Corpo-multidão: uma construção midiática dos ajuntamentos e mobilizações pós- modernas

May 30, 2017 | Autor: Francisco Mitraud | Categoria: Multidão, corpo-multidão
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo/SP – 05 a 09/09/2016

Corpo-multidão: uma construção midiática dos ajuntamentos e mobilizações pósmodernas1

Francisco Silva Mitraud2 Tânia Marcia Cezar Hoff3 Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo – ESPM

Resumo O corpo tem sido, ao longo da história, uma última trincheira de resistência ao hegemônico. Exemplos como Gandhi, Mandela, Madres de Plaza de Mayo, entre outros, evidenciam que corpo e vestuário funcionam como mídias primária e secundária na produção de textos não-verbais. No contemporâneo, crescem em todo o mundo mobilizações espontâneas, pelos mais diversos motivos, que indicam a permanência do lugar do corpo como instância de resistência. Após desenvolvermos breve revisão sobre o conceito de multidão, analisamos imagens veiculadas pela mídia e refletimos sobre como ela constrói e atribui significado do que denominamos corpo-multidão. Os sentidos desses discursos imagéticos são produzidos por meio da relação com outras imagens, o que Courtine chama de intericonicidade. As razões de ser e as características da multidão são ignoradas, razão pela qual recomenda-se sua criteriosa análise.

Palavras-chave:

comunicação;

corpo-multidão;

multidão;

pós-modernidade;

intericonicidade.

Introdução Partindo da Teoria das Mídias de Harry Pross, que Norval Baitello (2001) apresentou ao leitor brasileiro, procuramos identificar em diversos e significativos momentos da história situações em que o corpo funcionou como mídia primária e o vestuário como mídia secundária, mais especificamente como textos políticos que resistiam ou se opunham ao poder hegemônico. Os exemplos são muitos. Para citar apenas alguns, Mahatma Gandhi, na Índia, Nelson Mandela, na África do Sul, e as Madres de Plaza de Mayo, na Argentina. Cada uma dessas personagens, em situações diversas, fizeram o uso do corpo e do vestuário para compor textos vigorosos de oposição a dado regime. Gandhi, na 1

Trabalho apresentado no GP Comunicação e Culturas urbanas do XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Doutorando do Programa de Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM (bolsista CAPES integral), com estágio de pesquisa junto à Universidade Nova de Lisboa, pesquisador do Grupo de Pesquisas Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo, certificado pelo CNPq; e-mail: [email protected]. 3 Pós-doutora pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP; doutora em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCHUSP) e mestre em Artes pela Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP). É professora-pesquisadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (PPGCOM-ESPM).

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luta pela independência, aboliu as roupas ocidentais e vestiu o khadi; Mandela, para comparecer perante o tribunal que o condenaria à prisão, vestiu-se com as tradicionais roupas de sua tribo; e, na Argentina, mães e avós foram às ruas, enfrentando a poderosa ditadura militar, para clamar por filhos e netos desaparecidos. Em todas essas ocasiões, palavras não eram necessárias, tampouco cartazes. Os textos não-verbais impressos naqueles corpos e vestuários falavam por si. Muitos são os autores que, sob outras perspectivas teóricas, destacam a atividade comunicacional dos corpos. David Le Breton, por exemplo, considera que “o corpo é vetor semântico” (2007, p. 7). Philippe Breton (2004), em artigo no qual indaga se a palavra precisa do corpo, propõe que “o exercício da fala [...] pode ser considerado como um gesto que implica indissociavelmente corpo e mente”, e ainda que “A fala é, com efeito, um gesto realizado pelo corpo na sua totalidade” (2004, p. 231). Merleau-Ponty, a partir da fenomenologia, diz algo semelhante: “A fala é um verdadeiro gesto e contém seu sentido, assim como o gesto contém o seu. É isso que torna possível a comunicação” (2009, p. 237). Então, não é demais enfatizar que o corpo é a mídia primária por excelência. Dele procedem a fala e a entonação, o gesto e a gestualidade, a postura, o olhar, a respiração e tantas outras expressões que significam, que comunicam, que discursam. Com ele escutamos e ouvimos, enxergamos, percebemos os bons e maus cheiros, tocamos, sentimos, interpretamos. A presença de outro corpo dispensa qualquer mediação. Emissor e receptor, o corpo só precisa mesmo de um outro para o processo comunicacional. Muito da força dos textos que acima mencionamos reside na diferença, por serem corpos que se destacam dos demais, por destoarem de determinados padrões. Kathryn Woodward, sob a perspectiva dos Estudos Culturais, afirma que “as identidades são fabricadas por meio da marcação da diferença” (2011, p. 40) e que “A diferença é um elemento central dos sistemas classificatórios por meio dos quais os significados são produzidos” (p. 68). Muito embora nos deparemos a todo instante com diferentes em nossas ruas e avenidas, se há algo que o contemporâneo produziu foi um espalhamento da diferença. Ela, hoje, faz parte da paisagem. Ainda que atenda a padrões socialmente mais aceitos, as normas hegemônicas de vestir estão sendo confrontadas a todo instante. Seja em fenômenos como o crossdressing, na moda jovem consumida por todas as idades, nos embaralhamentos visíveis entre periferia e bairros nobres, ou mesmo no vestuário e nos acessórios étnicos usados fora de seu contexto original, ser diferente já não é um privilégio de outsiders, artistas e pessoas alternativas. Em muitos sentidos, a diferença já não choca,

