Contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná para a formação capital humano

July 23, 2017 | Autor: N. Oliveira | Categoria: Economics, Development Studies, Social Capital
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CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ PARA A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO 1 Udo Strassburg2 Valdir Antonio Galante3 Nilton Marques de Oliviera4 Mirian Beatriz Schneider Braun5

INTRODUÇÃO O presente capítulo discute a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste - para a formação de capital humano. As instituições de ensino superior e principalmente as universidades devem cumprir o seu papel, que vai além dos limites da sua finalidade tradicional de produção, reprodução, divulgação e conservação do conhecimento. Elas possuem um papel muito importante para o desenvolvimento das regiões onde se encontram, além de “ensinarem” nas diversas áreas de conhecimento, formando profissionais para atuarem no mercado de trabalho, possibilitam à população o acesso à inovação científica, o resultado de pesquisas realizadas e publicações etc.; também atuam com ênfase social na área de extensão com projetos, cursos, eventos, programas e prestação de serviços. As universidades são formadas pelos docentes, acadêmicos, técnicos, entidades e pessoas externas a ela. Logo, a abrangência de ensino superior cumpre com as 3 formas de atuação: o ensino, a pesquisa e a extensão. A universidade oportuniza aos envolvidos no processo ensino aprendizagem, docentes e acadêmicos, a participação e a integração nas atividades oferecidas com o intuito da obtenção de experiências diversas que auxiliarão na formação do capital humano. Para Levin e Liu (1973) apud LIMA (1980, p. 224):

Pesquisa executada com financiamento da Seti/Fundação Araucária. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail : udo. [email protected]. 3 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail  : [email protected] 4 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. E-mail [email protected] 5 Professora Associada do Curso de Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Unioeste-Toledo. Pesquisadora do Grupo Gepec. Bolsista Produtividade da Fundação Araucária.e-mail  : [email protected] 1 2

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O ponto de vista que defende que capital humano é, sobretudo, o resultado de investimento em educação ou em treinamento, tem como consequência a escolha, por parte dos que esposam esta ideia, da taxa de retorno a esses investimentos como a variável crucial na determinação do número de anos que uma pessoa vai à escola, e consequentemente - segundo os economistas neoclássicos - para a determinação da distribuição de renda.

Já para Becker (1993), o capital humano faz parte da riqueza das nações, assim como as fábricas, casas, maquinaria e outros bens físicos, dando a mesma importância a um bem físico que tem valor de troca, demonstrando que, sem capital humano, não se pode tocar as fábricas, casas, máquinas etc. Nesse sentido, Ponchirolli (2000) destaca que o capital humano, além de todas as outras variáveis, será a peça fundamental da organização do futuro. As organizações de hoje seriam sábias se criticassem seus sistemas e práticas atuais de atrair, desenvolver e reter o capital humano. Assim, pode-se destacar que a universidade é o ponto de partida para a formação de capital humano. É a força propulsora que irá acionar a alavanca do desenvolvimento. Pelo próprio processo de evolução da discussão relativa ao capital humano, as contribuições de sua teoria acabaram sendo “substituídas” pelo conceito de Economia do Conhecimento (Knowledge Economy), que surge a partir do grande avanço das indústrias intensivas em conhecimento, em contraponto à tradicional indústria intensiva em capital. Essa indústria caracteriza-se pela produção de bens e serviços intensivos em conhecimento, que contribuem para um acelerado avanço técnico e científico, assim como uma rápida obsolescência. Destaca-se um componente-chave dessa linha de pensamento, uma ligação profunda entre capacidade intelectual e insumos físicos ou recursos naturais. Essa nova indústria tem a capacidade de refazer a natureza do trabalho e da economia. Em relação aos procedimentos metodológicos utilizados no presente trabalho, utilizouse um estudo de caso, com uso de dados primários compilados dos relatórios de atividades, autoavaliação, planejamento e registro da instituição, os quais foram organizados e agrupados para serem analisados e utilizados na pesquisa. O presente artigo discute a estrutura e resultados da Unioeste em relação à formação do capital humano e à produção de conhecimento nos dados acumulados no período de 2000 a 2012. Os dados foram obtidos junto à Pró-Reitoria de Graduação, Pós-Graduação, de Extensão, da seção de convênios e nos relatórios da Pró-Reitoria de planejamento - Proplan. Fez-se uso, também, de dados secundários, obtidos em publicações relacionadas ao tema em tela. Dessa forma, a proposta deste capítulo é analisar a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste em um novo modelo econômico – a Economia do Conhecimento – na formação de mão de obra qualificada, descrevendo a evolução da

