Crítica ao currículo de História

July 22, 2017 | Autor: Enio Vieira | Categoria: Educação, História, Currículos E Práticas Escolares
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Descrição do Produto

"Universidade Nove de Julho – Uninove "
"Curso: História "
"Disciplina: Didática (2013-2) "
"Professor responsável: Margarida Marques Henriques "
"Período: Noturno "
" "
"Álvaro Silva 912213938 "
"Enio Everton 911200134 "
"Flávia Matos 911203172 "
"Heloisa Cavalcante 911210355 "
"Luciana Souza 911205516 "
"Kelly "
" "
" "
"SOCIOLOGIA E TEORIA CRÍTICA DO CURRÍCULO: UMA INTRODUÇÃO "
" "
"Esse texto tem como função sintetizar o texto de Antonio Flavio Barbosa "
"Moreira e Tomaz Tadeu da Silva que leva o mesmo nome. Utilizamos para tal, "
"citações diretas do texto original, além de paráfrases e, para simplificar "
"as citações, citaremos apenas o número da página de onde foi tirada tal "
"ideal. No caso de utilizarmos alguma bibliografia complementar, daremos a "
"indicação completa de onde foi tirada tal citação. "
" "
" "
"O SIGNIFICADO DA PROPOSTA DE UNIÃO ENTRE ENSINO E TRABALHO "
" "
"O currículo escolar, tal como toda atividade produzida pelos seres humanos,"
"é um artefato social e cultural, "
" "
"Ao descrever a Inglaterra do século XIX, o filósofo Nigel Warburton nos diz"
"como era um lugar coberto por uma fumaça negra, onde "homens, mulheres e "
"crianças trabalhavam durante longas horas". A Revolução Industrial Inglesa "
"obriga as pessoas a trabalharem exaustivamente, pois "se desconcentrassem, "
"podiam ficar presos nas máquinas, perder membros ou até ser mortos". "
"Warburton nos chama a atenção ainda que, tais condições desumanas deixavam "
"os pobres trabalhadores sem escolha, pois "se não trabalhassem, passariam "
"fome" (WARBURTON, 2012, p. 156). "
" "
"Essas crianças que trabalhavam com seus pais tampouco obtiveram vantagens, "
"no que diz respeito à sua educação escolar. "
" "
"A Revolução Industrial em nada alterou a tradição de exclusão das crianças "
"das classes populares da escola. Mesmo nas cidades inglesas que estiveram à"
"frente do processo de industrialização, era comum ver os filhos dos "
"trabalhadores privados de qualquer instrução (p. 113). "
" "
"Marx tinha o propósito de transformar o mundo através de uma visão da "
"história que criticava a economia política clássica e um programa de "
"construção do futuro radicalmente oposto ao da burguesia (FONTANA, 1999, "
"pp. 139-140). Assim que, em seu programa, pensava que o ensino também "
"deveria ser radicalmente oposto ao da burguesia, com suas "raízes na "
"especificidade das condições de vida" da classe trabalhadora, e o próprio "
"confessa que não se preocupava com a educação das classes dominantes, pois "
"se traduziam pela ociosidade e era desvinculada da produção, se importando,"
"essencialmente, com o futuro das novas gerações operárias (pp. 114-115). "
" "
""Se o fundamental era 'transformar o mundo', era lógico que este método de "
"investigação do passado se pusesse ao serviço de um programa de ação "
"destinado a mudar o presente" (FONTANA, 1999, p. 144). A educação era um "
"dos fatores nessa luta de classes, pois permitiria oferecer aos operários "
""os elementos que lhes permitam estabelecer um controle real sobre suas "
"condições efetivas de trabalho". Marx acreditava que o ensino deveria ser "
"de caráter tecnológico, para que os trabalhadores pudessem assim obter "os "
"conhecimentos necessários para uma compreensão crítica de sua experiência "
"concreta do produzir na fábrica" (p. 115). A ideia era que os trabalhadores"