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não provoca calafrios, não assusta. Tudo é possível, tudo se torna visível e dessensibiliza o olhar. Paralelamente, outro fenômeno, que não se relaciona com esse primeiro, mas que compõe o cenário pós-moderno, vem se desenvolvendo nas últimas décadas de maneira crescente, globalmente e, aparentemente de forma permanente: as multidões. A multidão a que nos referimos vem sendo objeto de reflexão desde o Século XIX, quando Gustave Le Bon (2008) investiga sua psicologia. Posteriormente, outros autores desenvolveram o tema – e alguns deles serão relatados no desenvolvimento deste artigo. Tais autores concebem “multidão” como um ajuntamento de sujeitos em torno de reivindicações comuns. E, muito embora essa compreensão sofra modificações ao longo do tempo, sua característica principal é considerada por todos os autores: sua formação plural. Nesse sentido, ela se opõe ao conceito de povo, pois é constituída por individualidades, por singularidades reunidas; um número indefinido de pessoas que mantêm sua própria identidade e suas diferenças, enquanto o conceito clássico de povo, que será melhor discutido na seção seguinte, está ligado à ideia de convergência, de sujeição de muitos a uma vontade geral – a vontade do Estado (VIRNO, 2004, 2013). Multidão é plural; povo é uno. Diversos saberes, por exemplo, sociologia, psicologia, filosofia e política – têm procurado compreender sua complexidade no contemporâneo. Contudo, é necessário pensála também sob o ponto de vista dos fluxos comunicacionais, compreendê-la como objeto das Ciências da Comunicação, pois recebem um tratamento privilegiado dos media, que não apenas lhe dão visibilidade como, principalmente, tratam-na como um uno, como um corpo, contrariando sua própria natureza, criando significados, atribuindo-lhe sentidos, que se alternam conforme o contexto e interesses. É o que pretendemos discutir neste artigo. Um breve olhar para a filogênese da multidão Em 1895, Gustave Le Bon apresenta ao público sua obra “A Psicologia das multidões” (2008)4, sob a perspectiva do medo, da ruptura, do risco. Na concepção do autor, a Idade Moderna é um tempo de anarquia e transição. Velhas hierarquias e tradições estavam sendo derrubadas. Crenças e ideias, o poder da religião, a política tradicional dos Estados, a rivalidade entre os príncipes, noções que no século anterior eram fundamentais para a sociedade esvaiam-se rapidamente, criando condições para o surgimento de uma nova força, um novo fenômeno: o poder das multidões. “Em sentido comum, a palavra Algumas vezes também é encontrado sob o título de “a Psicologia das massas”, por exemplo em Hardt e Negri (2012). 4

