Da Defensiva de 1810 à Ofensiva de 1812

September 24, 2017 | Autor: Nuno Lemos Pires | Categoria: Military History, Napoleonic Wars, Historia Militar, Peninsular War
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Publicado em 2010, atas do Congresso Internacional de História Militar A Guerra no tempo de Napoleão – antecedentes, campanhas militares e impactos de longa duração, Porto, Comissão Portuguesa de História Militar, Tomo I, pp. 237-251.

Da Defensiva de 1810 à Ofensiva de 1812 Nuno Lemos Pires https://academiamilitar.academia.edu/NunoPires

Abstract In 1810 Wellington wanted to assure that Portugal could be defended, the Anglo-Portuguese Army‟ “Sanctuary”. Napoleon Bonaparte decided to try, for the third time, to conquer Portugal sending his best and biggest Peninsular Army under the command of “l‟enfant Cheri de la victoire” André Massèna. Like Soult before him, Massèna failed. He never passed the Lines of Torres Vedras. In 1811 the strategy was still defensive but the attitude proactive.

Many

offensive operations were carried out. The main goal was to permanently block any French offensive towards Portugal and the Anglo-Portuguese Army fought beyond Portuguese borders. Very important Battles took place like Fuentes de Oñoro, Albuera or Arroymolinos. In the end of 1811 The Anglo-Portuguese Army was now a fearless force, probably one of the best Armies of the time. In 1812 the goal of Portuguese, British and Spanish is to conquer Madrid. Wellington will go further till Burgos but the conditions were not yet ready to go any further. Back to the “sanctuary”, knowing the French disaster in Russia and now with operational command over the Spanish Army, he will lead his enlarged Allied Army in an offensive campaign that will lead to the final defeat of the French forces in Toulouse France in 1814. Resumo Em 1810 Wellington assegurava que Portugal podia ser defendido, o “santuário” do Exército Anglo-Português. Napoleão Bonaparte decidiu fazer a terceira tentativa para conquistar o País e enviou o seu melhor exército sob o comando de um dos melhores Marechais, “l‟enfant Cheri de la victoire” André 1

Massèna. Tal como Soult, Massèna falhou. Não passou as Linhas de Torres Vedras. Em 1811 a estratégia era ainda defensiva mas a atitude proactiva. Já se podiam efetuar operações ofensivas de âmbito limitado. O objetivo principal era fechar permanentemente os acessos a Portugal: Desta forma, o Exército Anglo-Português combateu para lá da fronteira Portuguesa e registaram-se importantes Batalhas, entre outras, Fuentes de Oñoro, Albuera, Arroyomolinos. No final de 1811 o Exército Anglo-Português é uma força temível, provavelmente o melhor Exército daquele tempo. Em 1812 o objetivo de Portugueses, Britânicos e Espanhóis é a conquista de Madrid. Wellington avança ainda até Burgos mas as condições para uma ofensiva final ainda não estavam garantidas. De volta ao seu “santuário”, sabendo do desastre francês na Rússia e agora com a autoridade operacional sobre o Exército Espanhol, inicia uma ofensiva geral que expulsará os Franceses da Península Ibérica e que só terminará com a derrota final em Toulouse, França em 1814. Introdução Novembro de 1810. Depois de um mês parado no lado norte das Linhas de Torres Vedras, O “filho querido da Vitória”, Marechal André Massèna, está exausto, incapaz de continuar a ofensiva para Lisboa. Comanda um Exército de

homens

famintos,

indisciplinados,

reduzidos

e

humilhados.

Terá

necessariamente de retirar. Massèna não o sabe, mas a sua retirada vai marcar o início da lenta e gradual retirada Francesa da Península Ibérica. Em 1810 e 1811 de Portugal, em 1812 e 1813, de Espanha. Da defesa de Portugal em 1810 para ofensiva AngloPortuguesa de 1812 e mais tarde para a grande ofensiva Anglo-Portuguesa e Espanhola de 1813. No primeiro dia de Janeiro de 1812, o ano da ofensiva, o exército aliado AngloPortuguês abre o ano com um ataque bem planeado e executado: “Ostentando abreviáveis valor e disciplina, encetaram os soldados portugueses o novo ano de 1812, combatendo no dia 1º de Janeiro os inimigos da pátria independência,

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na continuação dos movimentos empreendidos pelas tropas aliadas na Estremadura espanhola”1. Portugal encontra-se em combate com a França desde 1793, quando envia um exército auxiliar para os Pirenéus para ajudar na defesa de Espanha e uma esquadra naval para ajudar os Ingleses no canal da Mancha. Depois dessa data, no meio de muitas negociações, hesitações e confrontos, o esforço português não mais parou. Foi a nova esquadra em 1794 para a Mancha, a participação na Batalha de S. Vicente em 1797, a Esquadra do Oceano de 1798 a 1800 a lutar com Nelson no Mediterrâneo, os combates contra os Franceses em S. Tomé e Príncipe e em Cabo Verde, a Guerra das Laranjas em 1801 e finalmente, a ocupação Francesa no final de 1807. O General Andoche Junot, que comanda a invasão Franco-Espanhola de 1807, trata de rapidamente desmantelar o aparelho de defesa português. Assim, em 1808, Portugal não tem Exército, nem milícias nem ordenanças nem Marinha. Também lhe tinham sido tiradas as armas, os cavalos, grande parte dos equipamentos. Junot tinha, de facto, desfeito o Exército Português mas apenas tinha desarmado e enviado para casa as milícias e ordenanças. Estes corpos, que de uma forma geral, não tinham equivalente nas várias nações europeias, eram desvalorizados e pouco respeitados, vão fazer toda a diferença. Serão eles o coração e alma dos novos Exércitos Portugueses. Em 1808 é uma Nação inteira que se levanta em armas e que controla rapidamente

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do

território

nacional

antes

mesmo

dos

ingleses

desembarcarem em Portugal2. Em 1809, vai ser com este, ainda, Exército improvisado, a partir das desarmadas milícias e ordenanças, que vai retardar o avanço Francês em direção ao Porto, transformando-o num percurso verdadeiramente infernal cortando as linhas de progressão e de retirada para Espanha. Distinguem-se alguns “ainda poucos” esclarecidos comandantes, como Silveira, Bacelar, Paula leite, Miranda Henriques e Bernardim Freire de Andrade. São eles que vão, tal como na primeira invasão de Junot, criar as condições para um contra1

Chaby, 1875: 463 “Já antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra a revolta libertara nove décimos do país” Valente, 2007: 7 2

