdo digital e é exatamente por isso que despertou o interesse da indústria musical. A popularidade de um gigante em streaming audiovisual, o YouTube, plataforma online onde encontra-se uma diversidade de conteúdos audiovisuais on-demand gratuitamente, serviu como base para o nascimento do império da música por streaming. Embora o mundo digital fosse um grande enigma para indústria musical, visionários começaram a movimentar-se para encontrarem uma alternativa que de algum modo viabilizasse a manutenção das atividades desta indústria, oferecendo aos usuários uma maneira atrativa e legal para o consumo de músicas online. Assim nasceram os serviços de streaming musical, um serviço baseado em assinaturas mensais (gratuitas ou pagas) que disponibilizam uma vasta biblioteca de músicas para o usuário, através de acordos firmados com as gravadoras. Em contrapartida, estes serviços fazem um repasse baseado nas execuções das músicas para as gravadoras. Esses serviços vêm apresentando um crescimento exponencial ao longo do tempo. Segundo Garcia (2015)21 em 2014 o streaming de música gerou mais dinheiro para as gravadoras do que a venda de CDs nos Estados Unidos, maior mercado em consumo de música no mundo. 2.1.6.1 Serviços de streaming musical no Brasil O Brasil é o 4º país com mais acesso à internet no mundo22. Este dado reforça a relevância do mercado brasileiro em relação ao consumo de serviços digitais. Os serviços de 21 http://info.abril.com.br/noticias/mercado/2015/03/pela-primeira-vez-streaming-de-musica-gera-maisdinheiro-do-que-venda-de-cds-nos-eua.shtml acesso em: 21 mai 2015 22 http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141124_brasil_internet_pai acesso em: 16 mai 2015

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streaming musical cresceram para além das fronteiras dos países onde nasceram e chegaram ao Brasil com a missão de apresentar aos internautas do país uma nova forma de consumir música online. Atualmente é possível destacar quatro empresas que se estabeleceram neste novo cenário digital e conseguiram conquistar o público brasileiro: Spotify, Deezer, Rdio e Google Play Music, os gigantes do streaming de música. Antes destes serviços de streaming estrangeiros chegarem ao país, a gravadora brasileira Som Livre tentou lançar seu próprio serviço de streaming. O Escute foi, segundo a Rolling Stones (2011)23, um serviço de venda de música por meio da internet, para computadores, celulares e através do pagamento de uma taxa mensal, os usuários ainda poderiam fazer o streaming das músicas disponíveis na biblioteca do serviço. Assim como a maioria produtos digitais, o Escute possuía uma versão para PC e apps para smartphones com sistema Android e iOS. A iniciativa foi vista como uma tentativa de fugir da crise trazida pelo consumo ilegal de música na Web. O projeto, porém, foi engavetado meses após o lançamento. Segundo Jardim (2011)24, os diversos problemas técnicos enfrentados pela gravadora a levaram a tomar essa atitude e o Escute fracassou. O sueco Spotify é o serviço de streaming de música mais popular no Brasil, atualmente. Segundo Alves (2014)25, o Spotify chegou ao Brasil em maio de 2014, após lançar seus serviços em 56 países. A empresa oferece milhões de músicas a seus usuários através de parcerias com grandes selos da indústria musical como Universal Music, Sony Music, Emi, Warner Music, entre outros. Em 2015, o Spotify informou que "atingiu 60 milhões de usuários ativos no mundo todo, dos quais 15 milhões são assinantes" (FOLHA, 2015)26

.

O serviço oferece assinaturas gratuitas, com a exibição de comerciais entre a

execução de músicas e a assinatura premium, livre de qualquer tipo de publicidade, além de oferecer a opção de salvar as músicas para reprodução offline.

23 http://rollingstone.uol.com.br/noticia/som-livre-lanca-servico-de-musica-digital/#imagem0 acesso em: 16 mai 2015 24 http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/internet/som-livre-aborta-o-escute/ acesso em: 16 mai 2015 25 http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/05/spotify-chega-ao-brasil-com-plano-gratuito-eassinatura-mensal.html acesso em: 16 mai 2015 26 http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/01/1573966-spotify-diz-ter-atingido-60-milhoes-de-usuarios-15milhoes-sao-assinantes.shtml acesso em: 16 mai 2015