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multidão representa uma reunião de indivíduos [...], mas, do ponto de vista psicológico, a expressão multidão adquire um significado totalmente diferente” (p. 29). Mas essa psicologia a que se refere Le Bon não pressupõe uma massa organizada e produtiva; pelo contrário, ela é fundamentalmente marcada pela irracionalidade, pelas emoções exacerbadas, facilmente cooptadas por líderes, que não se guiam por proposições lógicas e capacidade argumentativa, mas sobretudo pelo chamamento e pela incitação à ação, que tem como suficiente e eficiente instrumento uma fórmula simples: afirmação, repetição e contágio. “Quanto mais concisa, desprovida de provas e de demonstração for a afirmação, mais poder ela terá” (p. 117). Mas, para que ela alcance êxito, deve ser repetida à exaustão para que ganhe o contorno de verdade. A afirmação tomada como verdade, pela repetição, provoca o contágio, poderoso elemento mobilizador. Por isso, “a multidão é um rebanho que não poderia prescindir de mestre” (p. 111). É sugestionável, crédula, passional, exagerada e simplista. Ela é mobilizada por imagens e pelas palavras que evocam as imagens. “Quem sabe iludi-las torna-se seu mestre; quem tenta desiludi-las é sempre sua vítima (p. 105). O que as une é um espírito e um sentimento comuns, que em determinadas situações sobrepõem-se à consciência individual, surgindo em seu lugar uma espécie de “alma coletiva”, que, mesmo transitoriamente, está submetida à “lei da unidade mental das multidões” (p. 29 – grifo no original). Muito embora Gabriel Tarde enfaticamente afirmasse não poder “conceder a um vigoroso escritor, o Dr. Le Bon, que nosso tempo seja ‘a era das multidões’” (2005, p. 14), com ele concordava quanto ao caráter selvagem destas. Também sociólogo, Tarde contrapõe o conceito de público ao de multidão, compreendendo que aquele é “uma evolução mental e social bem mais avançada que a formação de uma multidão” (p. 9), que em certa medida se compara a “sociedades animais mais inferiores” (p. 6), caracterizadas principalmente por sua conexão apenas física, não psíquica. A grande responsável por essa evolução, segundo Tarde, seria a imprensa. Graças a seu progresso, as relações sociais passaram a ser cada vez mais coletivas, possibilitando não apenas uma superação do que e ele e Le Bon reconheciam como irracional na multidão, criando agrupamentos maiores, que se sobrepunham aos laços sociais tradicionais, ao mesmo tempo permitindo um amalgamento de seus componentes, apesar de suas diferenças. Segundo ele, Inclino-me a crer, apesar de tudo, que as profundas transformações sociais que devemos à imprensa se fizeram no sentido da união e da pacificação finais. Ao substituírem os agrupamentos mais antigos, ou se superporem a eles, como vimos, os novos agrupamentos a que chamamos públicos,

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sempre mais extensos e maciços, não fazem apenas o reinado da moda suceder ao reino do costume, a inovação suceder à tradição, mas também substituem as divisões marcadas e persistentes entre as múltiplas variedades da associação humana, com seus conflitos sem fim, por uma segmentação incompleta e variável, de limites indistintos, em via de perpétua renovação e de mútua penetração (p. 55).

Tarde, no livro que publica apenas três anos depois de Le Bon (1898), faz a primeira e fundamental contribuição para a conceituação de público e opinião, demonstrando como essa última se forma, e como disputa com a tradição e a razão para formar os valores que uma sociedade faz de suas coisas, comportamentos, ideias e instituições (pp. 60-63). Suas reflexões podem imediatamente ser associadas à Escola de Frankfurt e às teorizações sobre o surgimento da Indústria Cultural. Sua primeira geração, principalmente Horkheimer e Adorno, enxerga a capacidade de manipulação dos modernos meios de comunicação de massas, que reduz os consumidores a “simples material estatístico” (ADORNO, HORKHEIMER, 1985, p. 102), estruturado culturalmente pelo agenciamento dessa Indústria que, com sua racionalidade técnica, atuava na consciência das pessoas, com a capacidade de manipulação ideológica. Mais do que isso, Adorno compreendia que esse público (para usar o termo de Gabriel Tarde) era uma massa, composta por elementos cambiáveis e homogêneos. Para ele, “A Indústria Cultural perfidamente realizou o homem como ser genérico. Cada um é apenas aquilo que qualquer outro pode substituir” (ADORNO, 2002, p. 43). Dessa forma, embora Tarde e Adorno reconheçam os meios de comunicação como fundamentais na conformação social, parecem divergir quanto ao alcance desses meios. Tarde pensa o público como evolução da multidão, e que, embora sujeita à influência da imprensa5, guarda uma individualidade crítica, enquanto Adorno e Horkheimer não veem espaço para isso. Outros autores e teóricos usaram expressões diversas para tratar do tema dos ajuntamentos humanos, seja na perspectiva da multidão, do público, das massas6, às vezes com sentidos semelhantes. Contudo, para o propósito desse artigo, importa destacar que o conceito multidão, caro à nossa reflexão, se constrói por meio da oposição. Para Le Bon, multidão se contrapunha à ordem tradicional, ditada pelos príncipes, soberanos, pelo mundo feudal, “pela exclusão das classes populares à vida política” (LE BON, 2008, p. 21). Para Tarde, como vimos, multidão era, se não a antítese, pelo menos a gênese do público. Paolo Virno (2013) reconstitui os embates teóricos-filosóficos sobre a formação das categorias 5

