CORDEL NO CIBERESPAÇO COMO METODOLOGIA DE ENSINO. Publicado na II Semana de Antropologia do PPGA/UFPB, MAIA, Caroline Sandrise dos Santos ; SOUZA, Fabianne Ramos de; FERREIRA, Wanderson Diego Gomes; MELLO, Beliza Áurea de Arruda

September 13, 2017 | Autor: Wanderson Diego | Categoria: Ciberespaço, Cordel Literature
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ARAÚJO, Júlio César; DIEB, Messias Holanda. (Orgs.) Letramentos na Web: gêneros, interação e ensino. Edições UFC, 2009. p.287.

CORDEL NO CIBERESPAÇO COMO METODOLOGIA DE ENSINO Caroline Sandrise dos Santos Maia; Fabianne Ramos de Souza; Wanderson Diego Gomes Ferreira; Drª. Beliza Áurea de Arruda Mello. Universidade Federal da Paraíba

Resumo: O Ciberespaço tem se ampliado e tornou-se uma das principais ferramentas de pesquisa, comunicação e/ou obtenção de conhecimentos gerais e específicos. A presente comunicação pretende discorrer sobre a ampliação da formação literária do aluno no que diz respeito à literatura de cordel. É fundamental para esta ampliação de conhecimentos novos olhares para literaturas ditas não canônicas, como a literatura de cordel, e levar o aluno a frequentar o ciberespaço como instrumento de aquisição de conhecimentos, com abertura de um novo ambiente de comunicação que emerge da interconexão mundial dos computadores, segundo Pierre Lévy (1999), autor referência teórica para estas discussões. O ciberespaço como suporte do cordel é uma forte ferramenta de ensino por desenvolver as inclusões digitais e da poesia não canônica na sala de aula. Palavras-chave: Cordel; Ciberespaço; Ensino. INTRODUÇÃO O Ciberespaço, também chamado de rede, é definido por Pierre Lévy, no Livro Cibercultura (1999), como o meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. Atualmente, é a principal ferramenta de comunicação e/ou obtenção de conhecimentos e de pesquisa. Este espaço vem se ampliando, chegando a lugares e a populações que possuem poucos recursos. Tal crescimento é resultante de um movimento mundial de pessoas ansiosas por novas experiências, novas formas de comunicação. Segundo Pierre Lévy (1999), vive-se o princípio de um novo ambiente de comunicação, cabendo ao novo receptor explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano. Alguns estudiosos afirmam que o ciberespaço aumentará ainda mais a distância entre os ricos e os excluídos, entre as regiões mais abastadas e as que a maioria das pessoas não tem ao menos televisão ou telefone. Pelo contrário, o crescimento do ciberespaço diminui esta distância, encurtando ainda mais o abismo que separa as pessoas menos favorecidas financeiramente da cultura. Cursos em todos os níveis, livros, entreterimento como filmes, músicas, jogos , estão a um clique de todos em qualquer lugar do mundo. Além do mais, não são os pobres que se opõem à internet, os que se opõem são aqueles cujos privilégios, sobretudo culturais, e os

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monopólios encontram-se ameaçados pelo surgimento dessa nova configuração de comunicação (LÉVY, 1999). Outra crítica feita ao Ciberespaço é que a cada dia ele vem se tornando mais comercial. Porém, o telefone e o cinema quando surgiram, também sofreram tais preconceitos e não temos dúvida de que eles fazem parte de um comércio, que são indústrias, máquinas de fazer dinheiro, mas ninguém deixa de apreciá-los e atribuir valor a eles. Sobre a exploração comercial do ciberespaço, vale lembrar o que diz Lévy: (...) não vejo por que a exploração econômica da Internet ou o fato de que atualmente nem todos têm acesso a ela constituiriam, por si mesmos, uma condenação da cibercultura ou nos impediriam de pensá-la de qualquer forma que não a crítica. É verdade que há cada vez mais serviços pagos. E tudo indica que essa tendência vai continuar e até crescer nos próximos anos. (LÉVY, 1999, p. 13)

