CRISTIANISMO NO SÉCULO XXI: da luz do sol para a luz das fogueiras

Share Embed


Descrição do Produto

CRISTIANISMO NO SÉCULO XXI Da luz do sol para a luz das fogueiras Quando a luz do sol nos evolve, vivamos o seu calor. Quando o sol se põe, aqueçamo-nos nas pedras mornas deixadas por ele. Quando a noite avança, acendamos as fogueiras.

Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior 1 - Todas as civilizações foram e estão marcadas por uma cultura predominante. No Oriente o Hinduísmo, o Xintoísmo, O Budismo e, mais tardiamente, o Islamismo configuram a cultura e a mentalidade de várias populações. Na Europa três grandes culturas se mesclaram configurando o homem ocidental. Deve estar claro que esta visão é ampla e generalistica, pois, ignora as riquíssimas nuances de culturas menores que, se não se sobrepuseram às grandes, certamente as marcaram e enriqueceram, ou, em outras situações foram “exterminadas” ou, ainda, ao menos domesticadas pelas culturas maiores. As grandes culturas criaram mentalidades e modus videnti mundi, ou numa visão mais filosófica, construíram mundividências ou cosmovisões. Nossa análise busca oferecer elementos de reflexão sobre a cultura cristã e o seu futuro frente aos desafios do século XXI. 2 - Na Grécia, em torno da polis, se configurou uma primeira grande civilização imortalizada nos seus grandes pensadores, especialmente Platão e Aristóteles, que através de seus escritos que sobreviveram ao tempo, contribuíram para formar não só a mentalidade dos seus coetâneos, mas das civilizações seguintes. Neles aquilatam-se os conceitos Ético, Político e Cidadão. Com a invasão macedônica por Felipe II e, posteriormente, por seu filho Alexandre Magno, a civilização grega – no seu sentido pleno – começa a se diluir, ainda que Alexandre a tenha compartilhado com os povos invadidos, entendendo-a então como uma cultura e mentalidade capaz elevar o homem. Com sua precoce morte, o sonho dum grande Império se fragmentou na partilha das terras conquistadas entre seus generais. Restou desta civilização – como mentalidade – a profunda valorização da racionalidade, enquanto elemento constitutivo do homem, como afirmará com firmeza, Aristóteles, coroando assim todo o caminho intuído e percorrido pelos filósofos anteriores. É bem verdade que esta visão de homem foi empobrecida pelas visões reducionistas do epicurismo, estoicismo, relativismo, ceticismo e cinismo que marcaram o pensamento Helenístico e se infiltraram na mentalidade do império romano. 3 - Na Península Itálica emerge uma nova cidade-estado que, com sua vocação expansionista, domina todo o mediterrâneo, nomeado então como mare nostrum. Os Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 1

