CUSTOS NA PECUÁRIA DE CORTE: UM CASO NO CONE SUL DE RONDÔNIA. Revista de Contabilidade, Ciência da Gestão e Finanças, 2015.

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Revista Contabilidade, Ciência da Gestão e Finanças V. 3, N. 2, 2015 | ISSN 2317-5001 http://ojs.fsg.br/index.php/rccgf

CUSTOS NA PECUÁRIA DE CORTE: UM CASO NO CONE SUL DE RONDÔNIA

Evandro Medeiros Ribeiroa; Alexandre de Freitas Carneirob a

MBA em andamento em Gestão Bancária. Bacharel em Ciências Contábeis. Universidade Federal de Rondônia – UNIR. [email protected] b Mestrado em Administração. Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Professor do Departamento Acadêmico de Ciências Contábeis – DECC. [email protected] Informações de Submissão Alexandre de Freitas Carneiro,endereço: Av. Norte Sul, 7300 - Nova Morada, CEP: 78987-000, Rolim de Moura - RO Recebido em: 03/12/2015 Aceito em: 02/03/2016 Publicado em: 09/05/2016 Palavras-chave Custos, Pecuária, Bovino de Corte.

Keywords Costs, Livestock, Beef Cattle.

Resumo Com base na inexistência de conhecimento de custos totais e por cabeça de gado de corte, por parte de um pecuarista no cone sul de Rondônia, surgiu o objetivo de investigar os custos do bovino de corte numa empresa rural e o custo por cabeça de bovino neste segmento empresarial. Segundo doutrinadores contábeis há muito para se pesquisar sobre agribusiness. O delineamento é o estudo de caso e o nível de análise é uma empresa rural. As técnicas utilizadas constituíram-se de pesquisas bibliográficas, entrevistas não estruturadas e abertas. Utilizou-se, ainda, a pesquisa documental em vários documentos contábeis e relatórios. Com duas fontes de coletas de dados fez-se a triangulação dos mesmos. Os dados foram apresentados através quadros e planilhas de custos. Respondendo ao primeiro questionamento o custo total na atividade pecuária foi de $ 248.426,09 e, ao segundo, o custo por cabeça de bovino de corte foi de $ 558,26. Valores esses que foram repassados ao pecuarista para atendimento prático da pesquisa. Generaliza-se, com base no caso, que pecuaristas do cone sul de Rondônia, do mesmo porte, encontram-se na mesma dificuldade, sem conhecer os custos diferenciados dos demais gastos.

Abstract Based on the lack of knowledge and total costs per head of beef cattle from a rancher in the southern cone of Rondonia, came to investigate the costs of beef cattle in a rural enterprise and the cost per head of cattle in this segment business. According to accounting scholars have long to search on agribusiness. The design is a case study and the level of analysis is a rural enterprise. The techniques used consisted of literature searches, interviews and unstructured open. We used also the documentary research on various accounting documents and reports. With two sources of data collection made up of the same triangulation. The data were presented through charts and cost sheets. Answering the first question the total cost in the cattle industry was $ 248,426.09, and the second, the cost per head of

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beef cattle was $ 558.26. Values that were passed on to the farmer to meet practical research. Generalizes based on the case that farmers in the southern cone of Rondonia, the same size, are the same difficulty, without knowing the different costs of other expenses.

1 INTRODUÇÃO A busca por minimização dos custos de produção para permitir competitividade tem levado todas as empresas, independentes de sua área de atuação, a irem à busca de ferramentas de gestão que lhes permita redução de custos e aumento de produtividade. Durante décadas, a fertilidade natural do solo, através das plantas forrageiras, contribuiu significativamente para garantir rendimentos expressivos no que tange a extração da carne e do leite, bem como, a geração de um número elevado de bezerros obtidos desta forma sobre a custa da fertilidade natural do solo, com custos baixos, que comparado há esta década, confronta-se aos custos elevados para a manutenção desse ramo de atividade. O estado de Rondônia tem se destacado, em nível nacional, como grande produtor de gado de corte, com a utilização de pastagens extensivas e alimentação natural, o chamado gado verde. A competição no mercado internacional leva a uma competitividade mais acirrada, e para tanto se exige que os produtores possuam controle de seus custos de produção para melhor gerir seus negócios. Foi realizada uma visita em propriedades rurais e verificou-se inexistência de controle de custos na pecuária e proprietário não soube o valor de custo por cabeça de bovino de corte. Desse modo, a questão de pesquisa inicialmente elaborada foi: Quais os custos do bovino de corte numa empresa rural? E, qual o custo por cabeça de bovino de corte? A importância do trabalho está para a prática contábil e para auxílio nas tomadas de decisões do empresário rural, bem como contribuir com uma cultura de custos no setor da região em análise. A contabilidade de custos tem duas funções de extrema importância: o auxilio ao controle, bem como, a ajuda às tomadas de decisões (MARTINS, 2010; CREPALDI, 2012b; NEVES, VICECONTI, 2013). Ela adiciona valor e auxilia o gestor nas boas decisões (MAHER, 2001). É uma dificuldade rotineira para os produtores rurais ter informações gerenciais que os auxiliem na tomada de decisão (CREPALDI, 2012a). E, ainda, há muito para se pesquisar sobre agribusiness, principalmente, no que se refere à organização contábil-administrativa (MARION, 1996).