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formação do capital humano entre 2000 e 2012. Este capítulo está dividido em quatro partes, além desta introdução, a seguir faz-se uma caracterização histórica da Unioeste. Na terceira parte apresenta e discute a evolução na formação do capital humano, as considerações finais sumarizam o trabalho.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ A Universidade Estadual do Oeste do Paraná é uma instituição pública de ensino superior, com sede no Município de Cascavel. Em 1991, a Lei Estadual nº 9.663/91 transformou-a em autarquia a Fundação Universidade Estadual do Oeste do Paraná e, em 1994, foi criada a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste, dividida em 4 campi, abrangendo toda a Região Oeste do Paraná. Os campi ficaram situados nos Municípios de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon. Logo após em 1998, foi incorporada à Unioeste a FACIBEL, Faculdade de Francisco Beltrão, que fica situada na Região Sudoeste do estado. Com a integração do campus de Francisco Beltrão, a Unioeste consolidou-se como uma Universidade Regional, multicampi, focada no desenvolvimento regional e social, abrangendo as duas regiões. Além dos campi universitários, a Unioeste conta, desde 2000, com o Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), o qual veio suprir uma carência muito grande na área da saúde. As regiões nas quais se insere a Unioeste, ocupam uma área de 33 mil km2, correspondendo a 16,3% do território do estado do Paraná, cuja população é superior a 2 milhões de habitantes. A economia dessas regiões é dinâmica, representando um papel de destaque no crescimento e desenvolvimento do Paraná. Os Municípios de Foz do Iguaçu e Cascavel estão entre os dez com maior Produto Interno Bruto – PIB – do estado. Essas regiões destacam-se, também, por possuírem uma agropecuária diversificada. Além disso, possuem belezas naturais, como as Cataratas do Iguaçu, o Lago e Usina de Itaipu e o Parque Nacional do Iguaçu. A Unioeste vem promovendo a emancipação social e econômica das regiões que a acolhe, atenta às expectativas do desenvolvimento regional. Enquanto instituição pública de pesquisa e ensino superior atua como agente de integração, de difusão do conhecimento e de promoção do desenvolvimento humano e social, orientando suas ações para privilegiar as peculiaridades inerentes à microrregião de cada campus. Nesse sentido, a diversidade de cursos e atividades de extensão ofertada em cada unidade universitária potencializam aptidões regionais nas áreas de saúde, biotecnologia

