Curso Básico de Português para Estrangeiros

June 1, 2017 | Autor: Débora Racy Soares | Categoria: Portuguese and Brazilian Literature, Portuguese as a Foreign Language
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Novo Avenida Brasil I – Curso Básico de Português para Estrangeiros. Emma Eberlein O.F.Lima et al. São Paulo: E.P.U., 2008. Pp. 138. ISBN: 978-85-12-54520-2.

Novo Avenida Brasil I é a versão atualizada de Avenida Brasil, um curso básico de português para estrangeiros, publicado em 2008, pela editora E.P.U., de São Paulo. O ótimo livro, que agora traz o caderno de exercícios no mesmo volume, é escrito pelos seguintes autores: Emma Eberlein O.F.Lima, Lutz Rohrmann, Tokiko Ishihara, Samira Abirad Inues e Cristián González Bergweiler. Profissionais especializados no ensino de português brasileiro como língua estrangeira, acumulam vasta experiência em atividades de docência e de pesquisa. Uma das grandes novidades desta reedição, revista e modificada, é a reorganização da obra. O novo formato, ao arejar o volume, facilita sua utilização pelos discentes, além de favorecer e otimizar o domínio da língua, já no primeiro nível (básico). Ademais, seu antigo caderno de exercícios, agora integrado ao livro-texto, torna mais acessível a utilização do método, à medida que reforça de maneira pontual e dinâmica os conteúdos trabalhados em sala de aula. Embora a metodologia de Novo Avenida Brasil I esteja ancorada, essencialmente, na abordagem comunicativa, seus autores não se eximem de explicitar, de maneira formal, as regras gramaticais; o que, devemos reconhecer, faculta em muito seu aprendizado, sobretudo nos níveis iniciais. Assim, a utilização do método comunicativo, combinado ao estrutural, torna-se um dos vários pontos positivos do livro, ao lado, por exemplo, da modificação na introdução dos modos verbais, o que permite a natural transposição do indicativo para o subjuntivo. Destinado a estrangeiros, adolescentes e adultos de qualquer nacionalidade, o método completo é composto por três volumes, correspondentes aos níveis A1, A2 e

B1, respectivamente. Seu principal objetivo transcende a mera condução dos discentes ao pleno domínio da compreensão, da fala, e do desenvolvimento da competência escrita, à medida que estimula, pari passu, a reflexão intercultural. Hábitos e costumes da sociedade brasileira são introduzidos gradativamente em cada lição, de maneira bastante fiel e elucidativa. Neste primeiro volume, especificamente, os hábitos alimentares da região Sudeste, a rotina de pessoas de classes sociais distintas, seus modos de convivência e de habitação são enfatizados, através de diálogos modelares e de propostas de exercícios. Na última lição, pequenos textos biográficos de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles – dois escritores brasileiros canônicos modernos – e Portinari – que pintou o conhecido painel “Guerra e Paz”, presenteado à sede da Organização das Nações Unidas – são apresentados aos alunos. Ainda que o universo artístico brasileiro seja introduzido em doses homeopáticas, esta módica amostra não deixa de privilegiar expoentes de nosso cadinho cultural. Novo Avenida Brasil I é dividido em seis lições que introduzem questões básicas de comunicação, gramática e fonética, cujo conhecimento é fundamental para a sobrevivência em terra estrangeira. Ao final destas lições há um joguinho de revisão (“jogo do sapo”), um capítulo de exercícios dedicados à fonética, um apêndice gramatical – conciso, bem estruturado e visualmente claro – a transcrição dos textos do livro e do caderno de exercícios – separada por faixas – as soluções para os exercícios do livro-texto e um útil vocabulário alfabético. Embora seja completo, o método não se presta à autoaprendizagem, pois é todo escrito em português, o que exige a presença do docente na condução do processo de aprendizagem e no que tange ao ensino correto da pronúncia das palavras. O manual do professor oferece orientações produtivas para o trabalho com o livro, além de sugerir atividades complementares.

Na primeira lição, por exemplo, aprende-se a conhecer pessoas, através de diálogos coloquiais e rotineiros. Expressões usuais de cumprimento (Oi, Tudo bem?, Como vai?) e de despedida (Tchau, Até mais, Até logo) são ensinadas de maneira lúdica e didática. Neste primeiro momento, os alunos aprendem também a fornecer e a pedir informações pessoais essenciais, como nome, nacionalidade, endereço e profissão. Os verbos “ser” e alguns de desinência em “–ar” (falar, nadar, trabalhar, estudar, começar) são introduzidos no presente do indicativo, bem como os pronomes pessoais (eu, você, ele/ela, nós, vocês, eles/elas) e os possessivos (meu, nosso, minha, nossa, meus, nossos, minhas, nossas). Observe-se, no entanto, que algumas construções destacadas na página três, logo na primeira lição, podem soar artificiais aos ouvidos dos falantes nativos. É o caso, por exemplo, da forma “O que eles são? Eles são estudantes.” Ou, ainda, “O que você é? Eu sou alemão” e “O que ela é? Ela é suíça”. Sugerimos que, no primeiro exemplo, o verbo ser seja substituído pelo fazer, em observância à maneira usual de perguntar: “O que eles fazem? Eles são estudantes”. Quanto às questões seguintes, seria preferível que fossem construídas deste modo: “De onde você é?/ Qual é a sua nacionalidade? Eu sou alemão”, “De onde ela é/ Qual é a nacionalidade dela? Ela é suíça”. Os encontros interpessoais são valorizados na segunda lição, através do reforço do conteúdo anteriormente ensinado e da introdução de novas estruturas comunicativas. Os discentes aprendem a propor atividades de lazer, estabelecendo dias, horários e períodos. Em termos gramaticais, conhecem os verbos “ir, poder e ter,” o futuro imediato e os pronomes demonstrativos (este, esta, estes, estas). Na terceira lição, comidas e bebidas são enfocadas, bem como os modos de se fazer um pedido, em um bar ou restaurante, de tirar dúvidas e de solicitar coisas. Os alunos entram em contato com cardápios que são típicos da região sul e sudeste do

Brasil, podendo ficar com a errônea impressão de que determinadas iguarias seriam representativas da culinária nacional. Portanto, neste momento, cabe ao docente enfatizar as diferentes especialidades regionais e/ou locais, através da introdução de exemplos. Sugiro que, nas próximas edições, esta questão alimentar seja repensada de forma a ampliar o horizonte de conhecimento dos discentes, isto é, sem que a riqueza da culinária nacional seja reduzida às especificidades regionais. Não é preciso comentar cada lição isoladamente para reconhecermos a superior qualidade pedagógica deste Novo Avenida Brasil I, extensiva ao método completo. Se você tem interesse em ensinar o português falado no Brasil e não sabe por onde começar, este livro é uma escolha acertada.

Débora Racy Soares UNICAMP/FAPESP

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