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O objetivo é investigar os custos do bovino de corte numa empresa rural e o custo por cabeça de bovino neste segmento empresarial. O artigo está estruturado em quatro seções, além da introdução. A seção 2 apresenta o referencial teórico, abrangendo o estudo de custos e pecuária. Na seção 3 aborda-se o método de pesquisa. A seção 4 discute os resultados da pesquisa e a última seção traz as conclusões e recomendações de novos estudos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Atividade rural e pecuária

As empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas (MARION, 2012). Segundo Arnoldi (2002) apud Anceles (2002, p.158), “a empresa para se enquadrar no direito, tem uma visão tripartite: o empresário, a atividade econômica organizada e o estabelecimento”. Dessa forma, observa-se que a empresa rural se enquadra na definição do direito, uma vez que o empresário é o próprio produtor rural, pessoa física ou jurídica; a atividade econômica organizada é o intercambio de bens e serviços e o estabelecimento é o local onde se desenvolve essa atividade, que é a propriedade rural. Para Crepaldi (2012a, p.23), “é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”. Segundo a Instrução Normativa SRF nº 83, de 11 de outubro de 2001, em seu artigo 2º considera atividade rural: a) a agricultura; b) a pecuária; c) a extração e a exploração vegetal e animal; d) a exploração de atividades zootécnicas, tais como apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; e) a atividade de captura de pescado in natura, desde que a exploração se faça com apetrechos semelhantes aos da pesca artesanal (arrastões de praia, rede de cerca entre outros), inclusive a exploração em regime de parceria; f) a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando-se exclusivamente de matéria-prima produzida na área rural explorada.

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Assim, nem todas as atividades desenvolvidas no meio rural são consideradas pela lei como sendo atividades rurais, é o caso da fabricação de bebidas alcoólicas e o beneficiamento de arroz em máquinas industriais. Segundo Marion (2012) a pecuária é a arte de criar e tratar o gado. Logo, gado são animais geralmente criados no campo, para serviços de lavoura, para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais. Os bovinos também chamados gado vacum, vão seguir as seguintes finalidades: trabalho, reprodução corte e leite. A atividade pecuária é destacada com grande importância em países de grandes extensões territoriais e condições climáticas como o Brasil. A atividade rural no Brasil pode ser explorada por pessoa física sem a necessidade de constituição de pessoa jurídica, e por receberem um tratamento fiscal simplificado na legislação do imposto de renda, é o tipo de exploração que prevalece. O Novo Código Civil inclui a atividade rural como atividade civil/simples, passando a ser regulada pelo direito de empresa, sendo-lhe facultada a inscrição do empresário nos registros públicos de empresas mercantis. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços (art. 966 do Código Civil). Na maioria das empresas rurais sua estrutura é constituída de cunho familiar onde o próprio dono da propriedade é também seu gestor, resultando, principalmente, na não observação do princípio contábil da entidade muitas vezes, quando os gastos da família e da propriedade podem ser confundidos. Quanto à alimentação dos animais, e de acordo com Bendahan (2005) com o planejamento alimentar do rebanho feito de maneira correta, o pecuarista obterá ganhos em produtividade animal e dos capins e, ainda, outras medidas a serem tomadas, dizem respeito ao treinamento, capacitação e valorização da mão-de-obra em todos os níveis, tendo contínua reciclagem. Neste aspecto, é importante que a maior parte da alimentação seja orgânica e venha de dentro da propriedade. Além dos bovinos, a alimentação de outros animais, deve ser complementada com material verde fresco (hortaliças, rami, guandu, gramíneas e outros). Também para o autor cada região possui características próprias de solo e clima, por isso é importante o auxílio de um técnico para o dimensionamento da produção de alimentos e utilização de estratégias.

