Cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental: Estudo do desempenho acadêmico e da evasão

July 9, 2017 | Autor: L. Moraes | Categoria: Engineering Education, Sanitary and Environmental Engineering
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XIX Exposição de Experiências Municipais em Saneamento De 24 a 29 de maio de 2015 – Poços de Caldas - MG

CURSOS DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL: ESTUDO DO DESEMPENHO ACADÊMICO E DA EVASÃO

Ravine Trindade Galliza (1) Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental (EP/UFBA). Bolsista de Iniciação Científica PROUFBA. Larissa Miranda Graduanda em Engenharia sanitária e Ambiental (EP/UFBA). Bolsista de Iniciação Científica CNPq/UFBA. Patrícia Campos Borja Engenheira Sanitarista e Ambiental (EP/UFBA). M.Sc. em Arquitetura e Urbanismo (FA/UFBA). Dra. em Arquitetura e Urbanismo (FA/UFBA). Estágio pós-doutoral na Universitat Autònoma de Barcelona. Professora Adjunto do Mestrado em Meio Ambiente, Águas e Saneamento da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Luiz Roberto Santos Moraes Engenheiro Civil (EP/UFBA) e Sanitarista (FSP/USP). M.Sc. em Engenharia Sanitária (IHE/Delft University of Technology). Ph.D. em Saúde Ambiental (LSHTM/University of London). Realizou estágios pós-doutoral na Universidade do Minho-Portugal e na Universitat de Barcelona-Espanha. Professor Titular em Saneamento e Participante Especial do Mestrado em Meio Ambiente, Águas e Saneamento da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Marion Cunha Dias Engenheira Sanitarista e Ambiental (EP/UFBA). M.Sc. em Engenharia Ambiental Urbana (EP/UFBA). Professora e Chefe do Departamento Acadêmico de Construção Civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Lidiane Mendes Kruschewsky Lordelo Engenheira Sanitarista e Ambiental (EPUFBA). M.Sc. em Análise Regional e Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS). Doutoranda no Centro Interdisciplinar de Energia em Ambiente (CIENAM/UFBA).

Professora Assistente do Centro de Ciências e Tecnologias da

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CCT/UFRB). Endereço(1): Rua Aristides Novis, 2, 4º. andar, sala 11 - Federação – Salvador – Bahia – CEP: 40.210-630 – Brasil – Tel.: +55 (71) 3283-9783 – e-mail: [email protected].

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RESUMO

A educação no ensino superior no Brasil carece de melhorias para enfrentar desafios que garantam uma formação compatível com os desafios de nosso tempo, que passa por uma política pública que a formação de alunos que ingressam nas universidades a cada ano, visando, dentre outros aspectos, a melhoria do desempenho acadêmico. Embora o número de vagas e cursos tenham se ampliado no Brasil, os índices de evasão escolar se mantêm altos. Nas engenharias esses índices são elevados, o que determina a necessidade das instituições de ensino superior conhecer os fatores que influenciam aos custos envolvidos. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo identificar e estudar os fatores que podem influenciar o desempenho acadêmico e, consequentemente, causar a evasão no curso de Engenharia Sanitária e Ambiental na Bahia, a partir da aplicação de questionários com os estudantes do Curso e, com dados cadastrais dos estudantes obtidos por meio dos sistemas acadêmicos das universidades em estudo. Os resulados indicaram que a evasão é influenciada pela idade no momento da escolha do curso, pelos fatores estruturais das universidades, a qualidade da assistência estudantil, entre outros. Desse modo, o governo federal deve investir em políticas públicas, assim como as universidades devem buscar estratégias para o devido acompanhamento dos graduandos, bem como a redução do índice de evasão no ensino superior. Palavras-chave: Engenharia Sanitária e Ambiental, Desempenho Acadêmico, Evasão.

