CRIAR, ORGANIZAR E PARTILHAR CONTEÚDO EM REDE. VANTAGENS DO PEARLTREES EM CONTEXTO EDUCATIVO

May 26, 2017 | Autor: Sónia Cruz | Categoria: Aprendizagem Colaborativa
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In Balula, A.; Guerra, C.; Machado, E.; Oliveira, L.; Pomb, L.; Loureiro, M.Jº.; Loureiro, M.J..; Alves, P. & Sá, P. (orgs.) (2013). Jornadas LCD: avaliação formativa em contextos digitais no ensino não superior. Aveiro: Universidade de Aveiro.

CRIAR, ORGANIZAR E PARTILHAR CONTEÚDO EM REDE. VANTAGENS DO PEARLTREES EM CONTEXTO EDUCATIVO. Paula Ribeiro | Maria Costa | Eva Costa | Sónia Cruz Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Católica Portuguesa (Braga) [email protected];[email protected]; [email protected] [email protected];

Resumo Atualmente, a web coloca ao dispor do utilizador um diverso leque de ferramentas que servem uma ainda maior lista de finalidades. Neste sentido, interessa investigar recursos/ferramentas disponíveis online, que podem potenciar uma aprendizagem significativa se utilizados de forma adequada e pensada, com propósitos claramente definidos. É neste contexto que a presente análise ganha significado, ao explorar as potencialidades do Pearltrees. Esta plataforma, cujo slogan é “Cultiva os teus interesses”, apresenta-se como uma nova forma de recolher, organizar, partilhar informação na Web e apresentar navegações como um mapa na forma de uma árvore de pérolas - o "Pearltrees"! Palavras-chave: Pearltrees, bookmarks, conetivismo; PLE.

Abstract Currently, the web makes available to the user a wide range of tools that serve an even larger list of purposes. In this point of view, it's interesting to investigate online resources / tools available that can enhance the learning process if used properly and designed with clearly defined purposes. It's in this context that this analysis takes a true meaning, by exploring the potential of Pearltrees. This platform, whose slogan is "Cultivate your interests," presents itself as a new way to collect, organize, share information on the Web and a navigation style like in a map display in the shape of a tree of pearls - the "Pearltrees"! Palavras-chave: Pearltrees, bookmarks, conectivism; PLE.

PEARLTREES: RECOLHE-ORGANIZA-PARTILHA A sociedade tem-se revestido de profundas transformações, quer a nível científico, quer a nível social e tecnológico. Neste sentido, a escola, enquanto microssistema, também se encontra em alteração, nomeadamente ao vermos que os alunos são “verdadeiros nativos digitais, [que] interagem com os diversos suportes e linguagens reflectindo-se…” (Prensky, 2001 op. cit Ramos, 2007: 273) em múltiplas dimensões: social, afetiva e cognitiva. O interesse pelo uso de ferramentas educativas prende-se com o facto de estarmos numa escola que se encontra em constante mutação. Sendo esta o local de excelência para a preparação do aluno para uma integração efetiva na vida ativa, interessa, portanto, investigar ferramentas tecnológicas que propiciem a construção do conhecimento, de forma a estimular o potencial de cada aluno e a permitir-lhe, ultrapassados os muros da escola, caminhar sozinho, fazendo face aos constantes desafios da vida (Cruz, 2009). Tendo em mente que a utilização que se faz da tecnologia pode favorecer o processo de construção de conhecimentos, importa perceber o uso que dela se faz, qual o seu potencial educativo e como se ajusta a avaliação nestes ambientes. É neste sentido, que, ultrapassando as barreiras físicas que a escola impõe à aprendizagem, surgem as tecnologias como instrumento que apoia, estimula e desafia o aluno, elevando-o ao centro do processo de ensinoaprendizagem e responsabilizando o aluno pela sua própria aprendizagem. Assim, a escola, em sentido lato, transcende os seus próprios muros e revela novos contornos que reconfiguram o papel do professor e do aluno na aprendizagem. Estamos, então, perante uma nova conjuntura que desafia todos os agentes educativos. Como sublinha Nóvoa, “[o]s princípios da imprevisibilidade, da adaptação, da capacidade de resposta a problemas ou da invenção de novas soluções inscrevem-se, hoje, como elementos centrais da aprendizagem” (op. cit Costa, F., Peralta, H., Viseu, S., 2007:11). Neste sentido, as novas tecnologias podem assumir-se como referências de primordial importância nos novos modos de ensinar e aprender.

