Corpo e figurino na construção da imagem de Michelle Melo

May 24, 2017 | Autor: Amilcar Bezerra | Categoria: Design, Comunicação, Fashion, Figurino, Música Brega
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estudos semióticos http://www.revistas.usp.br/esse

issn 1980-4016 semestral

julho de 2016

vol. 12, n. 1 p. 36-41

Cor poef i gur i nonaconst r uçãodai magem deMi chel l eMel o• * Ami l carAl mei daBez er r a( UFPE) * * Dani el aNer yBr acchi( UFPE) * * * Fabi anaMor aes( UFPE) AmandaDani el l edeLi maSi l va( UFPE)****

Resumo:Est ear t i got em comoobj et i voi dent i f i carquai ssent i dossãopr oduz i dos,negoci adoset ensi onadosnaper f or mance pop da cant or a Mi chel l e Mel o,mai s especi f i cament e na const r ução de sua i magem pormei o do cor po e do f i gur i no. Conheci da nocenár i obr egapop dossubúr bi osr eci f enses,Mi chel l eagenci a múl t i pl asr ef er ênci asna const r uçãodeuma i magem públ i ca def or ça esensual i dadepar a seu públ i co consumi dor ,t or nandoseper sonagem embl emát i ca a i l ust r ar di l emaspr ópr i osàscondi çõesdevi daeaosansei osdesuacamadasoci al . Pal avr aschave:moda,cor po,f i gur i no,br egapop.

I nt r odução Mi chel l e Mel o é uma cant or a per nambucana do segment obr egapop.Suacar r ei r amusi calt evei ní ci o aos 14 anos de i dade,i nt er pr et ando um r eper t ór i o de músi ca popul ar br asi l ei r a em bar z i nhos nas noi t es per nambucanas. Em segui da, t or nouse vocal i st a debandasbr egapop ehoj e,aos34 anos, desf r ut a do st at us de cel ebr i dade l ocal . Vár i as r epor t agens,comoadeSi mões( 2013) ,par aoj or nal Di ár i odePer nambuco,af i r mam queMi chel l epossui ot í t ul odeMadonna dobr egar eci f enseer ai nha do br ega. O br ega pop é um est i l o r esul t ant e de hi br i di smos est ét i cos,musi cai s e compor t ament ai s ger ados em bai r r os popul ar es r eci f enses ent r e os anos1990eosanos2000,apar t i rdei nf l uênci asdo br egapar aenseedobr egat r adi ci onal .Abor dat emas l i gadosaocot i di ano,com ênf aseem r el aci onament os amor osos e conf l i t os af et i vos, e se expr essa na ut i l i z ação de r ecur sos como f i gur i no, cor eogr af i a, cenár i os e i l umi nação i nt egr ados à per f or mance musi cal , car act er í st i cas advi ndas da cul t ur a pop gl obal ,t r anspor t adaspar aaper i f er i aer ecober t asde umasensi bi l i dadel ocal .( Font anel l a,2005) Ai magem de Mi chel l e Mel o como sí mbol o do br egapop l ocalcomeçaaserdi ssemi nadanosanos 2000 em pr ogr amas de audi t ór i o vesper t i nos r eal i z ados poremi ssor as de TV l ocai s.Nessei ní ci o decar r ei r a,most r arocor poseconf i gur avacomoum

el ement o essenci al par a a encenação da sensual i dade j á pr esent e nas l et r as das músi cas. Podeseverabai xo,of i gur i noqueMi chel l eusavaem suas pr i mei r as apr esent ações no pr ogr ama l ocal Tr i bunaShow.

Fi gur a1:Fi gur i nodeMi chel l eMel oem 2004.

Na mesma época, t ambém as r ádi os comuni t ár i as e comer ci ai s desempenhar am i mpor t ant ef unção na popul ar i z ação do br ega pop em ger aledaBandaMet ade,em par t i cul ar ,daqual er avocal i st a. Em 2006,apr esent ouse em r ede naci onal ,no pr ogr ama Cent r alda Per i f er i a,da TV Gl obo,o que l her endeu ampl avi si bi l i dadeeconvi t espar ashows



