Cultura da Convergência - Jenkins

July 23, 2017 | Autor: Divino Camargo | Categoria: Cultural Studies, Social and Cultural Anthropology
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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL






DIVINO JOSÉ DE CAMARGO







Resenha
CULTURA DA CONVERGÊNCIA
Jenkins, Henry. São Paulo: Editora Aleph. 2009









Campinas
2015
DIVINO JOSÉ DE CAMARGO






CULTURA DA CONVERGÊNCIA
Jenkins, Henry. São Paulo: Editora Aleph. 2009






Trabalho apresentado ao SPS – Seminário Presbiteriano do Sul, como requisito para obtenção de nota na disciplina de Comunicação Digital do Curso de Pós-Graduação em Plantação e Revitalização de Igrejas – CEPRI, sob a orientação do Prof. Wellington Scacinatti.







Campinas
2015
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Editora Aleph, 2009, 428 p.


Henry Jenkins é professor de Ciências Humanas, fundador e diretor do Programa de Estudos de Mídia Comparada do MIT – Massachusetts Institute of Technology.
Além de Cultura da Convergência Jenkins é autor e/ou editor de outras 10 obras: Youtube: Online video and participatory culture (2009); Fans, Bloggers and Gamers – Midia Consumers in a Digital Age (2006); The Wow Climax: tracing the emotional impact of popular cultures (2006); Democracy and New Media (2004); From Barbie to Mortal Kombat (2000); The Childrens culture reader (1998); Publicações mensais em revistas como: Technology Review e Computer Games. O autor ainda mantém um blog de ensaios em: www.henryjenkins.org.
Em meio à um mundo globalizado no qual o público desempenha um papel que vai muito além de receptor de conhecimento, mas dentro da nova dinâmica marcada pela interatividade, este público torna-se ator tanto na produção quanto transmissão do conhecimento dentro deste escopo de progresso tecnológico pelo qual passa o planeta, conforme Marshall McLuhan.
Este caráter de convergência presente e transformador do mundo midiático propôs e avança no que tange à nova dinâmica na maneira de se produzir conhecimento e informação em qualquer lugar.
Obviamente, como pode-se perceber que a análise das novas mídias e a sua interação com o público é o foco da abordagem de Jenkins não apenas em Cultura da Convergência, mas em toda a sua produ ão bibliográfica. Esta obra em particular visa elucidar para onde caminha o mundo das mídias ao analisar a passividade dos meios tradicionais de comunicação e a interatividade participativa, mais que proposta pelos canais midiáticos, uma exigência do público que se sente ávido por definir como cultura, entretenimento e conhecimento são produzidos.