Personal Learning Environment – Ambientes Pessoais de Aprendizagem Hoje em dia, muitas são as ferramentas tecnológicas que se encontram ao dispor de professores e alunos. Destas, algumas encerram características próprias que remetem para a criação de um ambiente pessoal de aprendizagem

(PLE). Segundo Siemens, na base deste ambiente está “(…) uma coleção de ferramentas, reunidas sob a noção conceptual de interoperabilidade, abertura e controle do aprendiz” (2007:1). Em conformidade com as afirmações deste mentor, as ferramentas que se encontram na génese da criação dos ambientes

pessoais de aprendizagem devem ser flexíveis e facilmente adaptáveis em relação ao objeto de estudo. Tal facto permitirá, de acordo com Attwell & Costa (2009), que cada aluno tenha o seu ritmo, as suas preferências, a sua autonomia e controlo nos possíveis múltiplos contextos de concretização. Experiências

que

promovam

a

utilização

de

ambientes

pessoais

de

aprendizagem remontam ao paradigma associado à “Cultura Científica de Portfólio” (Pereira, 2007) e destacam-se de modelos de aprendizagem mais tradicionais, onde o professor é o único transmissor de conhecimento. Neste sentido, com a utilização de ferramentas que promovam a criação de ambientes

pessoais de aprendizagem, como é o caso do Pearltrees, fazem com que o aluno tome parte ativa do processo de aprendizagem, no que se refere à aquisição e construção do conhecimento. Conforme Schaffert & Hilzensauer (2008), conceptualizando acerca dos

ambientes pessoais de aprendizagem e suas características, consideram que nestes ambientes os alunos deixam de ser consumidores gastronómicos e passam a consumidores pró-ativos que se reconfiguram segundo princípios ativos que lhes permitem ser criadores de conteúdo. De acordo com estes autores, estes ambientes proporcionam formas diversificadas de obter novas oportunidades de aprendizagem e de contactar com conteúdos de outros membros da comunidade. No caso do Pearltrees, cada aluno pode obter “pérolas” de outros utilizadores e conectá-las na sua “árvore”, vendo-a atualizada sempre que essa “pérola” for atualizada pelo seu editor original. Neste sentido, e corroborando a perspetiva dos autores mencionados, a comunidade e o envolvimento criados são a chave para o processo de

aprendizagem. Schaffert & Hilzensauer (2008) referem ainda que, quanto ao conteúdo, os ambientes pessoais de aprendizagem têm uma montra infinita de conteúdos de aprendizagem na web, explorando diferentes situações de aprendizagem, serviços e agregação de múltiplas fontes, como é o caso do twitter e facebook quando se trabalha com o Pearltrees. Downes (2006) afirma que “[t]he PLE is an approach not an application”. Segundo este autor, a questão essencial de aprendizagem nestes ambientes reside no sentimento de posse que o aluno experimenta quando a aprendizagem se centra nas suas necessidades e interesses. Anderson (2007), na sua ótica, considera que os PLEs são constituídos por: - um sistema de perfis que possibilitem o estabelecimento de conexões; - um sistema de comunicação; - funções que permitam a gestão de conteúdos, que permitam a gestão de interesses pessoais e os distingam do seu uso profissional; - uma dinâmica de trabalho individual ou colaborativo, conforme os propósitos; - integração da funcionalidade de feeds.

Harlmelen, que tem desenvolvido investigação no domínio dos ambientes

pessoais de aprendizagem, considera que a abordagem pedagógica formal destes ambientes caracteriza-se por entender o aluno como “self-directed (…) autonomous or independent learners” (2008: 35). Neste sentido, os PLE devem constituir-se como uma oportunidade educativa a ter em conta na escola atual. Contudo, segundo a perspetiva de Attwell e Costa (2008), os ambientes

pessoais de aprendizagem destacam-se sobretudo na importância que estes têm na aprendizagem informal, no desenvolvimento da autonomia e responsabilidade do aluno no processo de aprendizagem. Neste sentido, Segundo Attwell (2007), na medida em que os ambientes pessoais de

aprendizagem fomentam “mais responsabilidade e mais independência dos alunos”, é necessário que se reconfigurem as dinâmicas entre a aprendizagem escolar formal e a aprendizagem informal.

