De onde são os africanos escravizados que foram trazidos para o Brasil? (ver parte 2)

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Salvador, dezembro de 2014

De onde eram os africanos escravizados que vieram para o Brasil?

principais rotas do tráfico negreiro para o Brasil Muitos de nós desconhecemos por completos palavras como yorubá, jeje, fon, banto e sem saber somos herdeiros das culturas desses povos, que foram trazidos para o Brasil nos porões dos navios negreiros. Juntos e misturados, mal podia-se perceber quanta diversidade traziam consigo em suas línguas, costumes sociais, crenças. No período colonial brasileiro a maior parte da mão de obra escrava era de origem africana ou indígena, utilizados principalmente na exploração de minas de ouro e na produção de açúcar. Alguns registros contam que, por volta de 1470, o comércio de escravos vindos da África tinha se tornado o maior produto de exploração do continente. Eram prisioneiros de guerra, indivíduos condenado por roubo, feitiçaria, adultério, ou simplesmente raptados em suas vilas, tirados violentamente de suas terras, incluindo mulheres e crianças. A escravidão obrigou filhos de vários confins da velha mamma África a se misturarem forçosamente. Tanto para os traficantes quanto para os senhores que compravam os escravos nas terras tupiniquins era melhor separar os negros de uma mesma tribo, a fim de evitar possíveis revoltas e tentativas de fuga. No entanto essa estratégia de separação de escravos de mesmas tribos não conseguiu evitar o inevitável. E foi assim que, ainda nos porões dos navios, se iniciou isso que o músico baiano Letieres Leite define como o "pacto da senzala" - o pacto cultural, musical, religioso, social que foi feito por um instinto de sobrevivência por negros de diferentes tribos para conviverem bem no Brasil, criando a partir dessa fusão os pilares de uma nova cultura pós-africana: a cultura brasileira. Milhares de negros vindos de várias partes da África chegaram em portos brasileiros. O maior número desses escravos pertencia a grupos do tronco lingüístico banto da África Centro-Ocidental, que inclui as regiões do Congo, Angola e Moçambique.

Outros eram os yorubanos ou “sudaneses” (oeste-africanos), que se destacam como um dos grupos mais importantes, que, dos mercados de Salvador, se espalhou por todo o Recôncavo. Dentre esses negros estavam os Iorubás ou Nagôs e os Geges (que inclui as etnias de Fon; Ashanti; Ewé; Fanti), os Mina e os Malês (que são povos do oeste africano muçulmano, na maior parte falantes da língua haúça), entre os quais também os Mandingas, Fulas, Tapas, Bornu e Gurunsi. Atualmente esses países são Togo, Gana, Nigéria, Costa do Marfim e Benim, onde está a “costa dos escravos”. Os oeste-africanos constituíram a maior parte dos escravos levados para a Bahia. Pertenciam a diversos grupos étnicos que o tráfico negreiro dividia. Durante o ciclo do ouro (no século XVIII) muitos sudaneses foram levados para Minas Gerais, onde também chegaram a predominar. No século XIX foram superados pelos escravos bantos da região de Angola, Congo ou Cabinda, Benguelas e Moçambique. Os bantos foram introduzidos em Pernambuco, de onde seguiram até Alagoas; no Rio de Janeiro, de onde se espalharam por Minas Gerais e São Paulo; e no Maranhão, atingindo daí o Pará. Ainda no Rio de Janeiro e em Santa Catarina foram introduzidos os camundás, camundongos e os quiçamãs. Assim vinham: - Nos séculos XVI e XVII dos portos de Senegal e Gâmbia, enviando escravos da região oeste-africana principalmente para Salvador e Recife. - Nos século XVIII dos portos de Mina (Guiné), Uidá (Benin), Calabar (Nigéria), Cabinda (Angola) e Luanda (Angola), enviando escravos desembarcados em Salvador e Rio de Janeiro, de onde a maior parte ia para Minas Gerais. - Nos séculos XIX dos portos de Mina, Uidá, Calabar, Cabinda e Luanda, desembarcando principalmente em Salvador e Rio de Janeiro, indo para as plantações de café no vale do Paraíba do Sul e cana-de-açúcar no norte fluminense. Nós, os brasileiros, somos herdeiros de várias culturas africanas. E essas histórias deveriam estar nos livros de histórias de nossas escolas, para que pudéssemos conhecer melhor nossas próprias raízes.

retratos de negros e negras em Pernambuco, por volta de 1870

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