DOI :10. 11606/i ssn. 19804016. esse. 2016. 120535

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Dout orem Comuni cação pel a Uni ver si dade Feder alFl umi nense,pr of essoradj unt o do Núcl eo de Desi gn e Comuni cação do Cent r o Acadêmi codoAgr est edaUni ver si dadeFeder aldePer nambuco.Ender eçodeemai l :[email protected] ** Dout or aem Semi ót i capel aUni ver si dadedeSãoPaul o,pr of essor aadj unt adoNúcl eodeDesi gneComuni caçãodoCent r oAcadêmi codo Agr est edaUni ver si dadeFeder aldePer nambuco.Ender eçodeemai l :[email protected] * * * Dout or a em Soci ol ogi a pel a Uni ver si dadeFeder aldePer nambuco,pr of essor a adj unt a do Núcl eo deDesi gn eComuni cação do Cent r o Acadêmi codoAgr est edaUni ver si dadeFeder aldePer nambuco.Ender eçodeemai l :[email protected] * * * * Bachar el em Desi gn do Cent r o Acadêmi co do Agr est e da Uni ver si dade Feder al de Per nambuco. . Ender eço de emai l : [email protected].

estudos semióticos – vol. 12, n. 1 – julho de 2016

f or adopaí s.Depoi sdeum per í odoem car r ei r asol o, Mi chel l er et or nou àBandaMet adeem 2010,naqual per manece at ual ment e e cont abi l i z a mai s de ci nco CDs gr avados e um DVD l ançado em 2011,com sucessosdabandaeout r asmúsi casj áconsagr adas ent r eopúbl i cobr eguei r or eci f ense. Mi chel l e se def i ne como uma cant or a de br ega r omânt i co. Consci ent e da pol i ssemi a do t er mo “ br ega” ,f azumadi st i nçãocl ar aent r eo“ br ega”como movi ment oper i f ér i coeobr egacomoest i l oassoci ado aoexcessoeaomaugost o.“ Br eganãoéum est i l o,é um movi ment o”( Mel o,2014) ,af i r ma. Ancor ado num cont ext o macr oeconômi co de ascensão das cl asses popul ar es ao consumo e na popul ar i z ação das t ecnol ogi as de r epr odução e di st r i bui ção de cont eúdo musi cal , o movi ment o br egapop r eci f ense expr essa uma sensi bi l i dade especí f i ca que,apesarde endossaral guns padr ões hegemôni cos, se cont r apõe a out r os, desest abi l i z andocer t ashi er ar qui asest ét i cas. Nest e ar t i go,par t i mos de um mapeament o das r ef er ênci as est ét i cas ut i l i z adas pel a cant or a e pr ocur amos i dent i f i car t ensões e cont r adi ções i mpl i cadasna const r ução desua i magem pormei o do f i gur i no.Asi deal i z açõespr oj et adasnasgr andes di vas pop são el ement os def i ni dor es par a as escol has est ét i cas da cant or a que, em segui da, r ecr i a essas r ef er ênci as dent r o das condi ções si mból i cas e mat er i ai s de seu cont ext ol ocal .Há sempr e desl ocament os de sent i do i mpl i cados nas apr opr i ações de r ef er ênci as est ét i cas gl obal ment e consagr adas em di f er ent es cont ext os. Nest es pr ocessos, os si gni f i cados se t ensi onam ent r e as pr oj eções subj et i vas que mot i vam a apr opr i ação dessesel ement oseasuaadapt açãoaum uni ver so de r ef er ênci as mat er i ai s e si mból i cas l ocai s.Al ém di sso, descobr i mos ao l ongo do t r aj et o que as conexõesdaar t i st acom ai nt er netf unci onam como i mpor t ant esel ement ost ant opar aopr ocessocr i at i vo do f i gur i no como par aal egi t i mação da i magem da ar t i st adi ant edosf ãs. I dent i f i camos, t ambém, f or t es mar cas aut or ai s em seu t r abal ho na medi da em que a ar t i st a par t i ci pa de t odas as et apas de pr odução de seu pr ópr i of i gur i no,cui dando par a que el e sej a um el ement oi nt egr ado à sua per f or mance musi cale cor eogr áf i ca. O cor po da cant or a, el ement o t ão i mpor t ant e quant o a voz em sua per f or mance, t ambém r evel acont r adi çõesi ner ent esàapr opr i ação de uma est ét i ca pop mai nst r eam num mei o soci al di st anci adodosgr andespol osdepr oduçãocul t ur al e mi di át i ca, mer gul hado em pr ecár i as condi ções mat er i ai s. Par adesenvol ver mosest et r abal ho,al ém deuma pesqui sa bi bl i ogr áf i ca e document alsobr e o br egapop r eci f ense, f oi r eal i z ada uma ent r evi st a em pr of undi dade com a cant or a Mi chel l e Mel o e um

acompanhament o de post agens e coment ár i os em suaf anpagenoFacebook.