Uma abordagem conectivista da aprendizagem Conforme preconiza Siemens, “pai” da teoria do conectivismo, as estruturas de redes

criadas

atualmente

revelam

uma

complexidade

estruturalmente

significante ao nível da aprendizagem (2008). A este propósito, Fischer acrescenta que as novas tecnologias vieram reconfigurar as nossas vidas, efetuando transformações “no que se refere às nossas experiências com os saberes, às trocas com os outros, às formas de inscrever-nos no social, de escrever, de falar, de pensar o mundo e a nós mesmos” (2007: 291). Na perspetiva de Siemens há uma crença na impossibilidade de se efetuar a aquisição pessoal de toda a informação disponível respeitante a um objeto de estudo e, por conseguinte, a formação de conexões na rede torna-se fundamental para o estabelecimento da aprendizagem. Segundo Siemens, o utilizador desenvolve competências a partir do contacto com essas mesmas conexões e, acrescenta ainda o autor, que a inovação surge de uma utilização reiterada das referidas fontes, criando-se padrões profícuos na utilização da informação que, em conexão com ideias e assuntos diversificados, originarão aprendizagem

e

inovação

ou,

como

o

autor

designa,

o

“ciclo

de

desenvolvimento de conhecimento” (2004: s/p). Conforme o autor, “o conectivismo fornece uma perceção das habilidades e tarefas de aprendizagem necessárias para os aprendizes florescerem na era digital” (2004: s/p). Downes postula que uma estrutura de rede que conecte comunidades, pessoas e conteúdos revela-se fundamental para a aprendizagem na rede, pois, segundo o próprio, a “aprendizagem ocorre em comunidades (…) e a prática da aprendizagem é a própria participação na comunidade” (in Mota, 2009: 110). Siemens, na formulação da sua própria definição, entende o conectivismo como: [a] integração de princípios explorados pelo caos, rede, e teorias da complexidade e auto-organização. A aprendizagem é um processo que ocorre dentro de ambientes nebulosos onde os elementos centrais estão em mudança – não inteiramente sob o controle das pessoas. A aprendizagem (definida como conhecimento acionável) pode residir fora de nós mesmos (dentro de uma organização ou base de dados), é

focada em conectar conjuntos de informações especializados, e as conexões que nos capacitam a aprender são mais importantes que nosso estado atual de conhecimento (2004: 2).

No que respeita aos princípios do conectivismo, Siemens (2004a: s/p) apresenta os seguintes pressupostos:  A aprendizagem e o conhecimento repousam numa diversidade de opiniões.  A aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de informação.  A aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos.  A capacidade de saber mais é mais importante do que aquilo que sabemos num determinado momento. Promover e manter conexões é fundamental para facilitar a aprendizagem contínua. A capacidade de ver conexões entre ideias, conceitos e áreas de saber é uma competência crucial.  A manutenção de um conhecimento atualizado e rigoroso é o objetivo de todas as atividades de aprendizagem conectivistas.  O tomar de decisões é, em si mesmo, um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o sentido da informação que nos chega é visto através da lente de uma realidade em permanente transformação. A resposta que agora é correta pode ser errada amanhã, devido a alterações no clima informacional que afeta a decisão. Downes acrescenta que, para que ocorra o conhecimento em rede e se constituam verdadeiras knowing networks, estas devem atender aos critérios de diversidade, autonomia, interatividade e abertura (2006a). Numa aceção defensiva do conectivismo, enquanto teoria autónoma da aprendizagem, numa conferência realizada em 2006, Siemens procura demarcar esta abordagem em relação ao Behaviorismo, Cognitivismo e ao Construtivismo. Apesar de reconhecer o contributo das demais teorias da aprendizagem comummente aceites, a perspetiva teórica de Siemens considera que estas

foram desenvolvidas num status quo em que as tecnologias não influenciavam a aprendizagem (Siemens, 2009). No entendimento de Elliott, o “Conectivismo pode não ser a resposta – ou pelo menos, não é a resposta completa – mas de alguma forma contribui para a reflexão sobre o ensino e aprendizagem do século XXI.” (2009: 9) Neste sentido, se considerarmos que “[n]inguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Freire, 1987: 68), importa realmente compreender e utilizar proficuamente os recursos que a internet coloca ao nosso dispor, no sentido de se potenciar a aprendizagem em rede que permita a cada aluno seguir a sua própria trilha que se intra-cruza e inter-cruza com outros possíveis caminhos significantes. É neste sentido que o Pearltrees pode assumir especial significado, sobretudo no estabelecimento de rede de conhecimentos sistémica capaz de gerar aprendizagem.

