Crises: uma perspectiva multidisciplinar

May 23, 2017 | Autor: M. Cândido da Silva | Categoria: History, Sociology, Anthropology, Economy
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Crises: uma perspectiva multidisciplinar Escola Doutoral

Instituto de Estudos Avançados

Universidade de São Paulo 10, 11 e 12 de abril de 2017

Apoio: Université Libre de Bruxelles Instituto de Estudos Avançados da USP Programa de Pós-Graduação em História Social 
 Programa de Pós-Graduação em História Econômica Programa de Pós-Graduação em Ciência Política Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana Laboratório de Estudos Medievais

Comissão Organizadora Alexis Wilkin (ULB) Arthur Borriello (ULB-Cambridge) Frédéric Louault (ULB) Gabriela Pellegrino Soares (USP) Marcelo Cândido da Silva (USP) Néri de Barros Almeida (UNICAMP) Rita de Cássia Ariza da Cruz (USP) Rossana Rocha Reis (USP) Serge Jaumain (ULB)

Escola Doutoral Crises: uma perspectiva multidisciplinar Universidade de São Paulo - Universidade Estadual de Campinas Université Libre de Bruxelles Apresentação Como objeto de reflexão, "a crise" é mais do que nunca um tema atual entre historiadores, economistas, biólogos, geógrafos, sociólogos, politólogos, psicólogos, ambientalistas etc. Isso se deve não só à própria atualidade do fenômeno – em suas dimensões econômica (estagnação das taxas de crescimento, depressão), ambiental (aquecimento climático), sanitária (epidemias de H1N1, Ebola, Zika etc.), securitária (terrorismo, crime organizado), política (revoluções, conflitos, migrações) –, mas também a um debate intenso em torno do conceito de crise. A atualidade da crise é inegável. A situação econômica se degradou de maneira contínua nos últimos anos na Europa, nos Estados Unidos, na Rússia, no Brasil e mesmo na China – que até então tinha conseguido manter taxas recordes de crescimento. A crise financeira derrubou as taxas de crescimento na maior parte das economias ocidentais e produziu índices de desemprego inéditos em alguns países. O empobrecimento das classes médias também acentuou a dependência de parte desses grupos aos auxílios governamentais. Segundo a FAO, em 2015, cerca de 795 milhões de pessoas estavam em situação de dificuldade alimentar (http://www.fao.org/hunger/en/). Contrariamente às expectativas, o progresso científico e tecnológico das últimas décadas não permitiu que a fome fosse erradicada, embora um número importante de pessoas tenha saído do estado de pobreza extrema, sobretudo na China e na Índia. Se, por um lado, a massa de pessoas subalimentadas diminuiu cerca de 216 milhões no curso dos últimos anos, o número de mortes ligadas à fome foi bem maior no século XX do que nos séculos precedentes. A reconfiguração política e ideológica que ocorreu após a queda do Muro de Berlim, bem como o estabelecimento de novas fronteiras na Europa, na Ásia e na África, dizimaram nações e criaram outras. Alianças e identidades tradicionais foram abaladas. Assistimos também a fluxos migratórios sem precedentes desde o final da Segunda Guerra Mundial. As sociedades contemporâneas são ainda confrontadas à crise urbana e à crise do trabalho. Uma crise urbana que não se pode entender apenas em sua dimensão espacial, uma vez que todas as crises se espacializam em certa medida; tratase de um fenômeno de escala global, estreitamente associado à industrialização e à urbanização. A esses diferentes fenômenos soma-se a "crise ambiental", saliente no

início do século XXI. Após anos de polêmicas políticas e científicas, os países industrializados e a ONU reconheceram a existência do aquecimento climático e seu papel nas degradações dos territórios insulares e ribeirinhos, na elevação do nível dos oceanos, nas ameaças à fauna e à flora do planeta. A incerteza que pesa sobre a nossa capacidade política e técnica para reverter aquilo que parece – para os mais pessimistas, pelo menos – uma ameaça à continuidade da vida na Terra, produz um sentimento de medo que não cessa de aumentar. O medo do apocalipse nuclear dos anos da Guerra Fria cedeu lugar a novas perspectivas igualmente apocalípticas ligadas às mudanças climáticas (secas, rarefação de recursos como água potável, deslocamento de populações etc.). Tudo isso indica o caráter cada vez mais global de crises que, há décadas atrás, ainda possuíam uma amplitude regional – pelo menos no que se refere a algumas delas. As crises ambiental, urbana e alimentar, mas também o desenvolvimento sem precedentes dos meios de transporte, estão na origem do aumento dos fatores de mutação e do contato com novos micróbios. Ainda que os progressos da medicina tenham conseguido controlar doenças que atingiam as comunidades humanas há alguns milênios, assistimos ao advento de novas patologias que constituem graves riscos às sociedades. A escolha da crise – ou das crises – como tema de estudo desta Escola Doutoral não indica a adoção, por parte dos seus organizadores, de uma perspectiva catastrófica. O estudo das crises aqui mencionadas ajuda a destacar as ações e as reações no seio das sociedades que delas são vítimas; também ajuda a compreender a dinâmica dessas crises, além do funcionamento das relações sociais, políticas etc. Nesse sentido, nós nos interessaremos também, nesta Escola Doutoral, pelas múltiplas respostas das sociedades às crises que mencionamos anteriormente (cuja lista está longe de ser exaustiva): as tentativas de regulamentação do mercado de trabalho, as escolhas econômicas (rigor orçamentário ou heterodoxia), as políticas migratórias (controle das fronteiras, expulsões, acolhida), as medidas sanitárias, o combate à fome, as políticas urbanas, as reformas políticas etc. – numerosas medidas são debatidas e adotadas em reação a esses problemas. Medidas que, por outro lado, colocam problemas de análise, de interpretação, de avaliação.

