Contributo para o estudo das faunas encontradas no poço-cisterna de Silves (séculos XV-XVI).

October 14, 2017 | Autor: João Cardoso | Categoria: Portugal, Ceramica, Cisterna, Ceramica Islamica
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Silves nos Descobrimentos

XELB: revista de arqueologia, arte, etnologia e história, ISSN 0872-1319, N° 3,1996, págs. 207-268

CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DAS FAUNAS ENCONTRADAS NO POÇO-CISTERNA DE SILVES (SÉCULOS XV-XVn João Luís Cardoso' e J\1ário Varela Gomes" (Com a colaboração de E. Crespo, G. Patrício e T. Dray)

1. Condições de jazida, cronologia e metodologia Trabalhos anteriores deram a conhecer as condi ções de descoberta e exploração arqueológica da estrutura monumental de onde provém o espólio agora estudado, assim como as suas principais características e algum as cerâmicas islâmicas ou outras dos séculos XV e XVI ali exumadas (Gomes e Gomes, 1984; 1986; L991 ). O denominado poço-cisterna islâmico de Silves, Monumento Nacional hoj e integrado no Museu Municipal de Arqueologia daquela cidade, terá sido edificado após a reconquista muçulmana de 1191 , pertencendo, portanto, aos finai s do século XIf ou aos inícios da centúria seg uinte. O seu abandono e entulhamento deve ter-se processado, pelo menos, em meados do século XV, dado já não ser referido no "Livro do Almoxarifado de Silves ", de 1474; todavia os materiais mais recentes, recolhidos nas camadas superficiais, atingem o terceiro quartel do sécul o XVI, nomeadamente dois numismas cunhados no reinado de D. Sebastião (1568-1578). Os restos faunÍsticos ex umados são, tal como a grande maioria do restantc espólio, dos séculos XV e XVi, atendendo a que o poço-cisterna, quando utilizado, seria periodicamente limpo. Mais precisamente, e a não ter havido grandes remoções de terras, situar-se-ão entre a primeira metade do sécul o XV e o terceiro quartel da centúri a segui nte, período em que a arq uitectura da zona parece ter sido aLterada, segundo dados proporcionados pelas escavações a que ali procedemos. Podemos, pois, concluir que o espólio em questão, cujo número total de restos identificados (NTR) atinge cerca de meio milhar, pertencerá a um período com Cerca de um século. Os materiais a seguir descritos foram recolhidos através da cri vagem, com malha de 5 mm, das terras provenientes da escavação do poço-cisterna, tendo-se conservado amostras para futuro '" Da Academia Portuguesa da l-~i s I6ria. Centro de Estudos Geológicos, FCT/UNL. ** Do Academ ia Portuguesa da História. Director do Museu Municipal de Arqueologia de Si lves.

207

tratamento e pesqui sa à lupa binocul ar. Resta acrescentar que aquela estrutu ra conserva , na pa rte mais funda, um espesso depósito, com potência ainda não determin ada mas superior a 1.00 111 , muito rico em fauna e outro espóli o arqueológico, além de di versos res tos vegetais. No capítulo seguinte apresentaremos o inventá rio dos restos de faunísti cos recuperados até ao presente, excluindo os de aves e de peixes, fa zendo-se a ide nti ficação e caracteri zação eOI11 pleta, na medida do poss ível de cada peça, registando-se não só os dados bio métri cos pertin ent es, como as alterações produzidas pela acção humana ou anim al. Nas conclusões qu e co nstituirão o último capítulo deste trabalho tentaremos delinear o perfiI econó mi co, social, ambie ntal e cultural que ex plica presença de tai s restos naqu e le contex to. As medidas apresentadas são em milímetros, e as dimensões dos dentes, exceptua nd o os ele suídeos, foram tomadas na base el a coroa, elaelo vari arem conforme a abrasão dentári a. Optou-se, nas descri ções que se segue m, pelas seguintes abrev iaturas: h - altura máx im a I - comprime nto máx imo dt - di âmetro transversal dap - di âmetro antero- posterior elmd - el iâmetro més io-distal dv l - di âmetro vestíbulo- lingual

