Criatividade nas Organizações e os processos de interação: Uma Análise Bibliométrica da Produção Internacional no Período de 2005 a 2015

June 19, 2017 | Autor: A. Freitas | Categoria: Criativity, Criatividade, Processos Criativos
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  Criatividade nas Organizações e os processos de interação: Uma Análise Bibliométrica da Produção Internacional no Período de 2005 a 2015 Autoria: Alessandra Demite Gonçalves de Freitas, Paula Sanches Santana, Roberto Lima Ruas

RESUMO O objetivo deste estudo é mapear e analisar as publicações científicas internacionais que tangenciam o tema da criatividade nas organizações. Trata-se de uma pesquisa de natureza teórica, caracterizada como um estudo exploratório e descritivo. Realizou-se um estudo bibliométrico internacional na base ISI Web of Knowledge (Web of Science) no período de 2005 a 2015, o qual resultou em uma amostra de 1.744 artigos. A partir do trabalho realizado foi possível identificar as características fundamentais dos artigos científicos publicados no período selecionado e, com base na análise dos dados, concluiu-se que apesar do crescente número de publicações acerca da criatividade no contexto organizacional, o tema ainda demanda mais pesquisas a fim de se explorar aspectos ainda pouco tratados. Sua principal contribuição, a exemplo de outros estudos deste tipo, está na possibilidade de oferecer uma visão atualizada, sistêmica e mais integrada da produção científica sobre o tema criatividade nas organizações. Isso não impede que o artigo destaque, mesmo que de forma singela, alguns subtemas importantes como os diferentes níveis onde o fenômeno da criatividade pode ser construído no ambiente organizacional – nível individual, grupal e organizacional, neste artigo tratado como multiníveis e a recorrente questão da relação entre criatividade e inovação, tão importante quando a consideramos no ambiente das organizações. Palavras-chave: Criatividade; Criatividade nas Organizações; Bibliometria. 1 INTRODUÇÃO Embora nos últimos anos o tema criatividade tenha sido alvo de inúmeros estudos com base em diferentes perspectivas científicas, não há ainda hoje uma definição oficial ou um grande consenso sobre esse construto na literatura (Andersen, Kragh & Lettl, 2013). Entretanto, uma noção capaz de transitar adequadamente no campo da administração é a desenvolvida por Shalley e Gilson (2004), segundo a qual criatividade envolve a descoberta de ideias que são originais e úteis para o contexto, e que, em um contexto de negócios, essas ideias serão relacionadas a produtos, serviços, processos e/ou procedimentos. De acordo com Amabile (1997), os fatores individuais e ambientais interagem entre si e influenciam positivamente a criatividade no ambiente de trabalho. Desse modo, todas as pessoas podem ser criativas desde que exista um meio adequado, capaz de sustentar a criatividade (Rodrigues & Veloso, 2013). Para Shalley, Zhou e Oldham (2004) há pouco conhecimento sistemático acerca dos processos por meio dos quais os indivíduos iniciam, desenvolvem e buscam resultados criativos nas organizações e, ainda, menos se sabe sobre os fatores que estimulam ou dificultam as várias etapas desses processos criativos (Caniëls, De Stobbeleir & De Clippeleer, 2014). Também há escasso conhecimento organizado acerca dos processos intrapessoais e interpessoais que mobilizam a transição das ideias e ações criativas dos indivíduos para a forma de inovações (Drazin, Kazanjian & Glynn, 2008). Para Ford (1996) e Caniëls, De Stobbeleir & De Clippeleer (2014), apenas uma parte das ideias consideradas criativas são implantadas em inovações. Para esses autores as ideias tendem a ser rejeitadas prematuramente porque apesar de uma possível adequação da proposta, seus processos de aplicação são frágeis. Segundo O’Reilly & Tushman (2004) e  