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de alimento, turismos, energia elétrica, conservação e preservação dos recursos naturais, assistência social, agropecuária entre outras. O Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP – está localizado na cidade de Cascavel, dispondo de atendimento especializado em diversas áreas da medicina, sendo o maior Hospital Público das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. O Hospital atende a uma população oriunda de Regiões do Estado do Paraná e Mato Grosso do Sul, além de países como o Paraguai e a Argentina. O ensino de graduação e pós-graduação apresenta ações que catalisam os esforços na melhoria dos indicadores sociais, ambientais e econômicas das regiões em que atua. O planejamento da Universidade preocupa-se com as necessidades dos cursos de graduação e pós-graduação de cada campus, porque dessa definição depende a racionalidade dos investimentos que são significativamente altos, uma vez que a Unioeste é uma universidade pública emergente. Para ilustrar, a movimentação do HU no ano de 2012 atingiu 12.666 internações, sendo 8.924 para pacientes oriundos de Cascavel e 3.742 pacientes de municípios circunvizinhos. Em 2012, a Unioeste contava com 11.033 alunos nas 65 turmas de cursos de graduação, 28 cursos de especialização, com aproximadamente 620 alunos matriculados e 1.118 alunos nos 25 programas de mestrado e doutorado. A Universidade, apesar de ser relativamente jovem, conta com um corpo docente qualificado, que totaliza 1.229 (sendo 5% de pósdoutores, 40% de doutores, 38% de mestres, 14% de especialistas e 3% de graduados). Na área da pesquisa, a Unioeste tem implementado importantes projetos de pesquisa para o desenvolvimento regional. As pesquisas, em sua maioria, são financiadas por empresas privadas e órgãos ou instituições estaduais e federais de fomento à pesquisa. A iniciação científica é uma maneira encontrada para estimular os acadêmicos de graduação na pesquisa, transformando-se, assim, em um dos recursos indispensável para sua formação. Ente as áreas de pesquisa da Unioeste, pode-se citar: Inovação Tecnológica e da Biotecnologia; Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Agroindústria e Energia, Tecnologia da Informação, Saúde e Ciências Biológicas, Letras e Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias. Conta com 583 projetos no Programa Institucional de iniciação científica, em 2012 tinha cadastrado 172 grupos de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, nas quais estavam envolvidos mais de 2.400 pesquisadores, mais de quinhentas pesquisas em desenvolvimento e várias patentes registradas, 436 projetos aprovados em órgãos de fomentos, trazendo recursos para Universidade e região. Na extensão universitária, a Unioeste estabelece uma inter-relação com a sociedade com importantes ações do Projeto Universidade sem Fronteiras, que atua em mais de 62 municípios, e o Projeto Rondon, que envolve muitos docentes e acadêmicos, auxiliando

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pessoas de lugares carentes. O programa de extensão da Unioeste também desenvolve projetos ligados à Agricultura Familiar, à Pecuária à Leiteira, à Produção Agroecológica Familiar, à qualificação de mão de obra entre outros. Além disso, apoia as Licenciaturas e realiza ações de Apoio à Saúde, aos Diálogos Culturais, à Extensão Tecnológica, Empresarial e Incubadora dos Direitos Sociais. Outro importante Programa é a Universidade da Terceira Idade (UNATI) voltada à população idosa e/ou adulta.

UNIOESTE E A CONTRIBIÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO O papel da universidade é o de oferecer ensino de qualidade, que dê condições para que o acadêmico possa se inserir no mercado de trabalho na área de seus estudos. Também, é o de oferecer vagas à população para que esta possa se qualificar e obter uma profissão. Porém, a função desempenhada por uma universidade vai muito além de “ensinar” pessoas, visto que cria ambiente para a reflexão crítica sobre o que é feito em dada região, sobre os caminhos a serem seguidos e o melhor modo de trilhá-los. Desse ambiente, muito benefício é gerado para a sociedade e para o setor produtivo, o qual, por sua essência, busca a eficiência e o ganho de curto prazo. A universidade, por sua vez, busca ser eficiente, mas mantém foco no médio/longo prazo, mirando a criação de conhecimento e processos que contribuem com a atividade produtiva privada, quer com a formação de pessoas, quer com a discussão da ciência ou oferta de processos mais produtivos. No que diz respeito à formação dos acadêmicos nos cursos de graduação, o Gráfico 1 apresenta a quantidade de alunos matriculados para os anos de 2000 e 2012.

