CORPO VIBRÁTIL: EDUCAR PARA REDESCOBRIR OS CAMINHOS DO MUNDO EM SI

June 7, 2017 | Autor: Fernanda Barbosa | Categoria: Education, Somatic Education
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XXX Jornada Acadêmica Integrada CORPO VIBRÁTIL: EDUCAR PARA REDESCOBRIR OS CAMINHOS DO MUNDO EM SI Barbosa, Fernanda S.1 (IC); Gravina, Heloísa² (O) 1e 2

Curso de Dança Bacharelado, Universidade Federal de Santa Maria

A pesquisa que segue é desenvolvida na Iniciação Científica do Curso de Dança Bacharelado e foi conduzida pelo questionamento sobre o corpo na educação escolar ocidental. Partimos de um exame histórico-antropológico inicial, que elucidou a herança do idealismo platônico e da racionalidade iluminista presente no espaço escolar como cerne de processos de imobilização e docilização corporal, bem como de uma educação voltada para a transmissão de representações e conteúdos acerca de objetos distanciados do aluno. Nosso problema consiste na busca por possibilidades de explorar conceitos de outras disciplinas, como história e filosofia, através do corpo. O objetivo é compreender como ocorre a construção de conhecimento pela experiência corporal, de modo a desenvolver um método que parta destas potencialidades como provocação de conhecimentos reflexivos. A investigação vale-se de pesquisa bibliográfica acerca de corpo, movimento, conhecimento, experiência, relação e antropologia da educação. Também realizamos uma breve etnografia em uma escola municipal de Santa Maria, além da experimentação e desenvolvimento de oficinas teórico-práticas. As primeiras conclusões dizem respeito a um novo entendimento da educação. Partimos, nesse sentido, das considerações do antropólogo Tim Ingold, para quem a educação consiste na sensibilização a determinados aspectos do mundo, através de qualidades específicas de atenção na experiência, processos de afinação do sistema perceptivo que aprende a ressoar o seu ambiente. Nesse viés, a cognição passa a ser entendida como “fluxos, contornos, intensidades e ressonâncias” (GATEWOOD apud INGOLD, 2010, p.21). Assumimos o conhecimento como o “redescobrimento dirigido” de que nos fala Ingold (2010, p.19), que parte de movimentos exploratórios, envolve imitação, improvisação e reverberação. É dirigida por um tutor que, ao mostrar, torna presente determinados aspectos, propõe atmosferas afetivas, performa e instrui o cuidado por parte do aluno daquilo que é sentido durante a experiência, para que o iniciante “pegue o jeito” e seja “pego” por ele. Aqui, temos também uma comunicação entre corpos (GIL,2013, p.102) pois o aprendiz abre-se para tomar parte na experiência do tutor, o tutor abre-se para tomar parte na experiência do aprendiz, numa captura mútua que suscita a experiência recíproca, aumentando as intensidades, e impregnando-se mutuamente. O conhecimento constrói-se nesse diálogo em que um deles improvisa seus movimentos conforme a “pergunta” feita pelo corpo do outro, uma “resposta” improvisada, explorada, imitada, mas que decorre da percepção que cada um tem do ambiente, da atmosfera, do movimento, da energia e das intensidades do outro (GIL, 2013, P.102). Tal jogo dá lugar à singularidade, pois cada corpo resolve conforme lhe convém. A Educação Somática como método pedagógico que parte do corpo vivido pelo sujeito, através do reconhecimento da percepção como parte de seu aprendizado e potencializadora de relações ganha espaço como cerne de nosso trabalho. As habilidades, finalmente, não são nem inatas nem adquiridas, são propriedades de autoorganização dinâmica no campo de relacionamentos da vida. É nesses termos que podemos pensar a dança e a educação somática como provocadoras de conhecimento em outras áreas. Finalmente, a pesquisa pretende desdobrar-se num projeto de investigação em nível de pós-graduação. Trabalho apoiado pelo Programa de Iniciação Científica Voluntária - UFSM XXX Jornada Acadêmica Integrada - JAI Universidade Federal de Santa Mara, 19 e 23 de Outubro de 2015

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