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2.2 Contabilidade rural e pecuária x Contabilidade gerencial

Segundo Crepaldi (2012a) a contabilidade rural é pouco utilizada, não só pelos profissionais contábeis, mas também pelos empresários rurais. Isso ocorre por não se conhecer efetivamente a importância, segundo o autor, das informações contábeis por parte dos empresários. Crepaldi (2012a) aponta a contabilidade como um dos principais sistemas de controle em formação para as empresas rurais, podendo, através de seus instrumentos verificar a situação da empresa sob os mais diversos enfoques, tais como, análise de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos, entre outros. Desta forma, ainda segundo o autor, é necessário elaborar informações contábeis que permitam ao empresário rural onde busca conhecer melhor sua propriedade, e suas atividades desenvolvidas, destacando-se alguns pontos importantes, como: a) quais atividades produtivas ele desenvolve; b) planejamento e controle das atividades exploradas; c) ter as receitas e despesas evidenciadas para o desempenho do negócio; d) o potencial de crescimento da propriedade, e das atividades rurais; e) destacar o retorno dos seus investimentos, e principalmente saber qual o verdadeiro custo de produção. Na gestão da maioria das propriedades rurais, seus proprietários e administradores não possuem condições para discernir os resultados obtidos com suas culturas. Os custos de cada plantio desenvolvidos em sua propriedade, verificar quais seriam os mais rentáveis, onde poderiam minimizar os custos de produção, isto tudo é de grande importância para mensurar sua rentabilidade. Muitas vezes o produtor rural não consegue distinguir o dinheiro que obteve com a venda do milho, do recebido da venda do leite. Então o controle de caixa da propriedade fica totalmente desorganizado, envolvendo também seu capital, particular, dificultando ainda mais a contabilização de seus resultados. A contabilidade deve ser realizada de maneira clara e objetiva, para haja aceitação e entendimento por parte do agricultor, permitindo que o mesmo perceba que esses recursos, trarão para ele e sua família, uma comodidade e também poderão elevar o rendimento dos seus negócios. A contabilidade aplicada na atividade rural pode demonstrar todo o ciclo da empresa. Por isso é imprescindível que também na agropecuária, a contabilização dos fatos e sua estruturação sejam realizados com o perfeito conhecimento, não apenas técnico, mas também de sua atividade operacional, respeitando as peculiaridades da atividade.

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Desta maneira, como os demais setores, a agropecuária objetiva o retorno econômicofinanceiro que satisfaça o produtor rural. Assim, a contabilidade estará constantemente gerando informações relacionadas com a lucratividade, liquidez e alguns riscos que podem ocorrer no agronegócio. O CPC 29 (2009), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, descreve ainda sobre o valor justo de ativo, e que “o valor justo do gado na fazenda é preço do mercado principal, menos a despesa de transporte outras despesas necessárias para colocá-lo no referido mercado”. No referido pronunciamento, a produção de carne é classificada como ativo biológico consumível.

2.2.1 Depreciação na atividade rural.

Tratando-se de gados reprodutores como touros e vacas, animais de trabalho e outros animais constantes do ativo permanente (atualmente Ativo Não Circulante), por se assemelharem, neste aspecto, à perda da capacidade de produção de uma máquina ou equipamento denomina-se depreciação (MARION, 2012). O período de vida útil do gado reprodutor, para efeito de depreciação, inicia-se a partir do momento em que este estiver em condições de reproduzir, mas no período de crescimento não (MARION, 2012). No cálculo da depreciação, deverá ser previsto o valor residual que o gado reprodutor terá ao fim de seu período, após castrado e engordado para abate. O ideal para definição do método a ser utilizado no cálculo da depreciação do gado seria o estabelecimento de uma curva de eficiência do gado, em função de seu declínio de potencialidade de reprodução. Pelas dificuldades que tais cálculos oferecem, o método mais utilizado tem sido a linha reta (MARION, 2012). Na definição da vida útil do rebanho fatores como raça, clima, condições de vida, distâncias a percorrer deve ser consultado pelo veterinário (MARION, 2012).

2.3 Custos

Custo, sob o enfoque da contabilidade gerencial, para Shank e Govindarajan (1997, p. 31) “é uma função do volume de produção” e, sob o enfoque estratégico, “é uma função das escolhas estratégicas sobre a estrutura de como competir e da habilidade administrativa nas escolhas estratégicas”.

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Os sistemas tradicionais são conhecidos como sistema de custeio baseado em volumes e foram feitos para empresas que competem no mercado com uma base em estratégica de redução de custos de produtos tanto homogêneos como também manufaturados, em grande escala para estoques (NAKAGAWA, 2005). Através destes sistemas são apropriados os custos indiretos com base em alguns atributos diretamente relacionados com o volume de produção, tais como horas de mão-deobra direta, hora-máquina, valor de material consumido e outros critérios. Na visão de Nakagawa (2005, p. 69), “o custo é utilizado como ferramenta para melhorar a exatidão do custeio de produtos e serviços e se preocupa em melhor apropriar o consumo de recursos aos diversos grupos de atividades”. Nakagawa (1995, p. 84) afirma, ainda, que “os atributos sobre o comportamento dos custos são muito úteis para serem aplicados em simulações e revelam o impacto das mudanças na maneira como as atividades são desempenhadas em termos de custos”. Um sistema de custos produz informações que servem ao estabelecimento de prioridades e eliminação de atividades que não adicionam valor (ATKINSON et al, 2008).