Tarde se refere aos jornalistas e publicitas como os agentes que efetuam essa influência. Recomenda-se a leitura de Jose Luiz Aidar Prado (2006), que apresenta as perspectivas de Canetti (massa e poder), Ortega Y Gasset, Sloterdjik, além de Le Bon e Tarde. 6

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sócio-políticas no Século XVII, e aponta que “povo” e “multidão” eram noções que se encontravam no centro desses debates. A noção de povo impôs-se nos Estados modernos recém-constituídos, dotados de espírito público e responsáveis por determinada forma de vida, exatamente o povo. Desses debates, Virno destaca as posições fundadoras de Espinoza e Hobbes. Para Espinosa, a multidão representa uma pluralidade que persiste como tal na cena pública, na ação coletiva, na atenção dos assuntos comuns, sem convergir no Uno, sem evaporar-se em um movimento centrípeto. A multidão é a forma de existência política e social dos muitos enquanto muitos: forma permanente, não episódica nem intersticial (2013, p. 4). Já para Hobbes, “O conceito de povo, [...], está estreitamente associado à existência do Estado; não é um reflexo, uma reverberação: se for Estado, é povo. Se faltar o Estado, não pode haver povo” (idem, p. 5); é, portanto, o Estado quem conforma, quem dá um corpo aos muitos, um corpo

político, o povo. Multidão permanece na ordem da natureza. Não se oferece à sujeição de um soberano, não cede seus direitos ao Estado, não faz pactos, não obedece. Antonio Negri, além de reafirmar a dependência do conceito de povo à ideia do soberano, enfatiza a ideia de unidade, de uno deste, diferenciando-o de multidão, que contrariamente é marcada pela singularidade, pela pluralidade, por “sujeitos [que] falem por si mesmos” (2004, p. 15). É possível afirmar, então, que a leitura tradicional da multidão como conceito é negativa. Ela se opõe à ideia de ordem, de soberania, de conformação. A multidão é, por natureza, rebelde. A questão a enfrentar é saber se as mudanças paradigmáticas promovidas no tempo, no espaço, nos relacionamentos, na criação e manutenção de identidades, nas subjetividades ambíguas e cambiantes da pós-modernidade, que, como vimos na introdução, ofuscam as diferenças, interferem de alguma maneira na existência e práxis das multidões contemporâneas.

A noção de multidão atualizada. Novas perspectivas ontológicas. As leituras oferecidas até aqui disponibilizam conceitos mobilizados na sociologia, na psicologia, na filosofia e na política. Contudo, o fenômeno da multidão, que como vimos é muito antigo, atualizou-se. E as condições históricas que promovem essa atualização acabam por permitir, como veremos, que possamos pensá-lo também associado aos fluxos comunicacionais contemporâneos. Para isso, precisamos inicialmente investigar as condições ontológicas de sua permanência.

