Cosmogonia Sonora - Noise, desterritorialização e autopoiese

June 2, 2017 | Autor: Pedro Diaz | Categoria: Perception, Multitude, Noise, Music and Social Change, Antiglobalization Social Movements
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Cosmogonia Sonora Noise, desterritorialização e autopoiese O movimento de uma corrente é distinto daquilo que atravessa, ainda que necessariamente ele adote suas sinuosidades. (BERGSON, Evolução Criadora, p.270.)

O ruído sonoro pode ser entendido como interferência na comunicação, desorganizador que desmancha a mensagem, bloqueia o canal ou desloca o código, mais relacional do que natural. Essa definição, porém, como desordenação interferente, ganha um caráter mais complexo em se tratando de arte como um elemento virtualmente criativo, de afronta

a

códigos

cristalizados

e

provocador

de

novas

linguagens.

O som natural é o ruído que se apresenta a nós a todo o momento através de frequências irregulares e caóticas com as quais a música trabalha para extrair-lhes uma ordenação que por sua vez também contém margens de instabilidade, com certos padrões sonoros interferindo sobre outros. Emissões pulsantes que são por sua vez interpretadas segundo os pulsos corporais, somáticos e psíquicos, se fazem nesse ligamento em que diferentes frequências

se

combinam

e

se

interpretam

porque

se

interpenetram.

Um som afinado, cantado em uníssono por um grupo humano tem o poder mágico de evocar uma fundação cósmica: insemina-se coletivamente, no meio dos ruídos do mundo, um principio ordenador. Sobre uma frequência invisível, trava-se um acordo que projeta não só o fundamento de um cosmos sonoro, mas também do universo social. As sociedades existem na medida em que possam fazer música, ou seja, travar um acordo mínimo sobre a constituição de uma ordem entre as violências que possam atingi-las do exterior e as violências que as dividem a partir do seu interior. Assim a musica oferece tradicionalmente como o mais intenso modelo utópico da sociedade harmonizada e ao mesmo tempo a mais bem acabada representação ideológica (simulacro

interessado)

de

que

ela

não

tem

conflitos.

No crescimento das sociedades, formam-se centros despóticos para qual se dirige o produto excedente (serviços religiosos, custeio da guerra, à manutenção da comunicação ou distribuição). Enquanto esse excedente econômico se destina serviços de interesse coletivo, o excedente simbólico se realiza como trabalho comum para a glória da unidade, nas figuras espelhadas do déspota e da divindade tribal. A ordem sacrificial da

música envolve todos seus elementos em um tributo ao centro, um caráter estático da musica modal, ante evolutivo, ocupa o espaço de autossuficiência e referência ainda que permeável à circularidade e ao rodízio das precedências, ameaçado por qualquer fissura, ou ainda, ruído deslizante da ruína do sistema. Como o mundo modal não se baseia na ordem da representação (estética e política), e sim na ordem do sacrifício, a descrição sócio-econômica e cosmológica não se faz como uma simples metáfora da sociedade, e sim como instrumento ritual de manutenção da ordem contra as contradições que a dissolveriam. Segundo Deleuze e Guattari no Anti-Édipo, nas sociedades tribais esse todo é virtualmente a terra, a unidade-indivisa que se inscreve no corpo pelos rituais (circuncisão, tatuagens e outras inscrições) e que se escuta como música. Nas sociedades despóticas, esse todo é apropriado simbolicamente em alguma medida pelo centro, que passa a ser emanador e receptor dos sons da terra e do grupo social (ritornelo

dominante).

Nas sociedades pré-capitalistas a musica é vivida como experiência do sagrado, no campo da luta cósmica e caótica entre o som e o ruído. Na luta dos dons entre a vida e a morte, os deuses e os homens, o rito sacrificial. Assim como o sacrifício de uma vítima (pharmakós entre os gregos), quer canalizar essa violência destruidora, ritualizada para sua superação simbólica, o som é o bode expiatório que a música sacrifica, convertendo o ruído mortífero em pulso ordenado e harmônico. Assim como o pharmakós tem valor ambivalente, veneno e remédio, o som também tem a ambivalência de produzir ordem e desordem, vida e morte, na economia sacrificial de base, o ruído está sempre no limite de invadir o som. Ritornelo comunicante entre mundo material e o espiritual sensível. “A música modal é a ruidosa, brilhante ritualização da trama simbólica em qua a música está investida de um poder (mágico, terapêutico e destrutivo) que faz com que a sua prática seja cercada de interdições e cuidados rituais. Os mitos que falam da música estão centrados no símbolo sacrificial, assim como os instrumentos mais primitivos trazem a sua marca visível: as flautas são feitas de ossos, as cordas de intestinos, tambores são feitos de pele, as trompas e as cornetas de chifres. Todos os instrumentos são, na sua origem, testemunhos sangretos da vida e da morte. O animal é sacrificado para que se produza o instrumento, assim como o ruído é sacrificado para que seja convertido em som, para que possa sobrevir o som.” (Wisnik, 1989).

