Da escola anglo-saxónica de pensamento estratégico: pragmatismo e ênfase nos objetivos

September 3, 2017 | Autor: L. Falcao Escorrega | Categoria: Strategic Studies
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Da escola anglo7 anglo7saxónica de pensamento estraté estratégico: pragmatismo e ênfase nos objetivos Luís Carlos Falcão Escorrega

Introdução Tive o enorme privilégio de ser aluno de Mestrado de Estratégia do ge7 neral Abel Cabral Couto no Instituto Superior de Ciência Sociais e Políticas, quando este ainda estava sedeado na Rua da Junqueira em Lisboa. Além do Senhor General ter despertado em mim o gosto profundo pela coisa estratégica, recordo a forma como inebriava a classe com a sua inteligência e amplos conhecimentos, mas também a clareza de pensamento com que expunha e transmitia as suas ideias, o que nos permitia acompanhar as suas formulações, algumas delas bastante complexas. Retenho para sempre o exemplo simples que utilizava para nos explicar o conceito de estratagema: “a minhoca na ponta do anzol”, ilustração que utilizava para ajudar a compreender a verdadeira essência do pensamento estratégico, associada à imprescindível inteligência e argúcia do estratega mas também à escolha judiciosa dos meios mais adequa7 dos para cada situação de cariz estratégico. No domínio dos estudos estratégicos, pode7se utilizar o critério da nacio7 nalidade, ou cultura predominante, para classificar as escolas de pensamento estratégico (v.g. francesa, chinesa, soviética, ou anglo7saxónica). A utilização desse critério é útil em determinado tipo de análises, prima facie geoestratégi7 cas, mas ao limitar a plêiade de teorizadores a uma determinada nacionalidade ou cultura, deixa de fora outros que muito influenciaram esses mesmos estrate7 gistas ou que são os mais relevantes em determinado domínio estratégico. Tal7 vez por isso seja mais usual classificar as escolas de pensamento estratégico recorrendo a outros critérios, principalmente associadas à natureza dos meios de coação predominantes; é neste sentido que Collins divide o pensamento

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estratégico em seis escolas1 distintas: continental, marítima, aeronáutica, astro7 náutica, operações especiais e unificadora (2002, p. 61). Contudo, no âmbito deste breve ensaio, propomo7nos analisar a escola de pensamento anglo7saxónico o que faremos recorrendo a alguns teorizadores ingleses e norte7americanos. Na escolha dos teorizadores, além dos critérios atrás referidos, tivemos em consideração os principais domínios da estratégia, numa perspetiva mais clássica da sua teorização, pois consideramos – tal como refere amiúde o Gene7 ral Cabral Couto – que constituem a “basesinha, como diria o Eça” da escola de pensamento estratégico anglo7saxónico. Deixamos de fora outros por razões que se prendem com a nacionalidade e/ou com o âmbito do seu pensamento (entre os quais se encontram os principais influenciadores do General Cabral Couto – Raymond Aron, o General Beaufre e Hans Morgenthau) ou, por mera falta de espaço, como Collin Gray, Henry Kissinger, Michael Howard, Lawrence Freedman, etc. De qualquer das formas, consideramos que os teorizadores tratados neste ensaio, não só produziram pensamento estratégico original, como tiveram impacto na doutrina em vigor2, e influenciaram de forma profun7 da os principais decisores políticos, fatores determinantes para a caracterização do pensamento estratégico.

1. Mahan e o Pensamento Estratégico Naval Alfred Thayer Mahan nasceu em West Point, em 1840, e era filho de Den7 nis Hart Mahan, um influente professor de Ciência da Guerra na Academia Mili7 tar dos Estados Unidos, muito atraído pelas ideias de Napoleão e de Jomini, em particular dos preceitos da iniciativa e da mobilidade (Weigley, 1986, p. 415). Ao contrário de seu pai, Alfred Mahan optou pela carreira na marinha de guerra, tendo7a iniciado na Academia Naval, em Annapolis; não se lhe conhecendo grandes feitos no comando de navios, notabilizou7se no Colégio de Guerra Naval, onde foi um dos primeiros presidentes e onde lecionou as cadeiras de história naval e de estratégia. É aí que, aproveitando as aulas que ministra, as reúne na sua primeira publicação “The influence of Sea Power upon history, 166071783”, obra onde Mahan sustenta a importância do estudo da história para a adequada formulação estratégica, particularmente dos princípios e métodos da guerra naval. 1

Divisão esta que, em nosso entender, assenta numa perspetiva associada a um conceito de estratégia “anglo7saxónico”, em que o instrumento militar e a guerra são os principais referentes. 2 Excetuando7se, talvez, neste ponto Edward Luttwak, por ser ainda recente e não nos ser possível quantificar o impacto doutrinário da sua obra.