1.O f i gur i nodeMi chel l eMel o Em depoi ment o à pesqui sador a Amanda Si l va ( Mel o, 2014) , Mi chel l e Mel o al ega f az er uso do f i gur i no de pal co como r ecur so si mból i co par a separ aroseu per sonagem depal codapost ur a que assumeem suavi dapar t i cul ar .Noespet ácul o,cr i a uma per sona i deal i z ada, di f er ent e do que é no cot i di ano. Asconot açõessexuai sper cept í vei snasl et r asdas músi cas e em sua per f or mance f unci onam como si gni f i cant es ambí guos, l evando a cant or a or aa assumi rumaat i t udedeempoder ament opel avi ada per f or mance sensual ,or a a col ocar se como obj et o passi vof r ent eaodesej odoout r o.Talambi gui dadeé enf at i z ada si mbol i cament e pel as vest es que a cant or aut i l i z aeér eaf i r madaem seudi scur so. Os f i gur i nos de Mi chel l e sof r er am modi f i cações est ét i casaol ongodesuacar r ei r a.Aar t i st acl assi f i ca i sso como uma t r ansi ção do “ vul garpar a o sexy” , que a mot i vou a adot ar f or mas pl ást i cas mai s conser vador as. Essa t r ansf or mação t ambém coi nci de com o moment o em que el a assume as r édeasdesua car r ei r a epassa a desf r ut ardemai s aut onomi a na escol ha do f i gur i no depal co.Por ém, acont eci ment os em sua vi da pessoal , como o casament o e a adesão à r el i gi ão evangél i ca, na mesma época da t r ansi ção, suger em out r as mot i vações par a essas mudanças. As f or mas do cor po,cont udo, são ai nda r essal t adas por cor es, est ampas e out r os el ement os que t r anspor t am t r aços si mból i cos sensuai s,como r el at a a pr ópr i a cant or a:“ Aío queéquea gent ef az ,a gent et ent a i ncr ement ar ,no macacãoa gent ecol oca mui t a cor , pr a chamara at enção. . .Junt o do sapat o. . .Com a est ampadomacacão. . . ”( Mel o,2014) . O f i gur i no é um dos el ement os cent r ai s na const r ução dessa per f or mancecor por alqueencena ai dent i dadef emi ni nanobr ega.Mesmoquandomai s compost as,as r oupas de Mi chel l e se aj ust am ao cor po de modo a r essal t ar seus cont or nos. A i ndument ár i a que expõe e r essal t a a sensual i dade cor por al em t r aj es sumár i os é i nt er pr et ada, em mui t oscasos,não comoexpr essão deuma post ur a f emi ni na aut ônoma r umo à sat i sf ação do pr ópr i o desej o,mas como uma mer cant i l i z ação do pr ópr i o cor po par a sat i sf az er o desej o de um “ out r o” mascul i no( Mour a,2005) . Cont udo, a l ei t ur a que Mi chel l e f az é bem di f er ent e.Ao f az err ef er ênci aài magem const r uí da per ant eseupúbl i co,el aaf i r maquedesej at r ansmi t i r concei t os como “ f or ça”e “ sensual i dade” .Par ai sso, buscanaapr opr i açãoder ef er ênci asdacul t ur apop gl obalas mar cas est ét i cas que vão compor a sua const r uçãoi dealdesipar aoout r o.

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Amilcar Almeida Bezerra, Daniela Nery Bracchi, Fabiana Moraes, Amanda Danielle de Lima Silva

Evi dent ement e,as di st i nt as si gni f i cações que a i ndument ár i aassumenãor esi dem nof i gur i noem si , mas nos di f er ent es sent i dos que os di ver sos segment os de consumi dor es pr oj et am t ant o na apar ênci aquant onol ugarsoci aldequem aost ent a. Mi chel e,comoci t amosaci ma,nãoquerserr ot ul ada como “ br ega” , ai nda que sua est ét i ca possa ser cl assi f i cada como t alpor det er mi nados segment os soci ai shegemôni cos.Todavi a,“ br ega”ou não,el ase const i t uicomor ef er ênci a dei magem demoda par a seupúbl i co. É i mpor t ant e ai nda r essal t ar que Mi chel l e par t i ci paat i vament edet odasaset apasdeconf ecção de seu f i gur i no, aí i ncl uí das a pesqui sa de r ef er ênci as, compr a de mat er i ai s, moul age e conf ecção,o que l he at r i buii mpor t ant e papelna aut or i adesuapr ópr i ai magem. O pr i mei r o est ági o de cr i ação cor r esponde à pesqui sa por r ef er ênci as advi ndas das “ di vas” da cul t ur a pop e seus f i gur i nos,sobr et udo ut i l i z ados em apr esent ações ao vi vo e vi deocl i pes. Ar t i st as como:Beyoncé,Br i t neySpear s,MadonnaeJenni f er Lopessãoal gumasdasvár i ascant or asqueut i l i z am f i gur i nos semel hant es em épocas pr óxi mas e que at uam como i nspi r ações i magét i cas, às quai s Mi chel l ebuscaseassemel har .Ent r andoem cont at o com essasar t i st aspormei odai nt er net ,em acesso r ápi do, vi a cel ul ar , por mei o de r edes soci ai se