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  Shalley (2008) as razões para esse descompasso está relacionada à excessiva concentração de energia na geração das ideias - brainstorming eventos, caixas de ideia, etc., em contraponto ao baixo investimento em atenção, esforços e recursos na implementação dessas ideias criativas. No entanto, o debate sobre a relação entre criatividade e inovação no ambiente organizacional ainda permeia grande parte da literatura sobre criatividade nas organizações. Destarte, esta pesquisa tem como objetivo mapear e analisar as publicações científicas internacionais que tangenciam o tema da criatividade nas organizações. Neste sentido, foi realizado um estudo bibliométrico na base ISI Web of Knowledge, de caráter quantitativo, cujos resultados podem ser empregados nas previsões, tomadas de decisões (Macias-Chapula, 1998) e mensuração da produção científica (Small, 2003). A partir do trabalho realizado foi possível identificar as características fundamentais e gerais dos artigos científicos publicados no período entre 2005 e 2015: a frequência de publicação sobre o tema nos principais periódicos, as expressões mais empregadas nos títulos dos artigos, as áreas nas quais esses artigos se distribuem, as palavras-chave e as referências mais utilizadas; também foi possível identificar os artigos mais citados, a evolução das citações dos artigos mais referenciados da amostra e se constatar a necessidade de ampliar a quantidade de estudos sobre a criatividade organizacional em seus múltiplos níveis (individual, grupal e/ou organizacional). Dessa forma, justifica-se a realização deste estudo por apresentar os principais tópicos tratados na área, além de identificar os principais autores e obras publicadas internacionalmente que envolvem o construto da criatividade no contexto das organizações nos últimos 10 anos. Sua contribuição está na possibilidade de atualização que ele representa aos pesquisadores interessados nesta temática, além de ampliar e levantar possibilidades de reflexão sistemática acerca destas questões. O artigo está estruturado em quatro partes: na primeira parte está apresentada a fundamentação teórica; na segunda parte estão descritos os procedimentos metodológicos; na terceira parte consta a apresentação e análise dos resultados e; na quarta e última parte consta as considerações finais, limitações e agenda de pesquisa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para analisar a produção científica sobre a criatividade nas organizações a fundamentação teórica foi dividida em duas etapas. Inicialmente, apresenta-se as principais referências e conceitos sobre a criatividade e, posteriormente, sobre a criatividade nas organizações. 2.1 Criatividade A criatividade é um tema que tem sido alvo de estudos em diferentes áreas do conhecimento e investigada nos mais variados campos de ocorrência, como por exemplo nas artes, na arquitetura, design e também na educação, privilegiando o trabalho docente ou a efetividade do processo de ensino-aprendizagem (Bruno-Faria, Veiga & Macêdo, 2008). Segundo Nakano e Wechsler (2007), nas últimas décadas houve um aumento significativo no número de publicações envolvendo o tema criatividade nos últimos anos. Wechsler e Nakano (2002) identificaram 64 artigos sobre criatividade em publicações brasileiras no período entre 1984 e 2001, dos quais 70% deles foram publicados entre 1996 e 2001. Referente a um período mais amplo, compreendido entre os anos de 1984 e 2006 foi realizado em levantamento junto a duas bases de dados eletrônicas: o Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a base Index-Psi, organizado  

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  pelo Conselho Federal de Psicologia. Na primeira base apurou-se 131 publicações sobre criatividade associadas à área de Psicologia e na segunda base foram apuradas 95 publicações acerca do tema criatividade, totalizando 226 artigos em um período de 22 anos. Os resultados dessas pesquisas sobre a criatividade no contexto brasileiro revelam uma forte ocorrência de estudos realizados em ambientes universitários como fruto da preocupação de docentes com a criatividade no ensino, com a especificidade de níveis de escolaridade e, ainda, um grande interesse na criação de instrumentos de avaliação da criatividade (Nakano & Wechsler, 2007). Quanto à produção científica internacional acerca da criatividade, Beghetto, Plucker e MaKinster (2001) apresentaram um estudo no qual 805 autores foram responsáveis por 544 artigos no Journal of Creative Behavior, sendo que 81% desses autores haviam publicado uma única vez na referida revista. Outro estudo que revela o crescente interesse sobre o tema no ambiente internacional foi o realizado por El-Murad e West (2004), citado por Nakano e Wechsler (2007), no qual foi realizada uma busca a partir da presença da expressão criatividade no título de publicações internacionais. Em 1985 apareciam 18 trabalhos nestas condições e, em 1995 esse número aumentara para 85. Amabile (1997) entende que não existe um consenso sobre a definição do construto criatividade, uma vez que se trata de um conceito complexo, de difícil apreensão, que está condicionado ao campo de aplicação e que pode ser abordado por diferentes pontos de vista, ou seja, é um conceito multifacetado (Becker, Roazzi; Madeira; Arend; Schneider; Wainberg & Souza, 2001; James & Drown, 2012). Por exemplo, na prática docente a criatividade é tratada de forma a contribuir para o processo de ensino aprendizagem; no âmbito dos discentes, a criatividade é estudada e relacionada às características empreendedoras desta população e, no contexto organizacional, este construto tem sido investigado e considerado um processo que pode levar à inovação (Bruno-Faria, Veiga & Macêdo, 2008). A criatividade é considerada por alguns experts como um dos recursos mais fecundos para o homem e a utilização desse atributo é uma das chaves para a descoberta de novas soluções para problemas antigos (Alencar, 2002; De Masi, 2003; Daolio, 2004). No senso comum, está relacionada ao uso do improviso para enfrentar situações problemáticas ou são invenções em cujo processo não se respeita norma ou regra qualquer. Entretanto, nem tudo é verdade nestas considerações. Trata-se de partir de um pensamento racional para construir novas equações para a solução de problemas (Dutra, 2004; Feldman, Ruthes & Cunha, 2008). Para Ruas (2005, p. 4-5), a criatividade pode ser entendida como “uma forma inovadora ou diferenciada de pensar, realizar ou compartilhar sobre algo e, finalmente, transformar essa forma inovadora em conhecimento”. De um modo geral, a criatividade é definida como a produção de ideias novas e úteis (Amabile, Conti, Coon, Lazenby, & Herron, 1996; Shalley, Zhou & Oldham, 2004). Caniëls, De Stobbeleir e De Clippeleer (2014) corroboram esta definição e acrescentam que a criatividade pode ser vista como um processo de três fases: 1) a geração de ideias; 2) promoção de ideias; e 3) implementação de ideias. No entanto, apenas uma minoria dessas ideias consideradas criativas é traduzida em inovação com sucesso (Ford, 1996). Destaca-se que nesta pesquisa não serão discutidos esses aspectos. No próximo item apresentaremos a criatividade no contexto organizacional. 2.2 Criatividade nas Organizações De acordo com Caniëls, De Stobbeleir e De Clippeleer (2014) nas últimas décadas houve um aumento de pesquisas sobre a criatividade nas organizações (Shalley & Zhou, 2008). Os autores mencionam que esse aumento de pesquisas na área não surpreende, tendo em vista  

