Cultural Landscapes Management – the Heritage Park concept and the use of Information and Communication Technologies / Gestão das Paisagens Culturais – a figura de Parque Patrimonial e o uso de novas Tecnologias da Informação e da Comunicação

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Cultural Landscapes Management – the Heritage Park concept and the use of Information and Communication Technologies. In Europe, over the past few decades, we can observe an increase in initiatives to rehabilitate so-called cultural landscapes by using new territorial project and management instruments. Focusing on several themes according to characteristics of place (industrial, agrarian, rivers, military landscapes,...) heritages parks has been recognized as an appropriated concept to aggregate resources, services and educational, leisure and tourist routes. This paper addresses heritage park potentialities taking as argument the Mondego River Heritage Park Project (MRHP), which extends for eighty kilometres alongside an important river of the Centre Region of Portugal. The MRHP proposal is methodologically based on scientific studies of successful heritage park experiments worldwide and introduces, as a particular feature, an integrated use of technology for visitors interface: Website, GIS, Virtual Earth platform, Wireless connections, Mobile/Smartphones software and GPS navigation. A communication system is supposed to dynamically guide tourists through calculated routes while providing them useful information. The applying of informational solutions will be discussed in terms of the benefits it does bring to both planners, managers and park visitors. MRHP working hypothesis are: productive identity as central idea to synthesizes changing landscapes image; heritage park as an instrument for regional development; the role of intelligent systems in heritage routes planning and management. Conclusions highlights new possibilities of definition, understanding, appropriation and use – perhaps more attractive, dynamic, flexible and sustainable - of the territory. Keywords: cultural landscapes, heritage parks, GIS, intelligent guide. Nuno Martins

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APD-PPM, Associação de Projecto e Desenvolvimento do Parque Patrimonial do Mondego Escola Superior Artística do Porto Claudia Costa

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Bolseira de Investigação da Universidade de Coimbra - Ambiente, Saúde e Desenvolvimento | Gabinete de Investigação em Geografia da Saúde Vasco Leite Gomes

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Mobile solutions unit - NETVITA, Information Systems

Artigo premiado como Best Paper do: II Congresso Internacional de Turismo Leria e Oeste / II International Tourism Congress Instituto Politecnico de Leiria l Novembro de 2008 1

Gestão das Paisagens Culturais – a figura de Parque Patrimonial e o uso de novas Tecnologias da Informação e da Comunicação Na Europa, nas últimas décadas, vimos assistindo ao incremento de iniciativas de reabilitação das chamadas paisagens culturais através de novos instrumento de projecto e gestão do território. Centrando temas diversos, de acordo com as características do lugar, os parques patrimoniais vêm-se consagrando enquanto figura agregadora de recursos, serviços e roteiros pedagógicos, lúdicos e turísticos. O artigo explora as potencialidades desta figura tomando como argumento o projecto do Parque Patrimonial do Mondego (PPM), o qual se estende por oitenta quilómetros ao longo dum importante rio da região Centro de Portugal. Metodologicamente apoiado em estudos científicos sobre parques patrimoniais, o PPM introduz, como rasgo principal, um uso integrado de novas tecnologias da informação e da comunicação para o interface com os visitantes - página web, SIG, plataforma Virtual Earth, ligações Wireless, software para telemóveis e sistemas de navegação GPS – possibilitando-lhes, serem guiados por um sistema inteligente de comunicação e informação enquanto percorrem rotas predefinidas. A aplicação de soluções de informação é discutida em termos dos benefícios que pode trazer para projectistas, gestores e visitantes do Parque. Como hipóteses de trabalho para o PPM: a identidade produtiva como ideia central para sintetizar a imagem das paisagens em transformação; parque patrimonial como instrumento para desenvolvimento local e o papel dos sistemas inteligentes no projecto e gestão de rotas patrimoniais. As conclusões destacam novas possibilidades de definição, leitura, apropriação e uso – talvez mais atractivas, dinâmicas, flexíveis e sustentáveis do território. Palavras-chave: paisagens culturais, parque patrimonial, SIG, guia inteligente 1. O nascimento de uma ideia O presente estudo tem origem em seminários de formação1 realizados em Coimbra ao longo do ano de 2007 e no qual participaram profissionais no activo de diversas áreas – Arquitectura, Arquitectura Paisagística, Geografia, Engenharia, Ambiente, Planeamento, Biologia, Cultura e Eco-Turismo. O tema central das formações foi o património, elegendo-se uma visão contemporânea e operativa do conceito, o que subentende: − Visão holística e inclusiva do conceito; − Património assumido como alavanca do desenvolvimento local, motor da recuperação socioeconómica de territórios em perda nos quais se põe em manifesto uma identidade própria, assente numa forte expressão patrimonial;

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“Ambiente, Património e Projecto do Território” (Junho), “Requalificação Urbanística e Valorização Ambiental” (Setembro) e “Arquitectura Ecológica” (Dezembro), todos organizados pela Auchter, entidade formadora acreditada, www.auchter.pt. Usada nos Estados Unidos da América para preservar e valorizar territórios históricos, a partir da gestão do

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Tomar como referências operações centradas no tema patrimonial, aprendendo com as experiências bem sucedidas, as chamadas boas práticas, e extraindo delas lições (Shuster, 2004). Ao longo dos cursos procurou-se extrair ensinamentos de investigações conduzidas em meio universitário sobre o tema do património e da reabilitação de paisagens culturais através de figuras como área de património nacional2 (Frenchman, 2004) ou de parque patrimonial3. No âmbito da componente prática da formação assumiu-se o repto de dedicar ao rio Mondego uma atenção especial, procurando entendê-lo e caracterizá-lo a partir do seu património natural e sobretudo a partir do seu património cultural, tangível e intangível. Este último capítulo implicava a interpretação das marcas deixadas na paisagem, sobretudo as marcas do trabalho, e a recolha de tradições orais. Daqui nasce a ideia de ensaiar a aplicação, ao território do Mondego, da figura de parque patrimonial. A abordagem ao tema patrimonial assumiu, portanto, desde o primeiro momento, um compromisso com a operatividade, procurando tornar o projecto do futuro Parque fisicamente exequível e economicamente viável. −

1.1. Enquadramento Num âmbito mais alargado podemos afirmar que a investigação que conduziu ao projecto insere-se no debate sobre as chamadas paisagens culturais. Este debate remonta aos trabalhos de geógrafos franceses e alemães no século XIX, como Otto Shuttler e Vidal de la Blache, e atinge o estádio de maturidade na década de vinte do século passado com os estudos de Carl Sauer. Para este autor (1925), “a Paisagem Cultural é criada por um grupo cultural a partir de uma paisagem natural. A cultura é o agente, a área natural é o meio, a paisagem é o resultado”. Nas últimas décadas, e a propósito do crescimento do número de parques patrimoniais, primeiro nos Estados Unidos e logo depois na Europa, esta definição tem sido retomada de modo recorrente em textos científicos sobre temas como a paisagem, identidades, territórios, etc. Apesar da longevidade quer a definição de Sauer, quer o método para estudar territórios com presença de elementos patrimoniais4 proposto pela escola de Bekerly, de que Sauer foi talvez o mais ilustre representante, mantém plena actualidade no âmbito dos processos de reabilitação de antigas áreas produtivas que mergulharam num profundo declínio socioeconómico. 1.2. O projecto Parque Patrimonial do Mondego (PPM) foi o nome atribuído a uma nova figura que vai servir de guião do projecto do território compreendido no eixo ribeirinho Penacova – Coimbra – Montemor – Figueira da Foz. 2 3 4

Usada nos Estados Unidos da América para preservar e valorizar territórios históricos, a partir da gestão do National Park Service. Designação não oficial usada sobretudo no contexto europeu e que se refere a parques de vário tipos, de acordo com os temas em presença: agrários, bélicos, industriais, fluviais, etc. Trata-se de um método indutivo para analisar e valorizar territórios; o qual passa pelo uso cruzado de diversas fontes para o estudo: mapas antigos, relatos de viagens, recompilação de dados e testemunhos, documentos de propriedade, inquéritos, etc..

