Cultura afro-brasileira e o desenvolvimento da Economia Criativa em Natal

June 19, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Ciências Sociais, Ciencias Sociales, Economia Criativa, Economia Creativa
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CULTURA AFRO-BRASILEIRA E O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA EM NATAL Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz1 Orientador ¹ Doutor em Sociologia pela Universidade do Porto (2012) Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN [email protected]

Maria Thereza de França Silva² Graduanda em Gestão de Políticas Públicas pela UFRN [email protected]

INTRODUÇÃO A Economia Criativa vem se mostrando nos últimos anos como uma área estratégica para o crescimento econômico e desenvolvimento sustentável, para isso, o incentivo à diversidade é um dos pontos fundamentais a se considerar nos seus princípios norteadores (BRASIL, 2012; CRUZ, 2014a). A miscigenação e diversidade étnica do Brasil cria um ambiente favorável para o desenvolvimento de atividades criativas únicas, unindo grande potencial econômico e riqueza cultural. Por Economia Criativa entendemos “compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico”. (CRUZ, 2014b) Populações que até então eram marginalizadas, têm hoje a possibilidade de desenvolver trabalhos com influência afro-brasileira, enxergando com o desenvolvimento da Economia Criativa uma oportunidade de empoderamento e inclusão social. Mas, para o desenvolvimento pleno dessa atividade e aproveitamento de todas as suas potencialidades de transformação do ambiente, é necessário conhecer os empreendedores criativos, os trabalhos que eles desenvolvem e desafios que enfrentam. O objetivo deste trabalho é fazer uma breve síntese dessas questões e ter uma ideia de que em qual estágio se encontra a cultura afro-brasileira em Natal.

IMAGENS

Imagem cedida por Rodrigo Sena

Falar de Economia Criativa com ênfase em Cultura Afrobrasileira não é só abordar uma forma de desenvolver uma política pública que trará benefícios econômicos, como também sociais e até subjetivos, no sentido de contribuir para o ganho de autoestima da população negra. As críticas feitas quanto à forma de elaboração dos editais estaduais e municipais são da maior importância, porque vai no cerne da questão. Além da cultura em si não ser valorizada, as manifestações culturais de origem afrobrasileiras encontram ainda uma dificuldade adicional pelo fato de não se enquadrarem no padrão artístico eurocêntrico e, justamente por isso, precisam de políticas culturais específicas porque, “Todas e quaisquer políticas públicas devem levar em consideração a produção e a reprodução de subjetividades dos grupos sociais, a sua qualidade de vida, bem como a garantia de um mínimo de condições para que esta produção de sentido se refaça e se redefina ao longo do tempo.” (SANTOS; TERRA, 2013, p. 142). Mesmo que os editais nacionais sejam elaborados levando em consideração as manifestações culturais afro-brasileiras, as medidas existentes ainda são insuficientes para que se possa avançar de forma significativa no fomento da Economia Criativa de influência afro-brasileira.

CONCLUSÃO

MÉTODOS E MATERIAL Pesquisa qualitativa, com entrevistas semiestruturadas feitas a cinco representantes da Economia Criativa que trabalham com a temática afro-brasileira no estado: Miguel Carcará, rapper e grafiteiro; Reinaldo Sales, professor de capoeira no grupo Cipó Capoeira (IFRN); Rodrigo Sena, fotógrafo e documentarista; Renan Sérgio de Araújo Filho, músico do grupo “Arquivo Morto” e um dos organizadores da “Quinta viva do Samba”; e Jorge Negão, percussionista e organizador do grupo rítmico “Folia de Rua Potiguar”.

DISCUSSÃO

Imagem cedida por Miguel Carcará

A cidade de Natal e o estado do Rio Grande do Norte exercem um papel importante no trabalho dos artistas, tanto como fonte de inspiração como difusão Os movimentos culturais, apesar de ativos no estado, funcionam de forma independente e desarticulada entre si. Apesar de todos criticarem a falta de apoio do governo, nenhum dos artistas entrevistados espera pelos incentivos deste para produzir, o que vai de encontro à lógica do empreendedorismo da Economia Criativa.

LITERATURA CITADA RESULTADOS Um padrão que se pode constatar entre os artistas que vivem da Economia Criativa na cidade de Natal é que todos os entrevistados são dotados de espírito empreendedor. Apesar das dificuldades de se viver exclusivamente de arte no Brasil, e neste caso específico na cidade de Natal, eles mostram que é possível, mesmo com pouco incentivo público. A falta de políticas públicas municipais de incentivo à cultura local de influência africana é a maior crítica apontada pelos entrevistados, citando também os editais mal elaborados, a burocracia estatal e a própria dificuldade das pessoas se verem como negras, além do preconceito e estigma que as manifestações culturais de matriz afrobrasileira enfrentam. Apesar de reconhecerem a existência de artistas no estado que trabalham com a cultura afro-brasileira, existe o consenso de que têm poucas pessoas que abordam essa questão. O intercâmbio artístico com outros estados, mesmo estados vizinhos, é pequeno, com exceção dos trabalhos desenvolvidos na área do audiovisual e das iniciativas independentes no âmbito da capoeira. Dificilmente a produção cultural local ultrapassa as fronteiras do estado, apesar de ser essa a intenção dos artistas. Pode-se observar também que a internet e as novas tecnologias contribuem de forma significativa na divulgação e difusão da produção cultural na cidade. Neste caso, todos fazem uso das redes sociais como principal meio de divulgação da sua produção cultural e artística. Como fator positivo, foi apontada a elevada quantidade de negros na cidade e, Como fator positivo, foi apontada a elevada quantidade de negros na cidade e, justamente pela ausência de políticas públicas na área, o grande potencial de crescimento deste segmento em Natal. De acordo com as Como fator positivo, foi apontada a elevada quantidade de negros na cidade e, justamente pela ausência de políticas públicas na área, o grande potencial de crescimento deste segmento em Natal. De acordo com as respostas fornecidas pelos artistas nas entrevistas, existem muito mais empecilhos que incentivos ao desenvolvimento da cultura afro-brasileira.

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Imagem cedida por Jorge Negão, do Grupo Folia de Rua Potiguar

Imagem cedida por Reinaldo Sales. Foto: Van Suzuki

BRASIL. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria da Economia Criativa: Políticas, diretrizes e ações 2011 a 2014. Brasília, 2012. CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Ambiente criativo: um estudo de caso na cidade de Natal/RN. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN. 2014a. CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Políticas Públicas e Economia Criativa: subsídios da Música, Teatro e Museus na cidade de Natal/RN. In: LINHARES, Bianca de Freitas et al., (orgs). [Anais do] IV EICS - Encontro Internacional de Ciências Sociais: espaços públicos, identidades e diferenças, de 18 a 21 de novembro de 2014. Pelotas, RS: UFPel. 2014b. SANTOS, Rafael dos; TERRA, Vinicius. Negritude, patrimônio imaterial e cultura urbana no Brasil. Revista Teias, v. 14, n. 34, p. 142, 2013.

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