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Recorrendo aos ensinamentos da história para sustentar as suas ideias – particularmente do caso da vitória final inglesa sobre os seus inimigos continen7 tais europeus, durante cerca de um século e meio3 – Mahan defende, como premissa fundamental do seu pensamento estratégico, que as guerras são ganhas através do estrangulamento económico do inimigo, a partir do mar; nesse quadro, a função primária das marinhas de guerra é o controlo do comércio marítimo, através do domínio do mar (Crowl, 1986, p. 455). Mahan sistematiza a sua conceção estratégica naval recorrendo a alguns princípios delineados por Jomini, em particular o da concentração, o do valor estratégico das linhas interiores e da posição central, e a relação próxima entre logística e combate (Crowl, 1985, p. 457). Defende como princípio de combate naval predominante sobre todos os outros a concentração, quer no âmbito da tática ou da estratégia naval; isto permitiria ser superior ao inimigo em deter7 minado momento e local, contribuindo para que o ataque principal atingisse resultados decisivos. É também neste quadro que Mahan defende a grande vantagem estratégica da posição central4 e das linhas interiores, vantagem que caracteriza por possibilitar uma ofensiva naval através de linhas interiores, irra7 diando a partir do centro, permitindo assim ao atacante manter o inimigo sepa7 rado e, consequentemente, inferior. Para Mahan a logística5 assumia um papel fulcral no quadro de numa estratégia naval eficaz, defendendo como ingredien7 tes fundamentais para tal a existência de bases navais adequadas com acesso pela frota naval6. Além destes princípios podemos encontrar na obra de Mahan muitos outros traços marcantes do seu pensamento estratégico, tais como a importante premissa da subordinação da estratégia à política, a caracterização do fenóme7 no da guerra enquanto movimento político violento e excecional, a primazia da ofensiva naval face à defensiva, toda a teorização sobre poder marítimo (no âmbito da geopolítica), mas também, em virtude das suas convicções religiosas, a crença na guerra enquanto força espiritual regenerativa; ou ainda a sua visão de uma expansão imperial enquanto manifestação de uma vontade divina

3 Mahan defende que em todas as fases do conflito prolongado entre França e a Grã7Bretanha, desde 1688 até à queda de Napoleão (1815), o resultado foi determinado pelo controlo do mar através do domínio naval, ou pela falta dele (Crowl, 1985, p. 451). 4 Mahan advogava, contudo, que a posição central era importante, mas teria que estar associada a força/poder. “It is power plus position that constitutes an advantage over power without position” (Mahan cit. por Crowl, 1985, p. 458). 5 Mahan preferia o termo “comunicações”, definindo7o como as linhas de movimento através das quais um corpo militar ... é mantido em ligação viva com o poder nacional” (Mahan cit. por Crowl, 1985, p. 461). 6 Numa época em que o vapor era a principal fonte de propulsão dos navios, e portanto com reduzido alcance, este aspeto assumia uma importante centralidade.

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(Crowl, 1985, p. 468). O pensamento estratégico de Mahan influenciou forte7 mente a política e o pensamento naval não apenas norte7americano, mas tam7 bém o britânico, o alemão ou o japonês. Foi sem dúvida um importante estrategista norte7americano.

2. Trenchard, Mitchel e o Pensamento Estratégico Aéreo O inglês Hugh Trenchard e o norte7americano William Mitchell são dois dos primeiros teorizadores anglo7saxónicos que, nas primeiras décadas do século XX, no quadro do advento da aviação militar, marcaram o pensamento estratégico7 associado ao poder aéreo. Numa época em que os exércitos e mari7 nhas dominavam ainda o espectro militar, em virtude do recente aparecimento dos aviões e de toda a doutrina associada, ambos os teorizadores partilhavam a crença que o poder aéreo ofensivo, principalmente através da utilização de bombardeiros, dominaria as guerras futuras e poderia inclusive decidir o seu resultado de forma autónoma. Tal como refere Stephens, esta asserção contra7 diz de certa forma o pensamento dominante de então, baseado nos preceitos de Clausewitz, que a defensiva era a forma de combate mais forte e que o exército inimigo era o seu centro de gravidade; o que se pretendia através desses bom7 bardeamentos era levar a guerra diretamente ao coração do país inimigo e à sua população (2001, p. 30). Enquanto Chefe de Estado7Maior da primeira Força Aérea independen7 te, Trenchard dominou a Royal Air Force (RAF) nos primeiros anos da organi7 zação, tendo7se o poder aéreo britânico desenvolvido a partir da sua visão e experiência. Através da sua liderança, os diversos pilares da RAF foram criados ou consolidados e tornaram7se importantes referentes para a criação e desenvolvi7 mento organizacional de Forças Aéreas desde então8. Relativamente ao seu pensa7 mento, apesar de grande parte não ser original, assentava na crença da natureza ofensiva do poder aéreo, quer ao nível tático, quer ao nível estratégico, e na premis7 sa central de que a vitória na guerra pode ser alcançada através do bombardea7 mento de centros vitais do inimigo (alvos industriais e de comunicações); dessa forma, defendia Trenchard, o frágil moral da população civil é fortemente afetado 7 Apesar do importante legado que estes dois teorizadores deixaram no campo da estraté7 gia aérea, é geralmente aceite que o estrategista que, neste campo, deixou um legado mais marcante foi o italiano, seu contemporâneo, Giulio Douhet. 8 O modelo de Trenchard baseava7se na existência dos seguintes elementos: uma escola central de voo para ajustar e manter padrões; estabelecimentos de investigação e desen7 volvimento para tecnologia de ponta; uma escola de cadetes, para produzir os futuros líderes; uma escola de estado7maior; e uma estrutura para treinar os mecânicos (Stephen, 2001, p. 31).