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O PPM propõe-se a revalorizar e revitalizar uma paisagem cultural que é parte de duas regiões que compreende as NUTS III Baixo Mondego e Pinhal Interior Norte, as quais ocupam 4679Km2 e têm 478.885 habitantes, correspondendo ao PPM uma área de 281,93Km2 (6%). A exemplo de outros parques designados como fluviais (Casas, 1999; 2004), o trabalho parte da hipótese da persistência do rio como matriz geográfica e cultural, núcleo genético que explica e sintetiza a identidade do território. O projecto do PPM assenta numa visão contemporânea do conceito de património, o que pressupõe, desde logo, assumir o envolvimento das populações e organismos locais e a adopção do conceito de paisagem cultural, aquela que é gerada pelo binómio natureza-cultura, ou seja, “o registo da acção humana sobre o território” (Sauer, 1925). Tomando como referência experiências bem sucedidas de reabilitação de áreas com forte expressão patrimonial na Europa, que os autores visitaram e estudaram5, assim como estudos realizados sobre essas e muitas outras experiências também na Europa e nos Estados Unidos6 o trabalho procurou explorar o uso do património como pauta de projecto e o da figura do parque patrimonial como agregadora de recursos, de serviços e de roteiros pedagógicos e turísticos (Sabaté, 2004). 1.3. Em busca de um fio condutor para uma nova narrativa histórica A observação orientada do território do PPM evidenciou a existência de uma grande diversidade, mas também uma simbiose patrimonial: natureza-cultura. À medida que se desenvolveu o trabalho, foi ganhando consistência a ideia de que a paisagem do rio Mondego, da serra até à foz, encerra episódios representativos de várias épocas da vida das populações, episódios relevantes para o conhecimento e compreensão da realidade local e que por isso são dignos de serem contados. Este conjunto de episódios, aparentemente desligados, mas que resultam estar indelevelmente conectados pela presença do rio, perfazem uma história que o Parque Patrimonial do Mondego pretende agora resgatar, compilar, reinterpretar, construindo, passo a passo, um novo olhar sobre o território. E como vai fazê-lo? Como pretende o parque contar uma história geral ou as várias histórias que se entrecruzam no tempo e no espaço? Precisamente, através dos seus elementos constituintes, dos recursos patrimoniais do parque; das actividades laborais e de ócio que procurará reactivar; dos serviços e comércios que colocará ao dispor dos visitantes; através dos diversos centros de interpretação e museus onde se descrevem e são expostas, de modo preferencialmente interactivo, objectos e referências do passado; e, finalmente, através dos roteiros turísticos, lúdicos e pedagógicos que o projecto do suporte físico do parque estabelece.

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Em 2007, um dos autores visitou o Emsher Park (no vale do Rhur, Alemanha) o Parc Agrári del Baix Llobregat (Barcelona), o Manchester Castlefield Heritage Park (Inglaterra) e a Nieuwe Hollandse Waterlinie (Holanda). Em 1998, numa investigação conjunta de professores da Universidade Politécnica da Catalunha e do Massachussets Institute of Techonology, realizou-se um estudo que incidiu sobre mais de cinquenta parques patrimoniais situados na Europa e nos Estados Unidos. Os coordenadores de ambas equipas foram, respectivamente, Joaquín Sabaté e Mark Shuster. A partir deste estudo tem-se multiplicado as comunicações e artigos publicados pelos dois autores e por alguns membros das equipas. Segundo Joaquím Sabaté (2001), pode falar-se num “conjunto de lições a retirar das experiências mais bem sucedidas de parques patrimoniais”.

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Síntese de caracterização do território

O Rio Mondego nasce na Serra da Estrela, no concelho de Gouveia, a 1525 m de altitude. Neste seu início, o Rio é conhecido como Mondeguinho porque quando nasce é um pequeno fio de água, característico dos designados Rios de Montanha (CCDRC, 2000; Girão, 1941). Percorre a parte centro do país, desde a Serra da Estrela até ao Oceano Atlântico, onde desagua junto da Figueira da Foz. Entre a nascente e a foz as águas do Mondego percorrem cerca de 258 km (CCDRC, 2000). Enquanto jovem, corre num vale estreito e profundo, com grandes quedas de desnível e carácter torrencial muito acentuado: nos primeiros 50 km o rio desce 750 m. Inicialmente, corre em direcção ao interior e só em Lageosa do Mondego inicia a grande curva à volta de Celorico da Beira que o levará para sudoeste na direcção de Coimbra, com uma orientação inversa e quase paralela à anterior (Girão, 1941). Correndo a poente do Fundão até Orvalho, vai moldar a fértil Cova da Beira, onde a indústria da fruticultura tem um grande peso local e nacional (Alberto, 2001). Nos séculos XIX e primeira metade do século XX, o rio é em boa medida responsável pelo aparecimento de uma série de fábricas de têxteis e de lanifícios que o usavam como força motriz ou para lavar a lã dos animais posteriormente transformada em cobertores de papa e outros produtos. A presença de moinhos e pisões nas encostas do Vale do Mondego, junto à Guarda, nas aldeias de Trinta e Maçainhas, testemunham ainda hoje a existência de pequenas comunidades rurais com uma economia ancestral baseada na lã: dos rebanhos às manufacturas e às fábricas. Para que o Mondego se transforme num Rio de planalto e no maior que nasce em Portugal precisa das águas dos seus 502 afluentes, sendo os mais importantes, na margem direita, o Dão e, na esquerda, o Alva, o Ceira e o Arunca (Loureiro et al., 1986; CCDRC, 2000). Após a confluência com o Dão surgem as barragens da Aguieira (1981) e da Raiva (1992), as quais aproveitam uma série de meandros encaixados que o Mondego desenhou. De seguida, depois de ter recebido o Alva (junto a Penacova), o vale do Mondego estrangula-se cada vez mais ao atravessar o contraforte de Entre-Penedos. Neste ramo do rio construíram-se muito moinhos para produção de farinha e instalavam-se azenhas para produção de azeite nos vales encaixados. Embora degradados ou destruídos, muitos destes artefactos são ainda hoje possíveis de identificar ao longo da paisagem. Na zona de Coimbra, logo a seguir à ponte da Portela, o vale do Mondego começa a alargar cada vez mais, sofrendo ainda um ligeiro aperto ao atravessar Coimbra. Aqui, começa a correr mais calmamente, tornando-se um rio mais pachorrento, devido ao assoreamento - consequência da actividade agrícola e florestal extensiva a montante e ao contributo dos seus afluentes mais jovens - o qual soterrou antigas edificações junto ao rio (Girão, 1941). Em Coimbra a principal actividade ligada ao rio foi sempre o comércio, servindo de ponte entre os produtos vindos do interior e os provindos do litoral, nomeadamente entre a carne e o peixe, o azeite e o vinho e o sal (Seco, 1965). O troço terminal, conhecido como Baixo Mondego, possui cerca de 40km, nos quais percorre uma planície aluvial, até desaguar no Atlântico junto à Figueira da Foz. Nesta, o Mondego espraia-se por vastos e férteis campos, onde é cultivado, por exemplo, o arroz, sendo que as suas margens, entre Coimbra e a Figueira da Foz, são os terrenos mais férteis de Portugal e é nestas terras que se produz mais arroz por hectare, em toda a Europa, para além de trigo e milho (Paredes, 2007). Esta planície foi em tempos uma ria que se estendia por 40km até Coimbra; apresentado o Rio nessa época uma largura de 3km (Cunha & Dinis, 1995).