A fonte de onde emana o mundo é sempre uma fonte acústica. A voz criadora surge como um som que vem do nada, que aflora do vazio: “O abismo primordial, a garganta aberta, a caverna reverberante”. Esse som saído do Vazio é o produto de um pensamento que faz vibrar o Nada e, ao se propagar, cria o espaço. O abismo primordial é um fundo de ressonância e o som que dele emana, a força criadora (deuses-cantores, Brama, palavra sagrada, hino, mantra, o sopro sagrado de Atman, OUM (ou AUM), o poder

de

ressoar

a

gênese

do

mundo).

Articular o som e o silencio é querer romper o continuum da natureza que é ao mesmo tempo silêncio ruidoso como o mar, em suas ondulações e no seu rumor branco, frequência difusa de todas as frequências – pinknoise, movimento browniano*. Fundar um sentido de ordenação do som, produzir um contexto de pulsações articuladas, produzir a sociedade significa atentar contra o universo, recortar o que é uno, articular o que é contínuo. Experiência ondulatória e pulsante no próprio descontínuo da cultura, estabelecendo o circuito sacrifical em que se trocam dons entre homens e deuses, vivos e mortos, harmoniosa e desforme. * O movimento browniano é o movimento aleatório de partículas num fluido (como consequência dos choques entre todas as moléculas ou átomos presentes no fluido. Há um padrão pouco explícito em alguns casos em um movimento fractal, esse movimento está diretamente ligado a reações em nível celular, como a difusão, a formação de proteínas, a síntese de ATP e o transporte intracelular de moléculas. Hoje em dia, o movimento browniano serve também de modelo na descrição de flutuações que ocorrem os mais diversos e inesperados tipos de sistemas. Por exemplo, para descrever flutuações de preços de mercadorias, a condutividade elétrica em metais e a ocorrência de cheias nos rios. Físicos atualmente estudam tal movimento em relação à Teoria do Caos.

Diacronia e Civilização A passagem modal ao tonal acompanha aquela transição secular do mundo feudal ao capitalista, participando da própria constituição da idéia moderna de história como progresso. Nesse período Clássico, a linguagem musical atinge seu auge erudito e em seguida passa por uma espécie de saturação e adensamento, que o levam à desagregação no século XX. Nesse arco histórico, inclui a afirmação e a negação do próprio sistema, formando

as

bases

para

o

processo

da

modernidade.

A música tonal expande o universo modal fixo e repetitivo em uma economia de trocas onde a transição pelas funções, através de um encadeamento que tem seu núcleo no próprio movimento oscilante de tensões, também se transformam em repouso. Fundamento dinâmico, progressivo, teleológico, perpectivístico da tonalidade,

panoramicamente, o tonal é o mundo onde se prepara, se constitui a problemática e a dissolução diacrônica. É o mundo da dialética, da história, do romance, progressivo, narrativo na expansão do movimento e seus desdobramentos sequenciais, no principio do desenvolvimento. Exibe sua crise interna ao sistema mostrando possibilidades de resolução

dentro

do

próprio

código.

Vemos ai esse perfil macrocultural, a vocação para o desenvolvimento sucessivo, evolutivo, subordinante, movido por uma necessidade dialetizadora inerente à linha conflitiva diacrônica, necessidade que envolve em seus passos tanto a dinâmica social quanto a estrutura da linguagem. Esse ímpeto positivista, desenvolvimentista, disparado ainda pelas relações capitalistas, foi formulado difusamente pelo imaginário coletivo. Goethe, em seu imperativo fáustico, associa a vontade de saber e a vontade de poder, o conhecimento e a ação ilimitados, à colonização do futuro movida por ‘’forças obscuras’’ que são desentranhadas de um fundo escondido, ainda inconsciente, medievo na

figura

do

Mefistófeles.