INTRODUÇÃO/OBJETIVO

O acesso à educação superior sofreu ampliação do número de vagas nos últimos anos nas diferentes regiões do País. O curso de Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA) faz parte do conjunto de cursos de nível superior que apresenta números crescentes não só de cursos, como também de vagas. Na década de 70, para acompanhar as propostas de governo no anseio de ofertar serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário para a população, surgem os primeiros cursos, situados em pontos estratégicos do Brasil. Dessa época em diante, os cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental só vêm ampliando, tanto em instituições públicas como em instituições privadas. Os currículos dos cursos também sofreram alterações desde o seu surgimento em 1978. No primeiro momento a proposta era formar um profissional que contribuísse para a ampliação do atendimento às populações com abastecimento de água e esgotamento sanitário. Posteriormente, ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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com a ampliação da problemática ambiental e das condições de salubridade do meio, foram agregados conteúdos relacionados aos resíduos sólidos, à drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, ao controle ambiental de vetores, e ainda ao meio ambiente. Assim , na década de 90 os cursos de incorporaram a palavra ambiental e adequaram a formação do profissional para atender as novas demandas exigidas pela sociedade. Atualmente, a formação do profissional da área de Engenharia Sanitária e Ambiental está voltada para os campos do saneamento, gestão das águas e meio ambiente, e mais especificamente ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário, ao manejo de resíduos sólidos, ao manejo das águas pluviais e drenagem urbana, à prevenção da poluição, à política de gestão ambiental, das águas e do saneamento e à saúde ambiental, projetando, executando, operando, mantendo e administrando sistemas, visando a qualidade ambiental e o desenvolvimento socioambiental. O fornecimento e ampliação de profissionais da ESA no mundo do trabalho tem se mostrado imperativo em face dos desafios da universalização do acesso ao saneamento básico e à melhoria da qualidade ambiental no Brasil. Esse profissional tem papel importante junto aos municípios brasileiros na concepção de projetos, na implantação e operação de sistemas de saneamento básico, além da identificação de alternativas para enfrentar a problemática ambiental crescente. Assim, cabem às instituições de ensino superior do País não só garantir um processo de formação de qualidade que capacite adequadamente os profissionais, mas também um número crescente e contínuo de profissionais disponibilizados no mundo do trabalho. Mesmo estudos apontando para um crescimento de cursos e aumento de vagas, não há uma oferta na mesma proporção de profissionais no mundo do trabalho se consideradas as regiões do País. A região que tem maior número de cursos e vagas é a Sudeste e a menor a Norte. Apesar

do

reconhecimento

da

importância

dos

profissionais

de

engenharia

para

o

desenvolvimento social de um País, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e do Ministério da Educação (MEC), os índices de evasão escolar nas engenharias são elevados e tendem ao crescimento. Tal cenário mostra-se preocupante já que a formação de engenheiros qualificados e atuantes é imprescindível para um país que deseje elevar as condições de vida de sua população. Com isso, surge a necessidade não só da melhoria do ensino da engenharia, mas também do desempenho acadêmico e do enfrentamento dos altos níveis de evasão escolar. A evasão compreende a situação na qual o aluno, de alguma forma, deixa de dar continuidade aos estudos na instituição de ensino e pode ser dividida em quatro subgrupos: abandono, desistência, cancelamento e transferência, sendo que dentre os principais motivos da evasão escolar encontra-se o mau desempenho acadêmico. Em estudo realizado por Borges Junior e Souza (2013) pôde-se constatar que a evasão escolar na área de Ciências Exatas e da Terra é de 67,7%, percentual extremamente elevado e um ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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grande desafio para o Poder Público, já que esta realidade afeta de forma significativa o desempenho dos sistemas educacionais brasileiro. De uma forma geral não existe consenso sobre as razões da evasão escolar. Existe um conjunto de fatores associados que tornam o fenômeno complexo e como tal deve ser tratado. Soluções simples, pontuais e focalizadas, por tanto, não serão capazes de dar as respostas necessárias para o enfrentamento dessa questão. Deve-se olhar para a evasão como um fenômeno de ordem social,

