Contribuição à biologia reprodutiva de Tangara peruviana

June 8, 2017 | Autor: R. Silva e Silva | Categoria: Breeding Biology
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NOTAS CURTAS Contribuição à biologia reprodutiva de Tangara peruviana

Figura 1. Filhote de Tangara peruviana em árvore de manguezal, após deixar o ninho. Foto: Bruno Lima.

Bruno Lima1 & Robson Silva e Silva2 Notável habitante das restingas e matas de baixada, o comportamento reprodutivo de Tangara peruviana ainda não era bem conhecido e nem bem documentado, sendo nosso objetivo ampliar o conhecimento sobre essa espécie1,2. Trata-se de uma espécie que aparece no litoral do estado de São Paulo nos meses de inverno, embora a população do litoral sul do estado seja residente1,3. O local do presente registro é o habitat de parte da população paulista residente5,6. Trata-se do município de Peruíbe, onde a espécie habita vastas florestas de restinga, matas de encosta e restinga arbustiva na orla marítima4,6,7. Em 06 de janeiro de 2011, um macho adulto foi observado forrageando em vegetação de manguezal. Observando atentamente, notamos que o indivíduo capturava pequenas lagartas e dirigia-se para o interior de uma ostensiva bromélia de tom avermelhado (Vriesea rodigasiana), apoiada sobre árvore de manguezal a 7 m do solo. A intervalos regulares, o macho saía da bromélia e retornava com pequenas lagartas, sendo revezado por um macho mais jovem, que trazia pequenos frutos da restinga adjacente. Tudo nos levou a crer 22

Figura 2. Macho de Tangara peruviana alimentando os filhotes em trepadeira exótica. Foto: Bruno Lima.

que, como outros representantes dessa família, Tangara peruviana também utiliza a proteção das brácteas de bromélias para construir seu ninho. Em 12 de janeiro um filhote (Figura 1) projetou-se para fora da bromélia, voando para os galhos mais altos, pedinchando e sendo rapidamente atendido pelo macho adulto e pelo jovem, que se revezavam na tarefa de alimentar o filhote. Em 22 de outubro de 2011, um ninho com quatro filhotes foi encontrado a 2 m do solo, entre as folhas e raízes de hera (Ficus pumila), uma trepadeira exótica muito utilizada no Brasil para recobrir muros. Nesse caso, macho e fêmea se revezavam para alimentar os filhotes, mas apenas a fêmea recolhia a bolsa fecal. O ninho tinha o formato de taça profunda, com as medidas: 10 cm de diâmetro interno, 12 cm de diâmetro externo, 14 cm de profundidade e 18 cm de altura. Externamente o ninho era forrado por pequenos gravetos. Sua forragem interna era constituída de gravetos e algumas poucas plumas brancas. Entre os dias 22 e 25 de outubro de 2011 não se ouvia os filhotes. Nesse período, a fêmea dormiu no ninho todas as noites. Entre os dias 26 e 29 de outubro os filhotes começaram a ser ouvidos na hora de serem alimentados,

ou emitindo chamados quando os pais demoravam em suas visitas ao ninho. Além dos dados aqui fornecidos sobre sua biologia reprodutiva serem inéditos, cremos que qualquer informação sobre essa espécie e seus locais de reprodução é altamente relevante, pois se trata de uma espécie ameaçada de extinção a nível estadual e global1. Agradecimentos Somos gratos aos editores dessa revista. Referências bibliográficas (1) Sigrist, T. (2006) Aves do Brasil, uma visão artística; (2) Willis, E.O. & Y. Oniki (2003) Aves do Estado de São Paulo; (3) Isler, M.L. & P.R. Isler (1987) The Tanagers: natural history, distribution, and identification; (4) Develey, P.F. (2004) p 278-295 In: O.A.V. Marques & W. Duleba (eds.) Estação Ecológica Juréia-Itatins: ambiente físico, fauna e flora; (5) Lima, B. & J.N. Moras (2011) AO 160: 4-6; (6) Moraes, V.S. & R. Krul (1997) Bulletin of British Ornithological Club 117(4): 36-318; (7) Sedano, R.E. & K. Burns (2010) Journal of Biogeography 37: 325-343.

Biólogo/Ornitólogo. Rua 15, 289, Guaraú. Peruíbe, SP. CEP: 11750-000. [email protected] 2 [email protected] 1

Atualidades Ornitológicas, 178, março e abril de 2014

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