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Os dados disponíveis acerca da navegabilidade permitem inferir uma evolução do Baixo Mondego desde a ocupação fenícia/púnica7. Durante a ocupação Romana, os navios de mar ainda deveriam chegar a Coimbra, mas o progressivo assoreamento foi reduzindo a navegação para montante, exigindo barcos de menor porte: as barcas serranas, meio de transporte privilegiado no contacto entre o interior e o litoral, as quais vinham do Oceano Atlântico até Coimbra e os mais pequenos chegavam a ir mesmo até Penacova8. Estes serviam para que as mulheres de Penacova viessem a Coimbra, buscar roupa suja e depois a trazerem lavada e passada a ferro, e para os Homens levarem lenha para o litoral e trazer peixe para o interior (Borges, 1978). No século XVII o estuário já só se alargava a jusante de Montemor-o-Velho, cerca de 20km a montante da desembocadura actual. O assoreamento, foi progressivamente dificultando a navegação no Mondego, levando ao seu desaparecimento na década de 50 (Cunha & Dinis, 1950). Calcula-se que nos últimos seiscentos anos o leito terá subido cerca de um centímetro por ano, ou seja um metro em cada século. No século XVIII o rio era instável e entrançado, com frequentes fenómenos de avulsão na planície aluvial, entre Coimbra e Montemor (Martins, 1940). Como principais obras visando resolver o problema do forte assoreamento e controlar o caudal intempestivo do rio, destacam-se o plano de encanamento do Mondego a jusante de Coimbra, do final do século XVIII (Cabral, 1791) e o Plano Geral de Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Mondego9, a partir de 1962 (Cunha & Dinis, 1950). O Mondego corre actualmente em canal artificial desde Coimbra até à Figueira da Foz. Por fim, o Mondego desagua no Atlântico junto à Figueira da Foz, servindo de porto e de abrigo para as actividades ligadas à pesca e ao sal. Se do ponto de vista geomorfológico o rio pode ser dividido em 3 áreas distintas – Alto, médio e baixo Mondego10 – (CCDRC, 2000); ao nível das unidades de paisagem podem ser identificadas quatro (Girão, 1941): - Da Nascente até à confluência do primeiro afluente – Mondego de Montanha; - Da foz do Dão até à Barragem da Aguieira – O Mondego a correr em meandros; - Da Barragem da Aguieira até Coimbra – O Mondego selvagem que corre entre escarpas e o Mondego encanado de Coimbra; 7

Junto ao Outeiro de Santa Eulália (Maiorca) parece ter existido um porto fluvio-marítimo no século VII ou VIII a.c., ocupado por uma feitoria Fenícia ou por populações de origem Cretense, que teriam estabelecido relações comerciais com o Mediterrâneo Ocidental (Paiva, 1994). 8 No livro Ó da Barca (Penacova, 2005) o arquitecto Simões Dias descreve a génese, uso e os sistema construtivos deste tipo de embarcações, hoje desaparecidas, mas replicadas pelas câmaras de Coimbra e Penacova para fins turísticos. 9 No rio Mondego as cheias são relativamente rápidas, com tempos entre o início de cheia e o pico do caudal da ordem das poucas horas. Estas estão reportadas desde meados do século XIV, afectando a vida da população que vivia e vive junto ao rio. Desde 1781 até 1807 a situação dos campos do Mondego melhorou muito após a abertura de um novo leito. Mas a situação foi piorando, devido ao assoreamento do rio, chegando ao século XX numa situação insustentável. Foi preparado então um plano para a intervenção hidráulica na década dos anos sessenta, (Ferreira & Cunha, 1970), e implementada desde a década dos anos oitenta. Além das duas grandes barragens foram construídos novos leitos aluvionares, incluindo 7,7km de diques de defesa, uma dragagem de 16 hm3 e revestimentos com um volume de 0,5 hm3. 10 Ao longo do seu percurso, o rio Mondego corre em tipos de vales distintos, podendo ser identificados os seguintes troços: Alto Mondego (troço de rio inserido no maciço da Serra da Estrela, que corre ao longo de vales glaciares); Médio Mondego (troço de rio entre as faldas da Serra da Estrela e Coimbra, onde o rio serpenteia através de vales encaixados - neste troço, afluem os rios Dão, Alva e Ceira); e Baixo Mondego (troço de rio a jusante de Coimbra, que corre em vales abertos, em zona de planícies - neste troço, afluem os rios Arunca e Pranto) (CCDRC, 2000).

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- Do açude até à foz – o Baixo Mondego. O PPM circunscreve-se, de momento, às duas últimas unidades de paisagem. Dentro destes limites geográficos e de montante para jusante, identificaram-se três subunidades com um certo grau de homogeneidade interna (mapa em anexo): a) Mondego Natural: uma zona mais rural, montanhosa, que se estende desde a Serra até Coimbra, englobando actividades ribeirinhas e agro-pecuárias, laranjais e milheirais, pastagens e hortas, moinhos e azenhas, e ainda os sítios onde se concentravam as lavadeiras e onde circulavam as barcas serranas e outras embarcações de menor porte, na sua actividade de transporte comercial - carqueja, lenha, sal, azeite e roupa – entre o Porto da Raiva e Coimbra - Figueira da Foz (Lameiras, 1988). b) Mondego Urbano: Uma zona onde a marca humana se acentua, situada entre as pontes da Portela e Açude em Coimbra, uma área claramente urbana, com forte presença de património construído e monumental e de zonas verdes intervencionadas, algumas delas recentemente (Parque Verde do Mondego). Nela marcam também presença o caminho-de-ferro e os restos dum primeiro tecido industrial da cidade com predominância dos têxteis, dos curtumes e da cerâmica, bem como os vestígios dos primeiros transportes urbanos, o carro americano e o eléctrico, e ainda o mais recente trolley. c) Mondego Regularizado: Uma zona bastante mais extensa, com forte componente agrícola, mas constituindo um imenso corredor ambiental e ecológico que arranca do Açude-Ponte e que só vai ter o seu epílogo na foz do rio, englobando, pelo caminho, a quinta da Escola Agrária, a Mata do Choupal, os campos do Bolão, o novo e o velho leito do rio, o canal de rega, os campos (de arroz e milho) do Mondego, as reservas naturais (pauis) e, já na Figueira da Foz, as salinas. Coexistem aqui também a linha férrea, as pequenas estações e apeadeiros e os antigos caminhos que ligavam as aldeias da margem esquerda ao rio. Destacam-se ainda diversas estruturas fortificadas que compunham a Linha Defensiva do Baixo Mondego, um sistema militar secular que tinha no castelo de Montemor-o-Velho um dos seus principais baluartes. 2.1. Potencialidades turísticas do território e impacto local do projecto Dadas as condições singulares de que este território dispõe ao nível dos recursos, da sua história, das suas tradições e costumes, da sua gastronomia, artesanato e folclore, das paisagens naturais e da biodiversidade, o turismo sustentável baseado nos produtos touring cultural e de natureza constitui uma opção segura, conforme estabelece, de resto, o Plano Estratégico Nacional de Turismo11 (Ministério da Economia e da Inovação, 2006). Com a aposta nesta modalidade de turismo pretende-se causar um impacto positivo nos modos de vida locais, que a chegada de visitantes não irá descaracterizar, antes poderá reforçar, através das novas dinâmicas socioculturais geradas, no que tem de melhor, de mais autêntico. Fiel a esta linha de raciocínio, o PPM perspectiva que o turismo possa tornar-se num motor do crescimento económico, propiciando um novo ímpeto das comunidades ribeirinhas12.

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No seu ponto III.3. Linhas orientadoras para as regiões, pp. 73 a 75 e 80. Entre as debilidades apontadas para esta zona, refiram-se o fraco número de visitantes e o escasso tempo médio de estadia: cerca de dia e meio (Deloitte, 2007).