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  que as organizações, em sua maioria, têm no conhecimento e na inovação os grandes recursos para enfrentarem a competição intensa do cenário econômico. Portanto, cada vez mais as organizações dependem da criatividade dos indivíduos para estabelecer e manter uma vantagem competitiva (Shalley, Zhou & Oldham, 2004; Grant & Ashford, 2008). Os autores Zanella e Titon (2005) realizaram um mapeamento da produção nacional acadêmica sobre criatividade a partir da análise dos resumos de teses e dissertações dos programas de pós-graduação em psicologia no Brasil no período de 1994 a 2001 e encontraram 69 trabalhos dos quais apenas 2 deles estavam direcionados à área organizacional (Bruno-Faria, 1996; Crespo, 2004; Bruno-Faria, Veiga & Macêdo, 2008). Justamente por não encontrar nenhum estudo que analisasse a produção científica sobre a criatividade nas organizações, Bruno-Faria, Veiga e Macêdo (2008) realizaram uma análise da produção científica nacional em periódicos e livros de Administração e Psicologia, no período compreendido entre 1997 e setembro de 2006, com o intuito de revisitar as principais obras produzidas e apontar as lacunas existentes neste campo. Como resultado os autores encontraram 40 trabalhos sendo que 17 deles eram artigos publicados em periódicos, 11 capítulos de livros e (ou) livros e 12 artigos dos EnANPAD. No que tange à literatura internacional é possível observar que houve um aumento significativo na produção científica sobre o tema da criatividade sendo que, inicialmente, os estudos estavam concentrados nas características dos indivíduos criativos (Bruno-Faria, Veiga & Macêdo, 2008). A partir de 1980 os estudos foram expandidos para pesquisas que contemplavam os aspectos do ambiente para o entendimento da criatividade no trabalho, com a forte influência dos trabalhos de Amabile et al (1996) e Amible (1996a, 1996b, 1997) que trouxe uma proposta voltada para a psicologia social da criatividade. James e Drown (2012), buscaram respostas para seus questionamentos a respeito de como a criatividade no local de trabalho tem sido tratada enquanto área de conhecimento científico. Até que ponto o estudo científico da criatividade corresponde verdadeiramente à educação organizacional dos estudiosos, profissionais e líderes sobre o assunto, e o quanto isso os influencia à criatividade aplicada e à inovação no local de trabalho? Para tanto, os autores realizaram um estudo em duas etapas que, em um primeiro momento, realizaram uma busca eletrônica na base PsycINFO compreendendo o período de janeiro 1995 a dezembro de 2009 utilizando as palavras-chave "criativity" ou (or) "innovation". No segundo momento, realizaram um exame direto em cada artigo publicado que foi localizado no Creativity and Innovation Management and Creativity Research Journal. Ao final, foram computados 452 resultados. Após classificarem os resultados e dividirem os números em três períodos de tempo (período 1 de 1995 a 1999; período 2 de 2000 a 2004 e período 3 de 2005 a 2009) James e Drown (2012) constataram que o volume de publicações sobre a criatividade no local de trabalho aumentou gradual e significativamente de um período para outro entre os anos de 1995 e 2009, o que, na opinião dos autores, trouxe um suporte quantitativo para a visão subjetiva que existia sobre o aumento de interesse dos pesquisadores em investigar a criatividade no local de trabalho. Segundo os mesmos autores, as pesquisas quantitativas foram realizadas em maior número que as qualitativas e quando comparadas em cada um dos períodos o aumento das pesquisas quantitativas foi mais significativo (quantitativas 39, 74, 97=210 e qualitativas 24, 28, 35=87). Já quanto ao número de trabalhos empíricos sobre a criatividade no contexto organizacional observou-se um aumento de 71 (1995-1999) para 97 (2000-2004) e 131 (20052009). Para os trabalhos conceituais essa transição foi de 35 (1995-1999) para 33 (20002004) e 57 (2005-2009) (James & Drown, 2012).  