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Gráfico 1: Evolução de alunos matriculados na graduação presencial – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A Unioeste tinha em 2000 um total de 7.925 alunos e, em 2012, aumentou para 9.295, tendo um acréscimo de vagas de 17,28% em um período de praticamente 12 anos. Esse aumento de vagas foi devido a um acréscimo de vagas em alguns cursos, de 40 para 50, ampliando assim a produtividade, oferecendo a oportunidade de ingresso ao ensino público e gratuito a um número maior de pessoas. O único campus que teve o número de alunos reduzido em 11,66% foi o de Francisco Beltrão, sendo o último campus incorporado à Unioeste. Visando reduzir a evasão nos cursos de graduação e pós-graduação, a instituição desenvolve estudos e ações no sentido de verificar quais são os problemas que levam o aluno a não chegar até o final dos cursos, verificando o motivo das desistências, trancamentos de matrícula, reprovações etc. Como se pode verificar no Gráfico 2, o número de formandos, em Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, aumentou. A análise a seguir foi realizada levando-se em consideração as turmas com 40 alunos. Cascavel teve o aumento mais expressivo, com 18 cursos e 458 formados, correspondendo a uma média de 25,44 formados por curso, mostrando um não aproveitamento de aproximadamente 15 alunos. Em Foz do Iguaçu, essa média ficou em 19,53 (254/13); em Francisco Beltrão, 25,85 (181/7); em Rondon, 18,27 (201/11); e, em Toledo, 17,55, (158/9), formados por curso. Esse é um ponto em que a Unioeste precisa ser mais eficiente. Quando é feita uma verificação do total de matriculados e o total de formados, percebe-se que a

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proporção foi de 7,66 para o ano de 2000 e de 7,42, para o ano de 2012. Demonstrando, assim, que o número de matriculados aumentou no ano de 2012, mas a proporção com os formandos diminuiu. Gráfico 2: Alunos formados na graduação nos campi da Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013) adaptado pelos autores.

A análise do Gráfico 3 permite verificar que houve um aumento do número de alunos, do ano de 2000 para 2012, de 24,86%, mas esse aumento não se refletiu no número de formados, que correspondeu a 21,08%. A perda de estudantes por abandono pode decorrer de diversas causas, como incompatibilidade com o trabalho, mudança de curso/instituição entre outros.

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Gráfico 3: Número total de alunos matriculados e formados na graduação – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Gráfico 4: Evolução de alunos matriculados no mestrado e doutorado - 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Por sua vez, o Gráfico 4 apresenta a relação entre ingresso e formados nos cursos de pós-graduação nos dois períodos analisados (2000 e 2012), tanto os estudantes regulares como os alunos especiais, que cursaram as disciplinas específicas. Contudo, em relação aos programas de mestrado e doutorado, a comparação entre os dois períodos tornou-se difícil, pois a maioria deles foi constituída após o ano 2000, conforme demonstrado no Gráfico 5. Apenas no campus de Cascavel pôde ser comparado o que ocorreu em 2000 e 2012. Em 2000, a pós-graduação stricto sensu de Cascavel possuía 27 alunos em situação regular e nenhum aluno especial e, em 2012, o número de alunos regulares subiu para 326, ou seja, um aumento de 1.107,40% e o quantitativo de alunos especiais subiu para 195, correspondendo a um aumento de 195%. Isso quer dizer que a Unioeste está tendo um avanço significativo na área de stricto sensu, formando capital humano melhor qualificado. A pós-graduação stricto sensu cresceu de modo expressivo nos últimos 12 anos, de 1 para 25 cursos, um aumento de 2.400%. A expansão e sedimentação do ensino na pós-graduação contribuem para o quadro da própria instituição, bem como para outras universidades públicas e privadas, além de atender instituições não relacionadas ao ensino. A maioria desses novos cursos foram estruturados e implementados posteriormente a 2007, portanto, nos últimos 5 anos. Mesmo assim já possuem conceitos considerados muito bons, decorrente da dedicação e emprenho de toda a comunidade acadêmica envolvida (Gráfico 5). Gráfico 5 : Conceitos dos Cursos de Graduação nas Avaliações do MEC - 2008 -2011

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013), adaptado pelos autores.