econômica,

cultural,

psicológica,

da

estrutura

familiar,

institucional,

de

informação/comunicação, do ensino, dentre outros. Diversos trabalhos têm estudado os fatores associados à evasão escolar (BORGES JUNIOR; SOUZA, 2013; OLIVEIRA; LINS, 2011), a saber: dificuldades financeiras; problemas durante a escolha no processo seletivo; influência da família; dificuldades de adaptação ao terceiro grau; questionamentos posteriores sobre a profissão escolhida; dificuldades em absorver os conteúdos; idade do aluno; busca pelo curso com menos concorrência; o tempo entre a saída do aluno do ensino médio e seu ingresso no ensino superior; situação do mercado de trabalho; condições psicológicas; alto índice de reprovação nos primeiros períodos; condições de saúde; qualidade do ensino; dentre outras. Segundo dados do Ministério de Educação 896.455 estudantes abandonaram a educação superior entre 2008 e 2009, o que representa 20,9% de abandono (VIVES, 2011 apud OLIVEIRA; LINS, 2000). Assim, a evasão escolar se constitui em um problema social e institucional que tem afetado sobremaneira não só o aluno, mas também o sistema educacional que disponibilizou infraestrutura, recursos humanos, além de recursos para a manutenção, implicando em perdas de recursos públicos e também comprometendo uma ação pública que tem forte capacidade de promover o desenvolvimento social e de reverter as intensas desigualdades sociais existentes no País. Para Violin (2012) a evasão se constitui em um problema de exclusão social. Diante da gravidade da evasão escolar no ensino superior, o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído em 2007, colocou como uma de suas metas a redução da evasão escolar, dentro de seu objetivo maior de dotar as universidades federais de condições para ampliar o acesso e permanência na educação superior. A evasão dos cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental, objeto do presente trabalho, ainda não devidamente estudada, também atinge patamares próximos à média das engenharias. Esses cursos, originários da Engenharia Sanitária, foram inicialmente criados no Brasil na década de 70, atendendo aos objetivos de uma política pública do estado brasileiro que buscava formar recursos humanos neste campo profissional, para fazer frente às demandas em saneamento básico. Da década de 70 para cá, os desafios da Engenharia Sanitária se ampliaram e as questões ambientais passaram a integrar a pauta de preocupações.

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O Brasil tem grandes desafios no campo da Engenharia Sanitária e Ambiental. O déficit de saneamento básico ainda atinge uma significativa parcela da população, principalmente das periferias urbanas, os pobres das Regiões Nordeste e Norte, os não brancos e as populações rurais. Por outro lado, a degradação dos recursos naturais (solo, água e ar) é uma realidade. As enchentes, as inundações urbanas, os deslizamentos de terra vêm desafiando os técnicos e os gestores públicos municipais para o manejo das águas urbanas. Esse cenário vem exigindo a atuação do Poder Público com políticas e ações para a sua reversão. Assim, a formação de recursos humanos nessa área torna-se estratégica de forma a ampliar a disponibilidade desse profissional no mercado de trabalho, para fazer frente às demandas da sociedade. No entanto, alguns desafios estão colocados, dentre eles, o aumento das vagas ofertadas nas Universidades, em especial as públicas; a melhoria da qualidade do ensino, o que envolve contratação e capacitação de professores, laboratórios, bibliotecas, assistência estudantil, intercâmbios, etc. e, ainda, o combate à evasão escolar.

Diante dessa situação, torna-se

necessário o estudo e a avaliação dos fatores que podem interferir no desempenho acadêmico e, consequentemente, nos altos índices de evasão dos graduandos dos cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental, a exemplo dos ambientes institucional e familiar, condições de ensino, investimentos, políticas públicas, dentre outros. Assim, o presente trabalho tem como objetivo estudar o desempenho acadêmico e a evasão nos cursos de graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA) em três universidades federais do estado da Bahia.

METODOLOGIA

Inicialmente, para domínio do conteúdo a ser trabalhado na pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o desempenho acadêmico em instituições de nível superior do Brasil, bem como, pesquisas sobre possíveis parâmetros que podem interferir na taxa de evasão do curso de graduação. Para o estudo do desempenho acadêmico dos graduandos elaborou-se um questionário com 30 questões

envolvendo

variáveis

socioeconômicas,

condições

administrativas,

aspectos

psicológicos, mobilidade, estrutura física, dentre outras, que foi aplicado via e-mail aos atuais estudantes do curso de ESA da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). O questionário foi disponibilizado

por

meio

de

um

link

sendo preenchido on line. Porém, surgiu a dificuldade na obtenção de respostas do questionário, dificultando assim o desenvolvimento da pesquisa. Então, ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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criaram-se estratégias para uma maior aderência dos estudantes à pesquisa, elaborando cartazes e panfletos para uma maior divulgação da pesquisa, além do sorteio oferecido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental da Bahia/Seção Bahia (ABES/BA) de três livros da área de ESA para os participantes. Após seis meses de divulgação da pesquisa, obteve-se 257 respostas do questionário entre os estudantes das três universidades, como mostra o Tabela 1. Tabela 1 – Número de respostas obtidas no questionário pelos estudantes da UFBA, UFOB e UFRB UNIVERSIDADE

Nº DE EMAILS ENVIADOS

UFBA UFRB UFOB TOTAL Fonte: Elaboração própria.