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  No que se refere ao nível em que a criatividade organizacional foi abordada nos artigos analisados, James e Drown (2012) identificaram que apenas 94 desses estudos foram realizados com foco em equipes, enquanto o nível individual de análise teve 155 estudos, e o nível organizacional apresentou 180 estudos publicados. Estes resultados revelaram o crescente interesse da produção científica acerca da criatividade e inovação no âmbito do nível “equipes”. A Tabela 1 apresenta um resumo da análise do conteúdo da produção sobre criatividade organizacional em intervalos de cinco anos, conforme estudo realizado por James e Drown (2012). Tipo de Pesquisa

Período 1 1995-1999

Período 2 2000-2004

Período 3 2005-2009

Total de artigos por tipo de pesquisa

Quantitativa

39

74

97

210

Qualitativa

24

28

35

87

Conceitual

35

33

57

125

Empírico

71

97

131

299

Individual

39

52

64

155

Grupal

26

30

38

94

Organizacional

43

59

78

180

Tabela 1 - Análise do conteúdo da criatividade organizacional em intervalos de cinco anos. Fonte: Adaptado de James e Drown (2012).

A partir destes dados apresentados, James e Drown (2012) discutiram acerca das principais dualidades e ao mesmo tempo complementaridades presentes no debate sobre criatividade nas organizações: a) pesquisas quantitativas ou qualitativas são as mais relevantes para captar o que se passa nesses processos?; b) as abordagens conceituais podem melhor explicar o fenômeno da criatividade, ou seriam as empíricas?; c) o processo de criatividade nas organizações pode ser melhor entendido na dimensão individual do que no âmbito organizacional ou o nível grupal intermediário é o mais adequado para essa missão? De fato, trata-se de questões que fazem parte da história recente da literatura sobre criatividade nas organizações e sobre elas existe uma multiplicidade de posições. Entretanto, nesse caso, é possível recuperar a posição de Kozbelt, Beghetto e Runco (2010), os quais defendem que em criatividade a expressão moderação é uma das mais relevantes. A aplicação dessa ideia ao debate acima reforça a complementaridade em detrimento da oposição e dualidade. James e Drown (2012) ainda chamam a atenção para a escassez de estudos sobre criatividade em múltiplos níveis (individual, grupal e organizacional), o que os autores chamam de perspectiva multinível. Esses autores consideram que tal foco tem sido negligenciado pelos cientistas organizacionais e que seria de grande importância para os estudos da criatividade no ambiente organizacional. O modelo da criatividade na perspectiva multinível de James e Drown (2012) é apresentado na Figura 1.  

 

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Figuraa 1 – Modelo multinivel m de criatividade organizacional o l Fontte: James e Drrown (2012)

É poossível notaar na Figuraa 1 a inclussão da cultu ura extra-orrganizacionnal e o feed dback comoo uma parte impoortante nestee contexto, pois a criattividade nãoo se desenvvolve em esp paço vazio. Jamees e Drow wn (2012) afirmam que q a criattividade esstá enraizaada nos paadrões, nass prefeerências, noos materiaiss, nas tenddências e nas técnicas de tradiçõões coletivaas, embora,, paraddoxalmentee, os processsos de criiatividade devem, d em certa meddida, serem m desviadoss dessees componentes a fim m de consttituir um processo p effetivamentee criativo. Os autoress tambbém destacaam o papel relevante dos d grupos de d trabalho neste modeelo, pois co onsiderandoo que hoje a com municação é quase exxclusivamen nte mediadaa pela tecnoologia, a reealização e g realizada em e colaborração, comp preendendoo operaação de traabalhos criiativos é geralmente relaçções intragrrupos e inteergrupos, seendo que nestes n últim mos é precisso considerrar também m relaçções horizoontais e verrticais. Esssa realidadee faz de alguns a proccessos de criação c um m fenôm meno mais complexo do que poode parecer à primeiraa vista, o qqual é susteentado pelaa comuunicação e a tecnologiaa no nível grupal. g Apóss esta brevee recuperaçãão da fundaamentação teeórica acercca de alguns tópicos co onsideradoss relevvantes, na próxima seçãão deste traabalho apressenta-se os procedimenntos metodo ológicos doo estuddo biblioméétrico.