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ataque Anglo-Português que levará à precipitada fuga Francesa de Soult do norte de Portugal. O tempo, entretanto, permitiu o treino, a chegada e fabrico de armamentos e equipamentos para fortalecer os exércitos de Portugal, o de primeira linha, que combaterá integrado no Exército Anglo-Português de Wellington e o territorial, quase exclusivamente Português, essencialmente com forças de 2º linha e contando com a presença de oficiais ingleses. Em 1810 são soldados Portugueses que combatem com igual destreza, bravura e valor ao lado dos seus aliados Britânicos na Batalha do Buçaco. Em 1809/1810 é uma nação em armas que constrói as Linhas de Torres Vedras e é essa nação que guarnece os fortes, fortins, bastiões e fortalezas. Na retaguarda das quais se encontram judiciosamente distribuídas as forças aliadas Inglesas, Portuguesas e também Espanholas que impediram todas (as poucas junto a Sobral de Monte Agraço) as tentativas de Massèna para tentar alcançar Lisboa. Vamos estar melhor preparados para expulsar Massèna em 18113 e na infrutífera tentativa de Marmont em 1812. Definitivamente 1812 já não é o ano de pensar em defender, a ordem é para atacar, o objetivo é Madrid e os Portugueses estarão entre as primeiras forças a conquistar a capital de Espanha. Voltemos ao dia 16 de Outubro de 1810, quando o Marechal Massèna se encontra detido em frente das Linhas de Torres Vedras4. A defensiva tinha resultado, os Franceses não podiam passar. A retirada de Portugal “16 de Outubro, tudo silencioso”5. O grosso das forças da Infantaria Francesa está acantonado num pinhal a cerca de 4 km, na retaguarda, de Sobral de

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Em Fevereiro de 1811 os governadores do Reino anunciam ao País a mais que provável retirada das forças francesas de Portugal: “Portugueses! Quando os governadores do reino, em Agosto de 1810, vos asseguraram que a pátria seria salva, estava Portugal ameaçado por um exército numeroso (…) a perícia e consumada prudência dos comandantes em chefe e generais do exército aliado, o valor e disciplina das tropas, e a energia e lealdade da nação, venceram todos os obstáculos. O inimigo viu-se obrigado a evacuar o país” Chaby, 1875: 474 4 Também denominadas por Linhas de Lisboa (Mayne e Lillie, 2010: 195), Linhas de Sintra (Marbot, 2006: 75) ou Linhas de Alenquer (Lemonnier-Delafosse in Ventura 2010: 65)

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Monte Agraço. A 28 de Outubro há chuvas torrenciais e as temperaturas descem. Os desertores franceses aumentam a cada dia. A Divisão de Loison (o célebre Maneta) dirige-se a Tomar para procurar alimentos. A pequena guarnição portuguesa estacionada em Óbidos não pára de flagelar os Franceses6. Todas as linhas de comunicação com a Espanha, Portugal a norte de Coimbra, estão nas mãos das forças Anglo-Portuguesas. As forças portuguesas são as que mais missões cumprem durante este período para fustigar o adversário: Regimento de Infantaria 13 no combate de Punhete a 22 de Outubro7; as de Infantaria 2 no Combate do Bucalho a 28 de Outubro; a Leal Legião Lusitana no combate de Duna a 1 de Novembro; Cavalaria 12, Infantaria 24, Granadeiros e Caçadores de Trás-os-Montes no combate de Valverde a 14 de Novembro; Artilharia 4, Cavalaria 12, Infantaria 24 no combate do Pereiro e Gamelas8 também a 14 de Novembro9. Garante-se a defesa das Linhas de Torres Vedras, a segurança dos flancos a sul do Tejo, o isolamento do inimigo na sua retaguarda e uma permanente ação de desgaste e atrição sobre as linhas de comunicação10. A estratégia planeada por Wellington mostrava-se eficaz. Massèna está encurralado, faminto e não consegue comunicar com Espanha 11. Os seus 5

(Mayne e Lillie, 2010: 198). Vamos fazer a descrição da retirada de Massena para Santarém a partir das declarações destes dois militares que a testemunharam, oficiais da Leal Legião Lusitana, Tenente-coronel William Mayne e o Capitão Lillie e também de outros testemunhos da época através dos relatos Franceses de M. Rocca, Marbot e Kosh, e os relatos Portugueses a partir de Chaby (ver bibliografia); 6 Mayne e Lillie, 2010: 197 e acções que duram até Dezembro “mais de vinte vezes” em Chaby, 1863: 251-52 7 “a 26 de Outubro, Loison chegou em frente a Punhete e pareceu-lhe, como a Montbrun, que a travessia do Zêzere apresentava poucas hipóteses favoráveis e que os portugueses só seriam desalojados desse posto se fossem rodeados por Martinchel” Kosh, 2007: 133 8 Chaby, 1863: 239 9 As ações do dia 14 de Novembro foram comandadas pelo General Silveira que contaram também com a participação das Milícias de Moncorvo, causaram cerca de 60 mortos aos portugueses e mais de 300 mortos entre os franceses, Chaby, 1863: 241-42 10 “Os corpos comandados pelos generais portugueses Silveira e Bacelar, e os dos coronéis de milícias Trant, Miller, Wilson e Grant, tinham ocupado as estradas por onde deviam passar as colunas militares com os víveres e as munições que o Exército de Massena esperava (…) O flanco direito (…) acossado pelas investidas que as guarnições portuguesas faziam a partir das praças de Peniche, de Ourém e de Óbidos; os camponeses armados juntavam-se aos corpos de milícias para atacarem” Rocca, 2010: 216 11 O único mensageiro que conseguiu passar foi o General Foy “ao qual tinha sido necessário dar três batalhões para o escoltar até Espanha” Marbot, 2006: 86; mesmo assim a sua travessia foi permanentemente atacada pelas forças portuguesas: “entre Alpedrinha e Castelo Branco, caiu no meio de um destacamento de 200 homens da Ordenança (…) escapou à tropa

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Generais estão divididos, Ney recusa-se a continuar para Lisboa12, os soldados indisciplinados13, não pode fazer outra coisa: decide retirar no dia 14 de Novembro para Santarém14. Depois da tentativa falhada da Brigada Francesa Gardane15, a 26 de Novembro, Massèna recebe os reforços do General Druet D‟Erlon. Cerca de 7.000 franceses, sob o comando do General Claparède, ocupam a vila de Trancoso e as cidades de Pinhel e da Guarda para assegurem a linha de retirada francesa16. Forças Portuguesas de Silveira, de Bacelar e de Wilson vão manter a pressão e ataques constantes17. As hipóteses para passar o Tejo para Sul também são cada vez mais consideradas improváveis18, Massèna tem de se concentrar na