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Usaremos para isso três autores contemporâneos. Primeiro, o italiano Paolo Virno, que parte da seguinte pergunta: “Como sobreviveu a multidão à criação dos Estados centrais?” (2013, p. 7). A pergunta de Virno é instigante, principalmente se nós a ancorarmos nas noções foucaultianas de biopoder, biopolítica, sociedade disciplinar e de controle (FOUCAULT, 1999). Ou seja, apesar do desenvolvimento de todos os instrumentos disciplinares que saíram das estruturas do poder soberano e adentraram ao cotidiano, docilizando os corpos, a multidão continua a existir, a se rebelar, a investir contra os poderes constituídos. Virno explica que isso foi possível a partir de três jornadas, que aqui registramos apenas de forma breve. A primeira jornada, o autor chama de “Temores e proteções” (pp. 9, 12), e referese ao desfazimento das dicotomias dentro e fora, perto e longe, comunidade e mundo, que acompanham a ideia de segurança e risco que está dentro da comunidade de um povo. Nas comunidades tradicionais, o que está dentro é controlável, administrável, reconhecível, o que está longe, fora, no mundo assusta, desconhece-se, provoca um medo irracional. Ocorre que nas sociedades contemporâneas já não se pode falar em comunidade substancial. Dentro e fora, perto e longe, comunidade e mundo são conceitos ultrapassados. Por essa razão, o medo, que era algo público, algo que atingia a muitos e que podia ser “neutralizado por ajuda alheia” (p. 11), é substituído por um sentimento de “não se sentir em sua própria casa” (p. 11) e pela angústia. Outra decorrência dessa primeira jornada tem a ver com os jogos de linguagem que antes estavam bem demarcados entre lugares comuns (de valor mais geral) e lugares especiais (modos de dizer e pensar que são apropriados em determinadas situações). Esses lugares foram dissolvidos, se decompuseram e “já não podemos contar com as formas de pensamento, de raciocínio, de discurso que se assentavam em um ou outro contexto particular” (p. 13) ou, em outras palavras, perdemos critérios de orientação, a “rosa dos ventos” (p. 13). Perdemos os lugares especiais e ficamos apenas com os lugares comuns; “‘a vida da mente’ transforma-se em pública” (p. 14) e passamos a nos sentir estranhos em nossa própria casa, uma característica muito própria da multidão. A segunda jornada, Virno denomina de “trabalho, ação, intelecto” (pp. 22, 42). Aqui o autor discute que essas três esferas da vida possuíam na sociedade pré-fordista demarcações bastante claras e independentes. O trabalho como produção, processo; o intelecto como a disposição interior e individual para a reflexão solitária; e a ação política, que intervinha nas relações sociais. No mundo pós-fordista, essa tripartição foi desfeita. O

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mundo do trabalho é invadido também por uma ação política, não no sentido da luta de classes ou partidarismos, mas como estratégias de exposição, pelo desejo do virtuosismo e pelo uso do intelecto como “mola principal da produção de riqueza” (p. 35). A terceira jornada discute a multidão como subjetividade (pp. 43 a 60). Parte do princípio de que a multidão significa pluralidade, uma rede de indivíduos, diferente da unidade coesa do povo. Isso é fundamental para se compreender que o indivíduo “é o termo final de um processo” (p. 44). Mas a noção de indivíduo deriva de individuação, ou seja, provém de algo mais universal. O indivíduo provém de uma espécie, possui e domina uma língua e uma cultura comum, e produz sua vida por meio da experiência comum. Portanto, ele é sempre composto de um eu e de uma universalidade anônima, e, por consequência, a “multidão contemporânea está composta de indivíduos individuados, que levam às suas costas também esta realidade pré-individual” (p. 45). Essa composição comunga no contemporâneo de uma gama de emoções que decorrem de um adestramento para a precariedade e a variabilidade, para estar permanentemente preparado para a mobilidade e a flexibilidade, incertezas de expectativas, mudanças bruscas de tecnologia. Enfim, uma série de características do trabalho pós-fordista, que provocam desorientação, exigem um senso de oportunismo e cinismo, que “constituem, de todo modo, um signo distintivo indelével da multidão” (p. 55). Vejamos ainda, antes de propormos uma breve conclusão do que já vimos, também as contribuições de outros dois autores, Michel Hardt e Antonio Negri (2004, 2013), que defendem a ideia de que o imperialismo acabou e em seu lugar surgiu o Império. Em seu livro de quase 500 páginas (2004), os autores apresentam o Império, um sistema global dominado pelo capitalismo, suas instituições/corporações globais, liderado pelos Estados Unidos e o ocidente, mas que está acima dos Estados-nação, pois flexibiliza a noção de soberania, eliminando seus limites geográficos. Uma universalidade política, econômica e social é costurada no tecido ontológico que o Império cria. Em sua parte final, identificam a resistência da multidão como uma esperança para a construção de uma nova sociedade, e no segundo livro discutem com profundidade suas características, razão de ser, apresentação, perspectivas para o futuro. Repetem o que Paolo Virno já dissera, ou seja, que a multidão “é composta de um conjunto de singularidades” (p. 139), mas que, embora múltipla, “não é fragmentada, anárquica ou incoerente” (p. 139). Enfatizam que ela não deve ser confundida com turba, que é um agregado indiferente, sem nada em comum nem elementos compartilhados. Pois, “A multidão designa um sujeito social ativo, que age com base