Concomitantemente em que o número de serviços pagos na internet aumenta, os gratuitos também tem um aumento significativo. Livros raros, que não são mais produzidos podem ser digitalizados e depositados na rede, facilitando a vida de quem deseja encontrá-lo. São muitos os benefícios que a internet trouxe à humanidade, e um deles é esse poder de unir as mídias e dissipá-las de uma maneira tão rápida. Ao se fazer um vídeo sobre um conto popular local e se postar no youtube agora, é possível que daqui algumas horas pessoas de todo o mundo possam vê-lo. Surge uma inquietação educacional de se saber o por que não se usar um suporte mais ágil e interativo com os alunos. A literatura de cordel é um gênero narrativo poético que tem sua base na tradição oral. Como gênero textual oral ainda é cantado e simultaneamente tem seu texto fixado no suporte folheto. Por ser um gênero oral, o cordel sofre preconceito, como todas as literaturas não-canônicas, e acaba não sendo estudado nas escolas. Segundo Paul Zumthor, a poesia oral foi durante muito tempo renegada ao nosso inconsciente cultural. O termo oralidade era usado negativamente com a função de classificar a falta da escrita. Hoje não é diferente, os gêneros orais são pouco trabalhados nas escolas, quando o são. Levando em consideração o exposto acima, nossa proposta é de se usar o ciberespaço para unir as narrativas orais tradicionais com a modernidade, desenvolvendo práticas pedagógicas e teóricas voltadas para a oralidade e escritura, nos chats, Facebook,vídeos, Blogs e jogos. METODOLOGIA A democratização da internet tem muito a auxiliar no aprendizado dos alunos. Sabemos que uma das maiores dificuldades do alunado em relação a produção textual é o fato de escrever com o intuito de receber uma nota, escrever para o professor. Mas sabemos que escrevemos com o objetivo de que alguém leia, e não para recebermos uma nota. Hoje, o professor pode criar um site, um blog, para publicar o texto do aluno. O suporte mudou, o que antes era uma folha em branco que seria colada no mural da escola, agora é uma tela em branco, inicialmente, que ganhará o mundo. O que se observa atualmente nas escolas são os textos canônicos reinando nas salas de aula, enquanto os gêneros textuais da oralidade e da escritura caem no

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esquecimento, desvalorizados. Visto que as orientações apresentadas nos PCN’s para as práticas do texto literário oral ou escritas e o reconhecimento de singularidades e propriedades não estão sendo praticados nas escolas. Propõe-se a valorização dos textos literários oriundos da cultura da tradição, no caso a literatura de cordel, na perspectiva da valorização da nossa identidade cultural, através de atividades lúdicas que desenvolvam o raciocínio e o senso crítico dos alunos, tendo como suporte o ciberespaço. Dessa maneira, mostrar ao professor como a internet motiva o aluno a participar da escritura e da leitura desse hipertexto. Ao utilizar o ciberespaço, o alunado participa de um mundo dinâmico, colorido, ágil, movimentado, sem fronteiras, interativo. Sendo assim, a escola deve estar atenta para a importância desse espaço como recurso que pode melhorar a educação, unindo a tradição oral a tecnologia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os jovens estão na rede de computadores e a cada dia são mais seduzidos por ela, mas a maioria das escolas não está na rede. A escola precisa tornar-se um local no qual os alunos compartilhem saberes também no meio virtual. Este é um desafio que a escola deve colocar a si mesma, na perspectiva de incorporar as tecnologias digitais possibilitando a participação a interação e a coautoria no processo de ensino e aprendizagem. No ciberespaço, toda a leitura passa a ser, simultaneamente, escrita. Visto que, o leitor escolhe o caminho da leitura e o conteúdo a ser lido, passando a ser uma espécie de editor do hipertexto.

CONCLUSÕES Conclui-se que com o aumento da tecnologia, as literaturas não canônicas, como o cordel, ganham uma grande vantagem, em termos de divulgação. A internet vem para unir de forma democrática a tradição à tecnologia, facilitando o uso dos folhetos de cordel nas salas de aula, utilizando o hipertexto para tentar melhorar a situação dos alunos em relação à leitura e produção textual.

REFERÊNCIAS LÉVY, PIERRE. Cibercultura. Rio de Janeiro:Editora 34, 1999. ZUMTHOR. Paul.Introdução à poesia oral.São Paulo: Editora Hucitec, 1997

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