2. Fauna mamalógica 2. 1. Ordem Arti odac tyla Owen, 1848 2. 1.1 . Fa mília Cervid ae Gray, 182 1 Espéc ie Cer vus e/aph us L. , 1748 • Frag mento de ga lho. I 129.0 Mostra ablação, por serragem, na zona prox imal e numerosas marcas parale las de co rte, por cute lo, perpendi cul ares ao eixo, ass im como outras di spersas ao lo ngo do corpo da peça. • Frag mento de ga lho. Porção di stal, serrada transversalmente e co m área de corte, co m secção quadrangul ar. I 70.0

Espécie Cf. Dama dali/a L. (

• Metaeárpi co. Porção mesial de di áfi se. dt di áfi se 15.5 dap diáfise 13.0 208

Ulll

orifício centraln3

k-

- ,.. -

""'tO

Fig. I - Ramo e frngmento de nnnaçiio de Capreollls ca/,reollls, c porções de gnlho de Cervl/s elol'llIIS (RV/96-20).

Espécie Capreolus capreollls L. , • Ra mo dire ito de arm ação , com três galhos, conservando a base e pa rte correspo ndente do pa rietal. I 195 .0. Apresenta marcas de corte, por cutelo, finas e alongadas, paralelas, perpend ic ul ares ao eixo da peça. Ofe rece, ainda, a me io do ramo, um a marca pro fund a de co rte; o ga lh o a nt erio r mostra perda de massa óssea, correspo nde nte a corte longitu din al. • F ragme nto de ra mo de arm ação, correspondente ao fu ste, de lado inde termin ado. I 94.0 A base foi serrada e afeiçoada, por des baste lateral. A ex tremidade distal mos tra , ig ualmente, desbas te produ zido por co rtes oblíquos.

2.l.2. Fa míli a Sui dae Gray, 182 1 Espéc ie Sus scrofa L. , 1758/ Sus dOlllesticus L., 1758 • Max il ar esqu erdo. Fragme nto, contendo o osso pré- maxil ar, com alvéo los ele 1\ 1, 1\2, 1\3, C, P\ I e os dentes P\2 , P\3 , P\4, com desgaste médio. P\2 dmd 11.7 d vl 6.7

P\3 dmd 1l.7 c1 vl 10.3

P\4 dmd dvl 209

l.3 12.8

• Fragmento de maxilar esquerdo, com os dentes C, Pl l a PI4 e MIl. Desgaste fraco em PII, P12, P13, PI4 e médio em MIl . Canino com desgaste fraco e quase totalmente incluso no alvéolo. Pll dmd 8.2 dvl 3.5

PI2 dmd 11.8 dvl 6.2

PI3 dmd dvl

12.8 8.8

PI4 dmd dvl

12.3 11.3

MI l dmd 16.9 dv l, primeiro lobo 13.5 dvl , seg undo lobo 13.8 comprimento de série dentária pré-molar 42.6 • Maxilar esquerdo. Fragmento, contendo os dentes P13, PI4 e MI l . Desgaste fraco em PI3 e P14, sendo forte em MI l. PI3 dmd 11.7 dv I 8.8

PI4 dmd dvl

11.6 12.2

MIl dmd 15.6 dvl , primeiro lobo 13.6 dv l, segundo lobo 13.6 • Ma xil ar direito. Fragmento, contendo C e Pll a M12. Desgaste fraco de PII a P14, forte em MIl e médio em M12. Ca nino quase todo incluso no alvéolo. Comprimento da séri e pré-molar PI 1PI4, 43.9 PI I dmd 8.1 dvl 3.8

PI2 dmdll. 3 dvl 7.0

16.1 MIl dmd dvl , primeiro lobo 14.2 dvl , segundo lobo 14.4

PI3 dmd 12.7 dvl 9.5

PI4

dmd 11.7 dvl 12.3

MI2 dmd 21.4 dvl, primeiro lobo 17.7 dvl , segundo lobo 16.8

• Ma xilar direito. Fragmento, contendo P14, MIl e M12. Desgaste médi o em MI I e MI2 e fraco em P14. PI4 dmd 11.8 dv l 12.2 MIl dmd 16.8 dv l, primeiro lobo 13.4 dv l, segundo lobo 13.4

MI2 dmd 20.5 dvl , primeiro lobo 16.6 dvl , segundo lobo 16.2

• Max ilar esquerdo. Fragmento, contendo parte de MIl de M12, assim como restos do alvéolo de M13. Desgaste médio. MIl dvl , segundo lobo 14.0 2 10

I--·P·'" o

LtO

Fi g. 2 - Restos ostco lóg icos de SIIS scro.fa/SlIs dOlllesticlIs (RV /96- 15).