3 PR ROCEDIME ENTOS METODOLÓ M ÓGICOS Esta pesquisa é de naturezaa teórico-em mpírica e, qu uanto aos prrocedimentoos técnicos,, refere-se a um estudo e biblliográfico, uma u vez que q aborda e verifica dados advvindos de trrabalhos jáá realizzados e pubblicados refferente ao tema t de intteresse. Quaanto aos obbjetivos, carracteriza-see comoo uma pesqquisa explorratória e desscritiva, con nsiderando que se trabbalha com in nformaçõess especcíficas sobrre o assunto investigadoo. Trataa-se de umaa revisão daa literatura na n qual foi empregada a metodoloogia e os prrincípios daa biblioometria. Oss estudos biibliométricoos incidem sobre diverrsas fontes, a exemplo o os artigoss acadêêmicos, livrros, teses e dissertações, d , relatórios e outros, e caracteriza-s c e como um trabalho dee naturreza quantitaativa, uma vez v que seuss resultados podem ser utilizados ppara previsões, tomadass de deecisões (Maccias-Chapulla, 1998) e mensuração m da d produçãoo científica ((Small, 2003 3).  

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  De acordo com Araújo (2006) a bibliometria surgiu no início do século XX e atendeu à necessidade de estudos que possibilitassem a avaliação das atividades de produção e comunicação científica. É de origem francesa e foi apresentada pela primeira vez em 1934 por Otlet em sua obra ‘Traité de Documentation’. Os créditos são atribuídos a Pritchard (1969), devido a um artigo que ele publicou chamado ‘Statistical Bibliography or Bibliometrics’ no qual afirmou que sua bibliometria apresentava métodos mais quantitativos do que discursivos, diferentemente da obra de Otlet (Nicholas & Ritchie, 1978). Neste estudo, os dados foram coletados na base de dados ISI Web of Knowledge (Web of Science) na qual podem ser localizados os principais periódicos com alto fator de impacto, a exemplo, o medido pelo Journal Citation Report (JCR). A seleção dos artigos foi realizada no mês de abril de 2015 em quatro passos. No primeiro passo, foram empregadas as expressões “CREATIV*” e (AND) “ORGANIZAT*” no campo ‘Topic’, que abrange a busca dessas expressões nas palavras-chave, título e resumo dos artigos. O uso do asterisco (*) ao final de cada palavra representa a possibilidade da busca incluir todas as palavras com o mesmo começo sem limitações em suas terminações. Já o emprego das aspas (“ ”) em cada expressão permite a busca das duas palavras de forma conjunta. Como resultado foram localizados 6.147 artigos. No segundo passo foi aplicado o filtro por área, as quais foram selecionadas por critério de conveniência e por aderência ao tema da criatividade. Foram elas: ‘BUSINESS ECONOMICS’ ou (OR) ‘PSYCHOLOGY’ ou (OR) ‘THEATER’ ou (OR) ‘PUBLIC ADMINISTRATION’ ou (OR) ‘OPERATIONS RESEARCH’ ou (OR) ‘MANAGEMENT SCIENCE’ ou (OR) ‘BEHAVIORAL SCIENCES’. Nesta etapa, resultaram 3.281 artigos. No terceiro passo, o filtro aplicado foi referente ao período de abrangência da pesquisa que compreendeu a busca por todos os artigos publicados de 2005 a 2015. Contudo, a amostra não apresenta artigos de 2015. Nesta fase, resultaram 2.409 artigos. No quarto e último passo foi empregado o filtro ‘Document Type’ para o qual foram selecionados somente artigos, pois conforme as recomendações de Lopes e Carvalho (2012) este tipo de documento passa por procedimentos de avaliação realizados por pares em sua versão completa. Assim, ao final desta etapa, foram localizados 1.744 documentos. Na Figura 2 apresenta-se um resumo de cada passo adotado, dos filtros aplicados e seus respectivos resultados.

Figura 2 – Passos e filtros da pesquisa. Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

 

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  A análise dos 1.744 artigos ocorreu conforme os seguintes critérios: (1) evolução das publicações nos últimos 10 anos; (2) periódicos com pelo menos 20 publicações dentro da amostra; (3) as 20 palavras mais utilizadas no título dos artigos; (4) a área de distribuição dos artigos; (5) palavras-chave com pelo menos 15 incidências; (6) as referências mais utilizadas nos artigos da amostra; (7) os 10 artigos mais citados da amostra; e (8) a evolução das citações dos artigos mais referenciados nos últimos 10 anos. Na sequência, serão apresentados estes resultados e suas análises. Para tanto, utilizou-se como ferramenta de apoio o software Microsoft Excel para criação dos gráficos referentes aos resultados representativos desta pesquisa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS No que se refere às publicações analisadas ano a ano, entre 2005 e 2015, é possível conferir na Figura 3, um aumento progressivo na quantidade de publicações, até que, em 2010, a produção salta para 213 artigos enquanto que no ano anterior de 2009 foram publicados 144 artigos. O ápice de publicações foi em 2014 com 257 artigos.  