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levando7a a pressionar o seu governo a ceder. Do seu pensamento estratégico fazem parte outros pressupostos, realçando7se: a superioridade aérea enquanto pré7requisito para todas as operações militares, sendo que para tal é necessário o lançamento de ondas sucessivas de ataques, a fim de ganhar o controlo do ar; a aplicação dos conceitos de controlo aéreo e de método aéreo associado à pos7 sibilidade de, em muitas circunstâncias, as forças aéreas substituírem as forças navais e terrestres de forma eficaz, e com custos muito mais reduzidos, quer financeiros, quer em vidas humanas; e na crença que a ofensiva, e não a defen7 siva, é a mais forte forma de guerra (Stephen, 2001, p. 32). Apesar de ter nascido em França, William “Billy” Mitchell cresceu no Wisconsin e ingressou na Força Aérea do Exército norte7americano como Ofi7 cial de Transmissões. Concluiu o curso de pilotagem a expensas suas e, quando os EUA entram na 1ª Guerra Mundial, em 1917, foi o primeiro aviador america7 no a cruzar as linhas inimigas como piloto de combate. Quando regressa aos EUA, em 1919, é nomeado responsável pelo treino e operações do Serviço Aéreo do Exército americano, e começa uma cruzada em favor de uma Força Aérea independente. Acreditando firmemente que o poder aéreo tornara o navio de guerra obsoleto, provoca profundas animosidades e críticas no seio da Marinha e dos decisores políticos norte7americanos, incluindo o Presidente Calvin Coolidge. Quando, em 1925, se despenha o avião da marinha americana Shenandoah e morrem 14 militares, Mitchell acusa publicamente os Departa7 mentos de Guerra e da Marinha de “incompetência, negligência criminal e administração quase7traidora da defesa nacional”9, o que é visto como um ato de insubordinação e valendo7lhe a condenação em tribunal marcial do exército. No ano seguinte sai das forças armadas mas continua a sua demanda, como civil, por uma força aérea independente e como defensor do poder aéreo (Jones, 1997, pp. xii7xiv). Com fortes influências10 de Trenchard e de Douhet, e tal como estes, o pen7 samento estratégico de Mitchell assenta na premissa central que o poder aéreo pode atacar os centros vitais do inimigo, sem necessidade prévia de derrotar os seus exércitos e marinhas. Neste âmbito, Mitchell defendia que, em virtude dos desenvolvimentos tecnológicos, o exército de um país industrializado dificilmente conseguira avançar ou penetrar a defensiva de um exército equivalente e que, no âmbito do combate naval, o submarino seria o principal instrumento de guerra. Para Mitchell a guerra é a tentativa de uma nação impor pela força a sua vontade a outra nação depois de falharem todos os outros meios para resolver uma dispu7 9

Tradução do autor. Influências essas que muitos analistas entendem traduzir como a pouca originalidade do pensamento de Mitchell (cfr. Jones, 1997, p. xi).

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ta (Jones, 1997, p. 52). De entre as suas ideias, além do já referido, realçam7se as seguintes considerações: o advento da aviação foi revolucionário nos assuntos militares; o poder aéreo pode defender os EUA de forma mais económica que a Marinha; as guerras futuras serão totais e a ascendência da defensiva terrestre vai persistir; o moral civil é uma coisa frágil (cfr. Air University, 2012). Apesar de algumas controvérsias em torno de Billy Mitchell, principalmente associadas à pouca originalidade do seu pensamento, pode7se considerar que foi “um pro

feta cujas teorias foram lançadas nos combates da Primeira Guerra Mundial, cujas opiniões foram validadas na Segunda Guerra Mundial, e cujas crenças espelham aqueles que formaram a base da doutrina moderna do poder aéreo” (Jones, 1997, p. xi).