M\2 dmd 20.7 dvl , prime iro lobo 16.8 dvl, segundo lobo 16.9 • Maxilar dire ito. Fragmento, contendo restos de rai z de M\I , M\2 e M\3. Desgaste fraco em M\2 e nul o em M\3, parcialmente incluso no alvéolo. Vestígios de fogo e marca de corte longitudinal , por cutelo, acompanhando o lado lingual do max ilar. M\2 dmd 20.8 dv l, prime iro lobo 16.8 dv l, segundo lobo 17.1

M\3 dv l, primeiro lobo 16.9

• Ma xilar esqu erdo . Fragmento, contendo alvéolos de D\2, D\3 e D\4, es te fracturado . • Ma xilar esquerdo. Fragmento, conte ndo alvéolos de C, P\ I, P\2, com raiz anterior e porção di stal de P\3 . Marca de corte, lon gitudinal , acompanhando a sutura palatal, por cute lo, e outras, por faca , na face labial, corresponde nte ao alvéolo de C. • Mandíbu la, de fêmea. Fragmento, contendo o ramo direito conservado até ao nível do M/2 e ramo esquerd o até ao nível do P/3. Indivíduo sub-adulto , com P/2 de ambos lados ainda inclusos nos a lvéo los. Co ntém o canino esquerdo e o primeiro incisivo esquerdo. Marca de corte, por cute lo, no bordo lin gual, ao nível do canino. 2 11

C esquerdo

dmd dvl

8.5 7. 1

PI I esquerdo, com desgaste fraco,

dmd dvl

5.8 3.4

P/3 esquerdo, com desgaste nulo,

dmd 12.2 dvl 6.6

P/3 direito, com desgaste nulo ,

dmd 12.2 dvl 6.7

P/4 direito, co m desgaste nulo,

dmd 13. 1 dvl 8.2

Mil dire ito, com desgaste médi o,

dmd 15 .9 dvl , primeiro lobo 9.9 dv l, segundo lobo 10.8

M/2 direito, co m desgaste fra co,

dmd 19.8 dvl , primeiro lobo 12.3 dvl , segundo lobo 13.3

• Mandíbula. Fragmento, conserva ndo a parte anterior dos doi s ramos até ao níve l de P/3. Conserva o III dire ito e os dois Tl2. Foi intenciona lmente cortada, por go lpe transversal. 1'12 esquerdo, co m desgaste nul o, dmd 11.1 dvl 4.8 P/2 direito, com desgaste nu lo,

dmd 11.0 dvl 4.8

1'/3 esquerdo, com desgaste fraco, dmd 12.5 dvl 7.0 P/3 direilO, com desgasle fraco,

dmd 12.5 dvl 7.1

• Hemimandíbul a. Fragmento de ramo direito, conservando porção de P/4 e MI l , M/2 e M/3. Este último está incompleto no talão. Desgas le médio em P/4 e MI l , fraco e m MI2 e nulo em M /3. Cortes por cUlel0, seccionando totalmente o ramo mandibul ar, ao nível do tal ão de M/3 e da parte anterior de P/4 . M I l dmd 17.0 dvl, primeiro lobo 10.0 dvl , segundo lobo 10.6

MI2 dmd 20.5 dvl , prime iro lobo 13.9 dvl , segundo lobo 13.9 2 12

• Hemimandíbu la esquerda . Fragmento, conservando P/4, M/1, M/2 e o lobo anterior de M/3 . Desgaste muito acentuado.

P/4 dmd dvl

M/2 dmd dv l, prime iro lobo dv l, segundo lobo

12.8 9 .1

MIL dmd

14 .1

16.6 12.9 ?

M/3 dmd dv l, primeiro lobo dvl, segundo lobo

? 15.1 ?

• Mandíbula de fêmea. Fragmento, conservando porção de ramo direito, fracturado ao nível de C e do ramo esquerdo, ao nível de P/4 . Conserva, ainda , os doi s incisivos centrais e o seg undo incisivo esquerdo.