Os conceitos (notas) representam um conjunto de condições objetivas e subjetivas dos diversos programas, representando o desempenho, interconexão entre instituições e Universidades estaduais paranaenses, desenvolvimento regional e contribuição para a qualificação da mão de obra

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responsabilidades. A nota 3 informa que o curso está em plenas condições de funcionamento. A nota 4 é dada a um curso que tem condições de abrir um doutorado, já a nota 5 está em outro patamar, no qual o curso mantém convênio com instituições e pesquisadores internacionais, enviando seus alunos para temporadas de estudos fora do país, proporcionando novas experiências e aprendizados. Para que toda a estrutura funcione adequadamente, a Unioeste abriu novas vagas para docentes e técnicos administrativos, visto tratar-se de uma universidade nova, com necessidade de se estruturar (Gráfico 7). O aumento do número de professores efetivos e temporários foi de 62,26%, volume necessário para atender aos novos cursos que foram sendo implantados. Já em relação aos técnicos administrativos, esse aumento foi de 186,65%, também para atender aos novos cursos, a seus laboratórios e às novas áreas construídas nos diversos campi. Gráfico 7: Número de funcionários da Unioeste - 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Para demonstrar como o corpo docente da Unioeste evoluiu nesses 12 anos, foi elaborado o Gráfico 8, no qual é visto o intenso ganho de participação de docentes com maior grau de titulação, com destaque para os doutores.

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Gráfico 8: Docentes da Unioeste por classe da carreira- 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A carreira docente está dividida entre professores auxiliares que possuem a graduação e/ou especialização lato sensu, professores assistentes, com titulação de mestrado e adjuntos, com titulação de doutor. A classe de professor auxiliar diminuiu, justamente pelo fato de que estes estão se qualificando, passando de auxiliar para assistente. A classe de professor assistente recebe professores na classe auxiliar, após a defesa da dissertação, mas também cede para a classe de professor adjunto, após a defesa da tese. Mesmo assim, os assistentes tiveram um aumento de 50,32% no período analisado. A classe de professor adjunto é a última classe que se consegue chegar por titulação, ou seja, pelo término de um curso de pós-graduação. Essa classe teve um aumento importante, chegando a 571,95%. Dessa forma a Unioeste possuía em 2012, um percentual de 83,24% de mestres e doutores em seu quadro, número excelente para esse nível de qualificação. Para detalhar um pouco mais a titulação dos docentes, será analisado o Gráfico 9, o qual apresenta o quadro docente por classe da carreira. Neste fica explícita a qualificação no quadro, representado pela expressiva elevação da participação de mestres, doutores e pósdoutores, enquanto a presença de especialistas e graduados, mesmo com algum crescimento nominal, perde representatividade. Esse aumento de qualificação ajuda a explicar a expansão na produtividade e na oferta de mestrados e doutorados na Unioeste.

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Gráfico 9: Titulação do corpo docente da Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

A expansão da Unioeste pode ser visualizada, também, na crescente atração de mão de obra altamente especializada vinda de outros países para compor seus quadros. O Gráfico 10 aponta o número e a origem de professores que migraram para o Paraná. Ressalta-se que não estão listados aqueles professores dos programas de pós-graduação que ministram disciplinas específicas nos cursos, mas apenas aqueles que são professores regulares. Como se pode verificar, a diversidade de procedência dos professores é grande, tanto da Europa quanto da América do Norte e mais frequente da América do Sul. O destaque está para o Peru, a Argentina, o Chile e o Paraguai, com o maior número de professores. Em termos de quantidade de professores que estavam trabalhando nos anos analisados, 2000 (28) e 2012 (25), houve uma redução de 10,71%.