Pearltrees, o que é? O conceito subjacente ao funcionamento do Pearltrees foi desenhado por Patrice Lamothe em novembro de 2007. Entre novembro de 2007 e abril de 2008, Patrice Lamothe, François Rocaboy, Nicolas Cynober, Samuel Tissier, Alain Cohen e Julien Wallen constituíram a equipa responsável pelo design, implementação e operacionalização desta plataforma. No final de 2008, a equipa tinha perto de cinquenta colaboradores interessados na construção de um protótipo que incluía praticamente metade das suas características chave. Após um intenso trabalho, a primeira versão do Pearltrees foi terminada e o seu lançamento ao público foi divulgado em fevereiro de 2009. De acordo com Lamothe, esta plataforma pode ser definida como: (…) a collaborative project enabling Internet users to become editors of the Web, i.e. to visualize, organize and share their navigations. By building their own Web, they collectively build the living map of the entire Web (2008: 1). O Pearltrees é, assim, um sistema de gestão de favoritos baseado na web que permite, com um simples clique do rato, que o utilizador recolha e organize

qualquer “URL” que encontre online, criando, assim, uma “árvore de favoritos”. Esta ferramenta, não só grava o favorito como também gera um thumbnail (versão reduzida das imagens) da página para que esta possa ser facilmente identificada e ao qual se pode aceder ao clicar no botão “Detail”. Após a criação da “my pearltree”, torna-se possível “add pearl”. Esta opção permite adicionar uma “new page”, uma nova “pearltree”, (cada utilizador pode criar mais do que uma árvore dentro do Pearltrees, podendo expandir ou contrair cada uma delas), bem como fazer o upload de uma “photo” ou registar uma “note”. Cada pérola pode ser renomeada, movida dentro da própria árvore, partilhada e eliminada. Cada uma das “pérolas” pode ser personalizada para que tudo seja, além de útil e eficiente, graficamente atraente. Há, ainda, a possibilidade de incorporar “pearls” num blog ou wiki.

Como usar o Pearltrees? Tal como na maioria das aplicações disponíveis na web, para aceder ao Pearltrees é necessário criar uma conta. O sistema deteta automaticamente o browser que se está a usar e instala o widget que permite usar o Pearltrees. Esta ferramenta possui uma interface visual agradável, permitindo aos utilizadores criar pérolas (links para páginas web), arrastar e organizar URLs coletadas em pastas personalizadas. Sendo que o sistema está baseado na web, os favoritos estão disponíveis em qualquer lado. Porém, é também possível exportar os nossos favoritos para um ficheiro local. Torna-se, também, possível partilhar as nossas “árvores de interesse” com outros utilizadores criando, deste modo, uma rede social de interesses. O Pearltrees transforma, assim, os favoritos numa rede social. Para tal é necessário escolher, através da opção “search mode” uma pérola dentro de uma conta de qualquer utilizador do Pearltrees e incluir a mesma na nossa própria árvore. Isto irá possibilitar que, de um modo simples e bastante eficiente, o utilizador esteja informado das atualizações/ligações que os outros vão fazendo a essa pérola que foi adicionada. Assim, é possível ir acompanhando o que outros utilizadores acharam interessante para marcar