pl at af or masonl i ne,acant or asei nser edent r odeum pr ocessodeadoçãodemodadenomi nadodet r i ckl edown ou got ej ament o ( Roger s, 2003) . Nest e pr ocesso,os model os consagr ados mi di at i cament e ser vem como r ef er ênci a par a que camadas soci ai s mai saf ast adasdoscent r oseconômi cos,cul t ur ai se mi di át i cos t ent em emul ar sua apar ênci a. Nest e modo de di f usão, os per sonagens popul ar es na mí di af unci onam como di spl ays de t endênci as de moda a ser em consumi das porgr upos soci ai s que est ar i am mai sabai xodessacamadasoci al . Dest af or ma,asar t i st asi nt er naci onai sexpost as nos mei os de comuni cação de massa são “ mi t osmodel o”par a Mi chel l e,que t ent a assemel har se a el as adot ando si gnos em seus f i gur i nos que a apr oxi mem dessasr ef er ênci as. Nasl oj aspopul ar esdocent r odoReci f e,Mi chel l e adqui r e os t eci dos que l he per mi t em r eal i z ar sua r el ei t ur a da apar ênci a das est r el as. Em segui da, super vi si ona as f ases de conf eccção, moul age e apr ovei t asobr asdet eci dopar ar evest i rsapat os. Na úl t i ma f ase do ci cl o,uma espéci e de póspr odução, Mi chel l e ut i l i z a o Facebook como f er r ament a par al egi t i mar sua i magem per ant eo públ i co.Dent r odogr upodef ãs,aar t i st apost af ot os em pr i mei r a mão de seus l ooks, que são i medi at ament e apr ovados pel os segui dor es com cur t i dasecoment ár i osposi t i vos.

Fi gur a4:I magem def i gur i nonapági nadoFacebookdaBandaMet ade( Font e: ht t ps: //www. f acebook. com/526880897360381/phot os/t . 100001996943121/699146860133783/?t ype=3&t heat e) ,2014.

Éi mpor t ant e dest acarque o f i gur i no aci ma f oi pr oduz i do por uma f ã e pr esent eado à cant or a. Per cebese, por t ant o, que o públ i co r eal i z a uma l ei t ur a da i dent i dade da ar t i st a,suger i ndo novos si gni f i cados que f or am ger ados a par t i r de uma 38

i nt er ação par t i ci pat i va.O gr au de i nt er ação at i nge seu ápi ce quando a cant or a vest e o f i gur i no conf ecci onadopel af ãeodi vul ganasr edessoci ai s, demost r ando uma f or t e conexão ent r eai magem

estudos semióticos – vol. 12, n. 1 – julho de 2016

caf é da manhã e o da mi nha f i l ha.Tenho uma di et a bem saudável e j á acost umo mi nha pequena da mesma manei r a.Faço uma mesa f ar t a com f r ut as,quei j o,l ei t e, suco e pães i nt egr ai s. Eu t enho uma al i ment açãobal anceada,pr i mei r opor queeu pr eci soest arem f or ma,poi smi nhapr of i ssão exi gei ssodemi m;segundoqueéi mpor t ant e se al i ment ar bem par a não f i car doent e. Depoi s que como,l evo mi nha f i l ha par aa escol a e vol t o par a ensai aro show que vai acont ecer à noi t e.Na hor a do al moço j á t enhoumaaj udant enacoz i nha,pr epar ando ar ef ei ção.Col oco na mesa ar r oz i nt egr al , pei t o de f r ango gr el hado,uma bandej a de sal ada,f r ut asesuco.Nadadegor dur anem de r ef r i ger ant e, só em ocasi ões especi ai s. ( Mel o,i n:Cul t ur aBr ega,2010)

pr opost a por el a ea i dent i dade i nt er pr et ada pel o públ i co.