2.3.1 Classificação e apuração dos custos

Para Marion (2012) a classificação dos custos divide-se em:

a) Custos diretos: são os custos identificados com precisão no produto é acabado, através de um sistema e método, cujo valor e relevante. b) Custos indiretos: são aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um produto, são extraídos de um sistema de rateio e estimativas.

Há outras classificações como custos fixos e custos variáveis entre outras. Segundo, ainda, Marion (2012), as formas de acumulação de custos são: a ordem de produção e a produção em processo. Desta forma, a ordem de produção é caracterizada pelo ciclo de produção definido no tempo e no espaço geográfico onde cada elemento do custo é acumulado segundo as ordens de produção que serão codificadas. Na produção em processo, os custos são acumulados numa entidade que se caracteriza por processos padronizados, produção continua e demanda constante. Assim, o processo deverá ser adotado quando os produtos não poderem ser identificados no processo produtivo,

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sendo aplicado com resultado positivo em exploração extensiva, com gado de corte, cria e a recria.

2.3.2 A contabilização e a avaliação dos estoques

O método de custos assemelha-se ao método a um valor de mercado onde considera o preço de mercado do plantel, que normalmente é maior que o custo, reconhecendo-se um ganho econômico periodicamente, em virtude do crescimento natural do rebanho (MARION, 2012). Conforme estabelece o Parecer Normativo CST de n° 57/76, na apuração dos resultados anuais, o rebanho existente na data do balanço deverá ser inventariado ao preço corrente do mercado ou ao preço de custos quando a organização contábil da empresa tiver condições de evidenciá-lo. Conforme explica Marion (2012), os ativos são incorporados à entidade pelo valor da aquisição ou pelo custo de fabricação. Desta forma o custo de um rebanho é colocado na conta de estoque, e se houver a venda, ocorre a baixa do estoque debitando-se assim o valor do gado vendido. Para que o empresário possa reconhecer o custo real do seu rebanho como uma ferramenta para medir resultados tais como a de produção, a de produtividade e a de rentabilidade é necessário que se utilize de controles gerenciais.

2.3.3 Custos na pecuária

A contabilidade aplicada na pecuária e sua consequente gestão de custos possuem algumas particularidades. O objetivo do estudo é a aplicação de modelos de custos, e a constatação de um modelo que agrega ao usuário os melhores resultados possíveis a que se dispõe o sistema. As informações gerenciais consubstanciam seu papel quando auxiliam a administração no papel de análise e acompanhamento do processo, a fim de destacar e recomendar os fatos que alteraram o resultado para a devida tomada de decisão e possíveis desvios a tempo e hora. Com a utilização de sistemas de custos eficientes, as informações chegarão de maneira mais adequada para o administrador, melhorando consequentemente a sua análise e escolha através da possível redução de gastos desnecessários redutores da lucratividade. Para tanto, será estudada a atividade da pecuária.

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Segundo Marion (2012), os sistemas de custos têm como objetivos:

1) auxiliar a administração na organização e controle da unidade de produção, revelando ao administrador as atividades de menor custo, as mais lucrativas, as operações de maior e menor custo e as vantagens de substituir umas pelas outras; 2) permitir uma correta valorização dos estoques para apuração dos resultados obtidos em cada cultivo ou criação; 3) oferecer bases consistentes e confiáveis para projeção dos resultados e auxiliar o processo de planejamento rural, principalmente quando o administrador precisa decidir o que, quando e como plantar, e 4) orientar os órgãos públicos e privados na fixação de medidas, como garantia de preços mínimos, incentivo à produção de determinado produto em escala desejada, estabelecimento de limites de crédito etc.

Diante da gama de informações originadas pela contabilidade de custos pode-se destacar a função de escolher o tipo de produção a adotar, o custo fixo, o lucro e a margem de contribuição, estabelecendo os limites de capacidade de produção. Para se chegar a um custo de produção do gado de corte, tem-se que processar as informações de quantidades de arrobas ou cabeças produzidas através dos dados coletados na propriedade, verificando a produtividade através das taxas de mortalidade, produtividade das pastagens, área ocupada, crescimento do rebanho e os custos da produção na atividade de recria e engorda. Os materiais consumidos na produção da pecuária de corte são os seguintes:  Insumos: é a suplementação alimentar, medicamentos, vacinas sementes entre outros.  Mão de Obra: empregados atuantes no setor.  Manutenção: de bens moveis e imóveis pertencentes a entidade rural.  Despesas Gerais: Combustíveis e lubrificantes, utilizados pelas máquinas, tratores e veículos empregados na atividade pecuária, energias elétricas, referentes ao consumo da fazenda.  Tributos: Impostos sobre a exploração pecuária e sobre a propriedade.  Exaustão de pastagens: correspondente a perda do valor decorrente a exploração da pastagem fixada através de estudos sobre a fertilidade do solo.