3. Liddell Hart e a Estratégia Indireta Liddell Hart nasceu no seio de uma família judaica em Paris, estudou em Cambridge e combateu como Oficial de Infantaria na I Guerra Mundial (entre 1915 e 1916), onde foi ferido por diversas vezes. Após sair do Exército, em 1927, dedicou7se à escrita e à teorização estratégica, tendo sido correspondente mili7 tar do Daily Telegraph e do Times e escrito mais de uma dezena de livros e mui7 tos artigos. Foi um importante conselheiro dos decisores políticos e militares britânicos, principalmente no âmbito da reorganização do Exército e da Defesa. No campo da teorização estratégica, escreveu sobre os níveis táticos, operacio7 nal (onde foi um dos primeiros defensores da mecanização das diversas forças militares) e da grande estratégia. Crítico da conceptualização de Clausewitz acerca do termo de estratégia, em particular no que concerne à sobreposição com a política, Liddell Hart defi7 ne estratégia como “a arte de distribuir e aplicar os meios militares para atingir os fins estabelecidos pela política” (Liddell Hart, 1967, p. 335), sendo a respon7 sabilidade primária da sua conceção e conduta do líder militar. Qualificando a estratégia militar como a estratégia pura (a arte do general), situa7a entre a tática e a “grande estratégia”, referindo7se à primeira como o conjunto de disposi7 ções/orientações para controlar as ações diretas do instrumento militar nos combates, e situando o papel da segunda no âmbito da coordenação e direção todos os recursos (morais, económicos, diplomáticos, etc.) de uma nação, ou grupo de nações, no sentido de atingir o principal objetivo político da guerra; defendia ainda que enquanto que o horizonte da estratégia é limitado pela guer7 ra, a grande estratégia procura a paz além da guerra (Liddell Hart, 1967, p. 336).

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Para Liddell Hart, o sucesso da estratégia depende do adequado cálculo e coordenação entre a finalidade estabelecida e os meios; a finalidade deverá ser pro7 porcional aos meios totais e estes devem ser proporcionais ao valor e necessidades dos objetivos intermédios e últimos. Neste âmbito, e considerando a enorme dificuldade associada à incerteza presente na guerra, refere que o excesso de meios pode ser tão prejudicial como a sua falta, defendendo por isso o princípio geral da economia de força e encontrando neste desafio – uma vez que a ciência não chega – uma das justificações para a presença da arte na estratégia (Liddell Hart, 1967, p. 336). Como fonte de maior incerteza na guerra identifica a vontade humana, a qual se manifesta através da resistência. Considera que o propósito da estratégia é diminuir a possibilidade de resistência, procurando atingir essa finalidade atra7 vés da exploração dos elementos movimento e surpresa, o primeiro de âmbito físico e o segundo de âmbito psicológico. Ambos os elementos se afetam mutua7 mente sendo que o movimento gera surpresa e a surpresa fornece ímpeto ao movimento (Liddell Hart, 1967, p. 337). Acérrimo defensor da estratégia indireta, proclama a estratégia perfeita quando se produz uma decisão sem a existência de uma luta; nesse sentido, o principal objetivo da estratégia é a deslocalização do adversário, que tanto pode se física ou psicológica. Em ambas se pretende atingir a sua linha de menor expetativa11, associada à sua menor capacidade de resistência, e a minimização da sua liberdade de ação. A deslocalização assenta na premissa fundamental de que a ação de obrigar o adversário a mudar (de posição, de terreno, de forma de apoio, de postura, de reservas, etc.) provoca nele um desequilíbrio temporário que deve ser aproveitado; pelo contrário, a ação de avançar diretamente sobre um adversário provoca nele uma consolida7 ção do seu equilíbrio, físico e psicológico, aumentado assim a sua capacidade de resistência. No âmbito do planeamento estratégico, defende a permanente existência de objetivos alternativos12, o que concorre para as finalidades de promover opções dilemáticas no adversário e provocar a distração e a dispersão da sua atenção e, assim, aumentar a possibilidade de atingir os nossos (ou pelo menos alguns) objetivos. Como forma preferencial de manobra estratégica defende a dispersa, podendo esta assumir três configurações consoante o objetivo seja único, uma série de objetivos sucessivos, ou um conjunto de objetivos simultâ7 neos (Liddell Hart, 1967, p. 346). No seu livro Strategy, defende a existência de máximas (ou princípios) na estratégia, no sentido de serem guias práticos: 1) Ajustar o objetivo aos meios; 11 12

Traduzido do original, line of least expectation (Liddell Hart, 1967, p. 341). Através do planeamento e acautelamento de “ramos” e “sequelas” (branches and sequels).