Na metade do século XX atingem-se os confins da serie harmônica, a própria idéia de progresso ilimitado deixa de exibir, como linha de força ideológica, aquela mesma autossuficiência dialética. O principio evolutivo aplicado às alturas enfrenta dificuldades cada vez mais acentuadas para produzir diferenciação, já que suas formas mais extremas de organização progressiva estão consumadas. Onde o silêncio dos espaços infinitos vem acompanhado da ruidagem absoluta, impõe-se uma espécie de consciência sincrônica, uma escuta capaz de fazer silêncio, de se colocar no ponto zero dos

códigos

e

da

multiplicidade

dos

pulsos.

Além do ruído ser o elemento que renova a linguagem do habitat moderno, a vida urbano–industrial é marcada pela estridência e pelo choque. O alastramento do mundo mecânico, artificial e agora, virtual, cria paisagens sonoras onde o ruído é a base para as texturas musicais. Proliferam os meios de produção e reprodução sonora, não é mais simplesmente

acústico,

e

sim,

eletroacústico.

O sampler registra, analisa, transforma e reproduz ondas sonoras de todo tipo, e superou de vez a já velha polêmica inicial entre a música concreta e a eletrônica. Em um estado de produção de simulacros, dilui-se a oposição entre o gravado e o sintetizado, o som real e o inventado. As máquinas de produção e reprodução sonora, além de terem seus terminais disseminados em rede por todo o tecido social (com sonorizadores fixos e ambulantes nos espaços mais públicos aos mais privados), implantaram um modo de tratamento do som totalmente relativístico, em que nenhum dos seus componentes

inscreve-se em nenhuma ordem de hierarquia ritualística. O objeto sonoro é o ruído que se reproduz em toda parte, além de passar por um processo sem precedentes de rastreamento e manipulação laboratorial das suas mais ínfimas texturas (gravado, decomposto,

distorcido,

filtrado,

invertido,

construído,

mixado,

etc).

Enquanto isso, a estratégia política do som deixou de se dar pela clivagem ideológica entra a música oficial, apropriada enquanto música elevada e harmoniosa, e as músicas divergentes, consideradas baixas e ruidosas, a industrialização tornou-se uma processadora de toda forma de ruído repetitivo, disseminado em faixas de consumo diversificadas. Não se trata mais de tocar o som do privilegio contra o ruído dos explorados, mas operar industrialmente sobre todo o ruído, dando-lhe um padrão de repetitividade

e

fetichismo.

O mercado pós-moderno é baseado em ciclos rápidos de posição e reposição da história dos gêneros, a liquidação dos estoques da loja ocidental, queima de estilos. Se a linguagem perde a tônica, a moda dá o tom. No conjunto da repetição serializada, toda história torna-se sucata para uso publicitário, remete todo som ao ruído, ruidifica o ruído. O tempo integral da mídia não faz, não conhece e não aceita o silêncio. Ao mesmo tempo, as expansões tecnológicas oferecem vivas perspectivas para a leitura e uso das construções humanas. No Fausto de Goethe, há um momento em que os poderes já precoces da produção de simulacros gerada pelo pacto com Mefisto gera um terceiro contrato fáustico. Nele a alma e ou sentido parecem estar perdidos de saída. O homúnculo retorna na esperança tecnológica da salvação, na forma do computador, a arte, alma e o sentido figuram já como lendas do passado.

Hackeando o Sistema Na análise dos efeitos do LSD-255 sobre a mente humana, uma hipótese razoável afirma que o efeito dessas substâncias no computador humano é introduzir ruído branco (energia variante e aleatória que não contém sinais de si mesmo em si mesmo). Este componente ruidoso adicionado aos sinais normais dos circuitos geram incertezas suficientes nos significados para que novas interpretações sejam possíveis. O que LSD, mescalina e psicodélicos semelhantes tendem a fazer, especialmente depois de várias viagens, é abrir a pessoa a que o Dr.Lilly chama de “ruído”.