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2.2. Objectivos do PPM O Parque Patrimonial do Mondego tem como objectivos: - Revalorização e revitalização da paisagem ribeirinha do Mondego num quadro de sustentabilidade ambiental, social e económica, contribuindo assim para atrair investidores e turistas e, sobretudo, para reforçar a auto-estima das populações; - Promover o estudo e o debate sobre as paisagens culturais, focando, em particular, a do rio Mondego, e fazê-lo conjugando a voz popular com a do meio universitário; - Tornar-se numa infra-estrutura de ócio e cultura dinâmica e flexível, apoiada numa visão pró-activa, reflexiva e criativa do património e da história local e adaptável aos interesses dos visitantes. Para atingir este objectivos o PPM retoma o conceito de fábrica identitária13, um território excitante, em permanente efervescência cultural, com uma oferta de serviços caracterizada: (1) pela diversidade – visando diferentes públicos; (2) pela contemporaneidade – resgatando mas reinventando, através do incentivo a práticas reflexivas e criativas, o passado histórico e as tradições; (3) por privilegiar centros de produção e difusão cultural; e (4) pela interacção, em tempo real, com o visitante – a quem será disponibilizado apoio constante, antes e durante a visita. 2.3. Estratégias / Acções Como linhas estratégicas ou acções prioritárias, o Parque Patrimonial do Mondego apresenta: - Utilizar instrumentos próprios para a abordagem de territórios com valor patrimonial, entre o que se destaca, por mérito próprio, a do parque patrimonial, o qual se tem revelado eficaz em diferentes contextos e escalas14; - Atender aos estudos feitos em meio universitário sobre experiências de parque patrimoniais (Lista & Sabaté, 2001; Bustamante & Ponce, 2004; Sabaté, 2004) e, conforme se recomenda nesses estudos, usar como pauta de projecto territorial a sintaxe de leitura fixada por Kevin Lynch (1960)15; - Projectar os roteiros como expressão física de ideias culturais e ambientais, conferindo-lhes um desenho ambivalente, e dotando-os de diferentes meios de locomoção16 em função do que mais se aproxime do momento histórico original; - Recorrer às tecnologias da informação e da comunicação, colocando-as ao serviço da recolha de dados, da georeferenciação, da gestão territorial, da informação turística e do 13

Retoma-se um conceito lançado, mas não implementado, na Holanda, para a região do Brabant (Rooijakkers, 1999). 14 Atente-se, nesse sentido, aos exemplos de Lowell City, New Lanark, IronBridge George, Emsher Park, Parc Agrári del Baix Llobregat, Parco Sud di Milano, Parco del Po, Le Creusot-Montceau, Nieuwe Hollandse Waterlinie, Miramichi Open River Park, Beamish Museum, entre tantos outros (Lista & Sabaté, 2001; Bustamante & Ponce, 2004). 15 Bustamonte e Ponce (2004) no seu estudo sobre parques patrimoniais, recorrendo a ferramentas de leitura territorial, põe em evidência o uso implícito deste método de composição e de organização espacial em mais de quarenta parques espalhados pela Europa e pelos Estados Unidos. 16 Mais uma vez seguem-se as recomendações das lições dos parques patrimoniais enunciadas por Joaquín Sabaté (2004). No caso do PPM aparecem: o cavalo, a bicicleta ou a pé, e recuperam-se tradicionais sistemas de transporte público - o carro americano, o eléctrico, o comboio, o trolley e a barca serrana.

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interface com os visitantes (combina-se um website interactivo com sistemas de informação geográfica e com guias inteligentes de apoio ao visitante); Estabelecer parcerias com instituições de ensino superior tendo em vista a organização de workshops e seminários e estágios que visem o estudo da paisagem cultural e do património material e imaterial do rio17; Produzir um documentário sobre as tradições orais do Mondego18; Iniciar um fórum de discussão junto dos actores locais19; Apostar na formação profissional e a educação patrimonial dos residentes; Granjear o apoio efectivo das forças vivas da região20.

Figura 1. Parque Patrimonial do Mondego: Recursos Patrimoniais, Centros de Interpretação e Roteiros.

2.4. Sintaxe de Leitura (ou método de trabalho) do Parque Patrimonial21 A leitura do território, a que corresponde o método de concepção do projecto compreendeu as seguintes etapas: - Diagnóstico geral, reconhecimento de debilidades - potencialidades, e definição e descrição da área geral e das subáreas; - Inventariação dos recursos patrimoniais – temas e sub-temas, serviços, actividades de recreio, educação e lazer – e dos pontos marcantes. - Definição das portas de entrada e dos elementos de inflexão e de concentração – centros de interpretação e museus – os nós do território projectado; - Definição dos diversos roteiros tendo presente a sua hierarquia e organização temática e geográfica – passeios fluviais de barcas, percursos do património construído, passeio agro-ambiental, percursos pedonais, ciclovias, trajectos ferroviários, reposição do eléctrico e do trolley, etc. - Definição dos limites visuais e físicos, em ambas margens, mas deixando apontados links territoriais para os centros urbanos, aldeias e vilas e para pontos marcantes localizados nas encostas da Serra ou nos campos do Baixo Mondego.

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Em Abril último teve lugar o primeiro evento de um Ciclo de Conferências sobre o Rio Mondego, com a Conferência Internacional Turismo Sustentável e Desenvolvimento Local e o Mondego, organizada em parceria com as Escolas Superiores de Educação, Agrária e Escola Universitária das Artes, todas de Coimbra, e ainda com a colaboração das Escolas Profissionais de Turismo e Hotelaria e Profitecla. Com o Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra em parceria com diversas escolas europeias, avançou-se para uma candidatura internacional a fundos da União Europeia, através dum projecto de divulgação e intercâmbio de boas práticas no âmbito da implementação de sistemas eléctricos de apoio a bicicletas. 18 Numa co-produção ESEC TV/ APD-PPM, Associação de Projecto e Desenvolvimento do Parque Patrimonial do Mondego e com realização de Tiago Pereira, videasta especialista em recolhas etnográficas, está a ser feito um documentário centrado nas tradições orais e nas antigas actividades da beira-rio. Foram já recolhidos mais de cinquenta testemunhos da Guarda à Figueira da Foz. O filme será intitulado Mondego Software Líquido e foi apresentado na Expo Saragoça 2008, no Pavilhão de Portugal. Um trailler pode ser visto no blog do realizador: http://modularvideo.blogspot.com/2008/08/mondego-software-liquido.html 19 Este trabalho foi iniciado por alunos no âmbito dos estágios curriculares dos cursos de Turismo e Lazer e de Animação Socio-educativa da ESEC e de Eco-Turismo da ESAC. Toma-se como referência a Agenda Local XXI. 20 Das associações locais ao comércio; dos serviços de hotelaria, à indústria e ao turismo rural; das escolas de hotelaria, de música, de línguas e às universidades; dos representantes dos ministérios do governo central nas áreas da cultura e do turismo às autarquias. 21 Adaptando o método proposto por Kevin Lynch (1960).

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2.5. Breve descrição de dois dos principais roteiros 2.5.1. Ciclovia das Descobertas – do Porto da Raiva à Figueira da Foz A Ciclovia, enquanto suporte físico de uma ideia cultural, assenta, tanto quanto possível, em infra-estruturas já existentes; reutiliza estradas, caminhos, carreiros e trilhos antigos, bem como antigos apeadeiros e armazéns que irão constituir pontos de apoio, distribuídos segundo um ritmo próprio, ao longo dos percursos. Como objectivos, (1) proporcionar actividades de lazer, desporto e cultura a realizar em família, em grupo ou individualmente, oferecendo percursos personalizáveis e para todos os ritmos, bem como (2) desenvolver um meio de transporte alternativo, capaz de assumir o papel de motor na dinamização da vasta rede de pontos de interesse existentes no PPM, e que contribua para a afirmação identitária das comunidades locais. Como estratégia de desenho territorial (1) dotou-se a ciclovia de uma estrutura em anéis, permitindo ao velocipedista traçar o percurso de acordo com o seu ritmo. Esta característica muito particular, que transmite a ideia de enlaçar o património, de atar as culturas locais, procura motivar visitantes externos mas dirige-se, sobretudo, às populações locais, apelando à utilização da Ciclovia como outra forma de viver a sua região e o seu rio. Como acção principal para esta rota previu-se um sistema de informação-sinalização e um conjunto de comodidades básicas para os visitantes (WC, áreas de merenda, miradouros, etc.). 2.5.2. Roteiro das Barcas Entre a Figueira da Foz e o Porto da Raiva, e até há poucas décadas, o rio era totalmente navegável, constituindo-se, pelo menos até à chegada do caminho-de-ferro, no início do século XX, como a principal infra-estrutura de transporte e como o grande meio de subsistência das populações locais. Como objectivos, (1) revitalizar as localidades ribeirinhas do Mondego, contando a história do “rio trabalhador” - a qual coincide, em boa medida, com a história da Barca Serrana, do comércio fluvial, e de outras embarcações usadas para a pesca e para as deslocações - (2) e permitir a descoberta do património genuinamente ligado ao rio, nomeadamente as infra-estruturas hidráulicas e viárias – pontes, diques, açudes, cais, represas, noras, moinhos de água – bem como um conhecimento alargado sobre as embarcações como a barca serrana e a barca do lavrador – génese, uso e processos de fabrico. A estratégia a adoptar passa pela (1) utilização de réplicas da barca serrana e do batel saleiro para passeios pedagógicos e turísticos - podendo ser utilizados, em troços que o justifiquem; motores ecológicos de reduzido porte22; (2) pela recriação anual de viagem da barca e do batel saleiro, tendo como intervenientes personagens populares – barqueiros, lavadeiras, aguadeiras, etc. -; (3) pela promoção da participação das populações, desde o processo de recolha de informação sobre a história valores e tradições até à implementação do projecto; (4) e ainda pelo melhoramento dos espaços públicos e criação de acessos e pontos de vivência à beira rio: ancoradouros, cais de embarque, parques de merendas, praias fluviais, etc. 3. O uso de Sistemas de Informação Geográfica num Parque Patrimonial

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Em parceria com o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Departamento de Electro-Mecânica estão a ser desenvolvidos motores para as embarcações e que utilizam energias renováveis.