P/3 esq. dmd dv l

12 .1 6.7

P/4 esq. dmd dvl

14 .0 8.5

• Hemimandíbu la. Fragmento, contendo a porção anterior, com os a lvéo los de TI l dire ito, 111 , 112 e Tl3 esqu erdos e parte do alvéolo de C esquerdo. Marca de corte longitudina l, po r c utelo , que seccionou o ramo di re ito da peça. • He mim andíbu la . Fragme nto contendo a porção anterior, com os a lvéo los de III , 1/2 d ireitos e III , 1/2, 113 e C esquerdos. Marca de corte, por cutelo, que seccionou o ramo dire ito da peça. • Hemim andíbu la dire ita. Fragmento com alvéo los de P/2, P/3, P/4, Mil e parte de MI2. Marca de co rtc long itudinal na base da séri e dentária. Intensos vestígios de acção do fogo. • T rês inc isivos superiores, sendo doi s esquerdos e um dire ito. Doi s mostram a superfíc ie de desgaste e liminada por fracturas e o restante ostenta desgaste muito fraco . • Dois incisivos superiores, um direito e um esquerdo, de menores dimensões que os anteriores. • Um incisivo superior esquerdo, com desgaste acentuado e fractura do es ma lte. • Q uatro caninos superiores, de machos, doi s esquerdos e doi s dire itos. Dimensões dos doi s comp letos: dmd h

16.2 1l.0

• P\ I direito, com desgaste nulo. dmd dvl

6.7 3.2

2 13

dmd h

15 .5 12.0

• P\I esquerdo , com desgaste médio. dmd dvl

7 .5 3.6

• P\J esquerdo , com desgaste forte. chnd dvl

8.2 3.9

• P\2 esquerdo, com desgaste médio. dmd dvl

I 1.5

7.7

• Um incisivo inferior lateral direito. • Sete segundos incisivos inferiores, quatro esquerdos e três direitos, com desgastes dife renciados. • Quatro primeiros incisivos inferiores direitos; um com desgaste médio. • Dois primeiros incisivos inferiores esq uerdos. • Doi s segundos inci sivos inferiores direitos. • Doi s terceiros incisivos inferiores direitos; um com desgaste fraco. • Tercei ro incisivo inferior esquerdo. • Terceiro incisivo inferior esqu erdo, de pequenas dimensões e muito desgastado. • Canino in ferior esq uerdo. Trata-se da ex tremidade distal, separada por serragem e mostrando , ao centro , um a perfuração transversal, de secção circular. A superfície serrada enco ntra- c polida. Jul gamos ler sido utili zado como botão. 62.0 • Ca nino inferior, direito. dt dap

22. 1 16.8

• Ca nin o inferior, direito. dt dap

J9.5 15 .5 2 t4

• Quatro ca ninos inferiores feminino s, sendo doi s esquerdos e dois direitos. Dimensões dos dois maiores: dmd b

9.9 9.6

dmd b

11.0 10.6

• Canino inferior, de fêmea. Fragmento de lado indeterminado. • Dois ca ninos inferiores, esquerdos, de grandes dimensões, segurmn ente de javali . • Germe de canino inferior direito, de fêmea. • P/4 direito, com desgaste médio. dmd dv l

12.7 12. 1

• Primeiro molar, inferior, direito. Fragmento, muito desgastado , até à base da coroa, e fracturado. dap

16.0

• MI2 di reito dmd 2 1.8 dvl, primeiro lobo 16.8 dvl, segundo lobo 16.5 • M/2 direito, com desgaste médi o. dmd 22.8 dvl , primeiro lobo 13.8 dvl, segundo lobo 14.3 • M/2 direito, com desgaste forte. dmd dvl , primeiro lobo dvl , segundo lobo

? 12.9 13.5

• M/2 esquerdo, com desgaste médio. dmd 2 1.5 dvl , primeiro lobo 14.8 dvl , segundo lobo 15.3 2 15

• Fragmento de M/3 esquerdo, com desgaste fraco. dmd dvl, primeiro lobo dv l, segundo lobo

? 16.4 ?