Figura 3 – Gráfico representativo da evolução das publicações nos últimos 10 anos. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Esse resultado que reflete um aumento ininterrupto no número de publicações no período da amostra corrobora as afirmações feitas por Shalley & Zhou (2008) e Caniëls, De Stobbeleir & De Clippeleer (2014) sobre o status crescente de pesquisas referente à criatividade nas organizações. Dentre os periódicos que mais apresentaram publicações referentes ao tema analisado identificamos o Creativity Research Journal, Journal of Product Innovation Management, Journal of Creative Behavior, seguidos pelos periódicos Human Relations, Journal of Applied Psychology, Harvard Business Review e Organization Science, todos com mais de 20 publicações no período analisado, conforme apresentado na Figura 4.

 

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  Figura 4 – Gráfico referente aos periódicos com mais de 20 publicações dentro da amostra. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Observa-se que o Creativity Research Journal (SJR 0.93), o Journal of Product Innovation Management (SJR 2.12) e o Journal of Creative Behavior (SJR 0.44) foram os periódicos com maior número de publicações com 40, 36 e 30 artigos, respectivamente, o que torna esses periódicos importantes veículos para se compreender a evolução dos artigos sobre a criatividade nas organizações e ao mesmo tempo indica tendências aos interessados em produzir e submeter artigos na área. O SJR (SCImago Journal Rank) é um índice bibliométrico que mede o impacto direto da área de pesquisa, da qualidade e da reputação do periódico sobre o valor de uma citação. Quanto maior esse valor, maior o impacto do periódico para a comunidade científica. Os resultados obtidos neste item revelam o periódico Creativity Research Journal como o de maior destaque em quantidade de publicações, dentro das condições selecionadas para este estudo. Os autores James e Drown (2012) realizaram seus estudos analíticos em dois importantes periódicos, sendo o Creativity Research Journal um deles. Tal resultado permite a inferência de que o referido periódico continua um importante meio de divulgação de resultados de pesquisas relacionadas à criatividade. As 20 palavras-chave com maior incidência no título dos artigos da amostra estão apresentadas na Figura 5.  

 

  Figura 5 – Gráfico com as 20 palavras-chave mais utilizadas no título dos artigos. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

 

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  As palavras com maior frequência foram ‘perspective’ e ‘creativity’ com 70 ocorrências cada, seguidas das palavras ‘learning’, ‘teams’, ‘climate’, ‘transational’ e ‘diversity’. As demais palavras aparecem na amostra com pouco mais de 20 incidências, incluindo as palavras ‘idea’ e ‘leadership’. Na amostra não foram registradas as palavras que comumente estão relacionadas às pesquisas sobre criatividade nas organizações como ‘organizational’ e ‘creative’. Observa-se, com esses resultados que as palavras-chave de maior incidência nos títulos dos artigos estão relacionadas a características pertencentes ao nível individual, a exemplo as palavras ‘perspective’, ‘learning’, seguidas das palavras-chave que refletem as características pertencentes ao nível organizacional, como ‘climate’, ‘transational’ e ‘diversity’. Este resultado está alinhado aos dados obtidos nos estudos de James & Drown (2012) em que as pesquisas no nível individual e organizacional ainda refletem o interesse dos pesquisadores nos últimos três anos. Os artigos pertencentes à amostra estão distribuídos em diferentes áreas do conhecimento. A Tabela 2 apresenta um quadro com a distribuição desses artigos em relação à área do periódico para o qual, o destaque foi para a área de ‘Business & Economics’ com 1.332 dos 1.744 artigos publicados e analisados. A segunda área de maior distribuição é a área de ‘Psychology’ com 466 ocorrências e a terceira área de distribuição foi a ‘Public Administration’ com 150 estudos. Quantidade 1332 466 150 97 84 50 26 23 22

Percentual 54% 19% 6% 4% 3% 2% 1% 1% 1%

20 186

1% 8%

Área Business & Economics Psychology Public Administration Engineering Social Sciences Operations Research & Management Science Information Science & Library Science Computer Science Communication Environmental Sciences & Ecology Outros

Tabela 2 – Distribuição dos artigos nas áreas de conhecimento. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Observa-se que as três principais áreas apresentam um percentual acumulado de 79%, dados que revelam as principais áreas mais receptivas à publicações de artigos com a temática da criatividade. Estas informações nos permitem afirmar que, ao escolher os periódicos para publicação, os autores têm maior probabilidade de terem seus artigos aprovados nos periódicos pertencentes às áreas de Business & Economics, Psychology e Public Administration. Para melhor visualização e entendimento referente às áreas de distribuição do conhecimento dos periódicos da amostra, apresenta-se, a seguir, a Figura 6.