2.O cor podeMi chel l eMel o Ar oupa j ust a ecol or i da da ar t i st ar essal t a seu mai orcapi t alcomocant or adebr ega:ocor po( t ãoou mai si mpor t ant e,em vár i oscasos,quant oapr ópr i a voz ) .Nessesent i do,éi nt er essant enot arque,sehá uma apr oxi mação ent r e as vest es da cel ebr i dade Mi chel l e e da cel ebr i dade Beyoncé,porexempl o,o mesmonãoacont eceem r el açãoaocor po.Enquant o a cant or a nor t eamer i cana éuma dast r aduçõesda hi per cor r eção cor por al da mul her cel ebr i dade ( per dendo 30 qui l os nos úl t i mos 10 anos, hoj e possuicer ca de 62 qui l os,pr opagando ao mundo sua di et a de sucesso) ,Mi chel l e Mel o most r a uma apar ênci a que f i ssur a os códi gos hegemôni cos associ ados ao cor po da mul herf amosa.A cant or a pesa72qui l os,al gor ar í ssi moent r epr ot agoni st asda vi si bi l i dade do sexo f emi ni no. É cl ar o que seu públ i co, a mai or par t el ocal i z ado nas camadas popul ar es,éf undament alpar a essa manei r a dese apr esent ar .Val e,aqui ,pensar que há um “ modo est ét i cof emi ni no”demai orpr i vi l égi oent r eosf ãsdo br ega:o cor po mai s cur vi l í neo,bumbum gr ande, sei os f ar t os, coxas gr ossas são i mpor t ant es mar cador es ( enquant o, par a uma camada mai s j ovem,t r anscl assi st aebast ant eat r el adaàsi magens da moda,a bel ez a est á na magr ez a que dei xa um vácuoent r eascoxas–el asj amai sdevem set ocar ) . Sem a vi gi l ânci a de um si st ema mai or e mai s r i gor oso ( ao qualBeyoncéest á submet i da)ecom a aut or i z açãodomost r ar secur vi l í nea,vemosMi chel l e se apr esent ar ao públ i co exi bi ndo o que ser i am “ f al t as” gr aví ssi mas par a a mai or i a das cél ebr es: cel ul i t e, al guma gor dur a sobr eo t op aper t ado, abdômen não “ sar ado” . Se t al apar i ção poder i a pr ovocara r eação negat i va do públ i co ( como vi st o em r el açãoast ar scomoLadyGaga,const ant ement e pat r ul hada porsuasosci l açõesno peso) ,no cosmo especí f i co de cel ebr i f i cação que Mi chel l e ocupa,o ef ei t oécont r ár i o.I ssof i cacl ar onassuaspost agens na r edesoci alFacebook,espaçonoqualel a“ t est a” osmodel i t osquei r áapr esent ar ,comoj ávi st oaqui . Nos coment ár i os que se seguem a cada post agem ci r cul am pal avr as como “ musa” ,“ mar avi l hosa” , “ l i ndagal ega” ,“ per f ei t a” . Of at o de exi bi rum cor po que a di st anci a das cel ebr i dadescuj asr oupasl heser vem dei nspi r ação não si gni f i ca, par a Mi chel l e Mel o, um di st anci ament odasr egr asei mposi çõesr el aci onadas àal i ment ação–ài dei adeumaal i ment açãocor r et a, mai sespeci f i cament e.Em umaent r evi st aconcedi da aosal unosdeumauni ver si dadepar t i cul arr eci f ense, el acont a:

Of at oéqueMi chel l e,assi m comot ant asdesuas segui dor as, t ambém pr eci sa f az er par t e de um padr ãoapr opr i adoao“ sercél ebr e”( “ mi nhapr of i ssão exi gei ssodemi m” ) .Ent endendoosdi f er ent esgr aus e al cances das f amosas, per cebese que as exi gênci as e cr í t i cas são mai or es par a est a popul ação de al t a vi si bi l i dade mi di át i ca – e, por consequênci a,par t e dessa exi gênci a ét r ansf er i da par a as pr ópr i as f ãs.A quest ão é que,i gual ment e pr essi onadasecoagi das,mul her esdecl assepopul ar mui t as vez es não podem,como aquel as vi st as nas camadas médi as,acessar os cami nhos que l evam at é o cor po magr o,bem t or neado e cor r i gi do ou, at r avésdeesf or çosvár i os,t er mi nam sesubmet endo aos mesmos pr ocessos pel os quai s as mul her es dest as camadas passam ( ci r ur gi a est ét i ca,di et as, et c) .Asi magensdessescor pos,segui ndo a anál i se empr eendi da por Li povet sky ( 2007) ,t ambém são superconsumi das por um gr upo que t em poucas chances de r eal ment e acessar aqui l o que é publ i ci z ado. Se Bour di eu ( 2007, p. 236) apont a, acer t adament e, as cl asses médi as como est r ei t ament el i gadasaosi mból i coe,pori sso,mai s pr opensas a uma pr eocupação com a apar ênci a( o quet or na seu compor t ament oext r emament et enso, i nvar i avel ment et r ai ndose pel a aut ocor r eção) ,essa mesmaf or t el i gaçãoaosi mból i copodeserat r i buí da àsmul her esdecl assespopul ar esque,semanaapós semana,vão at é o sal ão de bel ez a,mui t as vez es dei xando no l ocal quase met ade do sal ár i o e chegandoaesper ardur ant ehor aspel oat endi ment o. Seot eór i cof r ancêsapont a quea obsessãopel a apar ênci a,ent r eascl assesmédi as,est áconect adaà pr et ensão ( ao bl ef e,à vont ade de par ecer ,mesmo sem ser ) ,a par cel a das cl asses popul ar es ouvi das nest a pesqui sa i nvest e boa par t e de t empo e di nhei r o ant es de t udo por uma vont ade de comungar com um códi go ger al , compar t i l hado, aquel enoqualoqueéconsi der ado“ boaapar ênci a” di t aoscódi gos( cabel osal i sados,cor poemagr eci do) . É cl ar o que as cl asses mai s al t as t êm mai s acessos aos r ecur sos que const r oem o cor po i deal , masel enãodei xadeseapr oxi mardocor podesej ado