• Setc fragme ntos de dentes indetermináve is. • Costela. Fragme nto , co nservando a arti cul ação proximal, seccionada por co rte. • Costela. Fragmento mesial, com marcas de raspagem oblíquas. • Três fragmc ntos de omoplatas esque rdas. • Omoplata dire ita. Fragme nto. • Omoplata esquerda. Fragme nto, contendo parte do volume proximal , exceptuando a superfície arti cul ar. Osso escurecido pela acção do fogo, oferecendo marcas de roidelas que justifi ca m a falta da ex tremidade articular. dt co lo dap co lo

19.8 10.3

• Húmero dire ito. Fragme nto, contendo a metade di stal da diáfi se, com falta da articu lação, por ro idela. Marcas de dentes ou de garras, paralelas e ondul antes, na parte mes ial da fa ce interior da diáfi se. dt diáfi se dap d iáfise

15.6 24.0

• Cúbito esquerdo. Fragmento, contendo grande parte da diáfi se, incluindo a articulação co m O húm ero c porção do o lecrâ ni o. dt diáfi se 10.4 dap diáfi se l4. 3 dt art. co m o húmero 24.7 dap o lecrân io 39.3 (ac im a da artic ul ação) • Cúbito esquerdo . Fragmento, con tendo parte da diáfi se da arti cul ação com o húmero e o o lecrâ ni o (fa lta a rcspectiva epífise, não so ld ada). dt art. com o húmero 23. 1 dap o lccrâni o 37.0 (acima da arti c ul ação)

2 16

• C úbito esqu erdo . Fragmento contendo parte da diáfi se e a articulação com o húm ero (indi víduo juveni I?). Roide las de cão na parte superior da arti culação e marca de co rt e, tran sversal , por faca , na superfíc ie articular co m o húmero. 16.0 dt di áfi se dap diáfise J 2.2 dt art. com o húmero 2 1.8 dap olecrânio 33.5 • Cú bito dire ito. Fragmento, contendo a articulação com o húmero. Mostra intensas marcas de roidelas punctiformes. • Rádio dire ito. Fragmento contendo a extremidade proximal c boa parle da di áfise. Importantes marcas de corte, por cutelo, no bordo mes ial da extremidade prox imal. dt prox. dap prox . dt diáfi se dap diáfi se

29.3 2 1.5 20.0

J3.2

• Rád io esquerdo. Epífise di stal não soldada à diáfi se (ju venil ). • Rádios. Duas porções mes iais de diáfi ses, uma direita e a o utra esqu erda , pertencentcs a um ad ulto c a um ju venil. dt diáfi sc dap diáfise

18.0 12.0

dt diáfi se dap diáfi se

15 .0 9.0

• Terce iro metacárpico dirc ito. Fragmento contendo a articulação proximal c o arranque da di áfi sc. Mos tra intensas marcas de roide la e m toda a superfíc ie. dt proximal 18.0 dap proximal 22.9 • Terceiro mctacárpi co direito. Falta a epífise di stal (juvenil). dt proxima l dap proximal dt diáfi se dap diáfi se

16.8 2 1.7 12.8 10.2

• Terceiro metacárpi co esquerdo . 73. 1

dt proximal

20.7

2 17

dap proximal dt diáfise dap diáfise dt di stal dap distal

16.8 13.6 9.0 16.5 16.0

• Quarto metacárpico direito. Fragmento contendo a extremidade proximal. dt proximal 17.9 dap proximal 17.3 • Quarto metacárpico esq uerdo. Fragmento contendo a extremidade proximal e parte da diáfise. Mostra intensas marcas de roidelas. dt proximal 16.8 dap proximal 14.8 • Tíbia direita. Fragmento contendo boa parte da diáfise e a extremidade distal. Mostra marca de corte, por faca, na face anterior da diáfise. dt diáfise dap diáfise dt distaL dap distal

20.7 17.7 33.5 28.8

• Tíbia direita. Fragmento co ntendo parte do volume da diáfise, de indivíduo provavelmente sub-ad uLto. Marca de corte, por cutelo, na extremidade. d t diáfise dap diáfise

L7 .7 13.8

• Tíbia direita. Fragmento, contendo parte do volume da diáfise. Mostra roidelas, na extremidade distal, responsáveis pela eliminação da respectiva articulação. dt diáfise dap diáfise

20.0 14.7

• Tíbia esq uerda. Fragmento contendo grande parte da diáfise. Mostra roidelas na ex trem idade distal, responsáveis pela eliminação da respecti va articulação (sub-adulto?). A extremidade oposta encontra-se seccionada, com marcas de corte por cutelo, que se prolongam pela face lateral até à parte média da diáfise. dt diáfise dap diáfise