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2) Manter o objetivo em mente; 3) Escolher a linha de menor expectativa; 4) Explorar a linha de menor resistência; 5) Escolher uma linha de operações que ofereça objetivos alternativos; 6) garantir a flexibilidade, quer no plano, quer no dispositivo; 7) Não atacar o inimigo se ele estiver em guarda, i.e., organizado e à espera; 8) Não repetir um ataque que tenha falhado, ao longo da mesma linha de operações, ou da mesma forma (Liddell Hart, 1967, p. 348). Para que a aplica7 ção do conjunto destas máximas tenha sucesso, Liddell Hart defende que é necessário resolver dois problemas: a deslocalização e a exploração; para tal, entende que não se pode atingir o adversário com resultado se antes não se criar a oportunidade; esse resultado não será decisivo a não ser que se explore a segunda oportunidade que apareça antes do adversário recuperar. No âmbito da grande estratégia, Liddell Hart defende que o objetivo na guerra é obter uma paz melhor (nem que seja apenas na perspetiva própria), pelo que é essencial conduzir a guerra tendo em permanente consideração a paz que se deseja. Se uma nação se concentra exclusivamente na vitória, sem pensar no pós7guerra, atingirá tal ponto de exaustão que não aproveitará os benefícios da paz atingida, paz essa que será fraca e que conterá os embriões de outra guerra. Na sua essência, a vitória implica que o estado da paz seja melhor depois do que antes da guerra; neste sentido, a vitória só será possível se um resultado rápido puder ser alcançado ou se um longo esforço puder ser econo7 micamente proporcionado aos recursos nacionais. Advogando a resolução de conflitos por métodos não bélicos, ou pelo menos usados de forma direta, defende que é mais sensato correr risco de guerra em favor da manutenção da paz do que correr riscos de exaustão na guerra em favor de uma vitória (Liddell Hart, 1967, pp. 3667369).

4. Bernard Brodie e o Pensamento Estratégico Nuclear Bernard Brodie nasceu em Chicago, em 1910, filho de imigrantes judeus. Completou o doutoramento em relações internacionais na Universidade de Chicago em 1940, deu aulas em Yale e, a partir de 1951 juntou7se à RAND Cor7 poration, onde se dedicou à análise estratégica e publicação de diversos artigos e livros. Apesar de as suas primeiras publicações serem sobre estratégia naval13, Brodie tornou7se mais conhecido e respeitado devido aos seus trabalhos sobre estratégia nuclear, nos quais examinou conceitos e desenvolveu teorias de com7

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De acordo com Cotau7Bégarie, no final da década de 40 Brodie era mesmo o autor mais importante do pensamento naval americano (2010, p. 439).

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bate no novo contexto nuclear, estabelecendo os padrões de pensamento estra7 tégico14 nesse âmbito. O pensamento estratégico de Brodie assenta em duas temáticas princi7 pais: a adequabilidade de uma estratégia de dissuasão face ao advento das armas nucleares e as capacidades, organização e emprego de forças militares para contribuírem para essa dissuasão. Na obra The Absolute Weapon (1946), talvez a mais marcante neste âmbito, Brodie descreve, no primeiro de dois capí7 tulos escritos por si, o poder destrutivo da bomba atómica e analisa as conse7 quências militares do emprego de armas nucleares. Das diversas conclusões realçam7se os seguintes pontos: uma defesa eficaz contra as armas atómicas é impossível e é praticamente certo que outros países as desenvolvam(eriam) em poucos anos; dado o enorme poder destrutivo da cada bomba, a superioridade em número de bombas não é uma garantia de superioridade estratégica, tal como acontecia no passado relativamente à vantagem análoga em ter um número superior de exércitos, marinhas e forças aéreas; e a superioridade em forças aéreas, apesar de dar mais garantias de sucesso que a superioridade em forças navais e terrestres, não garante a segurança (Snyder e Mac Intyre, 1981, p. 3). No segundo capítulo Brodie analisa as consequências das armas nucleares para a segurança nacional, antecipando o desenvolvimento da doutrina de reta7 liação maciça, a qual se adotaria mais tarde nos EUA. Referindo que essas armas não tornam a guerra mais violenta (uma cidade também poderia ser destruída com TNT e bombas incendiárias) mas concentram a violência em termos de tem7 po (Brodie, 1946, p. 57), considera que a estratégia mais apropriada para a segu7 rança nacional seria a dissuasão. Refere7se a este assunto nos seguintes termos: “Na era das bombas atómicas, o primeiro passo e mais vital em qualquer pro7 grama de segurança americana é tomar medidas para, em caso de ataque, garan7 tir a possibilidade de retaliação. (...) Até agora o principal propósito das nossas forças armadas era ganhar guerras; doravante o seu propósito será o de evitá7las”15 (Brodie, 1978, p. 65). Se a dissuasão era a estratégia apropriada para a era atómi7 ca, Brodie considerou que seria imprescindível uma grande transformação das forças militares, realçando7se a criação de forças de retaliação com requisitos de proteção, emprego e dispersão muito exigentes, para que pudessem sobrevi7 ver e responder a ataques nucleares (Brodie, 1978, p. 66). Mais tarde, no seu livro Strategy in the Missile Age (1959), Brodie refina alguma destas ideias realçando7se as suas dúvidas quanto à eficácia de guerras