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O Deezer e o Rdio chegaram ao Brasil antes do Spotify e também oferecem assinaturas gratuitas e premium a seus usuários. Entretanto existem diferenças entre os serviços. O Deezer, segundo Alves (2014)27, possui mais de 30 milhões de canções em sua biblioteca, 10 milhões a mais que seus maiores concorrente, Rdio e Spotify. No início de sua estadia no Brasil, o Deezer limitava em algumas horas a reprodução de músicas para usuários que não possuiam a assinatura premium, mas após a chegada do Spotify, esse limite foi descartado. Diferente de seus concorrentes, o Rdio chegou ao Brasil , segundo Martins (2011), graça a parceria com a operadora Oi e foi apresentado aos usuários brasileiros como OiRdio. A parceria entre as duas empresas permaneceu, mas o Rdio começou a trabalhar sua imagem individualmente, como estratégia de reforço de marca. O serviço, que já está no Brasil há quase quatro anos, conquistou muitos usuários e continua a crescer. O último a desembarcar no Brasil, o Google Play Music, caçula entre os serviços de streaming, chegou com a missão de conquistar os usuários em um mercado bastante competitivo. Segundo Alves (2014)28, o Google Play Music chegou para competir com Spotify, Deezer e Rdio com uma biblioteca de mesma proporção, mas com uma oferta de lançamento agressiva, onde qualquer pessoa poderia experimentar o serviço por 60 dias sem custo algum. Além disso, o serviço tem o benefício de pertencer à família Google, marca mais que bem posicionada entre os internautas. Diferente dos seus concorrentes, o Google Play Music não oferece assinaturas gratuitas e a única forma de obter acesso é pagar pela assinatura premium, com valor de R$ 14,90 no Brasil. O Google Play Music também oferece uma loja para compra de músicas online dentro do próprio serviço.

3 METODOLOGIA Este tópico tem como objetivo principal descrever os caminhos escolhidos para coletar os dados na pesquisa e, em seguida, analisa-los. Segundo Gerhardt e Silveira (2009), a metodologia se interessa pelo caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela

27 http://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/06/spotify-rdio-deezer-e-outros-saiba-qual-omelhor-streaming-de-musica.html 28 http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/google-play-musica-lanca-streaming-ilimitado-nobrasil-com-tres-meses-gratuitos.html acesso em: 16 mai 2015

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pesquisa. Ainda de acordo com Gerhardt e Silveira (2009), a metodologia vai além da descrição de métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa, indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo. A pesquisa é desenvolvida com o objetivo de descrever o atual cenário do mercado de streaming da música no Brasil sob a ótica dos usuários. Ao iniciar o planejamento para a pesquisa, identifica-se a necessidade de criar um formulário que represente, em números, as variáveis relacionadas à conexão dos usuários, dispositivos que usam no dia-a-dia e os serviços de streaming que já utilizaram, considerando apenas os serviços mais populares no Brasil atualmente. Em contrapartida, identifica-se também a necessidade de conhecer, de forma mais ampla e aprofundada, os fatores que levam um determinado usuário a escolher o streaming como fonte de consumo de música, entre outras variáveis. Sendo assim, opta-se por usar uma abordagem mista, que mescla a pesquisa quantitativa e qualitativa.

A pesquisa qualitativa se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. (...) Diferente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. (FONSECA, 2002, p. 20).

O formulário criado é aplicado com o auxilio de uma ferramenta online, através de um link divulgado em redes sociais. Utilizando a fórmula cálculo amostral e considerando que o Brasil tem uma população de 200 milhões de habitantes, onde apenas 52% possuem acesso à internet, chega-se a uma amostra de 271 participantes necessários para a pesquisa, que possui 5% de erro amostral e uma confiabilidade de 90%. Este formulário é dividido em duas partes: Consumo de música e internet, e em seguida, Cenário do streaming no Brasil. A segunda parte é respondida apenas por aqueles que afirmam conhecer os serviços de streaming, assim faz-se um diagnóstico mais eficaz.

Figura 01: Fórmula de Cálculo Amostral.Fonte: http://www.publicacoesdeturismo.com.br/calculoamostral/ 31

“Onde: n - amostra calculada; N – população; Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança; p - verdadeira probabilidade do evento; e - erro amostral” (SANTOS, 2015). 3.1 Objeto Empírico e Corpus de análise Para a pesquisa, criada como um modelo para ser aplicado em âmbito nacional no futuro, foram selecionados sujeitos com idades a partir de 15 anos, pertencentes às classes ABC e que possuam acesso à internet, são entrevistados. Os participantes são recrutados em uma rede social, na cidade de Belo Horizonte, selecionados por conveniência e oportunidade, e não existem restrições para participar da pesquisa, pois se entende que este produto atinge todo o tipo de internauta. O formulário permite analisar variáveis como satisfação dos usuários em relação a qualidade da conexão de internet que costumam utilizar, penetração dos serviços de streaming de música no cotidiano dos internautas brasileiros, fatores decisivos no processo de aquisição de uma assinatura de serviço de streaming de música e o serviço de streaming de música mais utilizado atualmente. É interessante cruzar os dados obtidos para identificar oportunidades deste novo modelo de negócio e entender melhor o que o usuário brasileiro julga como fatores essenciais em um serviço de streaming de música.

3.1.1 Os dispositivos mais utilizados

Figura 02: Gráfico „Dispositivos mais utilizados‟.