Por meio destes custos pode-se ter uma ideia sobre o controle das atividades, tanto em termos gerenciais como em termos contábeis relativos a gastos junto à manutenção da fazenda com um rebanho de corte e seu planejamento alimentar. No entendimento de Spers (2003,

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p.75) “O sistema agroalimentar deve estar atento e preparado para as mudanças que vêm ocorrendo no setor” e, afirma ainda, que a produção de um alimento com alto padrão de segunda tem influência no alto custo. Para Marion e Segatti (2007, p. 73) “Conhecer o custo de cada cabeça, de cada lote ou rebanho a qualquer momento é uma informação imprescindível à gerencial”. Utilizado a contabilidade como controle e sistemas de custos para tal fim, obter-se-á as informações para a tomada de decisões. Os autores ainda ensinam que a informação da rentabilidade e do ponto ótimo de venda são produtos desses controles.

2.3.3.1 Pastagem

O custo das pastagens este relacionado à estacionalidade da produção das forrageiras tropicais, que é distribuída pela estação das chuvas em dois períodos distintos: um chuvoso e outro seco. Esse fato torna praticamente impossível uma produção uniforme de forragem e por consequência de carne ou leite a um custo único, devido a estas variações climáticas que ocorrem e afetam diretamente as pastagens. Além deste fator climático, a quantidade de luz e a temperatura são extremamente importantes para a produção forrageira, outro fator que encarece os custos das pastagens é a degradação das mesmas, o que compromete a produção de massa e a qualidade nutricional da forrageira.

2.3.3.2 Apuração de custos na pecuária de corte

A técnica de rateio consiste em apropriar o rebanho aos custos ocorridos no período, cujos valores devem ser distribuídos em função de quantidade existente de unidade padrão animal (MARION, 2012). Pode-se avaliar o rendimento por unidade de área, em relação à lotação dos pastos, admitindo-se que a população bovina no pasto expressa a qualidade da pastagem.

Produtividade das pastagens =

Número de cabeças no pasto Hectares de pasto

Para os rebanhos confinados podem-se calcular quantos kg de alimento são necessários para que o gado engorde 1k (MARION, 2012). Normalmente, o gado alimenta-se

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no pasto (pastejo direto), através do pastoreio continuo ou rotativo. Todavia, a forragem pode ser obtida de outra maneira, ou seja, por meio do corte, sendo então distribuída ao gado no estábulo ou curral, o que se mostra inviável economicamente (MARION, 2007).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Caracterização metodológica

O processo metodológico utilizado para o desenvolvimento do presente trabalho foi o método dedutivo (LAKATOS, MARCONI, 2006) e, o delineamento da pesquisa é o estudo de caso com abordagem qualitativa e do tipo descritivo (GIL, 2009). Caracteriza-se como estudo de caso com uma unidade. O nível de análise é uma empresa rural, fazenda, na cidade de Cerejeiras, Rondônia, a qual possui bovinos de corte alimentados por pastagem e revezada através de um planejamento dentro de um sistema de produção. Segundo Yin (2015) e Creswell (2010) o estudo de caso é adequado às questões do tipo “como” e “o que”. Desse modo, as questões de pesquisa inicialmente elaboradas foram: Quais os custos do bovino de corte numa empresa rural? E, qual o custo por cabeça de bovino de corte? Ainda sobre o estudo de caso, quantos aos resultados, é imprescindível esclarecer que a generalização dos mesmos é analítica, teórica, e não estatística (ALVES-MAZZOTTI, 2006; YIN, 2015).

3.2 Etapas, técnicas, coleta e análise dos dados

A etapa da pesquisa consistiu-se de: (1) entrevistas, e (2) pesquisa documental. A realização da pesquisa descritiva ocorreu por meio de diálogo e análise de informações acerca da atividade pecuária local. Na entrevista utilizou-se de perguntas não estruturadas e abertas. O instrumento de pesquisa foi o formulário que conforme Michel (2009) é aplicado pelo pesquisador na presente do entrevistado. Entrevistou-se o proprietário pecuarista, o veterinário e o contabilista. Já a pesquisa documental, que conforme Silva (2010) são fontes que ainda não receberam tratamento analítico ou que pode ser reelaborado, foi realizada nas documentações

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contábeis da empresa em estudo como: balancetes, balanços, notas explicativas, registros analíticos, caixa, contas a pagar e receber, inventários entre outros. Para Oliveira (2011, p. 93) os demonstrativos contábeis podem compor um estudo de caso porque “são o resultado de dados organizados de acordo com determinadas regras em torno de uma entidade”. Observa-se, portanto, mais de uma fonte de evidência no método para a devida triangulação e análise dos dados (VERSCHUREN, 2003; CRESWELL, 2010; YIN 2015).