Nº DE RESPOSTAS

260 334 79 673

114 117 26 257

ALCANCE (%) 43,85 35,03 32,91 38,19

Para o estudo da evasão escolar foram analisados dados estatísticos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e sua Diretoria de Estatísticas Educacionais (DEED), Ministério da Educação (MEC) e Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além disso, foi elaborado um banco de dados contendo 22 variáveis, dentre elas: Instituição de Ensino Superior (IES), idade, semestre de ingresso na IES, forma de ingresso, semestre

da

evasão,

forma

da

evasão,

disciplinas

básicas

reprovadas,

disciplinas

profissionalizantes reprovadas, coeficiente de rendimento (CR) da IES e bairro (proxy de renda); sendo essas informações obtidas a partir de dados do sistema acadêmico de ensino da UFBA, UFRB e UFOB. Com o banco de dados preenchido foram realizadas análises que envolveram tratamento estatístico dos dados e interpretação dos resultados, com o auxílio da revisão bibliográfica, presente em todo o processo de pesquisa. Para cálculo das porcentagens de evasão anual foi utilizada a seguinte formulação: %E(n) = [Evadidos(n) / Matriculados(n)]*100. A pesquisa na UFBA envolveu análises do período de 35 anos e na UFOB e UFRB abrangeu 7 anos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a permanência do estudante na universidade, observam-se diversos fatores que podem interferir no desempenho acadêmico deste e, por fim, provocar a evasão no curso de ESA. Alguns estudos vêm sendo realizados visando identificar e entender estes fatores, tais como, os institucionais, acadêmicos, pedagógicos, estruturais, e os pessoais. ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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Do ponto de vista institucional podem ser citados aspectos da infraestrutura física, laboratórios, bibliotecas, estrutura curricular, abordagens pedagógica, ambiente universitário estimulador. E do ponto de vista pessoal e social, tem-se o nível de identificação ou dificuldade com o curso, motivação e compromisso profissional, questões de ordem social, nível formação no segundo grau; insatisfação com a qualidade do ensino, indecisão quanto à área de atuação, imaturidade no momento de escolha do curso, participação em atividades extra-curriculares, saúde do aluno, desmotivação por falta de aulas práticas em campo, gravidez precoce ou formação de família, necessidade de ingresso no mundo do trabalho devido à falta de condições financeiras para arcar com os custos de alimentação, transporte e material escolar, entre outros. Desse modo, a busca pelos principais fatores que interferem no desempenho acadêmico, torna-se uma necessidade de forma a fornecer elementos para a definição de políticas públicas que torne mais eficaz o processo de formação e o investimento público em educação no País. Assim, a pesquisa ocorreu entre estudantes do curso com idades entre 17 e 55 anos, perfazendo uma idade média de 23 anos. Nesse contexto os resultados evidenciaram que, aproximadamente, 60% possui um alto nível de identificação com o Curso. Em contrapartida, há uma parcela de 41% de estudantes que definem sua identificação como média, baixa ou muito baixa; e uma parcela de 63% que considera alto o nível de dificuldade do curso e, segundo pesquisas, esses alunos são mais propensos à evadirem, pois se encontram mais vulneráveis a partir do momento que enfrentam dificuldades em avançar academicamente e com pouca certeza da escolha do curso (Figuras 1 e 2).

Fonte: Elaboração própria. Figura 1 - Nível de identificação dos graduandos do curso de ESA na UFBA, UFOB e UFRB

Figura 2 - Nível de dificuldade dos graduandos do curso de ESA na UFBA, UFOB e UFRB

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De acordo com os resultados da pesquisa, nota-se também que a maioria dos estudantes tem como prioridade no desenvolvimento do Curso a sua formação com conhecimento qualificado, seguido pela agilidade em obter o título, como pode ser constatado na Figura 3. Vale ressaltar, que o interesse em apenas garantir a aprovação nas disciplinas e a realização de atividades extracurriculares, posicionaram-se como últimos fatores priorizados.