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Gráfico 10: Professores estrangeiros que trabalham na UNIOESTE – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Também é importante destacar a evolução da titulação dos técnicos administrativos no período analisado, a qual foi significativa, conforme se pode verificar no Gráfico 11. Gráfico 11: Titulação dos técnicos administrativos – Unioeste – 2000 e 2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Os técnicos administrativos com ensino fundamental reduziram seu número em 53,85%, seja por evolução nos estudos, seja por demissão ou aposentadoria. Funcionários com ensino médio tiveram um aumento de 85,34%. Para o ensino superior, migraram 273,67%. Funcionários que concluíram a especialização aumentaram em 249,37%. No período analisado, a participação de funcionários que concluíram mestrado ou doutorado aumentou em 550% e 1.100%, respectivamente. O capital humano, relacionado aos técnicos administrativos, teve um importante incremento. No que diz respeito ao relacionamento com a comunidade externa, ressalta-se a importância dos convênios para a instituição, pois é onde se tem condições de buscar parcerias e recursos para a complementação de suas necessidades. Nesse sentido, foi elaborado o Gráfico 12, que demonstra isto em quantidade e valores. Gráfico 12: Convênios firmados pela Unioeste – em quantidade e valores – 2009 a 2012

Fonte: Unioeste (2009; 2010; 2011; 2012; 2013), adaptado pelos autores.

A Unioeste expandiu o número de convênios firmados, demonstrando o empenho dos diversos setores envolvidos. Em relação aos valores que movimentam os convênios, demonstra a busca intensa de alternativas para a melhoria de seu tripé, ensino, pesquisa e extensão. Como já foi destacado anteriormente, para que o curso de pós-graduação stricto sensu passe para a nota 5, é necessário já ter firmado convênios com instituições do exterior, e é nesse sentido que foi destacado no Gráfico 13. Nele está exposta a quantidade de convênios firmados com cada país e o destaque foi para Itália, Argentina e Espanha, pela quantidade de convênios firmados, sem destacar a importância que cada convênio tem.

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Gráfico 13: Convênios Internacionais firmados pela Unioeste em 2012

Fonte: Unioeste (2013), adaptado pelos autores.

Para que os alunos possam pesquisar, é necessária uma estrutura que possa dar subsídios para a busca de novos conhecimentos, e estes estão nas bibliotecas que estarão representadas no Gráfico 14, no qual podem ser visualizadas as bibliotecas da Unioeste que tiveram acréscimo considerável em termos de título (292,60%) e também no volume de livros (234,50%). Isso se deve às doações recebidas e aquisições para atualização do acervo. Esses dados estão engloabados, mas a Unioeste conta com bibliotecas em cada campus e, ainda, um sistema integrado entre elas, o qual é utilizado para consultas, reservas e controle do acervo. Já em relação aos periódicos, essa realidade se alterou, reduzindo o seu volume. Isso é natural na atual conjuntura, com a tecnologia sendo incorporada a todas as áreas. Essa redução deve-se à enorme quantidade de periódicos eletrônicos que surgiram, proporcionando ao leitor o acesso online às diversas revistas e artigos, tanto no Brasil como no exterior.

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Gráfico 14: Livros, periódicos e outras obras

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

Gráfico 15: Quantidade de laboratórios existentes na Unioeste – 2000 -2012

Fonte: Unioeste (2001; 2013), adaptado pelos autores.