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As metodologias de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) constituem um poderoso conjunto de ferramentas de recolha, armazenamento, actualização, gestão, análise e exibição de dados espaciais. A incorporação desta tecnologia pode contribuir para melhorar os serviços oferecidos no mercado turístico, pois assenta na capacidade de fazer chegar informação a diferentes agentes, incluindo a comunidade. De facto, grande parte da informação turística é inerentemente espacial, indicando onde se encontram os recursos turísticos, quão extensivos eles são e a intensidade com que são utilizados23. Tal sugere que os SIG podem constituir uma ferramenta útil e eficaz no planeamento da actividade turística (Sousa & Fernandes, 2007). Segundo Longley et al. (2005), o SIG é uma ferramenta para executar operações sobre dados geográficos que são demasiado monótonas, dispendiosas ou imprecisas, se executadas manualmente. Além disso, este é um instrumento que optimiza o armazenamento, análise e manipulação de dados tão necessários quer para a gestão como promoção de pontos turísticos já existentes ou por descobrir24; para além de promover a rapidez e precisão na tomada de decisão (Nodari, 2006). Nesse sentido, os SIG e a sua integração com a tecnologia multimédia representam um potencial crescente na inventariação de áreas de elevado interesse e na análise integrada de impactos; para além de que o negócio turístico é fortemente influenciado pela difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), uma vez que é uma actividade intensiva em informação (Poon, 1993; Millar et al., 1994; Lau & McKercher, 2007). Sendo uma tecnologia que apoia tanto a ciência como a resolução de problemas, os SIG servem-se tanto de conhecimentos gerais como específicos acerca da realidade geográfica (Longley et al., 2005), trabalhando com disciplinas como a cartografia, geografia, arquitectura, história e o turismo. Adicionalmente, a resolução de alguns “problemas do turismo”, relativos a insuficiências do sector, como sejam a falta de conhecimento, de capacidade, de compreensão e de consensos, pode efectivamente passar pelo recurso a SIG’s (Bahaire & Elliott-White, 1999). À partida, o SIG destina-se a dois públicos-alvo: o planeador-projectista e o gestor de actividades existentes - tendo como objectivo o desenvolvimento de roteiros ou de acções de geomarketing e os visitantes - que devem percorrer o ambiente de modo auto-guiado (Santana & Moura, 2005). Esta necessidade de apoiar cada vez mais o turista, recorrendo a tecnologias de informação e comunicação, deve-se ao facto de os serviços turísticos, dado o seu carácter intangível, não poderem ser disponibilizados nem experimentados antes da sua aquisição, pelo que a sua avaliação fica dependente da informação existente nas formas impressa e audiovisual. Assim, um produto turístico de sucesso dependerá de um marketing extensivo e direccionado, que conduza à criação de novos canais de distribuição e as exibições virtuais e fotografias digitais, assentes na 23

Segundo Longley et al. (2005), os sistemas de informação geográfica (SIG) são uma classe especial de sistemas de informação que mantêm registo não só de acontecimentos, actividades e coisas, mas também de onde esses acontecimentos, actividades e coisas acontecem ou existem. 24 Como exemplos bem sucedidos podemos referir, a nível académico, Gunn (1994) que usou metodologias SIG para identificar as áreas de maior potencial turístico baseadas nos seus recursos naturais e culturais e Boyd e Butler (1996) que usaram estes sistemas para inventariação, cartografia e identificação de áreas de influência humana; e a nível de projectos já implementados o Tourism and Recreation Information Package (TRIP), uma das primeiras ferramentas SIG a ser desenvolvidas no Reino Unido para apoiar o planeamento e a formulação das políticas turísticas na Escócia e os sites das cidades de Chania (Grécia) e Veneza (Itália) pois dispõem de um sistema SIG que facilita a captação de informação por parte do viajante que pretende organizar a sua viagem numa determinada área.

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natureza multimédia e interactiva da Web, os quais dão uma nova dimensão ao marketing de destinos turísticos (Buhalis, 2003; Schmidt et al., 2007). Uma das aplicações mais populares dos SIG na promoção turística é a produção de informação baseada em mapas turísticos para divulgação na internet e em quiosques multimédia. No entanto, nesta área, a aplicação de metodologias SIG pode ocorrer em sistemas mais complexos que envolvem, por exemplo, a modelação de fenómenos e simulação de cenários. Tal deve-se ao seu contributo para a tomada de decisão, acrescentando valor à informação, em resultado da sua capacidade para “identificar padrões ou relações baseadas em critérios particulares graças à sua exposição gráfica, manipulação de dados, análise espacial e funções de modelação” (Farsari, 2003). Apesar da panóplia de aplicações de SIG em turismo, é frequente a opinião de que o potencial dos SIG para a gestão e planeamento do turismo não se encontra ainda devidamente explorado (Bahaire & Elliott-White, 1999; Giles, 2003; Farsari, 2003; Nodari, 2006). Aliás, segundo Farsari (2003), a maioria das aplicações existentes dizem respeito essencialmente a recreio e lazer e não propriamente ao turismo; como se comprova pelo reduzido número de aplicações em destinos de turismo de massas, os quais carecem de praticas conformes aos princípios de um turismo sustentável. Alerta-se, por isso, neste ponto, para o papel que os SIG podem ter nesse processo de mudança. 3.1. A análise do uso de metodologias SIG's e outra ferramentas tecnológicas em 19 parques patrimoniais. Os SIG têm vindo a revelar-se uma eficaz ferramenta de apoio ao projecto de parques patrimoniais e, supletivamente, para suporte à decisão no âmbito do planeamento do turismo, no quadro de um processo de ordenamento do território (Holm-Pedersen, 1994; Giles, 2003; Bahaire & Elliott-White, 1999; Farsari, 2003; Chen, 2007; Sousa & Fernandes, 2007). Contudo, na literatura consultada sobre aplicações de SIG em Parques Patrimoniais constata-se que quer o uso dos SIGs quer o estudo sobre os benefícios que podem trazer ao nível do projecto e da gestão para os parques patrimoniais são manifestamente insuficientes. Para uma melhor aferição do grau e tipo de utilização dos SIGs, procedeu-se à observação empírica de um conjunto de 19 parques seleccionados a partir de referências bibliográficas, e adoptando-se como critério adicional de selecção a existência de um site e de produção científica sobre os mesmos, acessível através da Internet. Desde logo verificou-se que a maioria dos parques analisados possui apenas mapas estilizados (figura 2) não tendo utilizando metodologias SIG, quer na fase de projecto, quer na fase de gestão (quadro 1). Por outro, é de se notar também que a inclusão de aplicações do Google Maps nos sites de alguns parques foi realizada há relativamente pouco tempo.

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Figura 2. Exemplos de aplicação de metodologias SIG em Parques Patrimoniais (da esquerda para a direita e de cima para baixo: (1) Parco Agricolo Sud Milano; (2) Parq Agrari del Baix Llobregat; (3) Arnold Arboretum of Harvard University; e (4) Beamish Museum. Fontes: sites dos quatro parques patrimoniais.