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naquilo que as singularidades têm em comum” (p. 140). Sua constituição e ação baseiam-se no que possui em comum, não na sua identidade ou unidade (p. 140). Não compõe um corpo político tradicional, que possui mandante e mandatários; em vez disso, a “multidão é carne viva que governa a si mesma” (p. 140). Apesar dos problemas conceituais que a afirmação trás, ela é “o único sujeito social capaz de realizar a democracia, ou seja, o governo de todos por todos” (p. 141). Essa carne amorfa pode, segundo os autores, usar seu poder para, por meio de ação histórica, criar um novo mundo (p. 209). E de onde provém esse olhar esperançoso? Da forma como a multidão contemporânea se forma, ou, a nosso ver, se atualiza. Na verdade, paradoxalmente, uma das consequências do modo de trabalho capitalista atual é essa reconfiguração da multidão. “O que a multidão produz não são apenas bens e serviços; a multidão produz sobretudo cooperação, comunicação, formas de vida e relações sociais” (p. 424). Interligada, interconectada, trabalhando em redes de cooperação e informação, aquela subjetividade a que se referiu Virno vai se intensificando. Não se pode mais falar, portanto, na irracionalidade ou na sua condução fácil e conseguida às custas de líderes fortes e criadores de ilusão. Ontologicamente, a multidão “é um conjunto difuso de singularidades que produzem uma vida comum; é uma espécie de carne social que se organiza num novo corpo social. É isto que define a biopolítica” (p. 436). Seu poder manifesta-se nas redes cooperativas e comunicativas do trabalho social (p. 436). Consideramos, pela exposição desses autores, que o conceito de multidão se atualiza. Outrora associada à irracionalidade e a uma disposição quase animalesca, a multidão adentra a modernidade mobilizada por uma nova conformação social que modifica as relações internas que a sustentam, sem perder sua característica principal: a pluralidade. Nesse sentido, a multidão ocupa o lugar do corpo-singular, que antes com o vestuário produzia textos que resistiam. Agora são incontáveis corpos, a multidão em seu corpo amorfo, plural, multifacetado, a nova face de uma resistência potente. São as múltiplas mídias primárias que se unem para formar uma só, para reivindicar, protestar, lutar pela existência dos seus muitos. E, nesse momento, a multidão capta a atenção das mídias terciárias, dos modernos meios de comunicação, afinal, ela é um grande evento. E adentra os fluxos comunicacionais midiáticos.

A construção midiática do corpo-multidão e sua inserção nos fluxos comunicacionais.

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Umberto Eco, em um conhecido texto sobre televisão, inicia uma de suas seções com o título “Eu estou transmitindo e é verdade” (1984, p. 6). No mundo contemporâneo, para ser verdade, para existir, é preciso que haja a mediação tecnológica das redes informacionais, é preciso que haja exposição, transmissão. Nesse sentido, o que dá visibilidade à multidão são os meios de comunicação, sejam eles os tradicionais, como TV, jornais e rádio, sejam os digitais. A força das mídias primárias e secundárias é limitada, elas possuem pouco alcance, passam desapercebidas se não forem mediadas por meios de comunicação abrangentes. Contudo, o que nos chama a atenção, no caso das multidões, é o fato de que a grande mídia não apenas a expõe, não apenas a apresenta, não somente comunica sua existência. A questão é que, mais do que tudo isso, o mass media cria-lhe um corpo: um corpo-multidão. Por “criar-lhe um corpo” queremos dizer que a mídia se apropria de sua subjetividade, atribui-lhe um sentido, uma razão de ser e existir, cooptando sua existência como se ela fosse uma, como se fosse um corpo só, o que é incompatível com as características que foram discutidas anteriormente ao se considerar o conceito de multidão. Ela é plural – é a multidão das singularidades. A criação midiática da multidão é, principalmente, imagética. Somos a sociedade das imagens. Elas, muito embora hibridizadas com outras linguagens, imperam nos fluxos comunicacionais midiáticos. São utilizadas como chamamento, como convocação. Essa é uma das razões pelas quais há um uso generalizado delas nas linguagens publicitária e jornalística. O pesquisador canadense Francis Dupuis-Déri, que estuda a estratégia Black Block, por exemplo, dá um testemunho pessoal de como “as decisões sobre o posicionamento das câmeras e dos veículos, eram tomadas com frequência em razão do potencial de ‘vandalismo’” (2005, p. 163) e de como os meios de comunicação de massa preferem um espetáculo proporcionado por “baderneiros” do que “uma passeata calma e ‘amigável’” (p. 162). Nesse sentido, as multidões possuem um potencial de espetáculo. À guisa de exemplo, apresentaremos três imagens reproduzidas em mídias de notícias de grande circulação. Para analisá-las, utilizaremos o conceito de intericonicidade (COURTINE, 2006), segundo o qual o que produz o significado de uma imagem é sua relação com outras, assim como o discurso se relaciona com outros (interdiscurso). Uma imagem está sempre prenhe de outras imagens. Uma imagem evoca outras na construção dos sentidos.