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Em abono do rigor académico devemos referir os nomes de outros teorizadores que, na mesma época, tiveram um papel significativo no âmbito do pensamento estratégico nuclear, realçando7se Albert Wohlstetter, Herman Kahn e Thomas C. Schelling. 15 Tradução do autor.

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preventivas e preentivas em contexto nuclear, em virtude das suas possíveis consequências, e a distinção dos requisitos necessários, quer para uma dissua

são básica, quer para ganhar uma guerra nuclear (face à possibilidade de a dis7 suasão falhar). Aborda a questão das guerras limitadas em contexto nuclear, principalmente a questão da dificuldade em mantê7las limitadas, mas também a necessidade de os EUA manterem uma capacidade independente de guerra limitada face ao clima de guerra fria. Alude ao exemplo da guerra da Coreia e refere que, tradicionalmente, este tipo de conflitos são guerras que se travam por objetivos limitados (i.e. menos importantes); contudo, na era nuclear, assis7 te7se a uma inversão deste axioma, através da limitação dos objetivos (i.e., tiran7 do7lhes importância), precisamente para manter essas guerras limitadas e, assim, não escalarem para uma guerra total. Conclui com a necessidade de acompanhar em permanência as diversas evoluções tecnológicas e adequar as ferramentas analíticas para que não ocorram erros de cálculo quanto à natureza de uma guerra futura (1959, pp. vii7xi).

5. Edward Luttwak16 e a Lógica Paradoxal da Estratégia Edward Nicolae Luttwak Nasceu em 1942, no seio de uma família judia, em Arad, na Transilvânia. Frequentou a London School of Economics, onde se licenciou em economia, e a Johns Hopkins University, em Baltimore (EUA), onde concluiu o doutoramento, com uma tese intitulada a “A grande estratégia do império romano”. Entre outras relevantes funções, foi consultor do Secretário da Defesa, do Conselho de Segurança Nacional, do Departamento de Estado, da Marinha, do Exército e da Força Aérea dos EUA. As contribuições mais importantes de Luttwak para a estratégia moderna são apresentadas no seu livro Strategy: The Logic of War and Peace em que define o “significado interior da estratégia” e desvenda “a lógica universal que condicio7 na todas as formas de guerra bem como as relações adversárias entre as nações, mesmo em paz”. A tese central de Luttwak refere7se ao paradoxo inerente ao combate e à estratégia. Luttwak sustenta que a estratégia deve ser entendida 16

A inclusão de Edward Luttwak neste rol de proeminentes estrategistas justifica7se por várias razões: a primeira tem a ver com o facto de, atualmente, Luttwak ser um estrategis7 ta norte7americano muito respeitado e seguido, com vasta obra publicada no âmbito da estratégia; a segunda está relacionada com a ontologia do seu pensamento, uma vez que é possível encontrar no conjunto das suas muitas obras algumas das ideias, com as devidas adaptações, defendidas pelos diversos estrategistas atrás apresentados; por último, tive a possibilidade de há alguns anos o entrevistar para um trabalho de investigação que então tinha em mãos e esta afigura7se como uma oportunidade para, pela primeira vez, trazer à liça parte do resultado dessa interação.