No geral verifica-se que os parques patrimoniais analisados que aplicaram metodologias SIG o fizeram desde o início do projecto. Anota-se também que os parques que ainda não apresentam SIG deverão fazê-lo em breve, de acordo com a informação recolhida em workshops científicos que organizam. Conforme a amostra, o apoio ao visitante termina na disponibilização de informação no site e/ou em centros de visitantes, não se identificando, por agora, nenhum tipo de recurso a tecnologias de comunicação moveis. Quadro 1. Análise do uso de Metodologias SIG no conhecimento do território, planeamento, gestão ou divulgação de Parques Patrimoniais. Parque Aplicação de metodologias SIG Possui um Sistema de Informação Territorial; o qual foi utilizado para Parco Agricolo conhecimento da realidade e posterior planificação e gestão do parque (Zanichelli et al., 2006). Além disso possui um websig para conhecimento do território, que Sud Milano permite visualizar a área de intervenção, visitar os sites das várias comunidades que Tipo: Agrário compõem este território e aceder a informação relativa a pontos de interesse. País: Itália Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Websig no site. Parq Agrari Possui uma aplicação SIG de uso supra-municipal nos concelhos que abarcam o del Baix limite do parque - SITxell (Territorial Information System of the open área Llobregat network) e utiliza o Google Maps para visualização de roteiros. Tipo: Agrário

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Parque País: Espanha

New Lanark World Heritage Tipo: Agrário País: Escócia Ecomusée de Creusot Montceau Tipo: Comboio País: França Ecopark Hartberg Tipo: Industrial País: Áustria Envipark Tipo: Industrial País: Itália

IronBridge Gorge Museum Tipo: Industrial País: Inglaterra Internationale Bauaustellung Emscher Park Tipo: Industrial País: Alemanha Lowell National Historical Park Tipo: Industrial País: EUA Landschaftspark Tipo: Industrial País: Alemanha Arnold Arboretum of Harvard University Tipo: Ambiental País: EUA

Aplicação de metodologias SIG Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Google Maps. Uso de metodologias SIG desde a proposta de implementação deste parque; tendo sido desenvolvido um projecto de Estudo da Estratégia Ambiental Aplicada, que permitiu definir o território a proteger (ENTR, 2006). Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: download no site de folhetos e mapas. Possui um websig com informação relativa aos pontos marcantes do parque, imagens de satélite e a rede viária. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Websig no site. Não usa, tendo apenas um mapa estilizado do parque. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta. Não utiliza. Contudo, a utilização das mesmas foi já referenciada como essencial para agregação de conhecimentos; sendo uma das competências futuras que pretendem adquirir (Filippi & Caltabiano, 2004). Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Google Maps para visualização da localização do parque. Utiliza metodologias SIG na visualização e interpretação gráfica do projecto do parque; para além de promover investigação no domínio das paisagens arqueológicas com recurso a tecnologias SIG (Blockley, 1999). Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Possui bastante informação para planeamento de visitas a partir do site mas não apresenta qualquer ferramenta de apoio ao visitante que recorra a novas tecnologias de comunicação. Apenas foi criado um mapa para recolha de informação patrimonial e cultural, pretendendo envolver a população local. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta. Não utiliza metodologias SIG nem possui mapas. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Alguma informação para planeamento de visitas a partir do site mas não apresenta qualquer ferramenta de apoio ao visitante que recorra a novas tecnologias de comunicação. Não utiliza metodologias SIG; possuindo apenas uma aplicação flash num mapa estilizado. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta Desenvolveram uma base de dados com informações dos levantamentos de campo e no site encontra-se um mapa interactivo que permite aceder às fichas informativas dos vários elementos evidenciados no parque e percorrer roteiros. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: mapa interactivo no site.

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Parque Parc Patrimonial de Wilno Tipo: Fluvial País: Canadá Parc Fluvial del Llobregat Tipo: Fluvial e Textil País: Itália Parco Fluviale del Po Tipo: Fluvial País: Itália

Aplicação de metodologias SIG Não usa, tendo apenas um mapa estilizado do parque. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta. Não utiliza metodologias SIG e possui mapa da região, demasiado pequeno para se absorver a sua informação. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: descrição dos roteiros no site. Possui um sistema de Gestão Territorial mas no site apenas se encontram um mapa geral do parque e das 3 sub-áreas que o compõem. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta.

Miramichi Open River Não utiliza metodologias SIG; possuindo apenas um mapa desenhado do parque com ligações a fichas informativas. Eco-museum Tipo: Fluvial País: Canadá Beamish Museum Tipo: Cultural País: Inglaterra Ajripoll Tipo: Cultural País: Espanha

Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta. Possui uma aplicação flash baseada num mapa estilizado a partir do qual é possível aceder às páginas relativas a cada um dos elementos presentes no Parque. Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Possui alguma informação para planeamento de visitas a partir do site mas não apresenta qualquer ferramenta de apoio ao visitante que recorra a novas tecnologias de comunicação. Possui uma aplicação websig baseada no site; a partir da qual o visitante pode conhecer os vários elementos designados como importantes de preservar neste espaço e informações sobre equipamentos de apoio ao visitante ao longo do seu território.

Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Websig no site. Camino del Não utiliza metodologias SIG; possuindo apenas um mapa do parque. Gaúcho Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Alguma informação para Tipo: Cultural planeamento de visitas a partir do site mas não apresenta qualquer ferramenta de País: Argentina apoio ao visitante que recorra a novas tecnologias de comunicação. Hollandse Possui um mapa estilizado; o qual encontra-se na janela de entrada do site deste Waterlinie parque. Tipo: Defesa Ferramentas Tecnológicas de Apoio ao Visitante: Não apresenta. País: Holanda

3.2. SIG-PPM - uma metodologia de apoio ao projecto e à gestão Com o objectivo de incrementar as relações entre os agentes socioeconómicos envolvidos no sector turístico e seus clientes ou visitantes, o SIG deve permitir a integração de vários serviços de informação acessíveis através de diferentes plataformas tecnológicas; a ideia é que os agentes possam estabelecer relações formais e informais entre si utilizando as tecnologias de comunicação ao seu alcance (Sousa & Fernandes, 2007). 15

O SIG-PPM (Sistema de Informação Geográfica do Parque Patrimonial do Mondego) classifica-se nos designados SIG’s de planeamento turístico ao nível da protecção do ambiente, marketing turístico, fornecimento de informação na internet sobre destinos turísticos, simulação e modelação espaciais ou análise de impacto visual, e ainda, envolvimento e participação da comunidade e suporte à decisão (Farsari, 2003). O SIG-PPM tem sido uma ferramenta utilizada nas diversas etapas do projecto do parque patrimonial, incorporando a definição e análise de elementos espaciais. O SIG-PPM surgiu como resposta à necessidade de cartografar, georeferenciar a situação existente, e a partir da sua análise, planear, projectar, gerir e promover o território. As principais características do SIG-PPM são: - Navegação interactiva através de mapas e temas georeferenciados; - Facilitar a apresentação de informações turísticas, para além do conhecimento da própria região; - Possibilitar a inclusão, alteração e exclusão de dados e temas; - Apresentar informações sobre os principais eventos sediados na região. A sua construção foi realizada com recurso ao software ArcGIS 9.2 da ESRI, baseando-se em suportes cartográficos e fotográficos para definição dos elementos constitutivos do parque: recursos patrimoniais, centros de interpretação, portas de entrada, roteiros e limites. Com este SIG pode-se realizar consultas a estes elementos do projecto e obter informações relevantes, nomeadamente a localização. A referenciação geográfica dos locais é integrada com informação adicional específica, de forma a permitir uma maior percepção dos recursos existentes (Haines-Young et al., 1994). De facto, para se consolidar um projecto SIG junto do público-alvo, designadamente turistas e visitantes, o sistema deve ser enriquecido com conteúdos multimédia e de carácter geográfico, histórico, cultural, etnográfico com o objectivo de conquistar a sua utilização (Sousa & Fernandes, 2007). Ao nível da informação alfanumérica, a principal fonte foi a Internet, principalmente ao nível de pesquisa aos sites camarários; procurando assim agregar num só de carácter inter-municipal, os projectos que cada um dos municípios já implementou ou pretende vir a implementar. Se inicialmente se pretendia usar o SIG apenas como ferramenta útil à definição dos limites físicos, cedo se verificou o potencial desta metodologia em prol da comunicação e imagem do PPM. Para tal, alimentou-se o SIG-PPM com recurso a fichas dos recursos patrimoniais; os quais estão disponíveis através do uso de hyperlinks a ficheiros externos. Posteriormente, foram seguidas duas abordagens distintas no modo de interacção com o utilizador: proporcionar o conhecimento do projecto através do ArcReader (SIG-PPMArcReader) ou por intermédio de “my places” de leitura no Google Earth (PPM_GoogleEarth). O ArcReader é um visualizador gratuito que permite distribuir o projecto através de CD a vários utilizadores; o qual apenas tem acesso a funções de visualização e pesquisa dos elementos geográficos e alfanuméricos (figura 3) (Osório & Salgado, 2007). Por outro lado, o Google Earth, é a ferramenta mais poderosa para conhecimento do território, ao aliar a gratuitidade e disponibilidade da internet com a modelação de imagens de satélite obtidas em diversas fontes e a disseminação de ficheiros específicos de determinado local por parte dos utilizadores através de sites e comunidades (figura 4) (Gonçalves et al., 2007).