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Raças bovinas de corte no Estado de Rondônia

Dentre as raças bovinas que são encontradas no Estado de Rondônia, destaca-se a zebuína que é de maior representatividade, sendo que a que mais predomina é a raça Nelore. Após anos e anos de seleção desta raça, o país é um exemplo de desenvolvimento deste material genético. Ainda como raças zebuínas importantes no Brasil, deve-se destacar a raça Gir, especialmente pelo seu cruzamento com a raça holandesa que resultou numa raça híbrida de dupla aptidão (carne e leite) denominada Girolando. As raças Guzerá e Brahman são igualmente muito importantes, especialmente pelos seus cruzamentos que deram origem as raças Santa Gertrudes, Braford e Brangus.

4.2 Da unidade de análise

A propriedade possui uma área de 400 hectares, com solo fértil, sendo 282 hectares em pasto (brachiaria), contando com 445 cabeças de gado bovino, e mantém 118 hectares de mata. A alimentação dos bovinos é realizada através de um sistema de planejamento alimentar, utilizando baixo custo de produtos. Os alimentados utilizados além da pastagem são efetuados por suprimento mineral, e o acompanhamento da saúde é feito através do controle da vacinação obrigatória realizada de acordo com o calendário do IDARON Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia. Perante todo esse processo de pastagens depende a criação do boi de corte, o qual muitas vezes passa por melhoramentos genéticos o qual tem como objetivo principal e à utilização de variação genéticas para aumentar qualitativa e a quantitativamente a produção

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dos animais de corte. Não há controle interno sobre os gastos da empresa, pois o proprietário não tem controle sobre o valor a ser adicionado ao negócio, ele precisam contar com meios que o auxiliem a mensurar a origem da receita e dos custos. Hoje possui somente anotações algumas notas aleatórias as quais se pode fazer um calculo aproximado dos gastos. Levando em conta o sistema de custos para a criação de um animal de corte, tem de se colocar as particularidades da estrutura administrativa e operacional das entidades rurais, bem como os processos produtivos das atividades nela desenvolvidas, a fim de oferecer informações mais exatas e reais. Outro fator de produção importante na montagem dos custos operacionais é o custo da mão de obra direta e indireta, ligado ao setor da pecuária. Na fazenda em estudo, o mesmo é formado pelo trabalho especializado, representado pelo veterinário, e pelo trabalho semiespecializado representado por vaqueiros que além dos fixos quando necessário são contratados alguns por empreitada. 4.3 Levantamento dos custos

O custo com alimentação do gado criado em regime extensivo, não é muito elevado, haja vista que os animais se alimentam de pasto e o complemento nutricional é feito com sal comum e suplemento mineral, não havendo outra preocupação no sentido de complementar a alimentação com outra ração. Os custos apresentados nos quadros a seguir foram extraídos da contabilidade da empresa em estudo. Conforme o quadro 1 pode-se fazer uma análise dos custos e despesas apurados. Os demais quadros são detalhamentos dos itens constantes do quadro 1.

Quadro 1 - Demonstração de Custos Incorridos (R$). DEMONSTRAÇÃO DE CUSTOS INCORRIDOS NO PERIODO CUSTOS DIRETOS E VARIÁVEIS Custo de aquisição do garrote Alimentação Sanidade Mão de obra direta CUSTOS INDIRETOS E FIXOS Mão de obra indireta Impostos Depreciação Outros custos TOTAL DOS CUSTOS

203.664,17 178.000,00 10.085,50 3.592,00 11.986,67 44.761,92 8.990,01 1.338,00 17.940,00 16.493,91 248.426,09 (continua)

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DESPESAS ADIMINISTRATIVAS Salários Depreciação TOTAL DE GASTOS NO PERÍODO FATURAMENTO LUCRO NO PERIODO Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

23.547,26 10.247,26 13.300,00 271.973,35 320.392,16 48.418,81

A manutenção da saúde animal faz parte dos custos de produção dentro da contabilidade pecuária, na empresa em estudo os gastos com vacinas e desverminantes e outros medicamentos necessários a manutenção do rebanho. Quando é tratado de gado reprodutor o seu período de vida útil inicia-se a partir do momento em que este estiver em condições de reproduzir, assim no cálculo da depreciação, é previsto o valor residual que o gado reprodutor terá ao fim de seu período, após castrado engordado para abate. Entra na depreciação a utilização de veículos também. No quadro 2 apresenta-se a mão de obra direta. Quadro 2 - Mão de obra direta (R$). MÃO DE OBRA VETERINARIA VAQUEIRO Salário FGTS INSS 13º Salário Férias TOTAL MÃO DE OBRA DIRETA Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

3.473,90 8.512,77 9.024,60 767,09 243,66 836,28 1.115,04 11.986,67

Foram medidos os custos diretos os quais são identificados com precisão no produto acabado, e os custos indiretos que são necessários à produção, geralmente de mais de um produto, são extraídos de um sistema de rateio e estimativas.