L9. 3 14.7

218

• Tíbi a dire ita. Esquírola longitudina l, correspondente à face interna da di áfise. Im po rtantes marcas de ro idelas junto ao volume prox imal, provocando o afundam ento da táb ua do osso. • T íbia d ireita. Fragmento, contendo porção mesial da diáfise (sub-adulto?). dl d iáfise dap d iáfise

18.6 18.6

• Cal câ neo direito, de indivídu o ju ve nil. • Seg un da falange lateral.

dt prox imal dl di áfise dt d istal

13.8 8.7 8.2 8.6

• Terceira fa lange. h dt arti cul ar

28. 1 17.5 12.5

2.1 .3. Fa míli a Bovidac Gray, 182 1

Espéc ie 80S l a urus L. , 1758 • Crâni o. F ragmento com sin ais de corte por c ute lo. • Crâni o. Fragmento contendo porção do fro ntal esquerdo, com sina is de corte na base do OSS lcone. • Crâni o. Frag mento da arcada zigomática dire ita. • Hemim andíbul a direita. Fragmento co ntendo a extremidade do ramo ascende nte. Ostenta um a frac tura de afundamento, por percussão, na face lingual e marcas de corte por faca. • He mi ma ndíbula direita. Fragmento, contendo o bordo inferior da ex tre mi dade di stal do ramo hori zo nta l. • P\3 esquerdo, com desgaste forte.

dmd dv l

14.0 14.4

2 19

• P\4 esquerdo , co m desgaste fraco. dmd dvl

l 2.7 16.5

·1 /2 esqu erdo, com desgaste forte e fractura na face lingual. P/2 esquerdo , com desgaste nulo.

dmd dvl

11 .6 8.4

• MI I esquerdo, co m desgaste forte. dmd dvl

22. 1 13.8

• Mil esqu erdo, com desgas te forte. dmd dvl

23 .9 15.1

• M/3 di reito , com desgaste médio.

dmd dvl

39 .8 17.3

• M/3 esq uerdo, co m falta da extremidade do lóbu lo di stal e desgaste fo rte .

dmd dvl

32.3 12.6

• Lobo de dente juga l inferior direito , indeterminado. • Vértebra cervical. Fragmcnto conservando a apófi se. • Vérte bra cervica l. Fragmento de apófise. • Vértebra. Fragmento seccio nado 10ngÍludinalmente, por cutelo, perte ncente a indivíduo sub- adu lto. Observa-se pequena marca de corte, por faca , transversal ao alongamento do osso . • Vértebra. Fragmento contendo parte do corpo vertebral , com epífise soldada e apófise. Marcas de roidelas punctiformes e reg ulares. • Vértebra. Fragmento co ntc ndo corpo de vérte bra cervical, seccionada longitudinalmente, pela parte média, por cutelo. Mostra , ainda, cortes de cutelo na face dorsal amputando- lhe as apófises. 220

1-Fi g. 3 - Restos oSlco lógicos de

110s IfIIlntS

-

(R V/96- 18).

• Vértebra. Frag mc nto de apófi se de vértebra cervical. Mostra amputação dos côndil os, por corte com cute lo. • Vértebra. Frag me nto de epífise de vértebra lombar. Mostra marcas dc corte, por cutelo, que a separaram do corpo vertebral. • Três vértebras dorsais. Co nservam-se, apenas, as apófi ses. • Duas vértebras lombares. Correspondem a fragm entos de epífise. • Cos telas. Duas porções Ill es iais. • Costela. Porção mes ial, co m fina marca de corte, junto de uma da s ex tremid ades , seccionada por cutelo. • Costcla. Porção mcsial, com marcas de corte e seccionada por cutelo em uma das ex tremidades. • Costelas. Nove fragme ntos com marcas de corte, produzindo em algun s casos seccionamentos totai s, e tran sversais, em um a ou em ambas extremidades. • Cos tela. Fragmc nto conte ndo porção do vo lume proxima l. 22 1

• Costela. Fragmento contendo porção do volume Íllesial. Mostra marcas de corte, por faca e por cutelo. • Omoplata direita. Fragmento contendo parte da articulação proximal. dt articular