valores romanos se diferem dos da civilização grega. São soldados, homens práticos, bons administradores e homens da lei e do Direito. Possuem uma visão mais hedonista da vida. Ainda que façam dos intelectuais gregos seus pedagogos, não lhes absorvem o saber em sentido estrito, pois, ou esses sábios já estão contaminados pelas correntes do período helenístico, ou porque, a mentalidade pragmática dos romanos não lhes permitiu captar os profundos questionamentos da Filosofia clássica. O fato é que em Roma – para as elites – o poder, a honra, os prazeres e as riquezas eram bem maiores a serem conquistados. 4 - Nas periferias do Império e da própria Urbe surgem grupos de judeus com uma doutrina nova. Nada de especial para uma cidade cosmopolita, tolerante e acostumada a lidar com as mais diversas culturas: são coisas de gente pobre e nãocidadãos. Este grupeto tinha algumas concepções exóticas para os padrões da época. Contrariamente ao pensamento greco-romano, a dignidade do ser humano não estava em ser cidadão. Nem tão pouco em se ser rico, possuir poder e honras. Esta dignidade estava aliada a uma filiação, ainda que adotiva, a Deus, concebido com Pai e Irmão que amava (ágape) o ser humano e que por amor viera à terra para libertar o homem do seu pecado, fazendo-o voltar, mais do que à amizade, à filiação com o próprio Deus. O homem era possuidor de uma dignidade intrínseca e independente de sua nacionalidade ou condição social. Ofende-lo, era ofender ao próprio Deus e, acolhe-lo, era fazer o mesmo à divindade. Essas ideias aparentemente exóticas destes migrantes não eram para ser levadas a sério. Mas encantavam... De fato a religião oficial romana era protocolar e fria não atingindo aos profundos anseios do homem na sua busca de sentido para a vida e busca de felicidade. O culto aos deuses eram mais transações de interesses e formas de garantir proteção numa sociedade onde os poderosos se mostravam sedentos de honras e poder, como as divindades do panteão romano. Sorrateiramente, o cristianismo “contaminava” os valores do império como uma metástase que comprometia o tecido politico e social da Roma imperial. O cristianismo pela primeira vez na história da humanidade estabelecia o conceito de pessoa que era portadora em si de uma dignidade intrínseca expressa numa singela frase numa catacumba: viste o irmão, viste o senhor. Aquilo que parecia ser um nada num império tão acostumado ao diferente, começava a ser um elemento desestabilizador do sistema imperial. Alguns imperadores resolvem extirpar o tumor maligno que começara a se se instalar no tecido social do império. Iniciava-se o confronto entre uma cultura instalada e outra emergente. 5 - Não nos prolonguemos em descrições históricas. O grandioso Império romano cai por forças internas e externas. Uma nova civilização começa a se implantar, a cristã. Santo Agostinho foi o grande articulador entre a civilização imperial e a cristã com sua monumental obra, A Cidade de Deus. Organiza a cosmovisão cristã sem rejeitar o patrimônio histórico e filosófico do mundo greco-romano, integrando-o com o pensamento cristão. Ele é um típico intelectual do seu tempo: culto, visionário, Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 2

portador dos valores da cultura grega e da mentalidade romana. Em sua tribulada e angustiada vida pessoal vivenciou com intensidade os conflitos espirituais e intelectuais do seu tempo. Convertido, não rejeita seu passado intelectual, mas funde no seu pensamento os valores das almas greco-romana com o cristianismo. A Gloriosa Cidade de Deus não rejeita as civilizações anteriores, mas subordina-as como período propedêutico do Cristianismo. 6 - Em toda a idade média o cristianismo será a civilização predominante no ocidente, iluminando a organização da sociedade. À sua luz justificar-se-ão a ternura e mansidão dum Francisco de Assis ou as cruentas Cruzadas; as récitas de piedosas orações nos mosteiros ou os abusos de poder de bispos e reis em seus palácios. Sob esse “guardachuva” intitulado Cristandade a sociedade se organizará, serão conquistadas novas terras marcadas pela cruz como sinal politico de posse, serão erguidas catedrais e modestos outeiros, cruzes marcarão as encruzilhadas, nas cidades os campanários emergirão sobre o casario, lembrando com sons argentinos de seus sinos que caminhamos para a Gloriosa Cidade de Deus. Missionários partirão para terras distantes onde sofrerão o martírio; muitos abandonarão seus bens para consagrarem suas vidas à religião; reis, príncipes serão coroados pela igreja; e, mesmo em tempos mais recentes, presidentes jurarão sobre as Sagradas Escrituras fidelidade aos países que servem. A civilização cristã impor-se-á com força, vigor e solidez sobre o ocidente, com tentáculos para o oriente, criando valores, modos de vida e concepções de mundo. 7 - A crise da cultura cristã possui um inicio aparentemente inócuo. Os árabes Avicena e Averóis já haviam trazido para a Europa os escritos de Aristóteles, ainda que “arabeizados”. Estes escritos, relidos na Universidade de Paris, encetavam uma mudança de foco no entendimento da realidade. Predominara até então o pensamento agostiniano eivado de platonismo. Nele, o sábio se confundia com o místico, pois seu conhecimento dependia da Iluminatio divina, que supunha, ipse facto, uma intimidade amorosa com Deus. O hiperurânio platônico sobrevivia no pensamento agostiniano, apenas que substituído por Deus. O conceito das ideias inatas de Platão subordina o ser humano a uma recordação – reminiscência – do mundo das ideias inteligíveis. Esta ideia fora desbancada por seu discípulo Aristóteles que, não apenas negava o valor ontológico do mundo das ideias, mas ainda afirmava ser o ser humano tabula rasa in qua nihil scriptum est... E mais, apesar de “tabula rasa” o ser humano era capaz por sua racionalidade – e somente com ela – de chegar à posse plena da verdade. Tomás de Aquino ao assumir com maestria o pensamento aristotélico – sem perceber - soltava uma das primeiras amarras que prendia o cristianismo à visão da total subordinação do homem a Deus. E, estejamos atentos: O doutor angélico em momento algum pretendeu elaborar um pensamento que afetasse, ainda que de leve, o dogma cristão. Sua obra é antes de tudo uma verdadeira catedral intelectual ao pensamento cristão. A afirmação da autonomia da razão, no Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 3