de Silveira, que avançava de Pinhel para Abrantes (…) informado que as cercanias de Almeida estavam infestadas de milícias portuguesas, dirigiu-se directamente para Ciudad Rodrigo” Kosh, 2007: 134 12 “Massena, irritado com a discussão, repetiu, de viva voz, as ordens de marcha já dadas por escrito, o marechal Ney declarou formalmente que as não executaria” Marbot, 2006: 79 13 “Um Sargento Francês do 47º de linha (…) corrompeu uma centena de soldados (…) foi instalar-se longe, na retaguarda, num convento amplo abandonado (…) queria ser chamado o marechal Chaudron (…) tendo mandado raptar um grande número de mulheres e de raparigas, o convite ao deboche, à preguiça e à bebedeira que, em breve levariam até ele os desertores ingleses, franceses e portugueses (…) cerca de 500” Marbot, 2006: 85 14 “depressa se adquiriu a convicção de que Santarém conservava ainda géneros suficientes para alimentar o nosso exército durante quinze dias” Kosh, 2007: 129; a área ocupada tinha Santarém como sede mas estendia-se às áreas envolventes:“o espaço entre Rio Maior, o Tejo, o Zêzere, as cidades de Santarém (…) o 8º corpo ocupou Torres Novas, Pernes e a parte baixa do Montejunto. O 6º corpo estava posicionado em Tomar, o parque de artilharia grande em Tancos e acantonámos a cavalaria em Ourém, empurrando os postos avançados até Leiria” Marbot, 2006: 83; 15 “Este oficial general até perdeu muitos homens retrocedendo precipitadamente (…) apenas a três léguas de distância (…) Gardanne voltou para Espanha para onde ele reenviou os reforços, as munições e os cavalos” Marbot, 2006: 87 ou “General Silveira had been successful in an affaire with an advance guard (…) of a Division formed under General Gardanne” Memorando de Wellington datado de 23 de Fevereiro de 1881 em Gurwood, 1851: 415, de seguida refere que o remanescente das forças francesas de Gradanne ainda foram atacadas pelas Ordenanças da Beira Baixa 16 As esperanças de Massena deste reforço eram elevadas esperava-se mais de 30.000 homens o que poderia levar a uma possível contra-ofensiva, mas depressa Massena descobriu que nada disto estava nos planos de Napoleão: “de facto, os 30.000 homens que aquele general supostamente traria consigo reduziam-se à divisão Conroux, com uma força de 6.000 combatentes; e, para cúmulo da infelicidade, ele não trazia ordens formais para obedecer a Massena” Kosh, 2007: 150 17 Chaby, 1863: 250 e de acordo com Memorando de Wellington datado de 23 de Fevereiro de 1881 em Gurwood, 1851: “They reached the Army by 27 or 29 of December, having been attacked by Colonel Wilson‟s division of Militia on their passage of Alva and suffered some loss”; 18 “Depois de ter feito pessoalmente o reconhecimento ao Tejo em Santarém (…) Massena renunciou à ponte das barcas” Kosh, 2007: 134

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possibilidade da retirada pelo Norte19, mas Wellington está preocupado com a possível passagem para o outro lado do Tejo 20 e são enviadas forças aliadas prevenindo assim futuras incursões francesas em busca de alimentos nas planícies do Alentejo21. Os combates continuam ininterruptos: Caçadores 3 no Combate do Bosque junto ao Cartaxo a 18 de Novembro; Caçadores 4, Infantaria 1 e 16 no combate da ponte do Calhariz a 22 de Novembro; Cavalaria 11 nos combates do Rego, da Murta a 30 de Novembro e 4 de Dezembro; Artilharia 4, Cavalaria 12, Infantaria 24 no combate de Benavente a 30 de Dezembro22. O ano de 1811 começa de forma intensa, em especial, para as forças portuguesas23: Artilharia 4, Cavalaria 12 no Combate de Vila da Ponte a 5 de Janeiro; Infantaria 24 no Combate do Penço a 10 de Janeiro e no Combate de Mondim a 11 de Janeiro; Artilharia 4 no Combate da Régua de 13 a 15 de Janeiro; Artilharia 4, Infantaria 4 no Combate da Barca do Pocinho a 17 de Janeiro24. Junto à fronteira Portuguesa o Marechal Soult não dava qualquer indício de querer ajudar Massèna mas também não perdia a oportunidade de manter a pressão sobre os aliados: a 9 conquista Mérida e a 23 de Janeiro conquista a praça Portuguesa (desde a Guerra das Laranjas ocupada por Espanha) de

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“Seguiria pela estrada da ponte da Murcela e da Guarda para não ir pelo caminho anteriormente percorrido e encontrar alguns recursos” Kosh, 2007: 133 20 “The danger that I have long foreseen (…) is now approaching the province of Alentejo, and I am apprehensive that it is but little prepared for it” Carta de Wellington a Charles Stuart do Cartaxo de 13 de Janeiro de 1811 em Gurwood, 1851: 419; No seu memorando datado de 28 de Dezembro de 1811 Wellington justifica a sua distribuição de forças anglo-portuguesas: o objetivo dos franceses era sem sombra de dúvida passar o Tejo para Sul, pelo que distribuíu ao longo do Rio cerca de 14.000 tropas anglo-portuguesas, Gurwood, 1851: 549; 21 “o grande problema consistia em arranjar mantimentos para o exército (…) cada corpo de exército viu-se obrigado a bastar-se a si próprio” Kosh, 2007: 145 22 Chaby, 1863: 251-52 23 Estamos a referir apenas as forças portuguesas porque, infelizmente, são menos faladas. A maior parte das descrições da retirada de Massena referem as acções aliadas do Exército de Wellington e fazem pouca (ou por vezes nenhuma) referência à participação das unidades portuguesas pelo que optámos por, apesar de referir sempre que este é naturalmente um esforço aliado, com enorme sacrifício e empenho de ambos aliados, britânicos e portugueses, dar algum destaque a ações portuguesas; 24 Chaby, 1863: 272-73

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Olivença e a 24 de Janeiro inicia o cerco a Badajoz25 (resistiram Espanhóis e Portugueses26 até 11 de Março). A situação tornava-se cada vez mais insustentável, não podendo permanecer indefinidamente em Santarém, Massèna convoca os seus Generais para um almoço a 18 de Fevereiro na Golegã (a descrição deste encontro está bem descrita em Kosh, 2007: 162-169). O resultado foi a grande diferença de posições e apenas uma decisão, embora não assumida, abandonar Santarém. Os combates aliados, Portugueses, Britânicos e Espanhóis, são cada vez mais globais, das unidades portuguesas destacamos: Cavalaria 3 no Combate de Talavera la Real a 20 de Janeiro; Cavalaria 3,5 e 8 no Combate da ponte do Xevora a 6 e a 9 de Fevereiro; Caçadores 6 no Combate de Rio Maior a 11 e 19 de Fevereiro (curiosidade deste combate foi o facto de o comandante francês ser o próprio Junot); Cavalaria 3 no Combate dos Campos de Santa Engrácia a 19 de Fevereiro27. A 5 de Março deu-se a Batalha de Chiclana (ou da Barrosa) com a presença do Regimento de Infantaria nº 2028 na defesa do Porto de Santa Maria no sul de Espanha que registou elevadas perdas nesta batalha ao lado de espanhóis e ingleses: 22 mortos e 50 feridos29 Portugueses entre mais de 1300 baixas aliadas. A 5 de Março30 os Franceses abandonam Santarém31. Uma data a não esquecer, se até aqui os Franceses alimentavam esperanças de poder retomar 25

“ainda que o Imperador tivesse ordenado por três vezes ao marechal Soult que fosse prontamente apoiar Massena com uma parte do Exército da Andaluzia (…) o Imperador, mesmo depois da tomada de Badajoz, lamentou a desobediência do marechal Soult, dizendo: Ele tornou-me senhor de uma cidade e fez-me perder um reino!” Marbot, 2006: 95 – podemos ver as razões de Soult noutra base do nosso estudo: “há nesta fronteira cinco praças de guerra: Badajoz, Juromenha, Elvas, Campo Maio e Albuquerque; ao todo contêm 20.000 homens e 2.500 cavalos. Como é que um corpo de 10.000 homens enviados para o Tejo poderia chegar ao destino sem se ver imediatamente envolvido (…)? esta operação seria a perdição do 5º corpo” Kosh, 2007: 158 26 O reforço português para a defesa de Badajoz enviado a 21 de Janeiro era composto por 173 soldados do Regimento de Artilharia 3 sob o comando do Capitão Vieira de Mello. Chaby, 1863: 278 27 Chaby, 1863: 284-85 28 Este Regimento Português tinha sido enviado em Fevereiro de 1810 para a Baía de Cádiz para ajudar na defesa aliada da sede do poder remanescente espanhol (o relato da sua participação foi muitíssimo meritório) ver mais em Chaby, 1863: 287-88 29 Chaby, 1863: 288 - 295 30 No dia 1 de Março um rapaz português, que fazia biscates para o comandante do Regimento francês nº 66, confessou ao Governador português de Abrantes que os franceses iam retirar no