"pudessem compreender o funcionamento total da fábrica e saber o máximo de "
"funções dentro dela, para que se fossem demitidos, ou por ocasião da "
"introdução de uma nova máquina, pudessem se empregar em outro lugar o mais "
"facilmente possível (p. 117). "
" "
"No entanto, a autora nota o pessimismo de Marx, pois este chegou à "
"conclusão de que, "o acesso à cultura geral não implicaria em aumento de "
"salário do operário", pelo contrário "
" "
"Ela [o acesso a cultura geral] tomaria um rumo oposto ao dos interesses dos"
"trabalhadores, pois que a consequência seria, grosso modo, de tornar ainda "
"maior a plasticidade do mercado de trabalho e, ao intensificar a "
"concorrência entre os trabalhadores, de provocar a que do nível dos "
"salários dos operários (p. 118). "
" "
"Esse pessimismo, no entanto, era suplantado por uma esperança geral, sendo "
"essa queda momentânea de salários um desconforto passageiro que traria, "
"eventualmente, um mundo mais justo. "
" "
"Marx acreditava que o destino do capitalismo era destruir a si mesmo. O "
"proletariado estava destinado a assumir o controle de uma revolução "
"violenta. Por fim, de todo esse sangue derramado surgiria um mundo melhor, "
"um mundo em que as pessoas não mais seriam exploradas, mas poderiam ser "
"criativas e cooperar umas com as outras (WARBURTON, 2012, p. 159). "
" "
"Para alcançar esse mundo a educação teria papel fundamental e libertador. "
"Segundo Engels: "
" "
"A educação possibilitará aos jovens assimilar rapidamente, na prática, todo"
"o sistema da produção. Ela fará com que passem sucessivamente de um a outro"
"ramo da produção segundo as necessidades da sociedade ou suas próprias "
"inclinações. Ela libertá-los-á, por conseguinte, desse caráter unilateral "
"que a atual divisão do trabalho impõe a todos os indivíduos (p. 120). "
" "
"Assim que a educação tem, para a dupla de filósofos alemães, um "
"importantíssimo papel, pois através de uma formação politécnica seria "
"abolido o fenômeno da especialização, com a intenção de formar um individuo"
"completo que pudesse livremente transitar entre diferentes postos de "
"trabalho. Assim que o processo educativo deveria estar intimamente "
"associado ao trabalho (pp. 122-123). "
" "
"Em O Capital, Marx apontava como a introdução das máquinas simplificou o "
"trabalho mas, ao contrário do que diria nosso senso comum, causou a "
"desqualificação dos operários, que não necessitariam de muitos "
"conhecimentos para operar as novas máquinas. "
" "
"Nas tipografias inglesas [...] os aprendizes passavam pouco a pouco [...] "
"dos trabalhos mais simples aos mais complexos. Percorriam, assim, várias "
"etapas antes de se tornarem tipógrafos completos. Exigia-se que todos "
"soubessem ler e escrever. Mas a máquina impressora modificou tudo isso. Ela"
"requer duas espécies de trabalhadores: um adulto que a supervisiona, e dois"
"jovens [...], cuja tarefa se limita a estender uma folha de papel sob a "
"máquina e a retirá-la assim que estiver impressa (p.124) (Grifo nosso). "
" "
"Pouco mais adiante Marx nos diz que esses ajudantes são "criaturas "
"disformes e embrutecidas", pois não sabem ler e escrever. Assim que "
"concluímos que a máquina, ao invés de exigir melhor qualificação, subordina"
"o "trabalhador a uma profissão exclusiva" (p. 125), o que o torna mais "
"facilmente controlável e alienado. Nogueira ainda nos chama a atenção para "
"as análises de R. Rosdolsky, que afirma em suas análises que se por um lado"
"a introdução de máquinas "degrada o trabalhador fazendo dele um simples "
"servente da máquina", por outro cria as "condições necessárias para que o "