 

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Figura 6 – Distribuição dos artigos nas áreas de conhecimento dos periódicos da amostra. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Na Figura 7 está apresentada uma análise das palavras-chave de maior incidência que foram usadas pelo menos 15 vezes nos artigos da amostra. É possível observar que a palavra ‘creativity’ foi utilizada 289 vezes, seguida da palavra ‘innovation’, com 155 incidências e a palavra ‘leadership’, com 64. A palavra ‘creative industries’ apareceu com 27 menções e ‘organizational creativity’ com 16. Aqui é possível observar outra congruência com os estudos de James e Drown (2012), haja vista que os autores utilizaram as palavras-chave ‘creativity’ e ‘innovation’ como mecanismo de busca para a pesquisa que realizaram e, no presente estudo, os resultados apontam essas duas palavras com o maior número de incidência na amostra.

  Figura 7 – Gráfico de palavras-chave com pelo menos 15 incidências. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

A partir da observação das palavras-chave identificadas é possível constatar que o fenômeno da criatividade nas organizações tem sido tratado, de forma geral, em seus múltiplos níveis (individual, grupal e organizacional), o que vai ao encontro das recomendações de James e Drown (2012). No entanto, antes de conclusões definitivas, é preciso identificar e/ou desenvolver estudos semelhantes, pois uma análise sustentada em estudos isolados não

 

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  permite a construção de inter-relações, muito menos uma visão integrada acerca da perspectiva multinível. Ao avaliar aos autores mais referenciados na amostra de 1.744 artigos, observa-se que a autora Amabile (1996 - Academy Management Jounal) possui o maior número de citações nessas obras com 261 ocorrências, além de outras referências da mesma autora datadas de 1988, com 217 ocorrências e 1996 (Creativity Context), com outras 152 citações, conforme apresentado na Tabela 3. Quantidade de citações

Referência citada na amostra

261

Amabile Tm, 1996, V39, P1154, Acad Manage J

234

Woodman Rw, 1993, V18, P293, Acad Manage Rev

229

Oldham Gr, 1996, V39, P607, Acad Manage J

217

Amabile Tm, 1988, V10, P123, Res Organ Behav

177

Scott Sg, 1994, V37, P580, Acad Manage J

161

Shalley Ce, 2004, V30, P933, J Manage

152

Amabile T. M., 1996, Creativity Context

139

Podsakoff Pm, 2003, V88, P879, J Appl Psychol

124

Tierney P, 1999, V52, P591, Pers Psychol

114

Zhou J, 2001, V44, P682, Acad Manage J

112

Baron Rm, 1986, V51, P1173, J Pers Soc Psychol

109

Aiken L. S., 1991, Multiple Regression

101

Mumford Md, 1988, V103, P27, Psychol Bull

Tabela 3 – Frequência dos autores mais referenciados dentro da amostra. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Outros autores com número significativo de citações nas obras levantadas foram Woodman (1993) com 234, Oldham (1996) com 229, Scott (1994) com 177 e Shalley (2004) com 161 referências. Zhou (2001) e Mumford (1988), dois importantes pesquisadores no campo da criatividade no nível organizacional também foram referenciados na amostra, com 114 e 101 citações, respectivamente. É importante lembrar que, quando um artigo é referenciado, não necessariamente significa que essa referência faça parte da amostra. Dentre os trabalhos presentes nesta amostra, o mais referenciado, com 109 citações foi o escrito por Smith e Lewis (2011). Na sequência, vem o artigo de Cantwell, Dunning e Lundan (2010) com 84 citações, o de Hotho e Champion (2011) com 81 citações e o de Stahl, Maznevski, Voigt e Jonsen (2010) com 80 citações. Destaca-se que todos os 10 artigos mais citados na amostra foram publicados entre os anos de 2010 e 2012, e o que teve o menor número de citações foi o de Singh e Fleming (2010) com 60 incidências, conforme Tabela 4.

 

Título

Autores

Toward a theory of paradox: a dynamic equilibrium model of organizing An evolutionary approach to understanding international business activity: The co-evolution of mnes and the institutional environment Small businesses in the new creative industries: innovation as a people management challenge

Smith e Lewis (2011) Cantwell, Dunning e Lundan (2010) Hotho e Champion (2011)

Número de citações 109 84 81

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  Unraveling the effects of cultural diversity in teams: A meta-analysis of research on multicultural work groups Looking at both sides of the social exchange coin: a social cognitive perspective on the joint effects of relationship quality and differentiation on creativity Innovative behavior in the workplace: the role of performance and image outcome expectations Organizational Learning: From Experience to Knowledge The Dark Side of Creativity: Original Thinkers Can Be More Dishonest Transformational Leadership and Performance Across Criteria and Levels: A Meta-Analytic Review of 25 Years of Research Lone Inventors as Sources of Breakthroughs: Myth or Reality?