lastro do pensamento aristotélico, porém, possuiria seus desdobramentos em autores posteriores. O fato é que no correr dos séculos seguintes, uma a uma das amarras da razão vão sendo soltas, paulatinamente, do cristianismo enquanto cultura predominante. Ironicamente, este processo teve seu inicio quando a afirmação da autonomia da razão na conquista da verdade se distanciou da ideia da Iluminatio divina que subordinava o homem no seu processo de aprendizagem a Deus. Fica-se, em última análise, a favor da autonomia da razão. 8 - Já no século XIV há sinais de certa saturação com a Cristandade como se configurava então. A burguesia comercial tinha na igreja um obstáculo para suas práticas comerciais, já que esta, com sua visão feudal, não “entendia” o novo modo de produção de riqueza, embasado no lucro e na especulação financeira. O Renascimento é marcado por visões de mundo que vão lentamente se soltando das amarras da cristandade. É algo sutil, imperceptível então. O modelo estético greco-romano se implanta na sociedade. E invade a própria arte religiosa onde os personagens bíblicos e religiosos passam a ter seus corpos delineados a partir de modelos do período clássico da história antiga. Fartos seios, músculos, corpos expostos exaltam sob o pretexto religioso um discreto humanismo. E, mesmo as dimensões da alma humana são expressas nos rostos que retratam ora paz, ora dor. As madonas com o Cristo em seus braços expressam a dor na sua dimensão mais humana possível. A Monalisa, com o seu enigmático sorriso, mostrando num certo lusco-fusco, os segredos e os guardados da alma de mulher. O homem começa – discretamente – a se tornar centro. Neste contexto a arte pode extrapolar para o pessoal, o individual e o subjetivo. 9 - O primeiro significativo abalo da cristandade vem com a Reforma Protestante que é em sua essência, a reivindicação da autonomia da razão que não mais quer ser tutelada pela hierarquia eclesial. O Luteranismo possui bases teológicas de contestação, enquanto que o Anglicanismo contesta a supremacia papal e o Calvinismo defende uma religião que atenda aos anseios da nascente Burguesia. O homem-individuo passa a ter supremacia sobre o homem membro da igreja. 10 - O iluminismo é um movimento no qual mais amarras que vão se soltando. A defesa da Razão humana capaz de se autodeterminar é firmado neste movimento. O homem- pensador deste período entra quase que num êxtase religioso frente à razão. Este movimento possui em seu bojo uma crescente rejeição à igreja instituição. São homens iluminados que não mais aceitam abordagens fideístas. Representam um pensamento liberal que deseja a autonomia da própria razão. 11 - O positivismo exaltará a razão enquanto capaz de produzir o conhecimento científico. Em todos estes movimentos intelectuais a igreja é colocada na berlinda entendida como obscurantista e geradora de superstições. Estes intelectuais vivem sistematicamente às turras com a igreja institucional e especialmente com a hierarquia. Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 4