Fonte: Elaboração própria. Figura 3 - Fatores considerados mais relevantes no desenvolvimento do curso. Brasil, 2014/2015

Tal fato é preocupante, pois estudos mostram que grande parte dos casos de evasão é creditada à desproporcional formação teórica, o que acarreta grandes prejuízos aos alunos de engenharia (MARTINS, 2007). Para a formação do futuro profissional de engenharia este deve ir a campo, ter contato com o que serão suas atividades profissionais futuras, sair das quatro paredes da sala de aula desde os primeiros semestres do curso, vivenciando e conhecendo as atribuições do profissional, para, então, se entusiasmar e se dedicar ao árduo percurso da graduação, superando as dificuldades e não contribuindo para as estatísticas da evasão. Com mostrado na Figura 4, poucos estudantes realizam estágio no início do curso, enquanto que nos últimos semestres este número aumenta significantemente, resultado apropriado, pois os estágios são permitidos pelas instituições a partir do 5º. semestre do Curso. Por outro lado, desde o primeiro semestre os graduandos usufruem da oportunidade de fazer Iniciação Científica (IC), como pode ser visto na Figura 5. As IC além de proporcionar um conhecimento maior com a área logo no início do Curso, também retém estudantes na universidade.

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Fonte: Elaboração própria. Figura 4 – Participação de graduandos do curso de ESA da UFBA, UFOB e UFRB em estágio

Fonte: Elaboração própria.

Figura 5 – Participação de graduandos do curso de ESA da UFBA, UFOB e UFRB em Iniciação Científica (IC)

A partir das respostas obtidas da aplicação do questionário sobre a qualidade das condições estruturais da UFBA, observa-se que a situação dos laboratórios na Universidade, mostra-se satisfatória para 50% dos estudantes. Entretanto, os outros fatores estruturais como o transporte entre os campi, as bibliotecas e acesso à internet foram classificados, pela maioria dos estudantes, como de qualidade regular, conforme apresentado na Figura 6.

Fonte: Elaboração própria. Figura 6 – Análise qualitativa dos fatores estruturais da UFBA, 2014/2015

Sobre a assistência estudantil nas universidades estudadas, aproximadamente, 50% dos estudantes a classificam como um serviço não satisfatório e outros 30% não a utilizam, ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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contradizendo o seu propósito, que visa assegurar a permanência dos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica no âmbito universitário.

Fonte: Elaboração própria. Figura 7 – Avaliação dos estudantes com a qualidade da assistência estudantil

Segundo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o número de vagas e cursos ofertados na graduação presencial e à distância tem aumentado, e número de alunos matriculados também. Entretanto, as estatísticas nos levam a crer que há algo de errado com a educação no ensino superior quando observamos cerca de 60% de evasão dos alunos de engenharia em geral (CNI). A evasão escolar no ensino superior é algo que deve ser analisado com certa urgência visto que seus impactos, tanto de ordem social como econômica, são muitos. As altas taxas de evasão, principalmente nas engenharias, são dados preocupantes, pois tem relação direta com o desenvolvimento brasileiro. Ao longo dos últimos anos a porcentagem de evasão anual na ESA nas três universidades federais do estado da Bahia se manteve estável, com baixas oscilações de um ano para o outro, como é possível observar na Figura 8. Nesse cenário, a UFOB se destaca por apresentar 0% de evasão em 2008, saltando para 22% no ano seguinte, porcentagem esta que foi a maior entre as instituições no período analisado.

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Fonte: Elaboração própria. Figura 8 - Porcentagem de evasão anual na UFBA, UFOB e UFRB, de 2003 a 2013