"produtor possa não somente se liberar do esforço físico, mas também [...], "
"emancipar-se dos estreitos limites da especialização manufatureira e "
"desenvolver-se integralmente" (p. 128). O rodízio de atividades, ao abrir "
"assim o caminho para uma formação politécnica, inauguraria a associação "
"definitiva entre os estudos com o trabalho, que postos ao alcance de todos "
"os trabalhadores, lhes darão condições de organizar, dividir, regular e "
"controlar o trabalho segundo as suas necessidades e interesses, e não mais "
"de acordo com o ponto de vista do capitalismo (p. 129). "
" "
"OS FUNDAMENTOS DA PROPOSTA DE UNIÃO DOS ESTUDOS COM O TRABALHO "
" "
"Em seus estudos sobre crianças que trabalham e estudam, Marx chega a "
"conclusões interessantíssimas. Em primeiro lugar, os alunos que, por conta "
"de seu trabalho, só conseguem estudar meio período, eram capazes de "
"aprender "tanto e muitas vezes mais" do que aqueles que estudavam período "
"integral, pois os primeiros estão "quase sempre dispostos e desejosos de "
"receber instrução. O sistema de metade trabalho e metade escola faz de cada"
"uma dessas atividades descanso e recreação em relação à outra", o que torna"
"o rodízio entre essas atividades, para Marx, uma atividade mais adequada do"
"que um período integral ininterrupto de qualquer uma das duas (p.130). "
" "
"Além disso, "a jornada escolar unilateral, improdutiva e prolongada das "
"crianças das classes alta e média aumenta inutilmente o trabalho dos "
"professores", o que causa desperdício de tempo, saúde e energia não só das "
"crianças quanto dos professores. Essa alternância entre tarefas – fábrica e"
"escola – seria capaz de elevar o rendimento em cada um desses gêneros. Marx"
"vê na jornada escolar mais breve uma maior eficácia do ponto de vista do "
"processo de aprendizagem, pois a jornada integral torna o trabalho escolar "
"pouco fértil e diminui a predisposição a aprender da criança. Para diminuir"
"os efeitos nocivos de uma longa jornada sedentária nos bacos escolares, o "
"ideal seria uma série de exercícios físicos, exercícios esses que podem ser"
"proporcionados por uma jornada de trabalho praticada duram uma parte do dia"
"(p.131). "
" "
"Esses alunos formariam, consequentemente, trabalhadores mais instruídos, "
"hábeis e qualificados, capazes de aumentar a produtividade do trabalho. "A "
"consequência disso seria o aumento do tempo livre para todos", tempo esse "
"que "constitui a condição para o desenvolvimento intelectual humano". Essa "
"liberação do tempo livre resultaria em uma distribuição do trabalho entre "
"todos os indivíduos, e, se "o trabalho material for repartido entre todos "
"os membros da sociedade, o tempo e não-trabalho [...] permite que cada um "
"desfrute de atividades culturais e de lazer", e esse tempo livre será, "
"evidentemente, maior para todos (pp. 132-133). "
" "
"Na sociedade socialista a redução do tempo de trabalho necessário à "
"satisfação das necessidades sociais far-se-á não mais em vista da extração "
"de um sobretrabalho a ser apropriado por uma classe dominante, mas sim, "
"visando liberar tempo para o livre desenvolvimento das individualidades, "
"através da formação científica, artística, em síntese, cultural dos "
"trabalhadores (p. 135). "
" "
"Em outras palavras, o tempo livre, que na lógica capitalista é utilizado "
"como sobretrabalho com o intuito de aumentar a mais-valia, para Marx, deve "
"ser o requisito para o enriquecimento da cultura do homem, pois a divisão "
"do trabalho capitalista é considerada "como a razão do não-desenvolvimento "