A diversidade de dispositivos digitais cresce cada vez mais. Estes aparelhos oferecem ao usuário novas maneiras de navegar online, mudando também a maneira de produzir conteúdo 32

no ciberespaço. Todo e qualquer serviço digital que queira sobreviver em um mundo que está em constante transformação, terá de se adaptar a gama de dispositivos disponíveis no mercado. Saber como as pessoas estão se conectando fomenta uma discussão muito interessante, principalmente sobre o que é de fato relevante para o usuário quando estão em contato com determinado dispositivo. Smartphones, Computadores e Notebooks, Tablets e SmarTvs, cada um destes dispositivos tem um diferencial e oferecem uma experiência de uso personalizada.

Os

smartphones, por exemplo, oferecem uma mobilidade que o computador tradicional não tem e em contrapartida, possuem uma tela consideravelmente menor. A pesquisa comprovou aquilo que já está explicito no dia a dia, os Smartphones são tão relevantes no dia a dia das pessoas quanto os computadores. Por outro lado, o crescimento das SmarTvs em relação aos tablets foi uma surpresa. Isso mostra o quanto este mercado é transitivo. A ascensão das SmarTvs apresenta um novo mercado em potencial e traz o desafio de criar para um dispositivo que já está presente nos lares há bastante tempo e que agora retorna oferecendo novas possibilidades.

3.1.2 Fonte de acesso à internet mais utilizada durante o dia‟

Figura 03: Gráfico „Fonte de acesso à internet mais utilizada durante o dia‟.

Conhecer a fonte de acesso à internet é primordial para a existência dos serviços de streaming de música. Embora o streaming permita consumir conteúdo online sem travamento em conexões com velocidades medianas, existem outros fatores que podem fazer com que o usuário opte por não acessar determinados conteúdos.

33

No Brasil, por exemplo, as operadoras de telefonia móvel oferecem pacotes de dados para as conexões 3G/4G. Esses pacotes possuem um limite de tráfego de dados e este só será renovado após o fim de um ciclo que dura até 30 dias. São as chamadas franquias de dados. Quando este limite é atingido, a velocidade pode ser reduzida ou pode haver um corte na conexão, por exemplo. Sendo assim, um usuário que estiver conectado à internet via 3G/4G estará menos disposto a consumir música por streaming, pois esta atividade poderá consumir toda a sua franquia de dados. O fato é que o 3G/4G é a segunda fonte de acesso à internet mais utilizada no dia-a-dia no Brasil, perdendo para o Wi-Fi, que possui sete vezes mais usuários. No Wi-Fi os usuários não tem que se preocupar com o tráfego de dados, pois não há limites neste tipo de conexão. O Wi-Fi oferece também a possibilidade de conectar vários dispositivos em uma mesma assinatura de internet, ou seja, o usuário não precisa contratar um provedor de internet para cada dispositivo que tiver. Além disso, normalmente a velocidade da internet via Wi-Fi é mais estável. As conexões à cabo, menos utilizadas, possuem uma boa qualidade de conexão, mas são exclusivas para computadores e/ou notebooks, por isso tem cada vez menos espaço.

3.1.3

Classificação da qualidade da conexão à internet ao realizar atividades diversas

Medir a satisfação dos usuários em relação às redes que utilizam é primordial para tentar traçar a qualidade dos serviços de internet disponíveis no Brasil. Para avaliar esse requisito, o usuário deveria classificar sua satisfação com o serviço de internet ao realizar tarefas básicas como ouvir música na internet, acessar redes sociais e etc. Considerando „péssimo‟ como uma experiência extremamente ruim, com problemas ao carregar determinado conteúdo e/ou dificuldade para acessar o site, e „muito bom‟ como uma experiência agradável, onde o usuário consegue realizar a tarefa sem qualquer transtorno, é possível traçar um perfil da navegação online no Brasil. Para responder a estas perguntas, os usuários deveriam considerar a conexão que mais usam no decorrer do dia. Sendo assim, é preciso considerar que grande maioria destas respostas está relacionada ao Wi-Fi.

34

Figura 04: Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao abrir sites e/ou redes sociais‟

Navegar em sites e redes sociais pode ser definida como uma das tarefas mais básicas a se realizar na internet, pois não demanda grande performance da conexão. Além do mais, alguns sites apresentam recursos que visam melhorar a experiência de quem navega em conexões mais baixas. Sendo assim, a maioria absoluta, cerca de 80% dos entrevistados, avaliam a experiência como boa ou muito boa. Apenas 2.6% dos entrevistados relatam ter uma experiência ruim ao executar estas tarefas.