Quadro 3 - Mão de obra indireta (R$). MÃO DE OBRA DE MANUTENÇÃO DE PASTAGENS Salário FGTS INSS 13º Salário Férias TOTAL MÃO DE OBRA INDIRETA Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

6.768,45 575,32 182,75 627,21 836,28 8.990,01

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Vale dizer que a mão de obra direta é aquela passível de ser calculada por setor. E, no intuito de diferenciar a mão de obra direta da mão de obra indireta (quadro 3), esta é aquela cuja remuneração é paga ao pessoal não empregado diretamente na produção, que não incidem diretamente da produção de determinados produtos ou de determinada seção.

Quadro 4 - Custos de Alimentação e Formação de Pastagens (R$). ALIMENTAÇÃO Sal Comum

1.913,50

Suplemento Mineral

4.272,00

Pastagem

3.900,00

TOTAL ALIMENTAÇÃO

10.085,50 CUSTO DE FORMAÇÃO DA PASTAGEM

DESCRIÇÃO

POR ALQUEIRE

TOTAL

P/ PERIODO

170,00

25.500,00

2.550,00

90,00

13.500,00

1.350,00

260,00

39.000,00

3.900,00

Desmatamento Plantio do Capim TOTAL DO CUSTO DE FORMAÇÃO DE PASTO

Obs.: A Área total ocupada pelo rebanho é de 70 alqueires e o tempo de vida útil da pastagem ate a primeira reforma é de 10 anos

Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

Os custos apontados no quadro 4 estão intrinsecamente relacionados, uma vez que o consumo de sal e suplemento mineral varia conforme a fertilidade do solo, qualidade e manejo das pastagens. Quanto à pastagem cultivada na propriedade ora em estudo é a brachiaria, cultura perene que consiste em um investimento que durará vários anos, assim o custo com a formação ou a recuperação desta pastagem passa a ser um investimento, uma vez que este gerará frutos ao longo de diversos ciclos de produção. Desta forma, é importante ressaltar que o processo de conservação utilizado tem implicações diretas na produtividade da pastagem, em sua curva de produção e em sua vida útil. Os custos com a sanidade, quadro 5 abaixo, do rebanho estão diretamente ligados à segurança e confiabilidade que o pecuarista necessita na comercialização de seu rebanho, uma vez que manter os animais livres de enfermidades é um fator diretamente relacionado à saúde pública. Assim, para manter a saúde animal, alguns programas sanitários que adotam medidas preventivas como vacinação são impostos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelos órgãos estaduais de defesa sanitária animal.

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No entanto, além dos custos com a prevenção das doenças que estão incluídas em programas sanitários, haverá também custos suplementares na garantia da segurança sanitária do rebanho.

Quadro 5 - Custos com saúde (Sanidade animal)(R$). DESCRIÇÃO Vacina contra febre aftosa Desverminantes Medicamentos diversos TOTAL DE CUSTO COM SANIDADE

UNITARIO 3,00 3,20 6,20

TOTAL 1.335,00 1.424,00 833,00 3.592,00

Obs.: O rebanho é de 445 cabeças no período de um ano (exercício de 2012).

Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

Quanto aos tributos identificou-se o ITR (Imposto Territorial Rural) e a GTA (Guia de Transporte Animal), conforme quadro 6.

Quadro 6 - Custos com impostos da propriedade. (R$) DESCRIÇÃO VALOR ITR 198,00 GTA 1.140,00 TOTAL DE CUSTOS COM IMPOSTOS 1.338,00 Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

No quadro 7 demonstra-se os custos apurados com a depreciação. E, no quadro 8 os demais custos indiretos. Como não houve no período em análise animais de trabalho, como o touro, não foi considerado na depreciação. A pastagem também foi lembrada, para a depreciação, mas devido à dificuldade de análise não foi considerado. Pode ser objeto de novo estudo.

Quadro 7 - Custos com depreciação. DESCRIÇÃO VALOR BEM (R$) VDA UTIL TX ANUAL VL ANUAL (R$) Trator 75.000,00 10 10,00% 7.500,00 Camioneta 33.000,00 5 20,00% 6.600,00 Curral m² 4.000,00 8 10,00% 400,00 Cerca 19.000,00 10 10,00% 1.900,00 Barracão alvenaria 17.500,00 25 4,00% 700,00 Casa 21.000,00 25 4,00% 840,00 TOTAL 169.500,00 14 9,67% 17.940,00 DEPRECIAÇÃO Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

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Quadro 8 - Outros custos indiretos. DESCRIÇÃO Energia elétrica Gás para ferrar o gado Brincos de identificação Fretes e carretos Combustível para máquinas Lubrificantes Material de consumo Higiene e limpeza Manutenção de máquinas e veículos Material de expediente Ferramentas TOTAL Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

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VALOR (R$) 1.660,91 105,00 315,00 5.000,00 4.800,00 980,00 456,00 180,00 1.720,00 220,00 1.057,00 16.493,91

As despesas administrativas estão evidenciadas no quadro 9, portanto, segregadas dos custos do bovino de corte. Quadro 9 – Despesas Administrativas.