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a ofensiva, a saída significava a retirada final, porque, como sabemos, nunca mais conseguiram passar desta linha em Portugal. Santarém é deixada vandalizada e metade destruída, cheia de lixo e animais mortos ao longo das estradas, as mobílias queimadas usadas para lenha e dentro dos edifícios agonizavam os últimos sobreviventes da chacina32. As imagens da destruição encorajam os cerca de 46.000 homens de Wellington (incluindo 14.000 portugueses)33 na perseguição. No dia 6 os Anglo-Portugueses entram na cidade. No dia 7 o Quartel-general instala-se em Torres Novas e as forças aliadas ocupam Pernes, onde o Corpo de Exército de Andoche Junot tinha estado acantonado. Dia 9 Massèna concentra-se em Pombal34. O General Francisco Paula Leite, governador da Praça de Elvas e responsável pela defesa do Alentejo, cumprindo instruções de Wellington, avisa os Espanhóis da retirada Francesa e alerta-os para um possível auxílio no futuro35. Massèna hesita36, passar ou não o Mondego, dia 10 de Março recebe informações: para além das forças de Trant as forças do General de Silveira estão em Coimbra, decide não passar37. A 11 de Março, as forças aliadas perseguem os Franceses. Pombal tinha sido incendiada, o Castelo foi retomado pelas forças da 1ª Divisão aliada 38 e em

dia 5 de Março, Mayne e Lillie, 2010: 84 e também Marbot, 2006: 96, Kosh, 2007: 171; Chaby dá-nos outra data para a retirada – 04 de Março – em Chaby, 1863: 296 31 “o general Junot (…) levou com uma bala no nariz” Marbot, 2006: 96 e também em Kosh, 2007: 154 32 Chartrand, 2002: 46; Na mesma obra encontramos um relato mais pormenorizado do horror em Santarém: “when a Cazadores of the Light Division found the bayoneted and „mangled bodies‟ of his parents, just murdered „their blood still warm‟, and of his only sister breathing her last, and exhibiting dreadful proofs of brutality with which she had been violated‟. The cazadore, blinded with grief, saw French prisoners nearby and killed one and wounded another before being overcome (…) the French treated the British prisioners with respect but not the Portuguese and Spanish” Cartrand, 2002: 58 33 As forças anglo-portuguesas eram constituídas pelas Divisões nºs 1,3,4,5 e 6, as brigadas portuguesas de Pack e Ashworth e alguma cavalaria, artilharia; Os corpos de milícias portuguesas de Trant e Wilson totalizavam 6.000 homens; o total francês nesta data seria de aproximadamente 49.000 homens - Chartrand, 2002: 46; 34 Chaby, 1863: 296 35 Wellinton em Gurwood, 1851: 451 e 454; 36 “O exército de Massena diminuía diariamente devido aos ataques parciais das milícias portuguesas, à falta de víveres e às doenças, estando reduzidos a menos de metade do número que tinha aquando da sua entrada em Portugal.” Rocca, 2010: 223 37 Chartrand, 2002: 47 38 “este assalto custou cerca de 50 homens. O incêndio propagou-se com rapidez e a vila ficou abrasada num instante” Kosh, 2007: 184; noutra fonte “os franceses perderam 67 e os aliados 37” Chartrand, 2002: 48

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redor de Pombal juntam-se todas as forças39. A 12 de Março as vanguardas aliadas entram em combate com as retaguardas Francesas junto à aldeia de Redinha. O confronto opôs as 3ª e 4ª Divisões e a Divisão Ligeira aliadas contra o corpo de Exército do Marechal Ney40 “das seis da manhã até ao meio dia (…) por volta das três da tarde os Ingleses e os Portugueses passaram ao ataque soltando grandes brados (…) o combate da Redinha foi muito mortífero para o inimigo (…) nós não tivemos mais de 150 homens mortos ou feridos”41. O desespero aumenta entre as forças Francesas, registe-se este diálogo entre dois dos generais mais importantes do Exército Francês, Massèna e Ney (Kosh, 2007: 189): “Não respondo por nada – replicou o duque de Elchingen (Ney) – Tenho à minha frente todo o exército inimigo, e as minhas tropas já sofreram grandes perdas. Por que é que elas teriam de suportar todo o peso da retirada? O seu Corpo de Exército, senhor marechal, é o mais forte dos três e nada sofreu em Tomar42. O de Reynier já comeu todas as reservas e morre de fome no Espinhal e o Duque de Abrantes ainda não está restabelecido”. Por onde passavam, os Franceses iam deixando um rasto de pilhagem e destruição, a 13 de Março arde Condeixa-a-Nova e a 14 as forças aliadas têm de lidar com obstáculos de engenharia nessa povoação (nomeadamente abatises com a intenção de retardar a progressão aliada e facilitar a retirada Francesa)43. A Divisão Ligeira e a 6ª Divisão entraram em combate com as forças Francesas e depois de intensa resistência Francesa estes têm de retirar

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O reforço diminuto que Massena recebera do Conde D‟Erlon também decidira partir mais rapidamente para Espanha o que levou a uma retirada mais apressada das forças de Ney: “o conde de Erlon informou Massena que se punha em marcha para Condeixa com um comboio de 833 doentes do 6º corpo, Duas horas depois, o duque de Elchingen iniciou a sua retirada para Pombal (…) Massena: O senhor conde decidiu retirar, contra os meus pedidos, recusando-se a cooperar” Kosh, 2007: 182 e 184 40 “duzentos ou trezentos homens fora de combate. O inimigo perdeu mais de mil” Marbot, 2006: 97 41 Kosh, 2007: 186-188 mas os números podem ser outros “ os franceses sofreram 227 baixas e os aliados 205” Chartrand, 2002: 50 42 Uma boa ilustração de como as forças aliadas, mas em especial as milícias, ordenanças e a resistência popular mantinha uma pressão constante, pode ser encontrada neste relato: “Um camponês dos arredores de Tomar escolhera como refúgio uma caverna perto desta cidade e matou com as suas próprias mãos, no mês de Fevereiro, mais de trinta franceses, que lhe aconteceu surpreender isoladamente, e tirou-lhes cerca de cinquenta cavalos e mulas” Rocca, 2010: 222 43 Relata Ney a Massena - “Estou a evacuar Condeixa; o inimigo manobra pela minha direita e dirige uma forte coluna para Fonte Coberta. Envio um destacamento de Montbrun para fazê-lo retirar para Miranda do Corvo” Kosh, 2007: 191