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Figura 3. Projecto de visualização do SIG-PPM de leitura no ArcReader.

Figura 4. Parque Patrimonial do Mondego no Google Earth.

Enquanto que a primeira abordagem permite aceder de forma apenas visual aos dados do projecto e às fichas de cada um dos recursos patrimoniais sinalizados no mapa; a segunda permite visualizar os mesmos sobre fotografias de satélite recentes e como tal mais correctas ao nível das alterações ao uso do solo (figura 5). Por outro lado, o projecto acessível no ArcReader é bastante pesado25; enquanto que os ficheiros do Google Earth26 não permitem aceder às fichas de interpretação dos elementos constituintes do PPM27. 25

O CD-ROM que servirá de canal de divulgação, foi desenvolvido tendo por base mapas produzidos em formato .pmf (Portable Map File), elaborados com o Sofware ArcGIS 9.2, nomeadamente através da sua extensão Publisher. 26 Os ficheiros PPM_GoogleEarth, distribuídos a partir do site ou através de email, foram criados com recurso a um script desenvolvido pelo Departamento de Planeamento da cidade de Portland: Export Shp to Kml, versão 2.4.5 (http://arcscripts.esri.com/details.asp?dbid=14273). 27 Com o uso do Google Earth Pro será possível ultrapassar esta questão. Contudo neste momento esta solução ainda não foi implementada no PPM.

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Figura 5. A leitura do Museu do Mondego segundo as duas abordagens: ArcReader (imagem da esquerda) e Google Earth (imagem da direita).

A escolha por duas abordagens distintas prende-se com a complementaridade possível e com o objectivo de chegar até mais utilizadores: os que tiverem conhecimentos de manuseamento de aplicações SIG podem usar o ArcReader, os demais podem usar o GoogleEarth. O SIG-PPM foi assim construído, num primeira etapa, para apoio ao projecto e numa segunda etapa equacionou-se o papel dos SIGs na estratégia de explorar as tecnologias móveis como instrumento de divulgação e promoção dos produtos e serviços turísticos da região. Nesta nova abordagem, o SIG-PPM apoiará os sistemas de apoio ao visitante; servindo de compilador de toda a informação a fornecer. Assim, o SIG disponibilizará ao sítio web do Parque Patrimonial do Mondego e aos dispositivos móveis, informação geográfica de atracções, rotas e locais a visitar28. O sítio Web, como interface, irá proporcionar aos turistas informação geográfica e ferramentas para apoio à tomada de decisão e planeamento de uma visita ao PPM. 4. O Website e o Guia Inteligente de Apoio ao Visitante (GIAV) O principal objectivo da ferramenta Guia Inteligente de Apoio ao Visitante é fornecer ao turista uma aplicação que lhe irá resolver os principais problemas quando está em visita a uma região desconhecida: o que fazer, como, quando, onde fazê-lo e quanto tempo demora (Brown et al., 2003). Para além de lhe resolver estes problemas, a aplicação irá também dar ao turista uma nova e excitante experiência usando a mais recente tecnologia usada em aplicações móveis. O Turismo é uma das indústrias com maior taxa de crescimento em todo o mundo, já sendo, inclusive, umas das maiores indústrias do mundo (Tétard et al, 2003). Se o Turismo for bem planeado e organizado, poderá mesmo desenvolver e impulsionar uma região e suportar em grande parte a economia de uma determinada região. Devido a este facto, é importante desenhar e desenvolver diferentes maneiras de atrair a atenção dos turistas para determinado tipo de regiões. Na última década, as tecnologias móveis e a computação ubíqua tem sofrido um aumento significativo de utilizadores (Malek et al., 2006), e se aliarmos o facto de cada vez mais pessoas utilizarem dispositivos móveis em substituição das tradicionais informações turísticas disponíveis 28

A produção crescente de informação geográfica digital, aliada a uma crescente procura deste tipo de informação, leva à necessidade de uma mais rápida e eficaz disponibilização da mesma. A Internet reúne todos os predicados para que tal seja possível: a comprovada rapidez e facilidade, aliada à sua ampla divulgação.

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(Tjostheim et al., 2008), temos que o investimento nesta área deverá crescer nos próximos tempos. Na pesquisa efectuada, descobriu-se que já existem alguns projectos importantes realizados nesta área, nomeadamente os projectos m-to Guide, Gullivers Genie ou o Lol@. Porém, a maioria destes projectos, são apenas protótipos, havendo ainda poucas aplicações comerciais disponíveis. Tendo em consideração os mesmos, desenvolveu-se então uma ideia para uma aplicação que irá colocar a computação móvel no nível seguinte da experiência dada ao utilizador, sendo esta aplicação capaz de corresponder a todas as expectativas dos turistas dando-lhes uma experiência dinâmica e fornecendo-lhes uma interactividade única neste tipo de aplicações. A arquitectura da aplicação está assente no modelo cliente/servidor, estando dividida em duas aplicações distintas: uma página web e uma aplicação móvel. Na página web, os utilizadores deverão registar-se para posteriormente efectuarem o seu login. Depois de se logarem, e para usufruírem da aplicação, os utilizadores deverão responder a algumas questões relacionadas com a viagem que desejam fazer, questões estas que estão relacionadas com as suas preferências de viagem, por exemplo, “quantos dias irá estar na região”, “o que gosta de fazer”, “qual o tipo de região que gosta mais”, etc. Depois disto, a aplicação irá basear-se nesta informação para atribuir ao utilizador a rota mais indicada para o visitante, numa determinada região. Depois disto, o utilizador deverá efectuar o download da rota para a sua aplicação móvel, do estilo PDA. Nesta aplicação web ele poderá ainda gerir as suas opiniões, fotografias e outros dados pessoais. Quando o utilizador estiver a utilizar a aplicação móvel, ele poderá navegar através de uma rota, visitando pontos de interesse que irão estar georeferenciados no mapa, estando assim seguro que nunca se irá perder. O utilizador poderá ver o mapa de várias maneiras diferentes: no modo normal, em que estão visíveis as estradas da região, no modo 3D e no modo satélite, onde poderá ver imagens de satélite da região onde está. Para além disso, ele poderá tirar partido de todas as funcionalidades disponíveis num dispositivo móvel, como tirar fotografias de pontos de interesse, dar a sua opinião acerca de determinado lugar, sendo que poderá posteriormente efectuar o upload desta informação para o servidor, dando assim o seu feedback de determinado ponto de interesse, partilhando-o com todos os outros utilizadores registados. Tirando partido destas funcionalidades cria-se assim uma rede social, que é um dos aspectos principais e mais relevantes desta aplicação. Sabe-se que os turistas gostam de partilhar as fotos e as histórias dos locais que já visitaram, e este tipo de funcionalidades permite-lhes relembrar as experiências vividas em determinada viagem (Brown et al., 2003). Outras das principais funcionalidades da aplicação é a informação em tempo real que o utilizador poderá receber, a qual irá estar relacionada com a sua rota, ou com determinados pontos de interesse presentes na sua rota, como por exemplo hotéis, restaurantes, e locais culturais e/ou históricos. Os pontos de interesse são geridos pelas respectivas organizações que poderão associar-se ao projecto, tendo assim a possibilidade de serem recomendadas aos utilizadores da nossa aplicação. Poderá assim ser possível, através deste tipo de acordos, fornecer ao turista uma série de descontos ou de ofertas especiais. Toda a informação relativa a este tipo de equipamentos (morada, localização, horário, etc.) deverá ser suportada pela própria associação, usando para isso a ferramenta de backoffice disponibilizada, onde deverá efectuar um login para poder editar as informações referidas. Ao utilizarem esta ferramenta, os equipamentos estão a dar ao utilizadores a possibilidade de receber informação relativa a mudanças de horário, promoções, entre outras, e ao mesmo tempo é uma forma de se publicitarem.