Programação

Dia 10/04 9:00 - Abertura 9:15 - Mesa inicial Marcelo Cândido da Silva (USP) Serge Jaumain (ULB) 9:30 - Mesa 1: A fome: uma abordagem comparativa Coordenador: Alexis Wilkin (ULB) Nicolas Barla

Antoine Bonnivert

Maria Luzia Carvalho de Barros Paraense

FRS-FNRS – Université Libre de Bruxelles (ULB)

La «famine»: découpages médiévaux et contemporains d’un concept malléable

FRS-FNRS – Université La réponse politique aux Libre de Bruxelles (ULB) crises alimentaires: le rôle des évêques médiévaux Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Universidade de São Paulo (USP)

Josué de Castro e a fome: o complexo e o banal

10:30 - Discussão 12:00 - Almoço 14:00 - Mesa 2: Conflito e negociação em sociedades pré-modernas Coordenadora: Néri de Barros Almeida (UNICAMP)

Philipe Rosa de Lima

Programa de PósCruzada Albigense no Graduação em História - Languedoc e indícios de Universidade Estadual uma crise política de Campinas (UNICAMP)

Aléssio Alonso Alves

Pauline Clauwaerts

Programa de PósGraduação em História – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Tencioni, Discordie e Brighe: a Pregação de Giordano de Pisa e a “Crise Política Florentina” no início do século XIV

Faculty of Philosophy Crises as a stage for and Social Science negotiations: religious Université Libre de change on the Bruxelles (ULB) / Centre Prehispanic North Coast de Recherches en of Peru Archéologie et Patrimoine (CReA Patrimoine)

15:00: Discussão

Dia 11/04

9:30 - Mesa 3: Crise econômica Coordenador: Arthur Borriello (ULB-Cambridge)

Wesley Dartagnan Salles

Programa de PósGraduação em História Econômica Universidade de São Paulo (USP)

Possibilidades de enquadramentos históricos, teóricos e metodológicos da crise econômica atual

Nathalie Suemi Tiba Sato

Programa de PósGraduação em Direito Internacional Universidade de São Paulo (USP)

A Argentina e os investidores estrangeiros: o tango sem fim. A crise econômica argentina e suas consequências sob a ótica do direito internacional

Marylou Hamm

Université Libre de Bruxelles (ULB) / Institut d’Etudes Européennes

Symbolic power and expertise in the European Commissionchange management

10:30 - Discussão 12:00 - Almoço 14:00 - Mesa 4: Crise e sociedade Coordenadora: Gabriela Pellegrino Soares (USP) Marcos Rogério Martins Costa

Programa de PósGraduação em Linguística Universidade de São Paulo (USP)

Das jornadas de junho de 2013 aos protestos de março de 2015: repensando as práticas de mobilização popular do período da redemocratização brasileiro (1984-2015)

Margaux De Barros

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) / Université Libre de Bruxelles (ULB)

Crise urbaine et mouvements sociaux territorialisés dans les pays émergents. Une comparaison entre le Brésil (Rio de Janeiro) et l’Afrique du sud (Johannesburg)

Fanny Vrydagh

Centre d’Etudes de la Vie Politique (CEVIPOL) - Université Libre de Bruxelles (ULB)

Analyser les mouvements sociaux comme «symptôme» de la crise politique brésilienne de 2016

Carolina dos Reis

Programa de PósGraduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) / Centre de Étude de la Vie Politique (CEVIPOL) - Université Libre de Bruxelles (ULB)

O direito à cidade como enfrentamento à crise urbana

15:30 – Discussão

Dia 12/04

9:00 - Mesa 5: Crise e meio ambiente Coordenadora: Rita de Cássia Ariza da Cruz (USP) Estela Maria de Programa Interunidades Potencialidades e limites Azevedo Nery Ferreira de Pós-Graduação em da cosmovisão ecológica Ecologia Aplicada), como novo paradigma CENA/USP –ESALQ civilizatório Karsten Marhold

FRS-FNRS – Université Libre de Bruxelles (ULB)

The 1970s as Technological Crisis. Electric Vehicle Projects in Germany and France, 1970-1985

Patricia Placoná Diniz; Eduardo de Masi; Francisco Alberto Pino; Delsio Natal

Faculdade de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)

A crise hídrica e a epidemia de Dengue no município de São Paulo

10:30 – Discussão 12:00 - Almoço

14:00 - Mesa 6: Crise, política e gestão Coordenadora: Rossana Rocha Reis (USP)

Emilien Paulis

Centre d’Etudes de la Vie Politique (CEVIPOL) - Université Libre de Bruxelles (ULB)

Viewing party as networks: a response to the “crisis” of political parties?

Antônio André Valécio de Jesus

Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto)

Povos originários e políticas públicas no Brasil: a questão da terra

Natalia da Silva Pereira

IMMIBEL Project / Université Libre de Bruxelles (ULB) / Politique Scientifique Fédérale (Belspo)

Skilled migrants in 19th century Belgium: Interplay between crisis and innovation

15:00 – Discussão 16:30 - Mesa conclusiva: Sergio Adorno (USP) Paulo Saldiva (USP) Alexis Wilkin (ULB)

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