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na direção de Miranda do Corvo44, o nevoeiro intenso do dia 15 de Março ajuda à retirada. Miranda do Corvo também tinha sido deixada a arder45. A ponte sobre o Mondego, a Ponte de Mucela, foi palco para mais confrontos e no dia 17 de Março Massèna teve de se instalar na Serra de Mucela46. “Em toda a parte as estradas estavam juncadas de animais, carruagens destruídas e bagagens, assim como inúmeros franceses mortos e feridos”47. Junto à Aldeia de Foz do Arouce (15 de Março) as forças aliadas forçaram o combate com as retaguardas francesas e o combate durou todo o dia, no final “os franceses retiraram em confusão com muitas baixas, através do rio Ceira, onde se afogaram muitos”48. A ponte sobre esse mesmo rio foi feita explodir pelos franceses na madrugada do dia 16 de Março49. Assiste-se, por um lado, a uma manobra de retirada, na terminologia militar, sob pressão, com bastante sucesso. Não se ignora que Ney, o principal responsável por esta manobra, confirme assim a sua fama de grande comandante operacional. Mas argumentamos que ao nível estratégico e político esta retirada, pela forma violenta como decorre, simboliza a impossibilidade dos franceses virem a encontrar alguma forma de apoio em Portugal. Não nos podemos esquecer que as instruções de Napoleão sempre indicaram a necessidade das forças Francesas conseguirem o apoio das populações Portuguesas contra o “invasor Britânico”. Este objetivo estava, definitivamente, comprometido. A retirada Francesa continua para o outro lado do rio Alva e no dia 28 de Março ocupam a cidade da Guarda. No caminho mais uma cidade tinha sido deixada a arder, Celorico da Beira, e os problemas entre generais franceses aumentam 44

“as nossas perdas não foram além de 60 homens (…) os ingleses acusaram perdas de onze oficiais e 150 soldados mortos ou feridos (…), de resto os portugueses não estão, sem dúvida, incluídos nessas contas” Kosh, 2007: 193 ou “155 baixas aliadas para 55 franceses” Chartrand, 2002: 52 45 Massena percebe que esta destruição permanente em nada o ajudava na sua campanha: “o incêndio de Condeixa também é muito aborrecido: o sistema que parecemos adoptar lançará necessariamente um grande descrédito sobre o exército francês” Kosh, 2007: 191 46 Chaby, 1863: 297 47 Mayne e Lillie, 2010: 204 48 Mayne e Lillie, 2010: 204 também em Kosh, 2007: 198 – “O duqe de Elchingen julgou ter perdido, pelo menos, 500 afogados; mas esses homens voltaram de noite (…) as perdas não excederam 150 soldados” 49 “Durante este difícil trajecto, Massena estava extremamente preocupado com os perigos aos quais a senhora X… estava completamente exposta (…) Que erro cometi ao trazer uma mulher para a guerra!” Marbot, 2006: 100

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a cada dia, Ney acaba por ser demitido50. O forte dispositivo aliado obriga os Franceses a retirarem para junto da fronteira Espanhola, para junto do Rio Côa, local onde tinham encontrado a primeira resistência Anglo-Portuguesa quando entraram em Portugal em Julho de 1810 mas os ataques das milícias e ordenanças são constantes, como afirma Wellington em carta enviada a 27 de Março de Gouveia, causando baixas e prisioneiros Franceses51. “Quanto mais nos aproximávamos da Espanha, mais fortemente o desejo de para lá voltar se manifestava no exército, no qual o clamor era unânime; todos, soldados, oficiais ou generais, ardiam no desejo de sair de Portugal”52. Portugal, depois de três terríveis invasões, estava finalmente em posição de poder retomar um pouco da sua atividade comercial e agrícola: “À medida que os Franceses retiravam, os camponeses saíam dos esconderijos com os seus utensílios agrícolas, e começaram a trabalhar; em muitos sítios; as vinhas já estavam podadas, e o laborioso lavrador, ocupado nos seus campos, parecia ansioso por reparar a perda de tempo e a devastação cometida pelo inimigo” 53. Mais a sul, as forças também começavam a desmobilizar, Wellington manda as forças que ainda guarnecem as Linhas de Torres Vedras regressar a casa54. Até à saída dos últimos Francesas a devastação continua “em Freixadas o inimigo, além das atrocidades habituais, violou o repouso dos mortos, abrindo as campas na igreja”55. No dia 31 de Março passam o Coa56 e a 3 de Abril os dois exércitos confrontam-se junto a Sabugal. Os aliados cercam Massèna, dum lado estão as milícias portuguesas comandadas por Wilson e Trant, do

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“Massena tinha comunicado o seu plano (…) o marechal Ney (…) opôs-se a uma nova campanha e declarou que ia levar as tropas para Espanha, porque em Portugal elas já não tinham sequer com que fazer pão (…) Massena tirava ao marechal Ney o comando do 6º corpo (…) Ney foi para Almeida (…) o 6º corpo foi confiado ao general Loison” Marbot, 2006: 108 51 “the Militia, under Colonel Wilson (…) Killed 7 and wounded several, and took 15 prisioners. th The militia under Silveira also took some prisioners on the 25 ”, Gurwood, 1851: 462; 52 Kosh, 2007: 204 53 Mayne e Lillie, 2010: 206 54 Chartrand, 2002: 54 55 Mayne e Lillie, 2010: 206 – os relatos da barbaridade são muitos neste relato “os habitantes que não tinham conseguido abandonar as suas casas por serem velhos ou doentes foram vítimas da mais horrível barbaridade da soldadesca francesa (…) o objectivo era sempre incendiar aldeias, saquear casebres a assassinar camponeses (…) estradas cobertas de moribundos e mortos, de canhões, bagagens e munições (…) gado mutilado (…) em suma, de tudo o que pode criar horror e desgosto (…) Leiria, outrora bela, está reduzida a cinzas (…) Alcobaça incendiada por ordem de Massena (…)”Mayne e Lillie, 2010: 208-210 56 “O Exército de Mssena já não teria mais de 40.000 homens” Chartrand, 2002: 56

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outro Wellington com o Exército Anglo-Português57. Os aliados vencem58. Nos dias seguintes os franceses retiram para Espanha59. Portugal, excetuando uma pequena guarnição Francesa em Almeida (cercada e isolada dos restantes franceses), está, de novo, livre. Até à retirada Francesa do território nacional foi esta a participação portuguesa: Leal Legião Lusitana, Caçadores 1,3 e 4, Infantaria 1 e 16 no Combate de Pombal a 11 de Março; Cavalaria 4 e 10, Caçadores 1,3,4 e 6, Infantaria 1,2,3,6,9,11,15,16,18,21 e 23 no Combate da Redinha a 12 de Março; Artilharia 3 na defesa de Campo Maior de 12 a 22 de Março60; Caçadores 1,3 e 4, Infantaria 1,3,9,15 e 21 no Combate de Condeixa a 14 de Março; Caçadores 1 e 3, Infantaria 3,9,15 e 21 no Combate da Foz de Arouce a 15 de Março; Caçadores 1,3 e 4, Infantaria 1 e 16 no Combate da Ponte da Mucela; Cavalaria 11 no Combate de Figueiró da Granja a 21 de Março; Cavalaria 1 e 7 no Combate de Campo Maior a 25 de Março; Cavalaria 11 no Combate de Malpartida a 26 de Março e Combate da cidade da Guarda a 29 de Março; Artilharia 2, Caçadores 1 e 3, Infantaria 3,9,15 e 21 no Combate do Sabugal a 3 de Abril61. Consolidar a Defesa de Portugal Depois de expulso o invasor tinha de ser garantido que o mesmo não tentaria uma 4ª invasão. O esforço foi exercido junto às tradicionais “portas” de entrada de Espanha para Portugal: foram as batalhas de Fuentes de Oñoro perto da entrada de Almeida; Albuera e Badajoz junto à “porta” de Elvas, e a defesa da Beira na derradeira tentativa do Marechal Marmont. Estas batalhas foram produto do esforço de defesa das fronteiras portuguesas e ocorreram em resultado dos movimentos dos principais comandantes: Wellington desceu ao Alentejo para acompanhar as operações de Beresford – Massena aproveitou a ausência para avançar de Salamanca sobre Ciudad