"das capacidades intelectuais da maior parte da humanidade" (p. 137). "
" "
"Do ponto de vista marxista, o desenvolvimento integral do trabalhador só se"
"daria através da abolição da especialização, e esse homem completo, capaz "
"de transitar por diversas profissões, só seria possível através do processo"
"educacional, "constituído pela união entre ensino e trabalho, que não é "
"outra coisa senão a reunião da teoria e da prática, do trabalho intelectual"
"e do trabalho manual" (p. 145). "
" "
"Ao desenvolver de modo sem precedente a força produtiva do trabalho, o modo"
"de produção capitalista produz [...] a alienação do trabalho [...]. De "
"acordo com Marx, a elevação da produtividade do trabalho assegurada pelo "
"capital pode determinar – uma vez desvencilhada das exigências da "
"valorização capitalista – uma diminuição do tempo de trabalho necessário à "
"produção social, e criar [...] um tempo disponível correspondendo à "
"possibilidade do desenvolvimento intelectual de todos os indivíduos (p. "
"143). "
" "
"CONSIDERAÇÕES FINAIS "
" "
"É de nosso entendimento que, ainda que as visões de Marx e Engels fossem "
""descaradamente eurocentristas" (FONTANA, 1999, p. 152), suas intepretações"
"são válidas para o nosso contexto atual, pois não há interesse das elites "
"que governam o país em ver nossos estudantes e trabalhadores se "
"desenvolvendo intelectualmente. Isso mantem nossas classes subalternas "
"alienadas de seu papel no processo de produção, e perpetua a permanência de"
"grupos conversadores e reacionários no poder. Nós, futuros professores, "
"devemos procurar fomentar nos educandos a busca pelo saber e pelo "
"entendimento de seu papel enquanto sujeito histórico, atuante, e "
"transformador da sociedade, para assim conseguir construir um país mais "
"justo e igualitário. "
" "
"BIBLIOGRAFIA "
" "
"FONTANA, Josep. Historia: análisis del passado y proyecto social. – "
"Barcelona : Editorial Crítica. 1999. "
" "
"NOGUEIRA, Maria Alice. Educação, saber, produção em Marx e Engels. – São "
"Paulo: Cortez, 1993. "
" "
"WARBURTON, Nigel. Uma breve história da filosofia. – Porto Alegre: L&PM, "
"2012 "
" "
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" "
"Universidade Nove de Julho – Uninove "
"Curso: História "
"Disciplina: Sociologia (2013-2) "
"Professor responsável: Margarida Marques Henriques "
"Período: Noturno "
" "
"Álvaro Silva 912213938 "
"Enio Everton 911200134 "
"Flávia Matos 911203172 "
"Heloisa Cavalcante 911210355 "
"Luciana Souza 911205516 "
"Kelly "
" "
" "
"EDUCAÇÃO, SABER, PRODUÇÃO EM MARX E ENGELS "
" "
"- Introdução: texto acerca da educação segundo Marx e Engels. "
" "
"- A Revolução Industrial "
" "
"- A educação como parte do programa marxista de transformação da sociedade "
" "
"- O pessimismo de Marx "
" "
"- A educação como luta de classes "
" "
"- Introdução de máquinas = desqualificação do trabalhador através da "
"simplificação do trabalho "
" "
"- Rodízio de atividades = trabalhador mais preparado e completo "
" "
"- Trabalho associado ao estudo = melhor rendimento em ambos "
" "
"- Trabalhadores mais hábeis = maior tempo livre "
" "
"- Maior tempo livre = aumento da intelectualidade humana "
" "
"- Final "
" "
"BIBLIOGRAFIA "
" "
"FONTANA, Josep. Historia: análisis del passado y proyecto social. – "
"Barcelona : Editorial Crítica. 1999. "
" "
"NOGUEIRA, Maria Alice. Educação, saber, produção em Marx e Engels. – São "
"Paulo: Cortez, 1993. "
" "
"WARBURTON, Nigel. Uma breve história da filosofia. – Porto Alegre: L&PM, "
"2012 "
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