Um di a de show é um di a comum como out r oqual quer .Acor doàs7h,pr epar omeu

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Amilcar Almeida Bezerra, Daniela Nery Bracchi, Fabiana Moraes, Amanda Danielle de Lima Silva

pel as mul her es de cl asses popul ar es. Em uma pesqui sa r eal i z ada em sal ões de bel ez al ocal i z ados em bai r r os popul ar es de Reci f e( Mor aes, 2011) , mul her esquel i am const ant ement ear evi st a Car as, quando quest i onadas sobr e qual a r az ão de i nvest i r em na bel ez a, decl ar ar am a dupl a necessi dadede“ est arbem”consi gomesmas,e,mai s ai nda, de apr esent ar emse bem par a o ol har do out r o. Vár i as del as est avam, naquel e moment o, desempr egadas,out r asocupandopost osdet r abal ho de bai xo pr est í gi o ( mani cur e, auxi l i ar es em escr i t ór i os) . Assi m,obser vamosquenãosóa el i t eea cl asse médi a r econhecem a at i t ude l egí t i ma e a conf or mação ( Bour di eu, 2007, p. 195) do padr ão est ét i co –ambas as cl asses equi padas de manei r a desi gualpar ar eal i z art alempr esa.Junt asea essa cor r i da uma cl asse popul ar que compar t i l ha de manei r ai nédi t a os sí mbol os desse mesmo padr ão, com achance,cadavezmai sdi sponí vel ,deacessál os,sej a at r avésdo cr édi t o,sej a mesmo at r avésde manobr asnãol egal i z adas. Essa ancor agem l egi t i mat ór i a que as cl asses popul ar esf az em nocor pocor r i gi dodasel i t esat r avés de pr odut os mi di át i cos t ambém pode ser exempl i f i cada a par t i r do t r abal ho et nogr áf i co r eal i z adoporBar r os( 2007) ,queest udou gr uposde empr egadas domést i cas no Ri o de Janei r o: suas r el açõescom novel asea i nt er ação com aspat r oas ser vi r am comof i ocondut orpar aumaabor dagem na qualoconsumoéum dosaspect ospr i vi l egi ados.Os pr i mei r os i nsi ght s da anál i se et nogr áf i ca ( apr esent ados em 2005)most r ar am,como j á havi a si do demonst r ado porAl mei da ( 2003,apud Bar r os, 2007) ,nai nt ensai mer sãonasoci edadedeconsumo pr opor ci onada pel as novel as,um apr endi z ado que habi l i t a o espect ador a per ceber quai s pr odut os apar ecem dent r odedet er mi nadoscont ext ossoci ai s – e quai s pessoas especí f i cas podem ut i l i z ál os. Dent r o desse apr endi z ado t ambém est á a assi mi l ação dos padr ões est ét i cos val or i z ados por al gunspr ogr amas,comoapont aaaut or a: Af i l ha de Mar l ene,ao assi st i r Mal hação, per gunt ou oqueapat r oacome,epassou a pedi ri ogur t el i ghtepãoi nt egr al .A mãedi z queessascomi dasdedi et asãomui t ocar as. As i nf or mant es – com exceção das evangél i cas,que não expl i ci t ar am esse t i po depr eocupação com a est ét i ca cor por al–e suas f i l has pr ocur am de al guma f or ma se adequarao model o de “ magr ez a”vei cul ado em par t edapr ogr amação,oquenãoi mpede que haj a al guma admi r ação com esse mesmopadr ão.A f i l ha de8 anosdeMar t a, ao mesmo t empo em que f al a:“ mãe,você r el axou,t ágor di nha” 'ou ” quandoeu cr escer não vou quer er t er pneuz i nho, não” , per gunt a,em out r o moment o,“ nunca uma gor da vai ganhar o Bi g Br ot her Br asi l ?” ( Bar r os,2007,p. 10)