47.5

• Omoplata direita. Fragmento contendo a extremidade articular. dap articular 59.0 dt articular 45.1 dt mínimo posterior 25.1 • Omoplata. Esquírola, contendo porção mesial, de lado indeterminado. Oferece doi s profundos go lpes, paralelos, de cutelo. • Sacro. Fragmento com grande marca de corte, oblíqua, por cutelo, que seccIOnou a ex tremidade proximal (face dorsal). Outra marca de corte, de menor dimensão, possivelmente feita com o mesmo artefacto, pode observar-se num dos bordos da face dorsal. • I1íaco. Esquírola, de lado indeterminado, contendo marcas paralelas de corte, com faca; observam-se superfícies de corte por cutelo. • Ilíaco. Porção, de lado indeterminado, limitada por cortes de cutelo sucessivos, produ zindo extensa superfície oblíqua. Oferece, ainda, marcas de roidelas irregulares e curtas. ·Húmero. Porção proximal da diáfise (lado indeterminado). Evidencia corte por serragem na face anterior da diáfi se. • Húmero esquerdo. Fragmento contendo a extremidade articular distal. Oferece marcas de seccionamento total , por cutelo, no bordo lateral da articulação. dt distal

74.7

• Húmero. Esquírola, contendo porção da diáfise (lado indeterminado). Oferece marcas de corte por faca e serragem. • Rádio direito. EsquÍrola longitudinal, contendo porção da diáfise, soldada à diáfi se do cúbito. • Rád io esq uerdo. Esq uírola, contendo porção mesial da diáfise. • Rádio esqu erdo. Fragmento, contendo porção da articulação proximal e do bordo mesial da diáfi se. Oferece corte, longitudinal, por cutelo.

222

• Rádio direito. Fragmento contendo a extremidade distal de diáfise, ainda por soldar à epífise, bem como boa parte do bordo lateral esquerdo da diáfise. Mostra marcas de corte, por cutelo, na extremidade da diáfise. • Rádio direito. Porção proximal, conservando a respectiva extremidade articular. dt proximal dap proximal dt diáfise dap diáfise

74.8 39.0 38.8 29.2

• Cúbito direito. Fragmento contendo o olecrânio. dt art. com o húmero 20.4 dap olecrânio 61.2 Marca de corte, fina e profunda, no lado mesial da superfície articular. • Cúbito. Fragmento de lado indeterminado, contendo porção mesial da diáfise. • Cúbito esquerdo. Fragmento contendo porção mesial da diáfise. Exibe abundantes fracturas, por estalamento, em ambas extremidades e dois cortes, um por cutelo e outro por serragem. • Cúbito direito. Esquírola, contendo parte da articulação com o húmero. Mostra marca de corte na superfície articular. • Cúbito esquerdo incompleto, com falta do olecrâneo, bem como da superfície articular com o rádio. Possui marcas de corte na face lateral da diáfise. • Três ossos do carpo, um deles seccionado por cutelo. • Metacárpico direito. Fragmento contendo a metade distal. dt diáfise dap diáfise dt di stal diáfi se dt distal dap distal

37.===============~ 1 0CM I

Fig. 12 - Ossos longos de J~ qllll.\· O llIJOS, utili zadosl:o mo polidores. A. B. Olbia (Sa rdenha); C. Clstcl o ele Sesimbra : D. Idanh a: E. Casa Grande (Freixo de Numão): F. Capela da Se nho ra dn Conceição (Freixo de Num ão); a, PJaza de Espaila (MoIri I); H. Poço-c iste rna (S i Ivcs); I. modo de fllllcionamclllo destes utensíli os (A. I3 ,1. sego SClllcnov, 1973. 186. 188. figs 100. 102; C. O. sego Sc rrão, 1978.27.28. fi gs. 2.3: E. r . sego Coixão, 1996.82. figs 2 1,23; G. sego Canta I. 1993.257, lig. 6).

