DA VISIBILIDADE MODERNA DA CIÊNCIA: O contributo dos repositórios institucionais online das universidades na era do open access
Fábio Ribeiro
[email protected] Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade Universidade do Minho
Apontamentos contextuais e questões em análise
Ano Internacional da Luz Proclamado a 20 de dezembro de 2013 pela ONU
Publicações científicas: pressões de ranking internos, entidades financiadoras, sistemas de indexação de revistas
Configurações de uma mobilidade da cultura para o digital, o conhecimento que transita das estantes para os ecrãs
Visibilidade da ciência: Como tornar a publicação mais acessível, rentável e (re)conhecida?
Esquizofrenia conceptual
Comunicação pública da ciência?
Comunicação estratégica da ciência?
Comunicação da ciência?
Disseminação da ciência?
Esquizofrenia conceptual A NATUREZA INDEFINIDA DA COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA - (Carvalho & Cabecinhas, 2004) • • • •
divulgação pública do conhecimento científico? a comunicação entre cientistas? comunicação sobre ficção científica? “sobre investigação científica, apenas, ou também das aplicações da pesquisa, alargando
então o conceito à tecnologia?”
SCIENCE COMMUNICATION (SciCom) – (Burns et al., 2003) Conjunto de competências adquiridas sobre informações de caráter científico, através dos media e/ou em diálogo com agentes do espaço público. A analogia da VOGAL.
A Awareness, including familiarity with new aspects of science
E Enjoyment or other affective responses, appreciating science as entertainment or art
I Interest, by voluntary involvement with science or its communication
O
U
Understanding of science, its Opinions, the content, forming, reforming, processes, and or confirming of social factors science-related attitudes
Das pressões para publicar ao acesso aberto
O PÚBLICO E A CIÊNCIA O Pew Research Center revelou que 84% dos cientistas considera o desinteresse público pela ciência como uma das grandes limitações do seu trabalho (Fev. 2015) PODERIO ECONÓMICO A indústria de publicações científicas gerou 9,4 biliões de dólares em 2011, a partir de 1,8 milhões de artigos em inglês (Nature; Outsell) O lado misterioso dos processos de submissão de texto nestas publicações; a perversidade de um sistema que exige pagamentos aos subscritores, assente em muito trabalho voluntário (Van Noorden, 2013)
SURGE O ACESSO ABERTO (OPEN ACCESS) • • • •
Redução de custos de publicação; Como resposta à dificuldade em aceder à ciência; Promover a visibilidade de investigadores e projetos com poucas possibilidades de expressão; Reforçar compromisso com a sociedade civil. MITOS: O QUE NÃO É O ACESSO ABERTO • Uma estratégia de auto-publicação, em que os investigadores decidem publicar autonomamente os seus textos; • Fuga ao crivo de qualidade e ao processo de peer-revieweing.
Primórdios e evolução do Acesso Aberto
JULHO DE 1971 Michael Hart lança o Projeto Gutenberg, o primeiro agregador de livros integrados num computador e em rede AGOSTO DE 1989 Lançamento da Psycoloquy, de Stevan Harnad, a primeira revista online de consulta pública e livre JULHO DE 1999 A UNESCO anuncia a Declaração sobre Ciência e Uso do Conhecimento Científico FEVEREIRO DE 2002 Realiza-se a reunião que determinaria a Declaração de Budapeste sobre Acesso Aberto OUTUBRO DE 2002 Mais de 300 livros são publicados pela University of California Press em acesso livre, um marco naquela instituição NOVEMBRO DE 2002 É criado o Open Journal Systems (OJS) pela organização PKP (The Public Knowledge Project), um programa informático que viria a revolucionar a gestão de conteúdos científicos de acesso livre
Primórdios e evolução do Acesso Aberto
JANEIRO DE 2004 Ministros dos 34 países da OCED definem um conjunto de apoios públicos favoráveis à divulgação da produção científica através da Declaração sobre Acesso aos Dados de Investigação e Financiamento Público; JANEIRO DE 2006 A Universidade de Nottingham (Reino Unido) e a Universidade de Lund (Suécia) lança o OpenDOAR (Directory of Open Access Repositories); OUTUBRO DE 2010 Decorre a 1ª Conferência Luso-Brasileira sobre Acesso Aberto - CONFOA - em Braga; MAIO DE 2014 A FCT determina que toda a investigação financiada pelo sistema público de apoio à atividade científica em Portugal terá de ser disponibilizada em acesso aberto, a partir dos repositórios institucionais e de outras estratégias de difusão pública da ciência.
O Acesso Aberto e os repositórios institucionais
Dinâmicas das políticas de acesso aberto: alguns dados Políticas de acesso aberto por organização
Políticas de acesso aberto por continente
Em termos da disponibilização de documentos
Disseminação da ciência: o caso do RepositóriUM Como surgiu? 1. 2. 3.
Na sequência do SPARC Position Paper – pioneiro na organização e tratamento de teses e dissertações; Resposta a um desafio lançado pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC); Maior envolvimento do staff dos SDUM no Open Archives Forum, em 2002.
Particularidades Mais antigo repositório em Portugal (surgiu em 2003) 2º maior repositório do país com 28.250 documentos, só superado pelo Repositório Aberto da Universidade do Porto, com 33.593 documentos Ranking web of Repositoires – 8º a nível mundial (combina ranking de tamanho, visibilidade, número de documentos, referências no Google Scholar) Downloads e consultas Downloads e consultas por país
Estudo sobre os dados científicos Promovidos pela Universidade do Minho
Amostra - 226 respostas 20% do universo de docentes e investigadores (Príncipe et al. 2014)
Produção de dados científicos
92,9% dos inquiridos, principalmente dados experimentais e estatísticos
Segurança de dados científicos
81,0% realiza cópias de segurança de forma não sistemática e maioritariamente com recurso a discos externos ou discos de PC
Políticas de gestão de dados
81,5% sublinharam ausência de planos de gestão de dados pelos centros/grupos de investigação
Utilização dos dados no quotidiano Perceções sobre políticas acesso aberto
Em projetos (60,9%), dissertações de mestrado (59,1%) ou teses de doutoramento (56,2%) Significativo desconhecimento (83,8%)
Estratégias complementares de comunicação da ciência
Do ponto de vista técnico Incrementar serviços de armazenamento e backup de dados; Instalar serviços de apoio e consultoria, de ferramentas de suporte ao desenvolvimento de planos de gestão de dados; Criar serviços de repositório de dados científicos, possibilitando o armazenamento, referenciação, acesso e reutilização de dados.
Do ponto de vista substantivo Reforçar a credibilidade e a qualidade das publicações em acesso aberto Recomendações para o auto-arquivo nas plataformas institucionais Introduzir as bases de acesso aberto como eixo prioritário de estudo, investigação entre alunos e investigadores Desenvolver estratégias com públicos-específicos, desconstruindo ideias mitificadas sobre a ciência Adesão a iniciativas mundiais (Semana do Acesso Aberto)
DA VISIBILIDADE MODERNA DA CIÊNCIA: O contributo dos repositórios institucionais online das universidades na era do open access
Fábio Ribeiro
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