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como um campo único do esforço humano, em que a lógica paradoxal não é ape7 nas necessária, mas também recompensada. É apenas no domínio da estratégia, que engloba as condutas e as consequências das relações humanas no contexto de atuais ou possíveis conflitos armados, que aprendemos a aceitar as proposições paradoxais como válidas (Luttwak, 2003, p. 2). A ideia básica da dissuasão, ou manter a paz preparando a guerra, é um exemplo desse princípio geral. No entan7 to, Luttwak vai ainda mais longe. Sugere que a estratégia não se limita a esta ou àquela proposição paradoxal, acreditando, pelo contrário, que todo o domínio da estratégia é perpassado por uma lógica própria, que recompensa a conduta para7 doxal ao mesmo tempo que malogra a lógica de ação simples17. No âmbito teorização sobre os níveis e dimensões da estratégia, Luttwak refere7nos que a lógica paradoxal da estratégia varia de acordo com o nível de encontros entre vontades opostas, abrangendo desde a guerra e paz entre nações até encontros altamente técnicos entre subsistemas específicos. Cada nível tem a sua própria realidade mas raramente é independente dos níveis acima e abaixo. Luttwak apresenta7nos cinco níveis – técnico, táctico, operacio7 nal, de teatro (estes quatro, militares) e a grande estratégia – e duas dimensões da estratégia: a vertical, dos diferentes níveis que interagem uns com os outros; e a horizontal, em que a lógica dinâmica da ação e reação se revela dentro de cada nível. A grande estratégia é vista como a confluência das interações milita7 res que circulam nos diversos níveis (formando a dimensão vertical da estraté7 gia), com as variadas relações externas entre Estados (formando a dimensão horizontal da estratégia) (Luttwak, 2003, p. 87791). Juntamente com a natureza paradoxal da guerra, Luttwak apresenta7nos a sua perceção sobre aspetos mais específicos da estratégia moderna. Focali7 zando7se nas operações convencionais, ele descreve duas abordagens gerais: atrição e manobra relacional. Na atrição utilizam7se métodos industriais, onde o inimigo é tratado como que uma série de alvos a ser batida e o objetivo é vencer pela destruição cumulativa, conseguida através de poder de fogo superior e força material. Neste paradigma “atricional”, o processo substitui a arte da guerra. As alternativas de Luttwak às abordagens atricionais são aquelas que envolvem a manobra relacional. Considera esta como uma inclusão e exploração 17

Ilustra este ponto com um exemplo claro: Consideremos uma decisão tática normal, frequentemente usada em combates. Para avançar em direção ao objetivo, uma força pode escolher entre duas estradas: uma boa e uma má. A primeira, direita, larga e bem pavimen

tada e, uma segunda, estreita, sinuosa e de terra batida. Apenas no âmbito paradoxal da estratégia se coloca a questão desta escolha, pois só na guerra uma má estrada pode ser boa, precisamente porque é má, e pode, portanto, estar menos segura ou não estar guarda

da pelo inimigo. De igual forma, a estrada boa pode tornar se má devido ao facto de poder ser antecipada e barrada, pela provável utilização por parte da força que se movimenta, precisamente por ser muito melhor estrada (Luttwak, 2003, p. 3).

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da natureza paradoxal da guerra dependendo, inerentemente, da surpresa con7 seguida por decisões tomadas paradoxalmente. Nestas estratégias, em vez de tentar encontrar a concentração da força do inimigo, o ponto de partida da manobra relacional é evitar os pontos fortes do inimigo, seguido pela aplicação de alguma superioridade particular contra uma presumível fraqueza do inimigo, física ou psicológica, técnica ou organizacional (Luttwak, 2003, p. 115)18. Luttwak reconhece, no entanto, que nem a atrição nem a manobra relacional são empregues isoladamente – há sempre alguma mistura das duas, mesmo que uma seja claramente dominante. Dois aspetos que são bastante interessantes no pensamento de Luttwak são as suas abordagens às questões da guerra e da organização militar. Para Luttwak, cada experiência de guerra é única, sendo o produto de uma conver

gência irrepetível de fins políticos, emoções passageiras, limites técnicos, jogadas tácticas, esquemas operacionais e fatores geográficos (Luttwak, 2003, p. xii). A guerra pode ser um grande mal, mas tem uma enorme virtude: ao consumir e destruir os recursos morais e materiais necessários à continuação dos comba7 tes, previne a sua própria continuação; por outras palavras, pode conduzir à paz (Luttwak, 2003, p. 57). Tal como qualquer ação, no âmbito da lógica paradoxal da estratégia, a guerra tende a transformar7se no seu oposto, após atingir o ponto de culminação19. Esse oposto pode ser uma acalmia serena ou um estado irreconhecível de não guerra, mais do que uma paz negociada, um armistício, ou um cessar7fogo temporário (Luttwak, 2003, p. 57). Em artigos escritos na conceituada revista Foreign Affairs, já em meados da década de 90, Luttwak argumentava que, com a intolerância a baixas, esta7 vam criadas as condições para o aparecimento de um novo conceito de guerra, mas, principalmente, para uma nova mentalidade, que injetaria um realismo não heróico no esforço militar, para, precisamente, superar a excessiva timidez em empregar meios militares. A definição política do quadro de forças mais propícias a utilizar no período do pós7guerra fria e “pós heróico” apoiava7se (e apoia7se), prioritariamente, na intolerância de baixas. Idealmente, deveriam ser utilizadas armas de longo alcance não tripuladas, (nomeadamente mísseis balís7 ticos e de cruzeiro), forças com escalões de combate reduzidos atuando remo7 tamente, como tripulações aéreas que disparam armas stand off e, só em última opção, o Exército e as forças de infantaria dos Marines em combate próximo (Luttwak, 1996, pp. 43744).