Figura 05: Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao assistir vídeos online‟

Assistir a um vídeo na internet utilizando o YouTube ou Netflix, por exemplo, é uma tarefa básica que exige muito da conexão. Com a ascensão dos vídeos em FullHD, os arquivos de vídeo ficaram extremamente pesados e transmitir isso via streaming torna-se um desafio em conexão com velocidades mais baixas. Mais uma vez a grande maioria, cerca de 61% dos entrevistados, afirmam ter uma experiência boa ou muito boa ao assistir vídeos online. Os insatisfeitos, que classificam a experiência como ruim ou péssima, cresceram e saltaram para 9.3% dos entrevistados. 35

Figura 06: Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao ouvir músicas online‟

Medir a satisfação do usuário ao executar músicas online oferece uma visão interessante sobre o atual consumo de música na internet. O foco aqui é entender a performance da internet ao executar uma música e os serviços de streaming lidam com isso a todo o tempo. Deve existir um equilíbrio entre a qualidade do áudio oferecido ao usuário e a velocidade da internet. Ou seja, não adianta oferecer um conteúdo que carregue rapidamente, mas que não tenha qualidade ou vice-versa. Consta-se então que as empresas entendem este principio, pois cerca de 76% dos entrevistados relatam uma experiência boa ou muito boa ao ouvir música online. Apenas 3,9% dos entrevistados classifica a experiência como ruim ou péssima, um número menor que o de insatisfeitos com o streaming de vídeo, por exemplo.

Figura 07: Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao fazer downloads‟

O download é uma atividade amplamente utilizada desde os primórdios na internet nos anos 1990. É possível transferir fotos, músicas, aplicativos e etc. Essas transferências podem ser tanto de arquivos pequenos, como um arquivo mp3 de 4 megabytes ou um grande arquivo, 36

como um vídeo em FullHD, que pode ultrapassar a marcar de 1 gigabyte (250 vezes maior que uma música, por exemplo). Quanto maior a velocidade da internet, menos tempo o usuário gastará para completar o download, o que caracteriza uma boa experiência. Cerca de 58% dos entrevistados afirmam ter uma experiência boa ou muito boa ao fazer downloads. O número de insatisfeitos que classificaram a experiência como ruim ou péssima é de 10.6%.

Figura 08: Gráfico „Qualidade da conexão à internet ao fazer uploads‟

Diferente do download, o upload é o ato de enviar um arquivo para um servidor na internet. Nessa atividade enquadram-se ações como publicar uma foto em uma rede social, enviar um vídeo para o YouTube e etc. Dentre todas as outras tarefas, esta é a que mais exige da conexão, tanto em estabilidade quanto em velocidade. E talvez seja por isso que nesta questão o percentual de insatisfeitos seja maior que nas demais. Cerca de 16.9% dos entrevistados classificam a experiência ao fazer o upload de um arquivo como ruim ou péssima. Ainda assim 40.9% dos entrevistados classificam a experiência como boa ou muito boa. Todos estes dados servem para fomentar a ideia de que o Brasil é uma terra fértil para os serviços de streaming de música e suas diversas possibilidades. Em média, 63.2% dos entrevistados classificam, através das respostas nas questões anteriores, que a internet no Brasil oferece uma experiência agradável para realizar diversas tarefas, entre elas, executar música online. Com a infraestrutura necessária, os serviços de streaming podem encontrar no maior país da América do Sul, um mercado atrativo para suas atividades.

37

3.1.4

Armazenamento digital de músicas

Figura 09: Gráfico „Uso de mídias de armazenamento digital de música‟

Desde quase sempre as pessoas baixam música pela internet. O streaming já atinge grande parte dos internautas, mas o download de música ainda é utilizado. Sendo assim, após baixar o conteúdo, onde estes usuários que ainda preferem o download armazenam suas músicas? Os dados coletados oferecem uma visão interessante sobre isso. Aqueles que ainda fazem o download de músicas preferem armazena-los na memória interna de seus dispositivos a coloca-los em pastas no Google Drive, por exemplo. E isso faz todo o sentido. Afinal, ter as músicas no dispositivo exclui a probabilidade de perde-las caso não haja acesso a internet e etc. E esse é um fator que faz com que as pessoas não abandonem completamente a prática. A memória interna do dispositivo, escolhida por cerca de 81% dos entrevistados, representa para o usuário o lugar seguro, onde as chances de perderem seus arquivos é menor. O pen-drive, por exemplo, é escolhido por apenas 31.5% dos entrevistados. Isso deve-se, em grande parte, a facilidade de perda do dispositivo. Uma vez desconectado do computador, por exemplo, ele pode desaparecer para sempre. São diversas as análises possíveis e todas são interessantes para os serviços de streaming de música, inclusive para desmistificar determinadas práticas.

3.1.5 Fontes de consumo de música online

Figura 10: Gráfico „Fontes de consumo de música online‟ Atualmente existem uma diversidade interessante de fontes de consumo de música online. Essas fontes foram agrupadas em quatro grupos principais para que fosse possível entender 38

qual a fonte mais utilizada. O interessante aqui é entender as particularidades de cada meio, o que pode justificar a escolha do usuário e apresentar diferenciais competitivos importantes à serem agregados aos serviços de streaming. Coincidentemente, a fonte de consumo música online mais utilizada pelos usuários em questão são os serviços de streaming, com cerca de 70% das respostas. Mas considerando que os downloads em torrentes e o download em sites/blogs como download ilegal, pois estes meios oferecem um acesso não autorizado ao conteúdo, chega-se a um total de 85.2%, fazendo da pirataria a forma mais popular de consumo de música na internet. Assim como já esperado, as lojas virtuais são a escolha de apenas 16.2% dos entrevistados. A análise que se faz aqui é de que embora a pirataria ainda seja a forma mais popular de consumo de música, a indústria pode encontrar no streaming um parceiro forte na luta contra a prática.