O grande princípio operativo parece ser que o computador humano opera de tal forma a tornar os sinais de ruído, criando informações onde não havia sinal. A informação “criada” apartir do ruído pode ser demonstrada por análise cuidadosa ter sido trazida de dentro do próprio sistema de armazenamento do computador, recriação sobre elementos inerentes. Isto é precisamente o que ocorre em uma viagem de LSD. O diferente é que o ruído e as informações recém-criados estão chegando ao receptor não apenas em palavras lidas em uma página, mas através de todos os sentidos ao mesmo tempo. Muitas vezes levam meses para investigar e descobrir todos os signos e relações experimentados

durante

uma

expansão

mental

ou

sensorial.

Esse delírio traz uma necessidade vital à espécie, a confabulação de técnicas e mecanismo da vida se inserem no mundo para serem reais, delirar o mundo, projetar nele esboços de personalidades, forças superiores, seres transcendentes, potência imaginativa. Se precisamos violentar a natureza para chegar a esse desapego (um corpo sem órgãos), é porque o apego à vida (ou confiança) muda de natureza. O místico é justamente aquele que pula fora do plano da Natureza, ou seja, fora dos círculos de pertencimento da espécie. Ele chega até a constituir uma própria espécie, não um aumento extensivo nem de um crescimento qualitativo, mas de um salto intensivo que se confunde com um movimento de conversão e transformação. A verdade é que compreenderemos sem dificuldades esses estados anormais, sua semelhança e, às vezes, talvez também sua participação nos estados mórbidos, se pensarmos na reviravolta que é a passagem do fechado para o aberto, da vida habitual para a vida mística. Quando as profundidades obscuras da alma são agitadas, o que sobe à superfície e chega até a consciência, se a intensidade for suficiente, podem exprimir a reviravolta como uma rearrumação sistemática em vista de um equilíbrio superior. Só podemos sair da neurose própria da espécie humana por uma espécie de experiência psicótica (êxtases, alucinações, encantamentos), um episódio esquizofrênico que nos conduza a uma saúde para

além

do

normal,

um

novo

estágio

de

sobre

vida.

Essa expansão da percepção das frequências, dos “ruídos”, leva a uma desterritorialização por conhecimento. O ruído provocado pelas multidões contrasta junto ao noise experimental como quebra da repetitividade do entretenimento, aprofunda um campo de disputa e criação de subjetividades. A realização da capacidade de perceber fenômenos onde influências e interferências, internas ou externas, das frequências e linhas de intensidade que atravessam e constituem o ser, constituem em um porvir e um eterno retorno das construções e possibilidades humanas. O simulacro

de Nietzsche, iconoclasta, onde as ondas reverberantes criam seus próprios ecos degenarados e tresloucados. A criação de imagens e sons abstratos por meio de procedimentos de distorção nas linhas e nos pontos de sua trama reticulada, podem ser conhecidos também por anamorfoses cronotópicas - "As técnicas clássicas de anamorfose consistem no deslocamento do ponto de vista a partir do qual a imagem é visualizada, sem eliminar, entretanto, a posição anterior, decorrendo ai um desarranjo das relações perspectivas originas [...]. Se referem ás deformações resultantes de uma inscrição do tempo”. Degenerações autopoéticas Figuras extremas como o barulho e o silêncio, esgotamento ideológico, catástrofe e mesmo caosmose, tangenciam pontos onde aparecem, paradoxalmente e ao mesmo tempo, os contramovimentos do presente. É nesses pontos de inflexão que se insinuam, de maneira às vezes imperceptível, os contragolpes minúsculos, mas também as explosões multudinárias que denunciam o que definha (valores, estilos, problemas), ao mesmo tempo em que deixam entrever novos desejos e necessidades, a compassar a presença

com

a

palpitação

do

corpo

que

vibra

e

reverbera.

O fato é que o colapso do sentido, em geral, promove discursividades a-signifantes, gerando mutações ontológicas, sendo a própria subjetividade pensada a partir desse ponto de mutação. “O mundo só se constitui com a condição de ser habitado por um ponto umbilical de desconstrução, de destotalização e de desterritorialização, a partir do qual se encarna uma posicionalidade subjetividade… Esse vacúolo de descompressão é ao mesmo tempo núcleo de autopoiese sobre o qual se reafirmam constantemente e se formam, insistem e tomam consistência os Territórios existenciais e os Universos incorporais. É no fundo, assim que nasce um mundo, a partir desse fundo sem fundo e sem fundamento. Trata-se de um foco de criacionismo ontológico.” (In. Guatarri, Caosmose,

op.

cit.,

p.99.)