25 1

que fixavam os clementos abrasivos, aquando do accionamento da ferrame nta através de movimentos de va ivé m. Este uten sílio te m parale los em contex tos med ievais penin sulares. Um de les, ex umado em 1957 por Rafacl Monteiro num sil o do Caste lo de Sesimbra, conserva-se completo. Utili za um metacárpi co direito dc Bos, mede 0.230 m de comprimento e mostra ambas faces aplanadas e gravadas (Sen·ão, 1978, 19). Um OutTOenco ntra-se reduzido a um fragmento , com 0. 1OOm de comprimento, de metatarso de Equ us e é proveniente das escavações efectuadas na Plaza de Espana em Motri I (Gra nada) , onde integrava contexto arq ueológ ico do séc ul o XVI. Esta peça foi publicada sem te r sido reconhecida a sua atribui ção funciona l (Ca ntai, 1993,247, 257) . Ferrame nta idênti ca, e completa, proveniente de Id anh a, medindo 0.190m de compri mento, co m ambas faces ap lanadas e gravadas, guard a-se no Museu Naciona l de Arqu eo logia (n° 4 14), embora des tituíd a de informações so bre o seu contexto (Sen·ão, 1978, 19) . Recentemente, A. Sá Coixão ( 1996,82, figs. 2 1,23) publicou do is fra gmentos de artefactos co ngéneres, interpretados co mo "al/1 ute/os de osso ", pré-históri cos, procede ntes do quintal da Casa Grande e da ca pela da Senhora da Conceição, em Freixo de Num ão (Vil a Nova de Foz Côa) , o nde surgiram abund antes materi ais de idade modern a. O sa udoso Edua rdo da Cunh a Sen·ão, com que m um de nós (M .VG .) teve o prazer de trabalhar, identifi cou a fun ção das peças de Sesimbra e Td anha, comparando-as com ute nsíli os congéneres do período he lenísti co, de Olbia (Sardenha) . Estes foram afeiçoados sobre diáfi ses dc ossos lo ngos de boi ou de cavalo, aplanados e gravados , sendo assinalados, pe la primeira vcz, por Semenov ( 1973, 186-1 89) como polidores ou li xas . Tais artefactos destinavam-sc a po lir calcá ri os O Ll o utras rochas brandas, retend o as numerosas incisões, alinhadas em filas parale las, os grãos de are ia, muito fin os, que actu avam como abrasivos (Sen·ão, 1978, 20) . • A Ifi ncte de cabeça (S ILV. 1- 168). Fragmento contendo a extrem id ade do vo lume proxi mal, afe içoado em porção de d iáfi se de osso indctcrmin ado. Mostra secção rectangu lar, a cxtrem idade prox imal apontada c dccorada por denteado. As faces ma iores fo ram orn adas com do is co njuntos dc quatro círc ulos incisos, com ponto centra l, di spostos em cruz, e por L1m outro círc ul o iso lado junto ao topo, ac im a de perfuração cilíndrica. Nas faces menores reco nhecem-se doi s círc ulos idênti cos aos anteri ores. Mede, actualmente, 0.046m de comprimc nto, 0.009m de largura (na ex tre midade pro ximal) c 0.004m de espessura máxima. Parece tratar-se de artefacto do Período Islâmi co . • Cont a (S ILVI -169). Em forma de balaústre, foi afeiçoada em osso indete rmin ado . Mede 0.0 16m dc comprimento e 0.009 m de diâmetro máx imo. Trata-se de adorno ca rac terísti co dos fin ais do sécul o XV I e do séc ulo X VII.

7. Discussão c conclusões 7. 1. Ao nível pa lcontológico O número total de restos (NTR) de mamíferos idcntifi cados somam cerca de meio milhar, pcrtencendo a, pelo menos, doze espécies diferentes. Note-se que foi possível, e m numerosos casos, a separação e ntre Capra hircus e Ovis aries, embora não se tenh a di sting ui do, com clareza, 252

Sus serofa de Sus dOll1eslieus (a não ser em elementos dentári os de característi cas próprias ao java li ) e Ol)'elolag us eunieulus dc Lepus sp. (a não ser pelo tamanho). O NTR é proporciona l ao número real de indivíduos o que poderá não acontecer co m o núm ero mínimo de in divíd uos (NMI), pelo que não se determinou este parâme tro, cujo interesse, em termos arqueo lóg icos era di scutível, dadas as especificid ades antes apon tadas do materi al em es tudo, principalme nte fruto de deposição secund ári a ao longo de mais de um sécul o. Mes mo em j azid as com contex tos " fechados", os restos faunísti cos co nservados são sempre uma pequena parte dos a nimai s consumidos, facto que de ri va da destruição parcial dos elcme ntos osteo lógicos durante o seu processame nto e co nsumo, da limpeza sistemáti ca ou peri ódi ca dos espaços habitados e, ainda, de factores de ordem pós-depos icional e tafonómi ca. c

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