3.1.6 Penetração dos Serviços de Streaming de Música no Brasil

Figura 11: Gráfico „Penetração dos Serviços de Streaming de Música no Brasil‟

Durante o processo de pesquisa, constatou-se a necessidade de mensurar a penetração dos serviços de streaming de música no Brasil, ou seja, qual é a porcentagem de usuários brasileiros que já ouviram falar em streaming de música. Apesar de não ser uma tecnologia necessariamente nova, o streaming de música chegou ao Brasil como um serviço a pouco tempo. Somando isso ao fato de até pouco tempo não se observar esforços de marketing, on-line e off-line, para a divulgação destes serviços, o resultado é bem positivo. Cerca de 81% dos entrevistados afirmam conhecer os serviços de streaming.

39

3.1.7 Motivações começar a utilizar o streaming de música Essa é uma questão discursiva que tem como objetivo entender melhor os fatores que levaram o usuário a migrar para os serviços de streaming de música. A variedade de músicas foi o fator mais citado entre os entrevistados. Existe uma ideia, que é bastante fomentada pelos canais de mídia, por exemplo, de que os serviços de streaming de música oferecem uma grande variedade de músicas e estilos, tudo isso a um click de distância. O usuário segue seu próprio ritmo ao navegar pela biblioteca de um serviço de streaming e ali, entre 20 milhões de canções, ele tem a chance de escolher, com facilidade e rapidez, aquilo o que vai ouvir. E falando em facilidade, outro fator bastante citado nas respostas foi a facilidade para encontrar músicas. Quem costuma baixar músicas pela internet sabe o quão árduo é o trabalho de encontrar algo bom e em boa qualidade. Os serviços de streaming facilitam este caminho, na visão dos usuários. Além disso, o usuário pode organizar sua própria biblioteca e escolher os artistas que prefere. Por último, os usuários citaram o fato do streaming ser uma forma legal de consumo de música e ao mesmo tempo é gratuito 3.1.8 Popularidade dos maiores streaming de música no Brasil

Figura 12: Gráfico „Popularidade dos maiores streaming de música no Brasil‟

Ao tentar desenhar o cenário do streaming de música no Brasil, é necessário também conhecer como estão posicionados os maiores serviços de streaming de música. O interessante aqui é observar que a ordem de chegada ao mercado não afeta em nada na popularidade de determinado serviço. Como dito anteriormente, o Spotify chegou ao Brasil em meados de 2014, após Rdio e Deezer, por exemplo, mas mesmo assim é ele quem detém o título de serviço de streaming mais popular, sendo utilizado pelo menos uma vez por aproximadamente 82% dos usuários brasileiros. Deezer é o segundo mais popular, utilizado por 42%, seguido 40

por Rdio, que está no Brasil desde 2011, com 35.2%. O último é o Google Play Music, que mesmo apresentando uma estratégia agressiva de lançamento, citada anteriormente, ainda é conhecido por apenas 17.2% dos usuários brasileiros.

Deste total, 7.8% afirmam que

conhecem os serviços de streaming, mas não utilizam.

3.1.9 Spotify, o campeão em experiência de usuário no Brasil

Figura 13: Gráfico „Experiência de uso agradável‟ Quando questionados sobre qual serviço de streaming apresentou a melhor experiência de navegação, os usuários indicam o Spotify, que ganha dos principais concorrentes, mesmo quando somados. Cerca de 67% dos usuários afirmam que o Spotify tem a melhor experiência em streaming de música, enquanto Deezer, Google Play Músic e Rdio somados apresentam apenas 16% da preferência.

De fato, o Spotify tem ganhado as páginas de blogs

especializados no assunto e vem conquistando grande relevância na indústria musical. Além disso, este o serviço com uma das maiores bibliotecas de música e é um dos únicos a oferecer uma assinatura gratuita. Suas receitas se dividem basicamente em assinaturas pagas e publicidade. Esses royalties são divididos com as gravadoras, que é quem faz o repasse aos artistas. A publicidade no Spotify sustenta a parte da pirâmide que consome os serviços gratuitamente, e esta não prejudica a experiência do usuário. O Spotify tem trabalhado cada vez melhor a segmentação de campanhas dentro de seu aplicativo, assim ele tenta oferecer ao usuário apenas o que é de fato relevante para ele. Este cuidado aliado a uma interface bem desenvolvida e a um modelo de negócio ambicioso que é ao mesmo tempo criativo, fornecem meios para o Spotify se destacar no mercado brasileiro e mundial.