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Chaby, 1863: 298 e também carta de Wellington em Gurwood, 1851: 465 “As perdas do 2º corpo foram de 47 mortos e 203 feridos (…) Lord Wellington acusou 200 homens mortos ou feridos” Kosh, 2007: 220 59 “as nossa perdas durante esta longa campanha tinham sido (…) cerca de dez mil homens mortos, capturados ou mortos por doença” Marbot, 2006: 111 60 “uma força portuguesa de apenas duzentos e cinquenta homens defendeu valentemente a fortaleza de Campo Maior” Mayne e Lillie, 2010: 217 61 Chaby, 1863: 313 58

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Rodrigo – Wellington regressa ao Coa e manda Beresford para o cerco de Badajoz. A Batalha de Funtes de Oñoro62, travada de 2 a 5 de Maio de 1811, foi o último combate de Massèna antes de ser substituído no comando do „Armée du Portugal‟ pelo Marechal Marmont. O objetivo de Massèna era simples, garantir o acesso a Almeida ou pelo menos assegurar o resgate dos Franceses aí cercados. É derrotado e assim, segue-se a libertação da praça de Almeida: “A frente da coluna portuguesa que perseguia energicamente os nossos homens (…) engoliu uma parte num precipício muito aberto (…) um espetáculo horrível nele jaziam trezentos soldados franceses ou portugueses, mortos ou terrivelmente mutilados (…) cerca de sessenta franceses e trinta portugueses sobreviveram a esta terrível queda”63. Este foi o último incidente da penosa e infeliz campanha que os franceses tinham feito em Portugal, aonde nunca mais voltaram!”64. “A expedição de Portugal foi para a Massèna o que a Campanha da Rússia foi para Napoleão”65. No dia 10 de Maio, Almeida está de novo na posse das forças angloportuguesas. Portugal está completamente liberto. Entretanto, em Abril, o General Beresford, no comando provisório do Exército Anglo-Português (porque Wellington está a Norte) cerca Badajoz. A 18 de Maio Soult desloca-se desde Sevilha e em Albuera vão-se defrontar (o Exército Anglo-português reforçado com forças espanholas e o Exército de Soult). Foi uma vitória com muitas baixas para os aliados66 mas Soult teve de retirar67. 62

Na Batalha de Fuentes de Oñoro distinguiram-se o Batalhão de Caçadores 6 e as companhias ligeiras das Brigadas Portuguesas de Champalimaud e Ashworth (total das forças portuguesas: Infantaria 3,6,7,8,9,12,15,18,19 e 21; caçadores 1,2,3,6 e 8; cavalaria 4 e 10; artilharia 1 e 2. Foi uma batalha sangrenta, “entre mil e quinhentos e dois mil mortos e sabe-se que três mil e quinhentos feridos foram levados para Ciudad Rodrigo (…) as nossa baixas também foram muitas: mil setecentos e sessenta mortos, feridos e desaparecidos” Mayne e Lillie, 2010: 214; Segundo Kosh, 2007: 271 foram: “para os aliados (…) tiveram 1871 mortos, feridos ou prisioneiros, ao passo que as nossas perdas se elevaram a 2665 homens” 63 Segundo Kosh, 2007: 275 “230 franceses e 40 portugueses; 100 franceses e 30 portugueses estavam mortos e horrivelmente mutilados; 40 franceses encontravam-se em estado desesperado (…) 60 franceses e 40 portugueses ficaram restabelecidos em poucos dias” 64 Marbot, 2006: 130 65 Kosh, 2007: 278 66 “the fighting was desperate, and the loss of the British has been very severe”, Carta de Wellington ao Almirante Berkley escrita em Elvas a 20 de Maio de 1811, em Gurwood, 1851: 482;

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O Duque de Ragusa, Marechal Marmont, substitui Massèna no comando. A sua primeira preocupação foi garantir a posse de Ciudad Rodrigo 68 e depois decidiu descer para Sul para tentar “testar” as outras “portas” de Portugal. Os Franceses, embora derrotados por três vezes em Portugal ainda acreditavam ser possível um novo ataque. As forças anglo-portuguesas pensavam o mesmo e por isso preparavam a defesa “afastada” de Portugal, ou sejam, vigiavam fortemente as “portas”. Como Marmont se deslocava para sul, é nas “portas” das Beiras e do Alentejo que se concentra a atenção dos exércitos aliados. No Outono de 1811 Marmont junta as suas forças aos Corpos de Murat na Andaluzia enquanto Wellington aguarda com o Exército Anglo-Português em Elvas. As forças Anglo-Portuguesas, cada vez mais coesas e eficazes69, divididas em dois grandes corpos, a norte a maioria com Wellington e a Sul, o corpo do General Rowland Hill, ainda têm oportunidade para fazer uma ofensiva em terras de Espanha conseguindo uma importantíssima vitória no que ficou conhecido como a “Surpresa de Arroymolinos”. Hill concentra as suas forças a 09 de Outubro à retaguarda de Campo Maior70 e marcha sobre Cáceres para expulsar o General francês Girard71. Como podemos constatar, no final de 1811, ainda estamos em fase defensiva, o objetivo de Wellington é manter inviolável as fronteiras de Portugal mas, para o garantir, pequenas ações ofensivas, limitadas no tempo e na distância, podem fazer a diferença e oferecer profundidade ao dispositivo defensivo aliado em Portugal: “Hill recebe ordem de Wellington para partir “saiu (….) dos acantonamentos em que estava nas vizinhanças de Portalegre (…) 22 de 67

As unidades portuguesas que participaram na Batalha de Albuera foram: Artilharia 1 e 2, Cavalaria 1,5,7 e 8; Infantaria 2,4,5,10, 14 e 23; as baixas foram elevadíssimas: portugueses 388, britânicos 3 614, espanhóis 3065; Chaby, 1863: 375, 397; 403; 68 Wellington ordenara o cerco a Ciudad Rodrigo desde a primeira semana de Agosto de 1811 como se pode ler no seu memorandum escrito a 28 de Dezembro de 1811 em Gurwood, 1851: 559; 69 “We do what we please now with the Portuguese troops; we maneuver them under fire equally with our own” Carta de Wellinton aos seu irmão Henry escrita em Elvas a 22 de Maio de 1811, Gurwood, 1851: 483; 70 “em 1811 ameaçada a província do Alentejo pelas forças, que o marechal Soult mandara para Frenegal, teve o general Hill de concentrar pela sua parte no dia 9 do citado mês de outubro todas as forças do seu comando por tras de Campo Maior, reforçados pela divisão portuguesa de Hamilton, que de Castelo Branco se tinha ido unir” Soriano, 1874: 615; 71 Martins, 1945: 280-281; “à testa de quatro mil soldados infantes e mil cavaleiros pertencentes ao 5º corpo do exército francês mandado por Drouet” Chaby, 1863: 441;

