Controle Fisiográfico do Patrimônio Arqueológico da região de Piraí da Serra - Paraná.

July 22, 2017 | Autor: F. Pereira de Oli... | Categoria: Arqueología, Geografia
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CONTROLE FISIOGRÁFICO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DA REGIÃO DE PIRAÍ DA SERRA - PARANÁ. Fernanda Cristina Pereira (PIBIC/CNPq-UEPG), Mário Sérgio de Melo (Orientador), Cláudia Inês Parellada (Co-orientadora) e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa/Setor de Ciências Exatas e Naturais – Ponta Grossa – PR Palavras-chave: patrimônio arqueológico, pinturas rupestres, controle fisiográfico. Resumo: O presente trabalho visa realizar uma sistematização da documentação das pinturas rupestres encontradas e correlacionar os sítios arqueológicos com fatores ambientais, enfatizando a importância do estudo e preservação do patrimônio arqueológico regional. Introdução A região de Piraí da Serra encontra-se no segundo planalto paranaense, na região denominada como Campos Gerais do Paraná. É limítrofe dos municípios de Piraí do Sul, Castro e Tibagi, no reverso imediato da Escarpa Devoniana. Tem como limites o Rio Fortaleza-Guaricanga a noroeste, a Escarpa Devoniana a sudeste, a rodovia PR-090 a nordeste e o Rio Iapó a sudoeste, abrangendo uma área de cerca de 500 km 2. A presença do obstáculo natural representado pela Escarpa Devoniana, onde os vales encaixados dos rios que correm para oeste constituem passos naturais, e a ocorrência de rochas favoráveis para o surgimento de tetos formando abrigos naturais, influenciaram para que essa região apresente vários sítios arqueológicos, contendo principalmente pinturas rupestres. As pinturas rupestres que se encontram em abrigos a céu aberto sofrem com o vandalismo, onde pessoas escrevem palavras sobre as pinturas e ainda as marcam com picaretas; elas sofrem também com a degradação natural da rocha, com queimadas e com a ação do gado, pois muitos dos sítios encontram-se em áreas de pecuária. Todos os sítios arqueológicos são definidos e protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), regidos pela Lei nº 3.924/61 que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram. Materiais e Métodos Os estudos relativos ao patrimônio natural e arqueológico de Piraí da Serra compreenderam a compilação e análise bibliográfica, produzindo-se uma

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síntese regional; o levantamento dos sítios já conhecidos e de novos sítios arqueológicos; a documentação e interpretação das pinturas rupestres; a análise dos fatores ambientais relacionados com a localização dos sítios. O levantamento dos sítios compreendeu as etapas de fotointerpretação em fotografias aéreas pancromáticas em escala 1: 70.000 (DGTC, 1962/1963) com o uso de estereoscópios de mesa binoculares para extração de dados em overlay, os quais serão digitalizados em ambiente SIG (uso do programa Arcview 3.2); levantamento de campo, quando se realizou o registro fotográfico dos abrigos e das pinturas rupestres e mapeamento dos abrigos (uso do programa Arcview 3.2); análise das pinturas rupestres através de imagens digitalizadas, decalcadas com a ajuda de realces e contrastes (Figura 1); classificação das pinturas de acordo com a tabela morfológica de cervídeos proposto por Prous & Baeta (1992/1993); correlação dos abrigos com fatores ambientais. Resultados e Discussão Na região de Piraí da Serra estão cadastrados aproximadamente 11 sítios arqueológicos com pinturas rupestres: Abrigo Santa Rita I, Abrigo Santa Rita II, Abrigo Chapadinha I, Abrigo Chapadinha II, Abrigo Paulino I, Abrigo Paulino II, Abrigo Paulino III, Abrigo Caverna 01, Abrigo Caverna 02, Abrigo da Ponte Alta e Abrigo Casa de Pedra (Arnt, 2002; Barbosa, 2004), além de mais 3 abrigos que não se tem os seus respectivos nomes, portanto, não se sabendo ainda se eles estão cadastrado ao não pelo IPHAN (figura 01). As tradições paranaenses que se relacionadas com as pinturas rupestres são as tradições Planalto e Geométrica. A Tradição Planalto, segundo Prous (1992), apresenta grafismos pintados geralmente em vermelho, e mais raramente em preto ou amarelo, algumas vezes em branco, predominando as figuras de animais, como cervídeos em perfil e pássaros tanto em perfil como de frente. Menos comumente podem ocorrer figuras humanas e motivos astronômicos, como o Sol ou cometas. A Tradição Geométrica caracteriza-se por apresentar cor marrom e/ou vermelha e motivos geométricos (traços, círculos, pontilhados), quase não aparecendo outras representações. A maior parte dos abrigos com pinturas rupestres localiza-se nos vales dos rios Iapó e Tibagi, aparecendo junto a afloramentos do Arenito Furnas. A localização e o posicionamento destes abrigos podem indicar vários fatores condicionantes dos grupos indígenas pré-históricos, como: corredores de rotas migratórias, deslocamentos impostos por condições climáticas, melhor lugar para observação e captura da caça, local para rituais, etc. (UEPG, 2003). A grande maioria dos abrigos tem sua parte frontal direcionada para o Norte, para beneficiar-se da insolação máxima o que garante que os mesmos estejam secos. Os poucos face Sul apresentam muitas plantas e umidade no seu interior, o que influencia na degradação das pinturas. Alguns abrigos são encontrados em acentuados declives, causados por erosão, e outros no topo da vertente. São lugares com boa visibilidade,

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alguns são bem ensolarados e secos. A proximidade de rios e cachoeiras é também um dos elementos fundamentais para escolher um lugar para abrigo, e observa-se que na área de estudo todos os abrigos estão bem próximos aos rios (figura 01 e 02)

Figura 01 – Mapa de localização dos sítios arqueológicos com a drenagem de Piraí da Serra – PR.

Figura 02 – Mapa com a localização de quatro sítios arqueológicos próximos a drenagem em Piraí da Serra – PR.

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Conclusões O patrimônio arqueológico de Piraí da Serra constitui uma possibilidade notável para o desenvolvimento de pesquisas científicas uma vez que os homens pré-históricos dependiam das condições geográficas que controlavam as possibilidades de suas andanças. Os vestígios arqueológicos podem apoiar o conhecimento do contexto paleoecológico dos homens pré-históricos para interpretar as semelhanças e as diferenças constatadas de difusão ou de adaptação, de origem cultural, ou resultantes das imposições da natureza local. É de extrema importância que se faça uma adequada gestão do patrimônio arqueológico, em convênio com o IPHAN, órgão federal responsável pela gestão desse patrimônio.

Agradecimentos Os autores agradecem a bolsa concedida pelo CNPq que deu suporte à realização do estudo, e a todos os demais pesquisadores envolvidos no projeto que colaboraram com sugestões e dados necessários à pesquisa. Referências Arnt, F. V. As Pinturas Rupestres como Testemunho de Ocupação Précontato em Tibagi, Paraná. Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Centro de Ciências Humanas. São Leopoldo,2002. Tese de Doutorado, 67p. Barbosa, J. N. A. Arte Rupestre: A História que a Rocha não Deixou Apagar. Acádia, Curitiba, 2004. UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa. Caracterização do Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná. Relatório UEPG, 2003. p 70-76,85. Prous, A. & Baeta, A. M. Elementos de cronologia, descrição de atributos e tipologia. Belo Horizonte, Arq. Mus. Nat. UFMG, v.XIII, p.241-295, 1992/1993. Prous, A. Arqueologia Brasileira. Ed.UNB. Brasília, DF, 1992.

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