12 - A Revolução Francesa possui um lastro politico ao se opor ao antigo modelo medieval e à constituição de uma sociedade estamental marcada por privilégios do clero e da nobreza, inadequados aos anseios e conquistas da nascente burguesia, explorada por este sistema ultrapassado. Some-se a tudo isto as insatisfações do campesinato e dos “sans culotte”. Liberté, igualité e fraternité sintetizam o ideário destes novos tempos em que se entende ser a Igreja, com seus privilégios, um obstáculo aos novos tempos. O furor revolucionário leva a invasão de igrejas e palácios com irreparável delapidação de patrimônios e obras de arte que materializavam um modelo de mundo inadequado aos novos tempos. 13 - A Revolução Industrial, tanto a inglesa com o advento da máquina, como a da América, com a linha de produção, sinalizam e materializam a vitória da racionalidade. Uma nova cultura – a industrial – se instaura no mundo com reflexos não só na produção, mas em todas as dimensões da sociedade: consumo, estilo de vida, vida urbana, práticas religiosas, movimentos políticos. A igreja vai deixando de ser o único referencial da vida e vai perdendo sua hegemonia politica, econômica, religiosa e ideológica sobre a sociedade. A cultura vai paulatina rompendo com os referenciais do cristianismo. 14 - A década de 1960 é explicitamente um grande divisor de águas com novos valores. No campo cientifico as primeiras viagens espaciais fortificam a confiança na razão. O movimento estudantil de Paris é seguido por milhares de estudantes de várias partes do mundo. O Festival de Woodstock representa novos parametros de comportamento e de moral com a defesa do amor livre e do uso da maconha. O movimento hippie é uma explicita contestação ao modelo ocidental consumista. O rádio e especialmente a televisão vão contribuindo para a formação (ou... manipulação?) da opinião pública. Os antigos campanários das igrejas nas pequenas cidades continuam a tocar no final das tardes, sofrem, porém a “competição” de “novos campanários”, as antenas de TV que nos lares “educam” as famílias. 15 - A Igreja percebe seu crescente distanciamento da sociedade. O papa João XXIII, de certo modo em sintonia com o movimento Catequético, Litúrgico e Bíblico de Insbruck, proclama a necessidade de um o aggiornamento que se buscará pelo Concílio Vaticano II. 16 - As décadas seguintes serão marcadas pelo crescente afastamento da sociedade das matrizes cristãs. Crescem na Europa o número de templos vazios, relegados, na melhor das hipóteses, à categoria de museus. As celebrações litúrgicas, especialmente as mais tradicionais com latim e canto gregoriano, são vistas por muitos numa dimensão meramente estética e artística, quando não exótica, e não por uma adesão efetiva do mistério celebrado.

Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 5

17 - O afastamento da cultura das matrizes do cristianismo acelera-se frente ao materialismo e hedonismo, ícones maiores da atual civilização. A experiência religiosa é buscada em outras tradições como o Islamismo ou segmentos orientais, como o hinduísmo e o budismo. Deve-se considerar ainda que os meios de comunicação social, assumidos por segmentos claramente anticristãos, propagam uma visão de mundo diferente da cristã, não raras vezes embasados no materialismo que tem no lucro o único sentido. 18 - Nos últimos anos as redes sociais aceleram as mudanças culturais com a veiculação de todo tipo de informação sem o controle da família, da sociedade e do Estado. Este processo free de comunicação, sem controle, coloca em xeque tradições, valores familiares e religiosos. Todos podem como na ágora da antiga Atenas, “fazer ou vir sua voz”, dependendo apenas de sua capacidade de “fisgar” seguidores. O cristianismo e a cultura por ele gestada tornam-se apenas mais um “link” dentro do imenso caleidoscópio de informações. 19 - A cosmovisão cristã perde espaço por visões de mundo e de vida diferentes dos seus seculares princípios. Recorrendo a uma imagem da literatura grega, sabe-se que a destruição de Tróia se deveu a um “presente de grego” representado pelo cavalo com inimigos nos seu bojo. Em 1989 o mundo assistiu atônito a queda do muro do Berlim e com ele o sistema comunista, sustentado até então em boa parte pela União soviética e que as ogivas nucleares do capitalismo e a ameaça de uma hecatombe nuclear não a tinham abalado até então. Aconteceu uma implosão do sistema por dentro. 20 - Tanto a queda de Tróia como da União soviética tiveram motivos internos que apresaram suas desagregações. Hoje, para o cristianismo “o mar não está prá peixe”. As adversidades externas não o ameaçam tanto como seus ocultos inimigos internos. A maior força desagregadora do cristianismo está “intramuros”. São seus próprios ministros e lideres que perderam, não raro, os referenciais dos ensinamentos de Cristo, se não explicitamente, efetivamente, porém, pois o Evangelho-texto passa ser um referencial de fé genérico e, sobretudo, desconhecido. Paradoxalmente, desconhecido porque não lido. E, se desconhecido, certamente perde sua força querigmática de Anuncio, de Boa Nova, de Vivência de Vida. Muitos “neo-cristãos” do século XXI são mestres no conhecimento da liturgia, do Direito canônico, da “moda prêt-à-porter” eclesiástica. Mas... Desconhecem o Homem-Deus Jesus de Nazaré. São capazes de agredir e ofender para “preservar a santa tradição”. Fazem “peregrinações” aos santuários do mundo, mas não visitam as pessoas de suas comunidades. Estão plugados 24 horas nos face-books da vida, orgulhosos de possuírem centenas de amigos virtuais, mas não escutam palpitações, anseios, angustias e partilhas do povo de Deus, não o povo de Deus “genérico”, mas de cada pessoa, cada rosto, cada ser humano. Alguns parecem desesperados por entulhar sete candelabros sobre o altar, comprar o mais fino incenso, garantir toda a estética possível para a liturgia. Tudo isto

Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 6

para igrejas vazias... São como náufragos que desesperados agarram-se aos escombros (tradição) do navio, não percebendo que esses pedaços de madeiras flutuantes apenas lhes salva a vida momentaneamente, mas que a verdadeira salvação está na terra firme. Iludem-se pensando que a vida está em cacos de coisas flutuantes sobre o mar. 21 - O sol durante o dia nos aquece com o seu calor. Nos meses invernais procuramos nos aquecer com seus raios. Este período de sol a pino equivale, na história, ao período medieval onde, apesar de todos os senões, o cristianismo era o referencial cultural da sociedade. Após a idade média, como o sol a se por, a sua incidência para gerar calor diminuiu. Posto o sol, as pedras ainda se mostram aquecidas. Nossa cultura por muitos anos conservará em “suas pedras o calor gerado pelo cristianismo”. Assim como a cultura greco-romana, em dissolução, continuou “aquecendo” a humanidade. O cristianismo continuará “aquecendo” o ocidente. Sua incidência como gerador de calor irá se apagando e as “pedras” de nossa sociedade irão aos poucos esfriando. A barbárie denunciada pela escola de Frankfurt só tende a crescer com um processo de desumanização do ser humano. A segunda guerra, com o extermínio de milhões de seres humanos foi apenas uma parte visível desta nova sociedade. As formas de violência tendem a crescer e a se ampliar. Há a perda não só dos valores cristãos, mas dos valores humanistas e de outras tradições religiosas que configuraram a chamada cultura cristã. 22 - Para os cristãos é preciso ter consciência que se entra no século XXI como minoria. A influência do pensamento cristão em nossa cultura tende a diminuir cada vez mais frente à pluralidade de novas proposições filosóficas, humanistas e religiosas. 23 - Os cristãos devem se preparar para novos tempos. Os grandes templos e construções herdados de outras eras terão outras finalidades ou serão como as pirâmides, erguidas no passado num fervor religioso que não mais existe, o que as torna hoje apenas objeto de turismo. Cada seguidor de Cristo no século XXI deve introjetar que se viverá numa era pós-cristã. 24 - O cristianismo foi aleitado nas catacumbas e para elas retornará, não necessariamente embaixo da terra, mas em pequenas comunidades que mantêm sua fé em Jesus Cristo como Deus constituindo-se numa contracultura. 25 - Em cada pequena comunidade dever-se-á acender a “fogueira” da fé buscando-se “aquecimento” nas Escrituras Sagradas. O cristianismo caminha para se tornar uma religião de minorias concentradas em comunidades quase familiares. 26 - Como a fria noite vai se apossando do deserto, assim uma nova cultura se erigirá: materialista, hedonista, individualista, subjetiva e cética. Nesta nova era os verdadeiros cristãos se aconchegarão para manter a fé. A civilização cristã com sua cultura, visão de mundo, explicação da realidade ira dando lugar a uma nova cultura.

Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 7

27 - Pequenas comunidades sobreviventes aguardarão esperançosa que num futuro, pessoas saturadas de suas experiências acalentem o desejo de uma ressignificação de suas vidas. Será então o tempo de saírem dessas novas catacumbas para de novo anunciarem Jesus Cristo reconstruindo uma civilização plenamente cristã. Esta expectativa não será um ato de razão, mas de fé. Puro e simples ato de fé e de esperança...

Prof. Dr. P. Dilson Passos Júnior – [email protected]

Página 8

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.