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Também anal i sando a mí di a, consumo e t r abal hador asdomést i cas,Jor dão( 2009)i dent i f i cou, ent r eas31mul her esent r evi st adas,queum númer o expr essi vo del as ( 76%) gost ar i a de mudar a apar ênci a, com 86, 3% do t ot al assumi ndo que f ar i am mudançasem seuscor pos,sepudessem.Um dos aspect os mai si nt er essant es na pesqui sa da aut or aéaf or t eadesãodasempr egadasdomést i cas à moda ut i l i z ada por at r i z es como Jul i ana Paes, Cl áudi a Rai a ( at r i z es gl obai s) , Gi sel e Bündchen ( model o) , Ana Hi ckmann ( apr esent ador a) , Adr i ane Gal i st eu ( apr esent ador a de TV) Angél i ca ( apr esent ador a deTV)eVer a Fi scher( at r i z ) ,nomes mai sl embr adosquando a pesqui sador a quest i onou as t r abal hador as sobr e quai s model os de bel ez ae est i l oel assegui am.Nest esent i do,chamaat ençãoa f or t e pr esença de model os e exmodel os ( Gi sel e Bündchen, Ana Hi ckmann e Adr i ane Gal i st eu) , donasdecor posmai semagr eci dosdoqueasat r i z es, j á comuns ent r e a pr ef er ênci a popul arno quesi t o bel ez a.

3.Consi der açõesf i nai s I dent i f i camos em Mi chel l e Mel o uma mar ca aut or alqueper mei at odasasf asesdo pr ocesso de const r ução de sua i magem. Consci ent e da compl ement ar i edadeent r emúsi ca,l et r a,cor eogr af i a er oupa,a ar t i st a par t i ci pa de t odas as et apas da cr i ação do f i gur i no de pal co e assi m gar ant e uma f or t ei nt er ação dest e com os out r os el ement os da per f or mance. Mi chel l e se apr opr i a, vi at el ef one cel ul ar , da apar ênci a de “ mi t osmodel o” da cul t ur a pop, r epr oduz i ndoos conf or me as l i mi t ações e possi bi l i dades mat er i ai s e si mból i cas i nscr i t as em seucont ext osóci ocul t ur al ,num pr ocessodeadoção de moda j á denomi nado t r i ckl edown. Esse movi ment oest áaj ust adoaumal ógi cadomi nant edo capi t al i smo t ar di o, na qual as pr oj eções e i dent i f i cações do públ i co com cel ebr i dades mi di át i cas ser vem à mobi l i z ação de pr ocessos cont empor âneos de consumo si mból i co em massa. Mi chel l eéaomesmot empo f ã dasgr andesdi vase di va par a seus pr ópr i os f ãs.A i nt er nete as r edes soci ai sdesempenham i mpor t ant esf unçõesnasduas ext r emi dadesdopr ocesso,t ant opar aapesqui sade r ef er ênci as est ét i cas e si mból i cas a ser em r essi gni f i cadas na cr i ação quant o par aai nt er ação com os f ãs, que gar ant e a sanção da i magem const r uí dapel acant or a. Os ador nos e f i gur i nos de Mi chel l e Mel o, i nser i dos na per f or mance, condensam em sua apar ênci a si gni f i cações ambí guas, capaz es de mobi l i z ar o desej o de seu públ i co e t r ansf or mál a num “ mi t omodel o” em escal al ocal . Seu cor po, consi der ado aci ma do peso par a o padr ão das cel ebr i dades do mai nst r eam mi di át i co,não i mpede que sej a consi der ada sí mbol o de bel ez a e