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Foto 1: site de notícias CBS News. Imigrantes na costa italiana.

Fonte: http://www.cbsnews.com/pictures/mediterranean-migrant-tragedy-deadly-voyage-to-europe/19/, acesso em 02/07/2016.

Essa primeira imagem registra o momento em que a marinha italiana efetua a abordagem de um barco de refugiados na costa da Sicília. Sua leitura só é possível por causa de memórias discursivas que interpelam outras imagens, das pistas que a memória oferece. Em outras palavras, qualquer leitor dessa imagem só constrói seus sentidos porque outras imagens anteriores, vistas em fotografias, filmes, livros ou mesmo registradas pelo olhar do próprio observador, e que estavam guardadas na memória, são agora convocadas para interpretá-la. Essa noção, que aplicada à análise de discurso de textos verbais é chamada de interdiscurso, na análise de imagens é tratada por intericonicidade. Observemos a foto: um primeiro barco com um amontoado de pessoas. Elas estão quietas; há uma certa calma e passividade nelas. A profundidade do horizonte, as nuvens ao fundo, o mar tranquilo, sem ondas. As pessoas estão olhando para a outra embarcação, demonstrando interesse, curiosidade e certa parcimônia. Há crianças que também olham interessadas. Todos são negros. Todos vestem-se com simplicidade. Vemos o segundo barco apenas parcialmente. Mas é o suficiente para percebermos que a imagem remete logo a limpeza, asseio, técnica, cuidado. Estão uniformizados, usam roupas brancas e máscaras. Evitam o contágio, mas percebe-se que manipulam equipamentos, preparando um possível salvamento. Acima de tudo, percebe-se o afastamento, seja ele físico, seja ele simbólico. A multidão de um lado, os salvadores de outro. No primeiro plano, um corpo-multidão que desperta comoção, pena, dó. De outro lado, um corpo com trajes protetores, que remetem à

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assepsia e ordem. A oposição com outras imagens midiáticas de refugiados faz com que o que se ressalta da leitura sejam coisas positivas: a solidariedade, a ajuda, o socorro que o mundo ocidental limpo, saudável e rico oferece ao corpo-multidão de refugiados que, enfatizamos, ganha aqui um status de povo africano, refugiados, terceiro-mundo. A noção dos muitos desaparece. Igualmente importante é a noção de que o discurso atribuído a esse corpo-multidão é endereçado aos que estão no continente, longe do mar, portanto, protegidos. Foto 2: site de notícias Der Spiegel.

Fonte:

http://www.spiegel.de/politik/deutschland/fluechtlinge-und-einwanderer-die-wichtigsten-fakten-a-

1030320.html, acesso em 02/07/2016.

A imagem do jornal alemão Der Spiegel é diferente. Nela, a passividade desaparece. As mãos estendidas ao longo da cerca, a mulher com a criança nos braços. Mas, principalmente, uma cerca de arame farpado e lixo ao longo. Parece haver uma impossibilidade de continuar a caminhar. Um homem inclina seu dorso procurando compreender o que se passa. Também há crianças. E alguma solidariedade na multidão. Mas aqui é visível ajuda externa e se sobressai a imagem do desespero, não da passividade. Temos na historiografia das imagens da escravidão, das prisões e dos campos de concentração as principais referências dessa imagem midiática. Novamente, a intericonicidade permite mobilizar os sentidos guardados e produzidos pela memória. E

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esses sentidos aqui são o do medo, o do desconhecido, o do horror. Aqui, a cerca indica, sobretudo, um corpo-estranho na fronteira, um corpo-multidão que se aproxima e se avizinha. Os discursos desse corpo-multidão estavam sendo produzidos para os residentes, para aqueles que estão próximos, do outro lado da cerca. Foto 3: capa do jornal O Estado de São Paulo de 13/03/2016

Fonte: captura de imagem e reprodução do autor.