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As características desta manobra relacional de Luttwak permitem qualificá7la como uma extensão da aproximação indireta de Lidell Hart. 19 Luttwak identifica a sequência da lógica paradoxal da estratégia como: ação7culminação7 7declínio7inversão.

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Não deixa de ser interessante que Luttwak defendia, então, que as priori7 dades das políticas militares americanas deveriam ser no sentido de produzir forças que pudessem rapidamente ser projetáveis em intervenções discricioná7 rias. Lutar apenas quando necessário é um atributo de pequenas potências. Os Estados Unidos, felizmente, não têm as clássicas tendências expansionistas das grandes potências da história, mas têm responsabilidades dispersas que exigem adequados meios militares (Luttwak, 1996). Já mais recentemente, na sequência dos conflitos do Iraque e Afeganis7 tão, Luttwak aborda a questão do ambiente técnico7militar, centrando7se na ineficácia das forças armadas dos países mais desenvolvidos que, apesar de poderosas contra um inimigo convenientemente reunido em formações maciças e fáceis de atingir, são pouco eficientes na luta contra insurgentes. Equipamento bastante sofisticado, caro e que é muito eficiente na identificação de alvos clássi

cos, facilmente reconhecíveis, continuam a ser empregues em tentativas inúteis de detectar actividades insurgentes. Para Luttwak, este é mais um aspecto da inadequação estrutural das forças armadas modernas na luta contra inimigos evasivos, sem alvos estáveis (Luttwak, 2007).

Conclusão O pensamento estratégico anglo7saxónico foi e será fortemente influen7 ciado pela condição talassocrática das principais Nações que estão na sua géne7 se, e cuja idiossincrasia assenta em características ontológicas gerais como20: a forte vocação para o comércio e trocas comerciais (e a consequente defesa dos seus interesses noutras paragens); a extroversão; culturalmente diversas, per7 mutando e absorvendo valores materiais e espirituais de outros povos; ou a tendência para o individualismo e para a concorrência, os que as torna bastante pragmáticas. Além destes aspetos, como refere Paul Kennedy, há fatores geo7 gráficos e tecnológicos que moldaram profundamente o seu pensamento estra7 tégico, realçando7se: a proteção que o Atlântico confere contra ameaças externas, o que lhe permitiu durante muitos anos direcionar energias para o desenvolvimento interno, industrial e agrícola; as revoluções tecnológicas e industriais ocorridas, quer na Grã7Bretanha quer nos EUA, deram7lhe impor7 tantes vantagens competitivas no comércio global; ou a condição de afastamen7 to físico das lutas intestinas na Europa, participando apenas quando fosse do seu interesse estratégico (1991, p. 171). 20 E que tão bem foram descritas por Políbio de Almeida nos seus Ensaios de Geopolítica (1994).

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Estudos de Homenagem a Abel Cabral Couto

Da análise ao pensamento estratégico dos teorizadores brevemente tra7 tados neste ensaio julgamos podermos encontrar muitos destes traços caracte7 rísticos, realçando7se o pragmatismo e a primazia dos objetivos. É neste quadro que Mahan coloca a ênfase no controlo do comércio marítimo, que Trenchard e Mithchell advocam o bombardeamento dos centros vitais do inimigo, que Lid7 dell Hart defende o princípio da economia de força associado à finalidade a atingir, que Bernard Brodie proclama a dissuasão enquanto única estratégia pragmática para assegurar a sobrevivência nacional, ou que Luttwak, na sua lógica paradoxal, defende que a guerra tem a enorme virtude de conduzir à paz. Resta concluir. Neste breve ensaio, imbuídos do espírito do seu objeto de estudo, mais não tentámos do que contribuir de forma sucinta para a demons7 tração do pragmatismo do pensamento estratégico anglo7saxónico, caracterís7 tica essa bem patente na afirmação de Colin S. Gray quando refere: “Americans collectively are better at some activities than others. They are better engineers than diplomats, and they lack many of the qualities important for imperial governance. But the American sys

tem of statecraft is no accident. Administrations may change in Washington, but the deeply pragmatic perspective they bring to strategic questions does not. Successive presidentes have favored the same kind of solution to enduring problems and have commit

ted the same errors in a rich variety of ways” (Gray 1994, 579).

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