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Outro fator importante para a formação do capital humano é a aplicação prática da teoria vista em sala de aula, além da realização de estágios junto às empresas, das quais já foi mencionado na parte dos convênios. Essa aplicação prática é ralizada nos diversos laboratórios existentes na instituição, e é nesse sentido que no Gráfico 15 estará demonstrando a sua situação em termos de número e de área construída. Um dos resultados que a pesquisa produz pode ser mensurado pelo número de patentes e processos para os quais se solicita registro. Na Unioeste, o número de registro e pedido soma algumas dezenas, apresentando crescimento rápido e superando universidades mais tradicionais e antigas, o que demostra a habilidade e a capacidade dos seus quadros. Tais progressos, em momento subsequente, são transferidos ao processo produtivo, contribuindo com produção, emprego, arrecadação tributária e coloca o conhecimento e a ciência em patamar mais evoluído. No período analisado houve um pequeno número de laboratórios criados (23), tendo um aumento de 9,96%. Já em relação à metragem construída, esta teve uma redução, justamente pelo reaproveitamento, construção de novos espaços nas dimensões ideais, mas como pôde ser visto no número maior de laboratórios existentes. Pelo exposto, pode-se visualizar a rápida expansão da Unioeste nos seus 3 eixos de atuação – ensino, pesquisa e extensão – nas duas regiões de atuação – Oeste e Sudoeste do Paraná –, em curto período, tanto se considerada a data de criação da Universidade, em 1994, quanto se considerado o processo de expansão das atividades na pós-graduação. Nesse sentido, além do processo de ensino e da produção de ciência e interação com a comunidade externa, via oferta de serviços e convênios com a iniciativa privada, o ambiente universitário cria espaço para a criatividade e a inovação, os quais são apropriados pelos estudantes, pela sociedade e pelas empresas privadas, traduzindo-se em ganhos muito maiores que aqueles que podem ser mensurados por critérios usuais, visto a subjetividade de alguns deles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve como proposta de analise a contribuição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – e a Economia do Conhecimento na formação de mão de obra qualificada, descrevendo a evolução da formação do capital humano entre 2000 e 2012. Os dados foram coletados juntos às Pró-Reitorias de Graduação, Pós-Graduação, de Extensão, da seção de convênios e nos relatórios da Pró-Reitoria de planejamento – Proplan. Conforme demostrado na análise, a Unioeste tem ofertado um ensino de qualidade, dando condições para que seus egressos se insiram no mercado de trabalho, gerando emprego

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e renda. Além dessa função, a Universidade cria ambiente para a reflexão crítica sobre o que é feito, sobre os caminhos a serem seguidos e o melhor modo de trilhá-los. Alguns resultados merecem destaques, entre eles: o crescimento de alunos matriculados a Unioeste em 2000, 7.925 e em 2012 passou para 9.295 alunos. Quando é feita uma verificação do total de matriculados e o total de formados, percebe-se que a proporção foi de 7,66 para o ano de 2000 e de 7,42, para o ano de 2012. A pós-graduação tem seu crescimento a partir de 2007, portanto, nos últimos 5 anos. Mesmo assim, já possuem conceitos considerados muito bons. Outra observação constatada foi o aumento do número de professores efetivos, temporários e técnicos administrativos, dando condições necessárias para atender aos novos cursos que foram sendo implantados e para os novos laboratórios e as novas áreas construídas nos diversos campi. Observou-se, também, a qualificação do corpo docente elevando a participação de mestres, doutores e pós-doutores, por sua vez reduzindo a presença de especialistas e graduados. Esse aumento de qualificação ajuda a explicar a expansão na produtividade e na oferta de mestrados e doutorados na própria universidade. Verificou-se, também, a diversidade de procedência dos professores de outros países, sendo mais frequente a presença de latinos-americanos. As bibliotecas, por sua vez, tiveram considerável aumento livros, periódicos e revistas científicas. A Unioeste vem produzindo patentes resultados de suas pesquisas, apresentando crescimento rápido e superando universidades mais tradicionais e antigas, o que demostra a habilidade e a capacidade em sua organização. Como sugestão para trabalhos futuros, sugere uma pesquisa de campo junto aos egressos da Instituição e com a comunidade externa para confrontar os resultados obtidos neste trabalho.

REFERÊNCIAS BECKER, G. S. Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: University of Chicago Press, 1993. BLAUG, M. Introdução à Economia da Educação. Porto Alegre: Editora Globo, 1971. LIMA, R. Mercado de trabalho: o capital humano e a teoria da segmentação. Pesq. Plan. Econ., Rio de Janeiro, 1980.

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