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Outubro (…) catorze mil homens (…) quanto às forças que participaram na Batalha de Arroymolinos: “as brigadas portuguesas de 4 e 10 de Infantaria, 6 e 18 da mesma arma com caçadores 6 e artilharia 1 contando ao todo 5 207 homens”72. O objetivo aliado seria: “expulsar os franceses da parte da Estremadura espanhola compreendida entre o Tejo e o Guadiana”73 ou “ para que Morillo pudesse naquele país forragear livremente”74. A Batalha teve lugar a 28 de Outubro de 1811, após uma duríssima marcha das forças aliadas desde Portalegre percorrendo cerca de 190 km em menos de 4 dias. Surpreenderam completamente os franceses75 e de imediato atacaram76. “Fazendo em seguida três peças de artilharia portuguesa, vivíssimo fogo com grande efeito sobre os quadrados (…) nada mais restava do que (…) tentarem a fuga pelas escabrosidades da serrania”77 e então “Girard (…) ferido, pôde por fim retirar-se pela estrada de Trujilo”78 mas foi perseguido79. “Em quatrocentos mortos e feridos calculou-se a perda dos franceses (…) pouco mais de cem homens, entre mortos e feridos, perderam os

que

pela

nossa

independência

combateram

naquele

dia

em

Arroyomolinos”80. A opção de descrever, ainda que de forma breve, esta batalha em Espanha teve por base que, esta forma de atuar, representa em escala, o que serão as ações mais frequentes em 1812, ou seja, para se poder efetivamente passar à

72

Soriano, 1874: 618; Chaby, 1863: 441; 74 Soriano, 1874: 615; 75 “no próprio momento em que Girard descuidadoso empreendia a marcha pela estrada de Mérida (…) espesso nevoeiro cobria (…) e tempestade (…) Girard pensou que fossem guerrilhas” Chaby, 1863: 445; 76 “Entretanto o resto da coluna aliada e a cavalaria espanhola formavam uma linha em volta da povoação para cortarem aos franceses a retirada. Chegando a artilharia começou esta a abrir o seu fogo” Soriano, 1874: 617; 77 Chaby, 1863: 445; 78 Soriano, 1874: 617; 79 “foram seguidos pelos regimentos ingleses 28 e 34 na ocasião em que o regimento nº 39 e a infantaria portuguesa rodeavam a falda da serra pela estrada de Trujillo, no intuito de os colher de flanco, auxiliados pela infantaria de Morillo” Chaby, 1863: 445; “Girard via caír quase todos os seus soldados, sem lhes poder valer (…) os aliados imediatamente os perseguiram” Soriano, 1874: 618; 80 Chaby, 1863: 446- 447; ou “os aliados tiveram apenas a perda de 70 homens entre mortos e aliados” Soriano, 1874: 618; 73

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ofensiva, a coordenação entre as várias forças espanholas e aliadas angloportuguesas tinham de ser reforçadas81. O efeito de garantir a defesa das fronteiras portuguesas saía reforçado82. “Foi pois a surpresa de Arroyo Molinos83 a que pôs termo à campanha de 1811 por parte do general Hill, libertando por meio dela o país, que fica entre o Tejo e o Guadiana”84. No outro lado da Europa, Napoleão prepara a invasão da Rússia e muitas das forças Francesas são enviadas da Península Ibérica para França. Em Espanha as guerrilhas não param de flagelar as forças Francesas e Marmont tem de enviar forças, incluindo a Catalunha, ou seja, começa a perder a oportunidade de juntar um corpo forte para tentar mais uma entrada em Portugal. Na Primavera seguinte, a 2 de Abril de 1812 seria tentada a última invasão francesa a Portugal. Portugal inatacável, a ofensiva de 1812 “We shall make a fine campaign in the spring”85. As forças aliadas estão agora distribuídas por 4 grandes corpos: O exército Anglo-Português de Wellington com 45.000 homens, o de Hill com 30.000 (no Exército do General Hill encontra-se a Divisão Portuguesa “única formação

81

Wellington não acredita ainda na eficaz colaboração entre o Exército Anglo-português e as forças espanholas, por exemplo, escrevendo ao seu irmão a 22 de Maio de 1811 após a Batalha de Albuera, que foi terrível no número de baixas, em especial para os britânicos mas também para os espanhóis, embora reconhecendo o valor dos espanhóis em combate continua a afirmar que não sabe o que fazer com eles em batalha “Spaniards will not set to work seriously to discipline their troops!” e compara com a eficácia das forças portuguesas “We do what we please now with the portuguese troops; we manouvre them under fire equally with our own” mas remate a sua síntese “these Spaniards can do nothing, but stand still, and we consider ourselves fortunate if they do not run away, Gurwood, 1851: 483; mais tarde a 29 de Agosto de 1811 reforça os seus argumentos dizendo que os espanhóis preferem renderem-se aos franceses a aceitarem o comando britânico das operações, Gurwood, 1851: 519, e a 3 de Maio de 1812 a sua opinião não tinha mudado “I will never voluntarily command troops who cannot, and will not obey, and therefore I am not desirous of having any thing to say to the command of the Spanish troops” (Gurwood, 1851:590); 82 “O desastre de Girard pôs todos os corpos do exército em movimento (…) o general Hill, o qual pela sua parte deixara Arroyo Molinos a 29 de Outubro (…) 1 de Novembro (…) fez alto em Campo Maior, sendo no Alentejo (…) tomar os seus anteriores acantonamentos” Soriano, 1874: 619; 83 O relatório da Batalha produzido pelo General Hill pode ser encontrado em Gurwood, 1851: 535-538; 84 Soriano, 1874: 621; 85 Wellington a Liverpool, 7 de Janeiro de 1812, Gurwood, 1851: 563;

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integrando brigadas portuguesas não adstritas às Divisões britânicas”86) e os Corpos Portugueses de Silveira com 7.000 e Bacelar com 9.000 homens. Wellington ordena um ataque combinado a sul para tomar a ponte de Almaraz87 e a norte para conquistar Ciudad Rodrigo. A 8 de Janeiro de 1812 os aliados atacam na direção de Ciudad Rodrigo (no cerco e assalto à cidade estão 10.060 portugueses tendo sofrido 44 mortos e 57 feridos 88). Segue-se a conquista de Badajoz, o denominado 3º cerco inicia-se a 17 de Março de 181289, a cidade é conquistada a 6 de Abril, os Britânicos sofrem 3.000 baixas, os Portugueses 730. Talvez pela raiva de terem perdido tantos homens os Britânicos não se contêm na devastação de Badajoz, Wellington opta por entregar a segurança da cidade conquistada a uma força cada vez mais capaz e mais disciplinada, o Exército Português90. Marmont91 entra em Portugal quando Badajoz está quase nas mãos do Exército Anglo-Português. Avança muito pouco em Portugal. Entra por Alfaiates, Sabugal e Fundão mas mal começa a progredir para o interior, as forças do Exército territorial Português, constituído na força das milícias e ordenanças, atacam-no permanentemente. Embora a eficácia dos ataques portugueses deixe muito a desejar, o desgaste sofrido é enorme e, uma vez tomado Badajoz, o Exército Anglo-Português pode ser agora enviado para reforçar o contra-ataque aos invasores Franceses. Marmont tinha, tal como o tinham feito Junot, Soult e Massena, menosprezado a força das milícias e das populações Portuguesas e, depois de sentir o ataque constante a que estava sujeito e antes que Wellington chegasse, decide retirar a 24 de Abril de 1811. “(…) quando as primeiras três divisões aliadas entraram em Fuente Aguinaldo, a 24 de Abril, era já tarde. Marmont e o seu exército tinham escapado.”92