como favorito dentro da ferramenta. Sempre que exista uma atualização numa “pérola” externa, a mesma aparece assinalada em “My notifications”. A pesquisa no Pearltrees, “search mode”, é possível de ser realizada de três maneiras diferentes: por árvores “pearltrees”, sendo que a busca apresenta cinquenta “pérolas” que correspondam ao conceito procurado; através da opção “My Account” que, tal como o nome indica, esta pesquisa devolve somente as “pérolas” que dizem respeito ao termo procurado, dentro da nossa conta; por “People”, isto é, ao pesquisar por utilizador, a rede apresenta, no máximo, cinquenta utilizadores. Como limitação, pode referir-se que a pesquisa apresenta alguns problemas devolvendo resultados que não são exatos. Uma das grandes potencialidades na utilização do Pearltrees prende-se, de facto, com a possibilidade de cada utilizador ir gerindo os seus próprios interesses. A opção “related pearltrees” cria a possibilidade de encontrar “pérolas” relacionadas com os favoritos do utilizador. Porém, há também a hipótese de averiguar se uma determinada pérola está na árvore de outro utilizador e a que temática está relacionada. A opção “picks” permite perceber que outras ligações esse utilizador estabeleceu com determinada pérola do nosso interesse. Um outro aspeto bastante interessante tem a ver com a possibilidade de comentar favoritos e “pérolas”, iniciando assim um diálogo baseado em conteúdos, podendo-se partilhar qualquer favorito de outro utilizador no Twitter ou no Facebook ou mesmo incluir toda uma estrutura num website. Relativamente à navegação na Pearltrees, pode considerar-se que é bastante fácil, a partir das quatro setas existentes no ecrã. Arrastar e largar é outra opção de navegar no Pearltrees e colocar as pérolas onde o utilizador assim o entender. Existe um botão de integração no web browser, o “pearler” que, após ser ativado, possibilita gravar e transformar um URL visitado numa pérola. A partilha do conteúdo de uma pérola é um dos conceitos centrais desta ferramenta. Por conseguinte, para fazer esta partilha basta clicar no botão “Detail” e depois escolher “Share this pearl”. Pode-se então partilhar com qualquer utilizador do Pearltrees, publicar no Twitter ou no Facebook, enviar

por e-mail ou obter um link permanente para aquela pérola que depois se pode utilizar das mais variadas maneiras. A outra opção que existe é gerar o código que permite integrar qualquer pérola num website. Quando se escolhe esta opção – “embed this pearltree” aparece um novo menu que nos permite personalizar as dimensões do widget. Um outro conceito bastante pertinente é o de “Team up”. Foi dos conceitos mais recentes que o Pearltrees criou. A introdução desta opção valoriza a parte social desta aplicação, na medida em que permite que se construam equipas que contribuem para os conteúdos de uma determinada pérola. À semelhança das funcionalidades apresentadas anteriormente, também o uso desta opção é relativamente fácil. Para tal, é necessário escolher ou criar uma pérola e depois convidar pessoas para contribuírem para a mesma. Isto pode fazer-se através de mensagens genéricas no Twitter ou no Facebook mas também via e-mail. Ao se receber um convite para participar numa determinada pérola apenas temos que escolher onde a colocar dentro da nosso própria estrutura de pérolas e o sistema notifica automaticamente quem nos convidou. A partir desse momento podemos também começar a convidar outros elementos para que contribuam para aquela pérola. Na opinião do grupo, esta nova possibilidade é uma mais valia na maneira como gerimos, partilhamos e construímos os nossos favoritos e transforma essa experiência em algo colaborativo e social. A possibilidade que os utilizadores têm de sincronizar esta aplicação com as contas do Twitter e do Facebook é uma mais-valia. Esta funcionalidade bidirecional ajuda na criação de novas pérolas cada vez que um link é compartilhado ou twittado. Por outro lado, os links adicionados no Pearltrees podem ser transmitidos através de contas existentes no Twitter e/ou no Facebook, desde que o utilizador tenha a função ativada. A possibilidade de integração completa com o Twitter torna possível guardar todos os links enviados no Twitter como favoritos e, ainda, organizá-los automaticamente com o uso de hashtags (palavras-chave). É, no entanto, necessário algum cuidado, pois cada “pérola” apenas permite 100 links ligados a ela. Como opção, o

utilizador pode criar “pérolas” com designações diferentes dentro de cada “pérola” principal.