Na introdução onde o leitor é convidado a "venerar no altar da convergência", a tese central do autor situa-se na sua afirmação introdutória que diz: "A circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas de mídia, sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais – depende fortemente da participação ativa dos consumidores." Enfaticamente como centro desta tese está a sua afirmação de que os interesses de produtores e consumidores não são os mesmos, e que às vezes se sobrepõem.
Nesta multifacetada modalidade transmídia, Jenkins nega a concentração dos mais diversos conteúdos por meio de uma única plataforma ou equipamento ao qual se chamaria caixa preta a que entende por falácia. A abordagem feita, afirma que isto acontece por meio das mais amplas conexões dos conteúdos de mídia amplamente dispersos por meio dos mais variados tipos de aparelhos.
A obra tem como proposta documentar e não criticar este ambiente de mudança e transformação. A esta intercomunicação ele denomina de processo coletivo, conceituado como fonte alternativa que influencia na produção de significados fundamentais dentro da qual atribui alta importância aos celulares neste processo de convergência midiática, ambiente marcado pela tônica que está construindo uma ponte que liga as velhas maneiras de se produzir mídia com as novas formas, cada vez mais complexas. A percepção deste processo circula pela plataforma de suporte à maior diversidade e participação de distintos conteúdos através dos meios de comunicação. Além da documentação nota-se a proposta de avaliar os protocolos de que e como se está produzindo e consumindo informação e cultura.
No primeiro capítulo ao enfocar o reality show Survivor – programa veiculado na TV norte americana e filmado na floresta amazônica. No desenrolar das várias temporadas o processo é avaliado por meio de uma via de mão dupla onde circulam avaliações entre diretores e consumidores do programa e os efeitos da chamada consciência coletivas na alteração da produção da cultura, segundo os interesses da comunidade.
A atuação das comunidades de conhecimento compartilhado conduzidas pelo desejo de desvendar segredos, por meio de spoilers, referentes ao programa antes de serem levados ao ar, agem por meio da inteligência coletiva. Na prática, isto se processa como cômputo da totalidade das informações disponíveis que habilitam as comunidades a anteciparem eventos porvir.
A argumentação acerca deste particular é que a consolidação da consciência coletiva se dá por meio do processo social de aquisição do conhecimento, fato que é, dinâmico e participativo, o qual testa e reafirma os laços sociais dos pertencentes ao grupo. E conclui que, as pessoas só permanecem em determinados grupos enquanto têm suas necessidades emocionais e intelectuais satisfeitas o que torna o processo de convergência alternativa numa resultante altamente reversa.
A desenvolver o conteúdo do segundo capítulo que analisa American Idol à partir da perspectiva de mercado é definido que convergência midiática é a grande novidade que mostrou o poder existente na intersecção entre velhas e novas mídias. Esta nova modalidade conduz as empresas a chamada economia afetiva por meio do estabelecimento das "lovemarks" nesta nova teoria da configuração do marketing, já que o consumidor é a grande peça crucial na decisão de assistir a determinado programa ou comprar certo produto, e, por isto, influenciadores sobre a programação televisiva ou padrões e processos de produção que satisfaçam os seus padrões de consumo. Enfim, o consumidor desta era deseja ser impressionado.
Neste mundo de zapeadores, casuais e fiéis o gosto do consumidor tornou-se o foco na busca por "consumidores inspiradores", pois, a estrutura sobre a qual estas relações, sejam de entretenimento ou consumo, se estabelecem comunidades que exercem pressão sobre os dois lados – vendedor e consumidor.
Nesta avaliação feita à partir de American Idol o valor emocional por meio da união de forças na tentativa de nova configuração, programas e público se examinam por meio dos mecanismos oferecidos.
O terceiro capítulo faz uma avaliação da franquia carregada de elementos de atração pop – Matrix, no novo contexto transmidiático dentro da gama de canais à partir dos quais se propõe a interpretar o filme por meio das mais diversas interações através das quais se expandiu a franquia.
A tese de Jenkins é que este novo tipo de narrativa que viva numa cultura mídia-mix que se estabelece como resposta à dita convergência de mídias, dentro da qual se exige uma intensa e ativa participação do consumidor dentro das comunidades de conhecimento à medida que intuitivamente se apossam da narrativa transmídia.
Para tal, este capítulo tem como proposta definir Matrix à partir das mais diversas plataformas midiáticas para a obtenção do significado da narrativa. O universo Matrix a explorado tem como faceta introdutória o filme, mas, que se estende a TV, romances, quadrinhos e games. A partir desta abordagem da narrativa transmídia Jenkins trata da lógica econômica horizontal no alcance de nichos diferentes do mercado e setores de mídia objetivando juntar as peças da cultura de maneira inovadora em um ambiente de multiculturalismo.
A franquia apresenta a possibilidade de convergências por meio múltiplas mídias como "start" para a busca de sentido e significado, onde o público poderão obtê-los por diferentes midiáticos onde se pode contar uma história.
A conclusão a que se chega ao término do capitulo é que este aprofundamento é opcional ao consumidor. E aqueles que mesmo desejosos de maior conhecimento poderão recorrer ao expertise das comunidades alternativas.
No quarto capítulo Jenkins levanta a questão de como o os fãs de Star Wars como catalisador de uma nova maneira de se fazer cinema foi submetida.