[Essa] caosmose não oscila mecanicamente entre zero e o infinito, entre o ser e o nada, a ordem e a desordem: ela ressurge e germina nos estados das coisas, nos corpos, nos focos autopoiéticos de desterritorialização. Trata-se aqui de um infinito de entidades virtuais infinitamente ricos de possível, infinitamente enriquecível a partir de processos criadores. As velocidades infinitas estão grávidas de velocidades finitas, de uma conversão do virtual em atual, do reversível em irreversível, do diferido em diferença.

Como se dá a tomada de consistência de tais focos autopoiéticos, como ocorrem essas “escolhas de finitude”, como se dá a inscrição numa “memória de ser”, como se gera uma tal ordenação intensiva na pré-subjetivação? Vozes de autorreferência, isto é, na subjetividade processual autofundadora, que inventa suas próprias coordenadas, autoconsistencial. Produzir novos infinitos a partir de um mergulho na finitude do sensível, infinitos não apenas carregados de virtualidade, mas também de potencialidades atualizáveis, devires intensivos e processuais, um novo amor pelo desconhecido. (Ibidem,

p.

147)

O que a caracteriza é uma combinação singular de homogêneses e heterogênese, de repetição congelada e de desterritorialização incessante, na qual se passa do “sentimento de catástrofe de fim do mundo” ao pressentimento perturbador de “uma redenção iminente de todos os possíveis”. A esquizonálise mergulha na imanência homogenética e dali liberar coeficientes heterogenéticos, mesmo que esteja fora de qualquer performance oral, familialista ou analítica. Confrontamo-nos com ela na vida de grupo, nas relações econômicas, no maquinismo, por exemplo, informático, e mesmo no interior

de

Universos

incorporais

da

arte

ou

da

religião.

Apreender o movimento da música, independentemente da sua melodia; apreender o movimento do místico, independentemente das vozes, imagens e emoções que o acompanham; apreender a corrente da vida, independentemente das formas criadas que ela atravessa; enfim; apreender um todo virtual independentemente da sua atualização sempre parcial. Será o jogo apenas um dos enigmas do mundo, ou o mundo é uma das figuras do jogo? Em todo caso, ao perguntar se nesse universo plano e liso, abstrato ou reduzido, no planeta em que vive o ser do homem, ele poderá algum dia encontrar seu lugar e hora? O filósofo responde que, com o niilisimo superado, talvez se possa ouvir uma vez mais a voz de heráclito: “Será que de vez em quando saberemos nos tornar como as crianças que constroem na praia o dia inteiro castelos de areia, e com a mesma alegre excitação, veem a maré da tarde K. Axelos, horizontes do Mundo, po. cit., p.21.

destruí-los?”

Bricolagem inspirada nos textos referentes: Axelos, Kostas. “Horizontes do Mundo”, 1983. Tradução de Lígia Maria Pondé Vassalo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Fortaleza: Ed. UFC, 1983. Deleuze, Gilles. “Diferença e Repetição”. Tradução revista de Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2006. Guatarri, Feliz. “Caosmose”. Ed. 34, Rio de Janeiro, 1992. Lapoujade, David. “Potências do Tempo”. São Paulo, Ed. N-1, 2013. Lilly, Jon C. “Programming and Metoprogramming in the Human Biocoomputer”, 1968. PARENTE, André (org); “Imagem-Máquina: a era das tecnologias do virtual”. Rio de Janeiro: Editora 34; 1993 PELBART, Peter Pál. “O Avesso do Niilismo: Cartografias do Esgotamento”. São Paulo, N-1 Edições, 2013. Simondon, Gilbert. “L’Individu et sa Genèse Physicobiologique”. Paris: PUF, 1964. Bailly, A. Dictionnaire Grec Français. Paris: Hachette, 1950. Wilson, Robert Anton. “Sex, Drugs & Magic”. Nevada, USA, New Falcon Publications. 1987. Wisnik, José Miguel. “O som e o Sentido”. São Paulo, Cia das Letras, 1989.

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