Uso pedagógico do Pearltrees O Pearltrees tem sido alvo de utilização por parte de públicos com interesses e objetivos diversificados. Assim, conforme a aceção com que tem sido utilizado, emanam características próprias que reconfiguram as práticas dos sujeitos, seja a nível pessoal ou no domínio profissional. A este propósito, podemos verificar que o Pearltrees, enquanto ferramenta que contribui para a organização de um

ambiente pessoal de aprendizagem, possui funções que permitem a gestão de conteúdos que permitem a gestão de interesses pessoais e os distingam do seu uso profissional (Anderson, 2007). Simultaneamente, possibilita ao professor acompanhar as aprendizagens dos alunos e agir formativamente numa perspetiva de avaliação. Neste sentido, importa refletir acerca da sua utilização e implementação no domínio educativo. Numa primeira análise, e pela leitura mais imediata e social das possibilidades que a ferramenta dispõe, pode verificar-se em vários exemplos de trabalho disponibilizados em www.pearltrees.com que vários são os professores que utilizam esta ferramenta para partilhar com os seus alunos bookmarks. Ao fazêlo, os professores estão a disponibilizar informação selecionada, supostamente credível e cientificamente válida, estando a “canalizar” o estudo dos alunos para os aspetos fulcrais. Como refere Ana Amélia Carvalho, trata-se de potenciar o acesso à informação e de incorrer em situações “que não só permitam afunilar a pesquisa, como orientar a selecção da informação que os alunos têm de fazer” (2007: 30). Com estes exemplos de trabalho é possível verificar que o aluno não se dispersará pela web na procura incessante de informação que possa satisfazer as suas necessidades temáticas no estudo. Simultaneamente, utilizando um dos agregadores de feeds disponíveis, quando o professor coloca uma nova “pérola” na sua “árvore” é difundida essa informação, fazendo com que os alunos sejam informados dessa novidade. Trata-se, pois, de acompanhar a construção das aprendizagens dos alunos uma vez que estes acedem à informação que o professor partilha.

Outra das possibilidades de utilização, em contextos autónomo de trabalho, reside na “leitura” que se faz do mapa mental criado pelo aluno. Isto é, o modo como o aluno associa e organiza as “pérolas” revela a forma como este vê os conteúdos associados. Desta forma, em sentido lato, estas “árvores” transparecem a forma de pensar do aluno. Assim, uma das possíveis incursões pedagógicas pode consistir no ato de levar o aluno a refletir sobre a estrutura da sua “árvore”, ou apenas de determinada ramificação. Ao realizar esta tarefa, o aluno é levado a pensar sobre a sua própria forma de pensar, incorrendo em tarefas metacognitivas. Neste processo ressaltam operações mentais que possibilitam a orientação e o controlo da produção de significados, processos e produtos do próprio pensamento (Resnick & Klopfer, 2007). Uma das funcionalidades disponíveis no Pearltrees é a possibilidade de constituir-se um “Team up”, ou seja, realizar-se a partilha de uma “pérola” com diversos utilizadores. Neste sentido, quando um utilizador acrescenta uma nova “pérola” dentro da “pérola” partilhada, todos os demais utilizadores desta “team up” veem a “pérola” partilhada atualizada na sua árvore. Assim, nesta forma de organização do processo de trabalho, a partir do processo de pesquisa individual, os alunos promovem estruturas de cooperação na aprendizagem, dado que condicionam os passos subsequentes dos seus companheiros. Vecchi & Carmona-Magnaldi (1996:251), numa abordagem social da construção do conhecimento, consideram fundamental a interdependência entre a vertente pessoal e a coletiva, pois “temos necessidade dos outros para nos apropriarmos individualmente dos saberes, seguindo o nosso próprio caminho. Temos necessidade dos outros para dar sentido à nossa aprendizagem e para comparar o nosso saber em construção com o dos outros para o comprovar”. Neste sentido, poderemos verificar que o Pearltrees promove “trocas sistemáticas de produções de saberes, que concretizam a dimensão social das aprendizagens e o sentido solidário da construção cultural dos saberes e de competências instrumentais” (Niza, 1998: 79). Por conseguinte, encarando-se a utilização do Pearltrees na educação, pode entender-se que os alunos tendem a aprender mais em atividades socialmente estruturadas do que quando trabalham sós (Crook, 1998). Assim, se uma pérola de outro utilizador integrada na minha árvore é alterada, também a minha árvore será alterada.