41

3.1.10 Fatores que influenciam na decisão de aquisição de uma assinatura paga Embora seja conhecido que alguns serviços de streaming têm como receita principal a publicidade, as assinaturas pagas ainda assumem um papel fundamental para a manutenção das atividades desta indústria. Sendo assim, a grande questão é: como motivar os usuários a pagarem por um serviço que, em suma, pode ser utilizado gratuitamente? Através de uma classificação, os usuários entrevistados elencaram aquilo que consideram ser fatores decisivos na decisão de assinar um serviço de streaming.

Figura 14: Gráfico „Relevância do preço na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟

O preço obviamente é um dos principais fatores a ser analisado e parece que os principais serviços de streaming no Brasil já entenderam isso. Cerca de 87% dos entrevistados classificam o preço como fator relevante ou muito relevante na decisão de compra. Deezer, Google Play Music, Rdio e Spotify oferecem assinaturas premium pelo mesmo valor, R$ 14.90. O que difere entre eles são as ofertas iniciais. Atualmente o Spotify oferece os três primeiros meses a R$ 1.99 e os demais a R$ 14.90. Já o Google oferece 02 meses gratuitos e em seguida, R$ 14.90/mês. Rdio e Deezer não possuem ofertas iniciais. Para um possível novo concorrente, fica a dica de manter os preços de R$ 14.90 ou até mesmo reduzi-los. O preço sempre será a melhor estratégia para ganhar mercado.

42

Figura 15: Gráfico „Relevância do volume de músicas disponibilizadas na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟

A biblioteca de músicas é outro fator a ser analisado. O usuário que assina um serviço de streaming quer todas as músicas que puder ter. E é exatamente isso que mede-se aqui. Sendo assim, não é tão espantoso afirmar que 92.2% dos usuários entrevistados classificam o volume de músicas disponibilizados pelos serviço de streaming como relevante ou muito relevante. Essa é uma característica que sempre deverá ser levada em consideração ao promover um serviço de streaming e isso pode ser um dos maiores diferenciais entre estes serviços.

Figura 16: Gráfico „Relevância da qualidade do áudio na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟

Os amantes de música sempre estarão atrás da melhor qualidade de áudio que puderem ter. A qualidade da música depende de muitos fatores, principalmente da velocidade da conexão. Os serviços de streaming têm tentado balancear esta equação oferecendo a maior qualidade possível em conexões medianas. E está dando certo, pelo menos para o Spotify sim. Cerca de 89% dos entrevistados classificam a qualidade de áudio como relevante ou muito 43

relevante. Isso é o que complementa a experiência de uso do serviço e certamente é o que fará com que o usuário pense duas vezes ao cancelar sua assinatura. Os serviços de streaming no Brasil oferecem, em média, uma qualidade de áudio de 256kbps. É a mesma qualidade oferecida pelas lojas de música digitais.

Figura 17: Gráfico „Relevância do lucro do artista na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟

Chega-se aqui a uma questão bastante controversa que está ganhando cada vez mais espaço na mídia, o lucro dos artistas. Os serviços de streaming de música não pagam um valor fixo para ter as músicas de um determinado artista em seu catálogo. Ao invés disso, o artista receberá uma quantia relacionada a quantidade de vezes que seu conteúdo foi reproduzido. O Spotify por exemplo paga R$ 0,02 a cada execução de música ao artista. É um valor extremamente baixo para um artista independente que não tem muitos fãs. Mas para uma artistas como Beyoncé, por exemplo, uma das cantoras mais influentes de todos os tempos, o valor não é tão baixo assim. O Spotify fez um repasse de mais de U$ 3 bi às gravadoras no último ano. Se continuar neste ritmo, o streaming poderá em pouco tempo compensar as vendas dos CDs. Mas ainda assim, alguns artistas não estão satisfeitos com o que vem recebendo. De qualquer modo, sob a ótica dos usuários brasileiros, a grande maioria, cerca de 70% dos entrevistados, afirma que isso é pouco relevante, irrelevante ou acham que não faz diferença para ao assinar um serviço de streaming. E isso se comprova quando entende-se que o serviço de streaming mais popular no Brasil é aquele que repassa apenas R$ 0,02 aos seus artistas.

44

Figura 18: Gráfico „Relevância do conteúdo exclusivo na decisão de aquisição de uma assinatura paga‟

O conteúdo exclusivo é outra questão que tem ganhado espaço ultimamente. Oferecer ao usuário um conteúdo que só estará disponível em determinada plataforma parece interessante. Mas até que ponto isso é um diferencial competitivo? Não existem barreiras que a internet não possa transpassar. E é isso que está acontecendo com serviços de streaming que tentam oferecer um conteúdo exclusivo. Os usuários, com auxílio de diversas ferramentas disponíveis na rede, sempre encontrarão uma maneira de acessar o conteúdo, não importa como. E grande parte deles sabem disso. As opiniões estão bem dividas nesta questão, mas 26.5% dos entrevistados afirmam estarem indiferentes em relação a este tema. Ou seja, derrubam a ideia de que o conteúdo exclusivo faz a diferença na decisão de assinar um serviço de streaming.

