Da Imitação à Expressão, primeira parte (Platão, Aristóteles, Filóstrato, Guillaume Durand de Mende, Leonardo da Vinci e Francisco de Hollanda). Aula para a disciplina optativa da graduação: \"História e Imagem\". UFU, 2014.
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Da Imitação à Expressão, Parte 1: Platão – Aristóteles – Filóstrato, o Velho – Guillaume Durand de Mende – Francisco de Hollanda – Leonardo da Vinci
© Guilherme Amaral Luz, 2014
Platão (Atenas, 428-348 a.C.)
c. 384-383 a.C. Fundação da Academia de Atenas, consagrada ao culto das Musas e de Apolo em local dedicado ao culto de Atena (deusa da Sabedoria);
Verdade como ideias das formas ideais, eternas e incorruptíveis X mundo sensível, sujeito ao devir, à corrupção e à morte;
Dialética como método de descoberta da verdade (gênero: Diálogos) por meio da razão;
Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria X Sofística, Poesia, Retórica e Pintura.
Aristóteles (Estagira, 384 – Cálcis, 322 a.C.)
Academia platônica em Atenas;
Preceptor de Alexandre, da Macedônia;
Fundação do Liceu em Atenas (Peripatéticos);
Campos de estudo (universalidade): física, ótica, química, lógica, metafísica, política, ética, retórica, poética e muitos outros;
Ideia, razão, saber e verdade não se opõem de maneira radical aos domínios das artes imitativas e das técnicas da oratória;
A Filosofia e os domínios da vida política não são excludentes.
Filóstrato, o Velho (c. 165-244 ou 249 d.C.)
Cidadão romano nascido na Grécia (Temnos), com parte de sua formação filosófica na Grécia;
Movimento filosófico: Segunda Sofística;
Técnica da Ekphrasis (descriptio): poder de evocação e ilustração na descrição de cenas representadas de modo a tornar visíveis as qualidades pictóricas apenas com palavras;
Eikones (descrições de 65 quadros de uma Stoa em Nápoles);
Vida de Apolônio de Tiana – discussão sobre pintura a partir da ekphrasis de placas de bronze nas muralhas de um santuário.
Guillaume Durand de Mende (Puymisson, 1230 – Roma, 1296)
Teólogo e Canonista;
Escolástica: fé cristã conciliada à razão e à filosofia grega;
Estudos e passagens em Mantua e Lyon, além de ter se tornado Bispo de Mende (Languedoque – França) em 1285;
Rationale Divinorum Officiorum (1286);
Iconografia, simbologia religiosa, espaço sagrado, decoração e liturgia.
Leonardo da Vinci (Vinci, 1452 – Ambroise, 1519)
Polimata – homo universalis: arquétipo do homem do Renascimento;
Educado em Florença no ateliê de Verrocchio;
Trabalhou em Milão, Veneza, Roma, Bolonha e na França;
Prestou serviços a senhores poderosos, como Lorenzo de Medici, Ludovico Sforza, César Bórgia e Francisco I;
Arte, “ciências” (filosofia natural) e engenhosidade técnica andam em conjunto;
Muitas obras inacabadas e prolífico desenhista.
Francisco de Hollanda (Lisboa c. 1517 – c.1584)
Educação humanista na corte do rei D. Manuel, proteção de D. Afonso, Bispo de Évora e complemento de seus estudos em Roma (1538 – 47), período de apogeu da obra de Michelângelo;
Diálogos (c. 1548) testemunha as concepções sobre a arte na Roma dos anos 1540 e tem com principais personagens Michelângelo, Vittoria Colonna e o próprio Francisco de Hollanda;
Além de escrever, foi arquiteto, escultor, miniaturista, desenhista e pintor (típico perfil da Alta Renascença).
A Imitação e a pintura nas fontes da Antiguidade. Platão e os problemas da cópia e do simulacro. Aristóteles e a natureza imitativa do conhecer humano. Filóstrato o Velho e a arte da pintura como imitação perfeita;
A imitação como codificação simbólica das histórias sagradas na Idade Média. A iconografia e a decoração das igrejas em Guillaume Durand de Mende;
A imitação da realidade e a “fantasia ajuizada”. Desenho e pintura na Alta Renascença. Francisco de Hollanda e Leonardo da Vinci.
Controvérsias sobre a Imitação na Antiguidade Platão
Imagens fabricadas pelos pintores não são cópias, eikon (conforme as mesmas medidas do modelo e as cores apropriadas), mas simulacros, eidola (conforme as medidas que parecem belas);
Pintura não imita por semelhança, mas por aparência. Assim, imita fantasmas, não a verdade;
A pintura é uma fantasmática.
Aristóteles e Filóstrato
Imitação é natural: um instrumento de conhecimento e um meio de prazer (reconhecimento do imitado nas imitações, prazer que deriva do conhecer) – Aristóteles;
Desenho, misturando sombra e luz, e pintura, misturando cores, buscam produzir semelhanças de “tudo quanto o Sol contempla”. A imitação é uma função natural da mente. A pintura a aperfeiçoa com as mãos de quem domina as técnicas - Filóstrato.
Arte como simbologia sacra – Guillaume Durand de Mende
Influência da liturgia sobre a arte (iconografia);
Relações estruturais entre as partes (signos e mistérios) e o todo (edifício religioso em sua totalidade);
(...) “diversas cenas do Novo e do Antigo Testamento são pintadas como apraz ao artista, pois ‘os pintores, como os poetas, sempre tiveram o justo poder de tudo ousar”.
O poder do desenho na Renascença
“O pintor é senhor de todas as coisas que podem ocorrer ao pensamento do homem, por essa razão se ele tiver o desejo de ver belezas que o encantam, ele é senhor para cria-las, e se quiser ver coisas monstruosas que aterrorizam ou que sejam risíveis ou realmente dignas de piedade, ele é senhor e criador” – Leonardo da Vinci;
(...) “o desenho, a que por outro nome chamam debuxo, nele consiste e ele é a fonte e o corpo da pintura e da escultura e da arquitetura e de todo outro gênero de pintar e a raiz de todas as ciências. Quem tiver tanto arribado que o tenha em seu poder, saiba que em seu poder tem um grande tesouro” – Francisco de Hollanda;
(...) “muito louvor merece o pintor que pintou coisa que nunca se viu, e tão impossível, com tanto artifício e descrição que parece viva e possível, e que desejam os homens que as houvesse no mundo, e que digam que lhe podem tirar penas daquelas asas, e que está movendo as mãos e os olhos” – Francisco de Hollanda.
Referência Bibliográfica: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 5, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 17-48.
FIM
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