Os fãs estão criando as suas próprias versões que ativamente estão sendo remodeladas com o objetivo de satisfação de gostos particulares e fantasias próprias, onde se adquirem significados diferentes, como produto da cultura da convergência.
Por isto é possível compreender que o novo paradigma estabelece que a interatividade com as novas tecnologias tem por fim responder ao feedback do consumidor. Ao passo que, esta participação se estabelece à partir de protocolos culturas subjacentes à uma nova cultura participativa. Para tanto, os produtores de mídia devem ajustarem-se às exigências dos consumidores se desejarem fidelizá-los, bem como ser mais tolerantes com as fan fiction, na luta pela propriedade intelectual, já que tratar a questão apenas sob o crivo da lei, tornaria as comunidades de fãs avessas às corporações produtoras alterando as relações afetivas com os produtos da marca e seus anunciantes.
A abordagem final do assunto conclui que as produtoras devem abandonar a posição proibicionista e abrirem-se para determinados níveis de concessão caso queiram manter a lealdade dos fãs.
No penúltimo capítulo ao se fazer abordagem do letramento midiático e as guerras de Harry Potter, quando se contempla a revitalização do processo tradicional da construção do mundo da fantasia com a participação diretas dos fãs. Embora haja conflitos entre produtores comerciais na defesa da propriedade intelectual, os artistas alternativos ampliam as narrativas fazendo com que as instituições de produção se inspirem nas comunidades de fãs mesmo sentindo-se ameaçadas por aqueles. Nesta vertente é presente no capítulo a discussão sobre a influência ocultista do conteúdo produzido por Rowling na formação das crianças e adolescentes bem como a avaliação deste conteúdo por cristãos conservadores e liberais, ao passo que há aqueles que dizem que tudo isto não passa de cultura pop, e por isto, não há com que se preocupar.
Em meio a esta guerra há que, de algum modo, segundo alguns críticos, aproveitar a força da intertextualidade em vez de se proibir conteúdos. Isto se faz por meio de uma proposta ao chamado movimento do discernimento.
Nesta era de cultura da convergência no capítulo em discussão Jenkins aborda a questão da política da participação enquanto analise o papel da fan fiction na Era da Web 2.0 com a proposta de "oferecer um local livre, onde eles possam exercer sua paixão, criando, mostrando, lendo, criticando, compartilhando, arquivando, descobrindo novas histórias e participando de eventos divertidos numa comunidade com interesses comuns..." Universo em meio ao qual os fãs, especialmente as crianças, se tornam participantes ativos na construção desta nova paisagem midiática no estabelecimento desta nova maneira de se construir e interpretar relacionamentos que produz um conglomerado formado pelas mais distintas pessoas que se conectam com um propósito comum no estabelecimento das mais ricas formas de alianças.
Apesar do uso da internet a convergência não se estabelece por meio de aparelhos, por mais sofisticados que sejam. Afirma Jenkins que a convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros.
O capítulo 6 demarca um ambiente distinto daquele que até então Jenkins tratara – a cultura popular, para imergir no mundo da cultura política. Neste capítulo enquanto mantém a sua perspectiva analítica sobre a nova relação entre política e cultura popular à partir da campanha presidencial de 2004 nos Estados Unidos.
Significativamente ele demonstra como as reações do público foram alteradas e moldadas pela cultura da participação por meio dos novos canais midiáticos diante dos discursos políticos. De posse destas novas ferramentas entre as quais é evidenciado o photoshop, com a possibilidade da fotomontagem e a divulgação por meio das redes sociais, mudou-se a forma tradicional de se fazer política ampliando para as mais diferentes formas que chegam aos vídeos de paródia e crítica aos candidatos como forma de politizar e mobilizar eleitores.
Por fim, na conclusão o autor argumenta que a convergência vai além dos mecanismos de distribuição de conteúdos. Mas, alternativamente ele a vê como uma alteração de referenciais marcada pera interatividade e multiplicidade de modos de acessos aos conteúdos de informação e entretenimento marcados pelo desejo do consumidor que vai além de apontar um novo tempo marcado por oportunidades.
Além de descrever o que é possível fazer dentro do contexto da cultura da convergência Jenkis estabelece um parâmetro para aquilo que seria uma sociedade ideal em meio a esta cultura midiática alcançadas por meio da cultura coletiva e cultura participativa diversificada na expansão do direito social, entretenimento e política, diante do controle corporativo. A avaliação final é que as pessoas estão aprendendo a participar das tais culturas do conhecimento, embora ele argumente que ainda não estamos prontos para lidar com o contraditório.
Na edição em apreço acresce-se o posfácio onde o autor avalia o papel do youtube como uma ferramenta para se fazer ouvir e um facilitador que proporciona a produção do recorte e da remixagem da cultura popular.
Finalmente registro a minha indicação de leitura da obra para aqueles que desejarem conhecer esta cultura líquida em meia à qual vivemos. Uma cultura que tem feito convergir as velhas e novas mídias e a nova maneira de se compreender o mundo e a sua maneira de relacionar com os novos conceitos emergentes desde a forma de se fazer filmes, reality shows, marketing e política. O público consumidor e a comunidade dos fãs estão aí. Eles querem o seu espaço, desejam ser ouvidos, exigem a satisfação dos seus desejos. Enfim, a era da convergência chegou trazendo mudanças no relacionamento do público com os meios de comunicação. Experimenta um nova forma de lidar por meio deste processo com a cultura popular e as diversas interfaces do entretenimento e outras áreas da vida comum.



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