Alguns estudos foram realizados sobre a evasão de alunos das Instituições de Ensino Superior (IES) com o objetivo de identificar e analisar os motivos que levaram tantos alunos a não dar continuidade ao seu curso. Diante de tantas variáveis, como citado anteriormente, pôde-se perceber que há diversas motivações para a evasão do aluno, ou seja, às vezes o aluno é obrigado a deixar o curso, outras ele deixa por insatisfação ou outras dificuldades, logo, não se deve considerar a evasão como uma única categoria. Com isso, verificou-se que a evasão pode ser dividida em quatro subgrupos: cancelamento, quando o desligamento do aluno parte da universidade; desistência, quando o próprio aluno oficializa perante à IES que desiste de dar continuidade ao curso e encerra sua matrícula; abandono, quando o estudante simplesmente deixa de dar continuidade ao curso abandonando-o; e transferência, quando o aluno transfere de universidade, continuando ou não no mesmo curso, ou quando ele transfere de curso porém continua na mesma instituição. As formas de saída indicadas no sistema acadêmico de ensino em cada instituição estudada são diferentes, portanto elas foram categorizadas para serem analisadas,. Dessa forma, desistência e abandono uniram-se numa única categoria. Com base na Figura 9, pode-se concluir que a principal forma de evasão do curso de ESA nas três universidades é por cancelamento de matrícula. Essa categoria inclui as matrículas recusadas por reprovações recorrentes na mesma disciplina, reprovações em todas as disciplinas, ausência de inscrição em disciplinas ou qualquer outra irregularidade do aluno junto à IES.

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Fonte: Elaboração própria. Figura 9 - Formas de evasão encontradas na UFBA, UFOB e UFRB, durante toda a existência do curso em cada IES

No caso da UFRB, não há indicação de evasão de aluno por transferência, assim, entende-se que os alunos que decidiram transferir de curso ou de instituição teve sua forma de saída indicada pelo cancelamento de matrícula, cancelando então seu vínculo com a UFRB para se matricular posteriormente em outras instituição ou na mesma, mas em outro curso.

Fonte: Elaboração própria. Figura 10 - Idade de ingressos dos estudantes da UFOB

Muitas variáveis podem ser relacionadas ao fenômeno da evasão. A idade de ingresso do aluno, por exemplo, é uma característica a ser considerada, visto que duas possíveis causas da evasão é a imaturidade do indivíduo no momento de escolha do curso e a dificuldade de conciliar trabalho, casa, família e estudos. Como apresentado na Figura 10, mais de 90% dos 128 alunos ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

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ativos ingressaram na UFOB até os 25 anos de idade. Dentre os 78 alunos evadidos ao longo do curso, aproximadamente 24% ingressaram com idade até 18 anos e 18% com idade acima de 25 anos. O problema da evasão é um desafio a ser enfrentado pelos gestores públicos, alunos e professores. É algo que deve ser estudado, entendido, acompanhado e controlado, a fim de buscar medidas para combatê-la. A evasão implica num desperdício de verbas e energia onde todos saem perdendo, a instituição, a sociedade, o governo e o próprio aluno. Do total de cerca de 662.000 profissionais com registro atualizado (CONFEA, 2008), apenas um terço exerce, de fato, algum emprego ligado à sua formação. Ou seja, o retorno do profissional de cada área para a sociedade se resume a um terço dos estudantes que concluem a graduação e esse dado somado à evasão coloca o desafio de definir estratégias para melhor orientar as escolhas dos alunos e o seu acompanhamento quando da sua inserção nas IES.

CONCLUSÃO

A Universidade com os seus problemas de ordem estrutural e pedagógica colabora para as inseguranças enfrentadas pelos estudantes, o que pode acarretar em um mau desempenho acadêmico e, consequentemente, em evasão do curso de ESA. No sentido estrutural, dificuldade para deslocamento dentro da Universidade e salas com pouco espaço físico aumentam a insegurança e o desconforto dos estudantes. No sentido pedagógico, as bibliotecas com poucos exemplares de livros e de edições muito antigas, a falta de professores e servidores qualificados também contribuem para tal. Somado a isso, existe a incerteza do estudante se no término do curso terá o reconhecimento econômico e social que tanto almeja. A Engenharia Sanitária e Ambiental, sendo uma engenharia com elevado impacto social e econômico, assim como a educação no ensino superior, deve ser encarada com importância. Para os estudantes que não possuem um nível de identificação com o curso de ESA, deveria haver um acompanhamento, visando reduzir os níveis de evasão escolar. Por outro lado, torna-se de grande importância a definição de estratégias para o enfrentamento da evasão dos cursos de ESA por parte dos governos, o que passa pela definição de políticas públicas direcionadas à educação permanente e de qualidade, com assistência estudantil e políticas de permanência para os ingressos, garantindo assim, a formação de profissionais qualificados que proporcionem retorno à sociedade.

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