3.1.11 Vantagens na utilização do streaming Nesta questão três questões bem interessantes foram levantadas: possibilidade de conhecer novos artistas através de playlists e/ou recomendações, não precisar ocupar a memória do dispositivo com músicas e a imensa diversidade do acervo dos serviços de streaming. As playlists são de fato um carro chefe destes serviços. O Spotify, por exemplo, trabalha com playlists editoriais, ou seja, este serviço possui uma equipe própria para desenvolver playlists. Tem para todos os gostos e para todas as tribos e é através dela que os usuários se atualizam e acabam conhecendo novos artistas. Além disso, no geral, os serviços de streaming permitem que o usuário crie sua própria playlist e compartilhe com os seus seguidores. As recomendações também são interessantes, pois consideram toda a jornada do usuário, tudo aquilo que ele ouviu e que selecionou como relevante. A partir destes dados, uma nova lista é gerada com o que se supõe ser compatível com aquele usuário. 45

A segunda questão mais comentada está relacionada ao fato de não precisar ocupar a memória do dispositivo com músicas e isso faz todo o sentido, principalmente considerando que o smartphone é um dos dispositivos mais usados atualmente. Os usuários recebem diariamente fotos, vídeos e áudios via WhatsApp, além de instalar diversos apps no celular. Poder ouvir músicas ilimitadas sem ter que ocupar a memória interna do aparelho é quase um sonho se tornando realidade. Para ter toda a biblioteca de um serviço de streaming em seu smartphone, considerando 4 megabytes por música, o usuário precisaria de até 80Terabytes de memória (ou 80.000 gigabytes). Com os serviços de streaming, o usuário tem acesso a essa biblioteca sem precisar ocupar espaço na memória. O acervo, que já foi citado anteriormente como fator que influencia a decisão de assinatura e como motivação para começar a usar o streaming, retorna agora como a principal vantagem para utilizar os serviços de streaming de música. Os usuários entendem que seria praticamente impossível terem acesso a tantas músicas sem a chegada destes serviços. Além disso, trata-se de um acervo digital, com excelente qualidade de algo e que pode ser acessado gratuitamente. 3.1.12 Desvantagens na utilização do streaming Quando perguntados sobre as desvantagens, os usuários elencam apenas duas: depender da conexão com a internet e a publicidade entre uma faixa e outra. Ambas as alternativas conversam diretamente com os usuários free, ou seja, aqueles que não pagam para acessar as músicas no serviço de streaming. Embora tenha se constatado anteriormente que a qualidade da internet no Brasil é considerada satisfatória por grande parte dos usuários, existem dias em que a conexão não está realmente boa. E nesses dias o usuário fica sem música, pois não há outra maneira de acessa-la se não pela internet. Os assinantes premium tem a opção de deixar as músicas disponíveis off-line, assim conseguem executa-las no aplicativo mesmo sem internet. Já para a publicidade, é compreensível que usuário se queixe disso. Afinal, ninguém gostaria de ser interrompido por um comercial quando está ouvindo seu artista favorito. Mas este é um mal necessário, pois a publicidade ajuda a manter estas empresas.

46

3.2 Cronograma Etapas e Procedimentos

Janeiro/ Fevereiro Março/ Abril/ Maio Junho/ 2015 /2015 2015 2015 /2015 2015

Encontros de orientação (presenciais e/ou virtuais)

X

X

X

X

Pesquisa e revisão bibliográfica

X

X

X

X

Leitura e fichamento de textos

X

Coleta de dados

X

X

Sistematização e tratamento dos dados

X X

Análise dos dados Etapas e Procedimentos Redação (monografia/artigo/ relatório de pesquisa) Revisão final

X

Janeiro/ Fevereiro Março/ Abril/ Maio Junho/ 2015 /2015 2015 2015 /2015 2015 X

X

X

X X

Cópias, impressões e entrega aos convidados da banca

X

Banca Examinadora

X

4 CONCLUSÃO O consumidor de música no Brasil, atualmente, está a procura de um serviço e/ou produto que atenda às suas necessidades e que, ao mesmo tempo, tenha uma oferta de custobenefício. E é isso que eles encontram nos serviços de streaming atualmente.A cultura brasileira nunca apresentou, de uma maneira efetiva e em uma linguagem comum a todos, a necessidade de pagar pelo consumo de música. Sendo assim, o raciocionio de pagar para acessar música, on e off-line, ainda é recente. Mas os brasileiros começam a entender esta necessidade e vêem no streaming de música a possibilidade de consumir música de maneira legal, seja pagando por uma assinatura de R$ 14,90 que lhe da acesso as bibliotecas de áudio ou através de uma assinatura gratuita, que lhe garante acesso em troca da exibição de 47