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Além disso, o utilizador também terá acesso a outro tipo de informações tais como previsões metereológicas, informação de trânsito e informação acerca dos hospitais e farmácias da área onde se encontra. As tecnologias que esta aplicação irá utilizar são: 1) navegação através de GPS (Global Positioning System), para que o utilizador saiba sempre a sua localização; 2) WIFI/GPRS/UMTS para conexão wireless com o servidor; 3) Web Services e XML, para comunicar com o servidor (através da comunicação wireless). Em conclusão, esta aplicação poderá ter um forte impacto ao nível da experiência do turista, sobretudo o turista independente, emprestando a esta uma nova e subjectiva dimensão (Ryan, 1998). Estando ligado ao sistema o turista passa a estar inserido numa rede virtual de lugares, conhecendo e antecipando, o que está ou virá a acontecer nas próximas horas num raio, digamos, de 50 Km, abrindo-lhe possibilidades novas a cada momento, sempre em função das suas necessidades turísticas e dos seus acompanhantes, no quadro de um turismo sustentável e socialmente mais justo (Krippendorf, 2000). O website/portal tem como função disponibilizar aos visitantes informação sobre um conjunto de roteiros e pontos de interesse já predefinidos. Num futuro próximo, pretende-se que através deste se possa fazer download desta informação para um dispositivo móvel (PDA) juntamente com o software que permitirá o seu manuseamento. O objectivo é que o visitante/turista possa ser guiado através da região, acedendo aos conteúdos temáticos da zona em que se encontra. Este novo conceito, de fusão entre turismo e tecnologia, permitirá potenciar o número de visitantes, contribuindo, de modo particular, para atrair visitantes mais jovens. Fazendo-se acompanhar de um PDA (ou equipamento semelhante), o turista poderá ser guiado pela região, seguindo a rota ou itinerário que escolheu e da qual fez download a partir do website. Ou poderá “perder-se” pela região sabendo que será sempre aconselhado sobre os pontos de interesse (POI’s) existentes nas proximidades. Essa informação pode então ser obtida pelo visitante ao deslocar-se a um dos postos de acolhimento de visitantes acordados com a PPM (localizados em cafés, postos de turismo ou de atendimento junto a monumentos, etc.) onde poderá ligar-se on-line a um servidor central de informação. Desta forma, o sistema ficará na posse da sua localização (fica também com a confirmação que esteve presente no local) e poderá disponibilizar-lhe conteúdos direccionados para a zona onde se encontra. A ideia chave é ter disponível um conjunto vasto de informação e constantemente actualizada e também conseguir que esta seja filtrada e sugerida aos turistas de uma forma “inteligente”, segundo as suas preferências, localização e períodos de estadia. Indo mais longe, poderemos pensar na integração da informação proveniente do SIG-PPM com os cada vez mais correntes sistemas de navegação por GPS, o que permitiria ao visitante ser literalmente conduzido até aos POI previamente carregados nesse sistema (novamente, disponibilizados no website para download). A interacção com os softwares de navegação por GPS pode também ser enriquecida com outras funcionalidades, como a disponibilização de informação extra (fotografia do local, história, contactos, etc.), ou a possibilidade de ir comunicando o trajecto efectuado para o servidor central de forma a obter, no final, o roteiro efectivamente realizado pelo turista-visitante.

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Figura 6. Componentes do sistema e tecnologias de suporte Fonte: Elaboração própria.

Por último, o próprio website poderá cativar ainda mais visitantes se disponibilizar uma área reservada onde possam guardar e consultar os roteiros já efectuados e os POI’s já visitados. A integração da informação geográfica traduzida em POI’s que possam ser exportados para sistemas GPS permitirá assim trazer uma nova dimensão às visitas ao PPM, criando uma experiência dinâmica, adaptada a cada momento à localização e preferências circunstanciais e mesmo evolutivas dos turistas. De facto, um turista, ao visitar uma dada região, deseja descobrir os recantos e paisagens, saborear a gastronomia local, praticar alguma actividade lúdica ou conhecer os usos e costumes, isto é, um pouco da história e cultura do povo residente. Se o turista tiver um acesso fácil a esta diversidade de informação a partir da Internet, de quiosques especializados, ou até de um sistema instalado no automóvel que aluga ou no seu próprio telemóvel, o leque de possibilidades é um convite a interagir mais de perto com a realidade da região que escolheu para o seu lazer (Sousa & Fernandes, 2007). A integração com os sistemas GPS permitirá também, em sentido inverso, proporcionar informação sobre a localização efectiva dos turistas para que, através do SIG-PPM e do GIAV, se possam indicar pontos de interesse adicionais, informar sobre actividades de animação e cultura, sugerir locais de restauração e vida nocturna nas proximidades. Esta função, juntamente com a definição de novos conceitos, contribui para o desenvolvimento de bases de dados inteligentes que vão “conhecendo” comportamentos e perfis de preferência dos utilizadores; para além de que permite “se aperceber” o modo como as orientações do sistema podem encorajar determinados comportamentos e escolhas (Sousa & Fernandes, 2007). Estas funcionalidades vão ao encontro das orientações definidas no Plano Estratégico Nacional de Turismo como potenciais serviços a disponibilizar aos turistas (Ministério da Economia e da Inovação, 2006).

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Figura 7. Sistema Inteligente de Apoio ao Visitante do PPM Fonte: Elaboração própria.

5. Conclusões A sistematização de recursos patrimoniais e os primeiros desenhos de roteiros confirmam, por um lado, a persistência do rio, quer como elemento agregador de gentes e actividades, quer como eixo vertebral da paisagem. Esta, sujeita ao longo do tempo a transformações importantes, mantém como permanência uma estrutura ancorada no suporte físico do rio, no seu traçado sinuoso, e nas fortes ligações culturais e sociais com as populações ribeirinhas. Por outro, confirmou-se também a existência de uma matriz identitária assente nas antigas actividades laborais e nas respectivas marcas territoriais, físicas, sociais, económicas e culturais, ainda hoje patentes, ainda que por vezes de forma indelével. Esta identidade produtiva constitui-se, a partir de aqui, como o fio condutor da narrativa que o projecto pretende resgatar e reinterpretar. A inventariação selectiva de recursos, a distribuição criteriosa de centros de interpretação, de portas de entrada, de interfaces modais, clarificadas tematicamente pela definição, com fundamento na narrativa histórica, da área do parque e dos seus limites, permitiu ensaiar, com resultados, a metodologia seguida na gestão de territórios carregados de valores patrimoniais. A construção de um novo mapa do Mondego, um mapa dinâmico, estruturado, capaz de harmonizar natureza, cultura, turismo e desenvolvimento sustentável, veio confirmar as potencialidades da figura de parque patrimonial, enquanto instrumento flexível, somando assim pontos em favor da sua replicabilidade em distintos territórios. O processo de concepção de um interface que recorrendo à conjugação de sistemas de informação e comunicação, serve simultaneamente a gestão do parque e o apoio ao visitante, evidenciou o papel da introdução das novas tecnologias, por um lado, na valorização da imagem do destino turístico, por outro, no enriquecimento da experiência do turista, em particular no que se refere ao conhecimento, apropriação e vivência do local de visita.

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