A terceira foto, do Jornal O Estado de São Paulo, registra uma das manifestações em São Paulo em 2016. Uma foto da Avenida Paulista com milhares de pessoas. O distanciamento da objetiva tem a intenção evidente de registrar o tamanho da mobilização. A multidão é fotografada como uma só. O que chama a atenção nessa imagem é o fato de que toda a pluralidade é completamente ofuscada na imagem. Ou seja, aqui a multidão é apresentada como una, uma massa uniforme, como que escondendo a diversidade de opiniões que circulavam no período das manifestações. Todos estão debaixo de um título (13/03/2016). Como pesquisador, estive em diversas das mobilizações, pró e contra o governo Dilma Rousseff, e testemunhei os mais diversos grupos, muitos deles antagônicos, na

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Paulista. Mas o corpo-multidão é aqui criado com a intenção clara de proclamar que no dia 13 de março ele esteve na Paulista para se colocar contra um outro corpo-multidão que também a mídia criara. As consequências disso são nefastas. Criou-se um momento de polarização perigoso, que significava pertencer ao corpo-multidão ou estar contra o Brasil; amar o País ou não; novamente recorremos às imagens midiáticas passadas, como a do movimento Diretas-já, na década de 1980, que criou as ideias de ser brasileiro e ser outra coisa.

Considerações finais O que propomos ao longo deste artigo é que essa nova configuração da multidão, que não perde suas características de pluralidade, adentra o Campo da Comunicação por meio da construção midiática de um objeto, o Corpo-multidão. Ele não é o corpo da multidão, mas é uma imagem cooptada pela mídia e cujo discurso é construído não pela multidão, mas pelos meios, por textos imagéticos. Na Itália, um corpo-multidão dócil, grato, por meio do qual se mostra a benevolência ocidental (italiana/europeia, principalmente) que resgatará e salvará. Mas ele está distante na costa; não no continente e, portanto, não é uma ameaça. Na Alemanha, o corpo-multidão está às portas, separado por arame farpado, denunciando a exclusão. A imagem é de pavor, de perigo. Em São Paulo, o corpo-multidão é apresentado como um discurso político uno, negando-se-lhe suas divergências e incongruências. Nesses três momentos, há lutas simbólicas ocorrendo. Os refugiados, da África ou do Oriente, lutam pela sobrevivência. Sua marcha, entretanto, também é uma denúncia das mazelas do capitalismo, das guerras que são travadas por controle remoto e cuja consequência é a morte de milhões de inocentes. Sua marcha é resistência: contra a fome, contra a violência, contra a indiferença ocidental. No caso de São Paulo, a marcha é, sobretudo, uma resistência a um sistema político ineficiente. É importante lembrar a barreira criada pela multidão aos partidos políticos – todos eles. Mas as razões de ser da multidão, nesses três contextos, são ignoradas pelos discursos criados midiaticamente. A resistência que deu origem à multidão desaparece e, em seu lugar, surgem outros discursos. Dessa forma, compreendemos que os sentidos são construídos pela própria mídia, segundo contextos e interesses diferentes, quando se considera o aspecto da intencionalidade discursiva presente na cobertura jornalística sobre os ajuntamentos de pessoas na sociedade contemporânea. Como imagem midiática, e sob a perspectiva da

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intericonicidade discursiva, os textos imagéticos trazem referências a outras imagens divulgadas na e pela mídia. Considerando-se que uma imagem midiática não se apresenta isolada, mas na relação com outras muitas, ressaltamos a relevância de nos determos na análise dos sentidos atribuídos pela mídia ao corpo-multidão, ou seja, às imagens de ajuntamento humano em situação de resistência ou de luta pela sobrevivência. Pensar a imagem midiática do corpo-multidão implica pensar a construção do sistema imagético midiático.

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