comerciais. O brasileiro, na verdade, está em busca de uma troca justa e é assim que serviços como o Spotify se apresentam por aqui. A certeza de que empresa e cliente falam agora a mesma língua está nos 60 milhões de usuários de streaming, apenas no Spotify, serviço que chegou ao país há apenas 01 ano, e que abrem mão do consumo ilegal diariamente. Quando questionados sobre as razões para consumir música via streaming, os brasileiros são categoricos: diversidade de músicas e facilidade de uso. Os serviços de streaming disponíveis no Brasil hoje possuem, em média, 20 milhões de músicas. É uma trilha sonora para toda a vida. Além disso, possuem uma interface intuitiva e simples, tão simples que já está presente na vida de pelo menos 61% dos internautas brasileiros. Os serviços de streaming no Brasil pode encontrar na oferta de preço, diviversidade da biblioteca de músicas e principalmente, na qualidade de áudio, meios para convencer o usuário a fazer a transição do serviço free para o serviço pago, aumentando suas receitas e, consequentemente, ajudando a indústria musical na manutenção de suas atividades e fortalecendo ainda mais o combate a pirataria. Por falar em pirataria, os desafios ainda são grandes, mas os serviços de streaming oferecem, pela primeira vez, um concorrente com potêncial para balancear o consumo legal e o consumo pirata. A preferência por um serviço de streaming sempre estará ligada a diversidade de músicas que este oferece, sua oferta de valor e qualidade de áudio. Além disso, a presença de um determinado serviço de streaming na mídia também participa da equação e quando todas as outras variáveis são positivas, o sucesso é garantido. Um serviço de streaming musical X possui 20 milhões de canções oferecidas gratuitamente, ou através de uma assinatura mensal de R$ 14,90, onde o usuário paga apenas R$ 1,90 nos três primeiros meses. A qualidade do áudio é excepcional e sua presença na mídia é gigantesca através de parcerias com portais de notícias, sites e etc. O resultado desta equação é o maior serviço de streaming do Brasil, o Spotify com 60 milhões de usuários. Isto serve para exemplificar como estas variáveis são de fato relevantes e podem definir um caminho de sucesso ou fracasso para o streaming de música. No Brasil as principais vantagens do streaming, na visão dos usuários, estão principalmente na grande biblioteca de músicas destes serviços, na possibildiade de descobrir novos artistas graças as recomendações destes serviços. Essas grandezas estão diretamente ligadas. O usuário brasileiro entende que limitar-se ao download de músicas no, cenário atual, impede com que ele explore e conheça coisas novas. Os serviços de streaming possuem 48

ferramentas eficientes que são capazes de exibir ao usuário apenas artistas que combinem de fato com o que ele costuma ouvir e com aquilo que ele sinaliza como relevante. Além disso, estes serviços possuem playlists eficientes para quase todas as necessidades dos usuários. Se algum deles decidir dar uma festa, por exemplo, o DJ torna-se uma figura desncessária, pois no Spotify e Deezer playlists com seleções de músicas para todo tipo de festa (da infantil a „resenha‟ com os amigos), estarão disponíveis. Já as desvantagens ficam a cargo da dependencia de boa conexão com a internet e da excessiva exposição à publicidade, no caso dos usuários free. Embora estes usuários brasileiros sinalizem a qualidade da conexão como boa para executar atividades na internet, incluindo ouvir música e condirando a conexão que usam na maior parte do dia, ainda existe um receio quanto ao uso no 3G/4G, disponível principalmente em smartphones e tablets. O Wi-Fi é o mais utilizado durante no decorrer do dia, mas ao sair de casa, por exemplo, o usuário se vê preso a sua conexão 3G/4G e a qualidade deste serviço é instável, pois depende muito de região para região. A melhoria de qualidade nas conexões de dispositivos móveis alavancaria os negócios desta nova indústria, a indústria do streaming. Esta é a grande dica para o Brasil se o país tiver interesse em crescer no setor digital e oferecer mais possibilidades as empresas que já estão por aqui. Em relação a publicidade, embora esta seja de fato evasiva na maioria das vezes, é preciso conscientizar os usuários que esta prática é que lhes assegura um acesso gratuito de qualidade as músicas que tanto desejam. Além disso, os serviços de streaming podem trabalhar melhor a segmentação destes anúncios, exibindo para o usuário apenas o que é de fato relevante para ele. Esta medida amenizaria, em partes, o impacto das propogandas. O impacto do streaming musical no cotidiano dos internautas brasileiros é evidente. Cerca de 80% deste internautas conhecem e/ou já utilizaram estes serviços de alguma forma. Este é um impacto positivo que reforça a ideia de que o streaming realmente é um aliado de peso no combate à pirataria e parceiro chave da indústria musical. O Brasil apresenta-se como um mercado fértil e aberto a modelos de negócios ousados como o streaming musical. O streaming é o futuro da música, certamente. Está é a única ferramenta que tem o potencial para neutralizar a pirataria. A melhoria nos serviços de internet, principalmente nas conexões 3G/4G, representa um desafio que, se superado, colocará o Brasil na rota de investimentos de empesários do ramo digital.

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