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Henriques, 2002: 27 “Pedia-lhe para determinar a força francesa na Ponte de Almaraz e se possível destruir a Ponte” Wellington ao General Hill a 6 de Janeiro de 1812, em Gurwood, 1851: 563; 88 Henriques, 2002: 38 89 Wellington a Liverpool, Gurwood, 1851: 577; 90 “Os Regimentos de Infantaria 5 e 17 (1ºe 2º de Elvas) e 22 (Abrantes) ficam a guarnecer a cidade” Henriques, 2002: 39 91 O Exército de Marmont era composto por: “divisões de Clausel; Maucune, Sarrut e Brenier (…) 1.500 cavaleiros e 23.500 infantes” Henriques, 2002: 6 92 Henriques, 2002: 6 87

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Agora sim. Portugal jamais seria invadido pelas forças Napoleónicas. As “portas” estavam defendidas, faltava agora garantir que os invasores eram levados para bem longe, de preferência para as suas casas, em França. Os Portugueses estão na primeira linha da ofensiva aliada nos próximos dois anos, primeiro para Madrid em 1812, depois Vitória, Pirenéus em 1813 e finalmente até Toulouse, França em 1814. Mas voltemos à retirada de Marmont e centremo-nos na preparação da primeira grande ofensiva Anglo-Portuguesa. A ofensiva aliada inicia-se a 18 de Junho de 1812. A Batalha de Salamanca, com 28.000 Ingleses, 18.000 portugueses e 3.000 espanhóis contra os 52.000 de Marmont93 salda-se por uma vitória com elevados sacrifícios mas permite continuar a ofensiva em direção à capital Madrid. A capital de Espanha recebe os aliados como heróis. Animados com esta conquista Wellington quer ir mais além mas acaba por ser obrigado a retirar depois de várias tentativas para conquistar Burgos94. Volta para a segurança do seu santuário, Portugal, e de novo prepara uma nova ofensiva para 181395. Nesse ano dá-se a grande Batalha de Vitória com mais de 90.000 militares entre as forças aliadas: Ingleses, Portugueses e Espanhóis (Portugueses são 30.000 incluindo uma Divisão Portuguesa comandada pelo General Silveira). No final de 1813 os combates continuam nos Pirenéus e depois de expulsos os Franceses de Espanha96 o Exército Anglo-Português continuou o seu esforço em terras de França97. A última Batalha é a de Toulouse a 10 de Abril de 1814. Tínhamos vencido. 93

Henriques, 2002: 8-9; o equilíbrio entre britânicos e portugueses não é só no número, também os postos de comando estão distribuídos entre as duas nações: “Em Salamanca, nas 28 unidades das três armas, 15 são comandadas por britânicos e 13 por portugueses; das 8 brigadas, 2 têm comando português” Henriques, 2002: 24 94 Portugal tem razões para se sentir seguro mas não o está completamente, em carta de Wellington enviada de Villa Toro em 1 de Outubro de 1812, a Stewart este afirma: “O perigo sobre Portugal foi minorado mas não desapareceu (…) Se a Rússia falhar Portugal irá estar de novo no centro da guerra na Península”, Gurwood, 1851: 628; 95 A 1 de Janeiro de 1813 faz a sua proclamação ao Exército Espanhol em Cádiz, finalmente, na nova condição de Capitão General e Comandante Chefe, Gurwood, 1851: 654; 96 “desde os inícios de 1808 até aos finais de 1813, os franceses perderam na Península Ibérica 200 000 homens (…) aos quais é preciso juntar os 60 000 perdidos pelos nossos aliados das diferentes nações” Marbot, 2006: 140 97 O mérito dos militares portugueses, oficiais e soldados, é agora abertamente reconhecido por Wellington, em carta escrita a 1 de Agosto de 1813, depois do cerco a San Sebastian: The good conduct of the Portuguese Officers and troops in all the operations of the present

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Defensiva em 1810, ofensiva a partir de 1812 e vitória em 1814.

campaign, and the spirit they show on every occasion, are not less honorable to that nation than they are to the military character of the officer, who, by his judicious measures, has reestablished discipline, and a renewed military spirit in the army” (referindo-se na parte final a Beresford) Gurwood, 1851: 725; mais tarde a 11 de Outubro de 1813 escreve a Charles Stuart e afirma que “The Portuguese army and Nation are rising in estimation every day” Gurwood, 1851: 755;

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Bibliografia Rocca, M. em Linhas De Torres Vedras – Memórias francesas sobre a III Invasão (2010), Lisboa, Livros Horizonte; Chaby, Claudio de (1863 – Volume III) (1875- Volume IV), Excerptos historicos e collecção de documentos relativos à Guerra denominada da Península e às anteriores de 1801,e do Rousillon e Cataluña, Lisboa, Imprensa Nacional; Chartrand, René (2002), Fuentes de Oñoro, Wellington’s Liberation of Portugal, Oxford, Reino Unido, Osprey Military; Gurwood, C.B. (1851), Selections from The dispatches and General Orders of Field Marshal The Duke of Wellington, Londres, John Murray Henriques, Mendo Castro (2002), Salamanca 1812, Companheiros de Honra, Lisboa, Prefácio; Koch, General (2007) (versão original francesa publicada numa obra mais vasta de 7 volumes entre 1848-1850), Memória de Massena, Campanha de 1810 e 1811 em Portugal, Lisboa, Livros Horizonte; López, Cor Juan Priego (1981), Guerra de la Independencia, volumen V, Campaña de 1810, Madrid, Libreria Editorial San Martin; Mayne, William e Lilie (2010) (versão original britânica publicada em 1812), A Leal Legião Lusitana: Narrativa das Campanhas (1809, 1810 e 1811), Lisboa, Livros Horizonte; Marbot, General Barón de (2006) (versão original francesa numa obra mais vasta publicada em 1891), Memória sobre a 3ª Invasão Francesa, Casal de Cambra, Portugal, Ed Caleidoscópio Martins, Ferreira (1945), História do Exército Português, Lisboa, Inquérito Limitada; Norris, A. H. e Bremner (1985) (Versão Portuguesa de 2001), The Lines Of Torres Vedras, LISBOA, British Historical Society of Portugal; Soriano, Luz (1874), História da Guerra Civil e do estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, (II Época – Guerra Peninsular – Tomo III), Lisboa, Imprensa Nacional. Valente, Vasco Pulido (2007), Ir Pró Maneta, Lisboa, Altheia Editores;

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