Por

analogia,

se

os

conhecimentos

dos

outros

utilizadores

forem

(re)construídos, os meus também o serão. Estas interações promovidas via “pérolas”  utilizadores, assumem um papel de relevo na aprendizagem cooperativa, pois estimulam uma simbiose que leva a que se “transformem, e não apenas complementem, a aprendizagem dos alunos” (Dillon, 1985: 87). Com a perspetiva colaborativa apresentada anteriormente, pode verificar-se que na utilização do Pearltrees o papel do aluno surge de um modo reconfigurado, conforme o exposto acerca do perfil do aluno nos ambientes

pessoais de aprendizagem. Com a manipulação desta aplicação, para além das características e competências colaborativas que o sujeito deve possuir para potenciar o uso do Pearltrees, pretende-se que em cada árvore o sujeito tenha “todas as oportunidades para que seja capaz de desenvolver as suas próprias representações e, à custa delas, criar as suas estruturas de saber” (Pinto, M. 2002:281). Neste sentido, as ações intencionais do sujeito na seleção/criação de uma pérola implicam da sua parte um processo ativo, reflexivo e organizacional, sendo que “(…) quanto maior for o envolvimento do sujeito mais rapidamente integra o novo conhecimento[/pérola] no já adquirido” (Feltovich et al., 1993: 168). Pelo exposto anteriormente, pode verificar-se que o Pearltrees pode coadunarse com diferentes formas de trabalho pedagógico, podendo a sua utilização servir diversos propósitos educativos. Contudo, há uma característica do Pearltrees que permite auxiliar na resolução de uma dificuldade premente que os professores encontram nas suas salas de aula, a diferenciação pedagógica. Vários estudos demonstram, ao longo dos tempos, a extrema dificuldade na gestão diferenciada do ato pedagógico, como revelam Bourdieu (1966), Roldão (1999 e 2003), Perrenoud (2000), Pacheco (2007), entre outros. De facto, novas incursões curriculares surgem assentes em “tentativas de renovação [que] vão claramente no sentido da democratização do ensino e das pedagogias diferenciadas” (Perrenoud, 2000: 40), com vista ao respeito das idiossincrasias de cada aluno, “sendo que todos são cada vez mais diferentes” (Roldão, 1999: 69). Os autores referenciados demonstram nos seus estudos que a diferenciação pedagógica, com base nos diferentes níveis de aprendizagem, classes sociais de origem, ritmos de trabalho e interesses é algo

de muito difícil concretização. No entanto, com base numa proposta de utilização do Pearltrees é possível perspetivar-se um exemplo prático de uma aplicação eficaz da diferenciação pedagógica1. Segundo esta proposta de atividade, foi criada uma “pérola” para “Technology Class” e dentro desta, foram criadas várias “sub-pérolas”, entre as quais uma designada de “projects”. Na “pérola” dos projetos, o professor criou quatro equipas de trabalho, cujos elementos possuíam características pedagógicas “mais semelhantes”, quando comparados com o resto da turma. Assim, as propostas de atividades desenhadas

pelo

docente

visavam

corresponder

de

um

modo

mais

contextualizado e ajustado a cada grupo, servindo os propósitos inerentes a uma eficaz diferenciação pedagógica.

Conclusões Uma exploração analítica do Pearltrees e das suas potencialidades permite concluir-se que não se trata somente de uma ferramenta de social

bookmarking2, como mais usualmente é encarada. Com base nas propostas de exploração pedagógica analisadas, pode concluir-se que se trata de uma ferramenta que possui potencial pedagógico bastante abrangente, pela diversidade de abordagens que permite realizar. A possibilidade de difundir informação via feeds cria um maior envolvimento e eleva as dinâmicas de rede do Pearltrees para um nível superior. Outro aspeto claramente positivo é a implementação “team up” que abre novas possibilidades em contexto educativo, pois pequenos grupos de pessoas com os mesmos interesses partilham e guardam a informação e envolvem-se na construção colaborativa de knowing networks. Com base na exploração efetuada, parece ser possível afirmar-se que o Pearltrees é uma ferramenta que contribui para a organização de um profícuo ambiente pessoal de aprendizagem (PLE) e que propicia a criação de diversos cenários de aprendizagem na rede, quer de modo autónomo, quer na vertente colaborativa da aprendizagem. 1

2

Apresentada em http://edet658hb.blogspot.pt/2013/03/how-can-i-use-pearltrees-to.html

Um sistema de bookmarks, também conhecido como favoritos ou marcadores, online e de livre acesso, tem por finalidade disponibilizar os seus favoritos na internet para o seu fácil acesso e para compartilhar com os utilizadores

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