SALÁRIOS ADMINISTRATIVOS MÃO DE OBRA CONTABIL MÃO DE OBRA ADIMINISTRATIVA Salário FGTS INSS 13º Salário Férias TOTAL DE SALÁRIOS

2.256,15 7.991,11 6.016,40 511,39 162,44 557,52 743,36 10.247,26

DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO DESCRIÇÃO

VALOR DO BEM 66.500,00

VIDA ÚTIL

5 Caminhonete S10 TOTAL 66.500,00 5 DEPRECIAÇÃO Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

20,00%

VALOR ANUAL 13.300,00

20,00%

13.300,00

TAXA ANUAL

Assim tomando como exemplo dados do quadro acima custos com obra contábil e obra administrativa é indireta pelo montante do custo não incidir diretamente a um setor, mas a toda propriedade. Depreciação caracteriza-se na preda de valor em razão da utilização ou desgaste. Este aspecto deve ser considerado para fins contábeis em virtude de estar diretamente ligado ao valor do patrimônio que se tem, bem como, aos custos necessários à conservação e ou à nova aquisição necessária.

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Em detrimento à realidade que se observa no dia a dia de grande parte das propriedades rurais onde, como anteriormente dito, raramente se difere a contabilização do capital particular do capital da empresa, a propriedade, para que seja possível o real gerenciamento do negócio é importante que todos os custos, quaisquer sejam sua natureza estes sejam considerados e contabilizados. Com base no valor dos custos totais pôde-se calcular o custo por cabeça de bovinos, conforme quadro 10.

Quadro 10 - Custos por Cabeça de Bovino de Corte. DESCRIÇÃO a) Custos Totais (Quadro1) b) Número de cabeças bovinas (Quadro 5)

VALOR 248.426,09 445

CUSTO POR CABEÇA (a/b) Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor.

558,26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo foi investigar os custos do bovino de corte numa empresa rural e o custo por cabeça de bovino neste segmento empresarial. Com base nos dados e controles da entidade pesquisada, foi possível calcular e informar nas tabelas da seção anterior, com o objetivo de fornecer ao pecuarista as informações necessárias para conhecer os custos da atividade e setor, bem como avaliar se os procedimentos adotados por ele nas operações surtiriam os resultados esperados. Respondendo ao primeiro questionamento o custo total na atividade pecuária foi de $ 248.426,09 e, ao segundo, o custo por cabeça de bovino de corte foi de $ 558,26. Valores esses que serão repassados ao pecuarista para atendimento prático da pesquisa. A entidade pesquisada possui controle gerencial deficiente, mas mesmo assim avaliouse o desempenho produtivo do rebanho, através de dados coletados e registrados pela contabilidade. Verificou-se que diversas são as maneiras utilizadas para a reforma das pastagens. Pode-se efetuar a reforma simplesmente analisando e adubando o solo, como adotar o uso da agricultura com o objetivo de melhorar a qualidade física e química do solo. A grande vantagem dessa associação agricultura com a pecuária é que podemos reformar as pastagens de maneira econômica, pois, a agricultura pode custear total ou parcialmente a reforma, além de oferecer à pecuária, alimento de boa qualidade durante o período seco, ou seja, a entressafra.

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Para que fosse estabelecido o custo de produção e determinado o consumo em determinadas categorias, como por exemplo, a suplementação mineral foi feita uma margem de custos diretos e indiretos, e em seguida classificado em custos fixos e variáveis para poder melhor entender as necessidades de informações gerenciais da entidade pesquisada. A dificuldade encontrada para o pecuarista e um sistema de custos adequado e sincronizado com a contabilidade, que devido as suas peculiaridades tornam os controles mais complexos, com ciclos longos, onde os animais ficam mais de um ano na propriedade e isto faz com que se trabalhe com um estoque que cresce todos os dias. Verificou-se que a entidade não possui contabilidade de custos, porém mantêm de forma rudimentar controles internos que poderiam facilmente evoluir para uma contabilidade de custos, o que lhe seria um ferramental de primordial importância para a gestão de seus negócios. Pode-se afirmar que a manutenção de um sistema de custo na pecuária constitui-se de uma importante ferramenta para medir o resultado do rebanho e custo unitário, fornecendo ao pecuarista subsídios para tomada de decisões e possibilite o aumento qualitativo e quantitativo da sua produção. Assim, a contribuição do estudo tem contribuição prática, tanto para os contadores, incentivando a contabilidade gerencial e estudo de custos para a tomada de decisões por parte do gestor, quanto para os empresários rurais e investidores. Portanto, generaliza-se com base no caso e, conforme Yin (2015), que proprietários pecuaristas do cone sul de Rondônia, do mesmo porte, encontram-se na mesma dificuldade, sem conhecer os custos diferenciados dos demais gastos, e nem conhecem o custo unitário do rebanho de corte. Recomenda-se replicar o caso com novos estudos em outras propriedades e em vários períodos ou exercício financeiros para fins de comparação.

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