Stahl, Maznevski, Voigt e Jonsen (2010) Liao, Liu e Loi (2010)

80

Yuan, Woodman e Richard (2010) Argote e MironSpektor (2011) Gino e Ariely (2012) Wang, Oh, Courtright e Colbert (2011) Singh e Fleming (2010)

71

74

70 61 61 60

Tabela 4 – Os 10 artigos mais citados na amostra. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

No que se refere à evolução das citações dos artigos mais referenciados nos últimos 10 anos, observa-se que o artigo de Smith e Lewis (2011) obteve o ápice de citações no ano de 2014 com 48 referências. O mesmo pode ser observado no ano de 2014 quando se analisa a trajetória de quantidade de publicações do artigo de Liao, Liu e Loi (2010). O artigo de Hotho e Champion (2011) atingiu o seu ápice de citações no ano de 2013 com 41 citações e uma queda significativa em 2014 para apenas 7 citações, conforme pode ser observado na Figura 8.

Figura 8 – Gráfico com a evolução das citações dos artigos mais citados nos últimos 10 anos. Fonte: Elaborada pelos autores com dados retirados do ISI Web of Knowledge.

Por fim, observa-se que o artigo de Cantwell, Dunning e Lundan (2010) e o artigo de Stahl, Maznevski, Voigt e Jonsen (2010) tiveram um aumento de citações no ano de 2012 com 23 e 25 referências, respectivamente, os quais permaneceram nesta margem até o ano de 2014 com 22 citações cada um deles. Após a apresentação e análise dos resultados, na próxima seção estarão expostas as considerações finais deste estudo, suas implicações e suas possíveis contribuições para futuras pesquisas no campo da criatividade nas organizações.  

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  5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo o objetivo foi mapear e analisar as publicações científicas internacionais que tangenciam o tema da criatividade nas organizações. Para tanto, foi realizada uma busca e análise da literatura internacional na base ISI Web of Knowledge (Web of Science) configurando-se um estudo bibliométrico. As palavras-chave utilizadas para esse levantamento foram “Creativ*” e “Organizat*” no período compreendido entre 2005 e 2015 e foram localizados 6.147 estudos que, após os filtros utilizados, perfizeram 1.744 artigos considerados válidos como amostra nesta pesquisa. Foi possível identificar um crescimento progressivo e ininterrupto das publicações referentes ao tema de interesse deste estudo, sendo possível constatar que essa evolução foi de 70 artigos em 2005 para 257 artigos até o início de 2015. No que se refere a uma das principais questões levantadas a priori, o conhecimento dos processos interativos que na maioria dos casos sustentam o desenvolvimento da criatividade nas organizações, observamos que a abordagem desse fenômeno tem valorizado mais o relacionamento entre as dimensões individual, grupal e organizacional, o que promete novas visões e perspectivas importantes para que se conheça melhor os processos de criação nas organizações. A análise descritiva realizada permitiu uma exploração a respeito dos fatores: 1) evolução das publicações nos últimos 10 anos; (2) periódicos com pelo menos 20 publicações dentro da amostra; (3) as 20 palavras mais utilizadas no título dos artigos; (4) a área de distribuição dos artigos; (5) palavras-chave com pelo menos 15 incidências; (6) as referências mais utilizadas nos artigos da amostra; (7) os 10 artigos mais citados da amostra; e (8) a evolução das citações dos artigos mais referenciados nos últimos 10 anos. Destaca-se que a distribuição desses artigos em relação à área de conhecimento do periódico foi predominante para ‘Business & Economics’ com 1.332 artigos publicados, seguida da área de ‘Psychology’ com 466 ocorrências. As palavras-chave mais utilizadas nos artigos considerados nesta amostra foram ‘creativity’ e ‘innovation’. Este estudo apresenta os principais tópicos tratados na área, além de identificar os principais autores e obras publicadas internacionalmente que envolvem o construto da criatividade no contexto das organizações nos últimos 10 anos e é justamente nestas informações que está sua relevância, haja vista que, os resultados obtidos neste artigo contribuem para a atualização de pesquisadores interessados nesta temática, além de ampliar e levantar possibilidades de reflexão sistemática acerca destas questões. As limitações desta pesquisa estão relacionadas i) ao campo amostral, uma vez que neste estudo foi utilizada somente uma base de dados; ii) ao uso exclusivo da análise quantitativa, haja vista que uma análise qualitativa e sistemática em cada artigo representaria um avanço para o conhecimento de como as discussões têm sido conduzidas no conteúdo de cada artigo e; iii) a não inclusão do termo ‘inovação’ às palavras-chave no mecanismo de busca da base ISI Web of Knowledge uma vez que esta palavra está diretamente relacionada à criatividade no contexto das organizações. Tais limitações servem de ponto de partida como recomendações para pesquisas futuras a fim de se ampliar o alcance do estado da arte em pesquisas sobre a criatividade nas organizações, principalmente o que se refere aos processos de interação entre os níveis individual, grupal e organizacional. Considera-se oportuna a realização de novos levantamentos a respeito do estado da arte sobre a criatividade nas organizações justamente por haver ainda um vasto campo de discussões, definições, conceitos e inter-relações sobre este assunto, especialmente acerca das da exploração deste construto em seus múltiplos níveis (individual, grupal e organizacional).  

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