estudos semióticos – vol. 12, n. 1 – julho de 2016

sensual i dade por seu públ i co que, no ent ant o, t ambém éat r avessado pel ashi er ar qui assi mból i cas domai nst r eam. Mesmo demonst r ando em suas decl ar ações o desej odeseapr oxi mardocor pomodel odasgr andes di vas, Mi chel l e acaba, mesmo que i nvol unt ar i ament e,pr ovocando uma f i ssur a nesse padr ão hegemôni co na medi da em queseconst i t ui t ambém em model oasersegui dopel assuasf ãs.A pr oxi mi dade, a i nscr i ção no mesmo cont ext o cul t ur aleaexper i ênci adevi venci aromesmocor t e de cl asse e as mesmas pr obl emát i cas a el e associ adas,ger aum t i podeempat i aei dent i f i cação mai sdi f í ci ldeserest abel eci da ent r eest epúbl i co e as est r el as gl obai s, i magens comument e mai s di st anci adasaest i mul arodesej oeaspr oj eções. Emul ar a i magem da gr ande est r el a,r ecr i ando sua i ndument ár i a com os r ecur sos à mão numa si t uação de pr ecar i edade mat er i al ,par ece seruma t ar ef a mai s acessí veldo que mol dar o cor po às exi gênci as do padr ão hegemôni co,o que i mpl i car i a em mobi l i z arr ecur sosmat er i ai sesi mból i cosmenos di sponí vei s. A f ami l i ar i dade com os di l emas r esul t ant esdessasi t uaçãodeaspi r açãof r ust r adaao cor po i deal par ece f unci onar como um móbi la est i mul ar o engaj ament o af et i vo das f ãs com Mi chel l eMel o. 

Ref er ênci asbi bl i ogr áf i cas Bar r os,Car l a.Tr ocas,hi er ar qui a e medi ação:as di mensõescul t ur ai sdo consumo em um gr upo de empr egadas domést i cas. Ri o de. Janei r o: COPPEAD/UFRJ,2007. Bour di eu,Pi er r e.A di st i nção — Cr í t i ca soci aldo j ul gament o. São Paul o: Edusp. Por t o Al egr e: Zouk,2007. Cul t ur aBr ega.Per f i l— Mi chel l eMel o.05/12/2010. Di sponi vel em: ht t p: //cul t ur abr ega. bl ogspot . com. br /2010/12/per f i l mi chel l emel o. ht ml . Acessoem 30/07/2016. Font anel l a, Fer nando I sr ael . Est ét i ca do br ega:

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Dadospar ai ndexaçãoem l í nguaest r angei r a Bez er r a,Ami l carAl mei da;Br acchi ,Dani el aNer y;Mor aes,Fabi ana;Li maSi l va,AmandaDani el l ede. Cor psetcost umesdansl aconst r uct i ondel ' i magedeMi chel l eMel o. Est udosSemi ót i cos,vol .12,n.1( 2016) i ssn19804016 Abs t r act :. L' o bj e tdec e tar t i c l e ,quis ' i nt é r e s s eàl ape r f o r manc epo pdel ac hant e us eMi c he l l eMe l o ,c ' e s t d' i de nt i f i e rl e se f f e t sdes e nspr o dui t s ,né g o c i é se tmi se nt e ns i o nparl af aç o ndo ntc e t t ev e de t t edel av ar i é t é bât i ts o ni magedemar q ueà l ' ai dedes o nc o r pse tdes at e nue .Pe r s o nnal i t éc é l è br edansl e smi l i e ux po pul ai r e s ,di t s" r i ng ar ds " ,del abanl i e uedeRe c i f edansl ' Ét atduPe r nambo uc ,Me l obr as s ede sr é f é r e nc e s hé t é r o c l i t e sdansl ac o ns t r uc t i o nd' unei mag epubl i que ,r e s pi r antl af o r c ee tl as e ns ual i t é ,qu' appr é c i e nts e s admi r at e ur s .No usmo nt r e r o nsq u' e l l es ' i mpo s e ,dumê mec o up,c o mmeunpe r s o nnag ee mbl é mat i q uede s pr o bl è me sc ar ac t é r i s antl e sc o ndi t i o nsd' e x i s t e nc ee tl e sas pi r at i o nsdes ac o uc hes o c i al ed' o r i g i ne . Keywor ds :Mo de;i mag educ or ps;t e nuev e s t i me nt ai r e;v ar i é t é s .

Comoci t arest ear t i go Bez er r a,Ami l carAl mei da( etal . ) .Cor poef i gur i nonaconst r uçãodai magem deMi chel l eMel o. Est udossemi ót i cos[ onl i ne] .Di sponí velem:(http://www.revistas.usp.br/esse ) . Edi t or esr esponsávei s:I vãCar l osLopeseJoséAmér i coBez er r aSar ai va. Vol ume12,Númer o1,SãoPaul o,Jul hode2016,p.3641. DOI :10. 11606/i ssn. 19804016. esse. 2016. 120535. Acessoem “ di a/mês/ano” . Dat ader ecebi ment o:22/01/2016 Dat adeapr ovação:27/05/2016

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