De Stijl (uma breve descrição)

July 25, 2017 | Autor: Leônidas Pereira | Categoria: Artes, História da arte
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Leônidas Soares Pereira Teoria e História do Design II

Porto Alegre, Novembro de 2011

De Stijl De Stijl (em holandês “O estilo”) foi um movimento artístico primordialmente holandês que foi fundado em 1917 e que perdurou “ativo” até 1931 (data da morte de seu principal mentor e fundador, Theo van Doesburg). A evolução e crescimento da arte moderna durante o séc XX começou a despertar a atenção de todos os artístas da época. Contudo, como a Holanda havia decidido se manter neutra durante a Primeira Guerra Mundial, os artistas lá presentes não podiam deixar o país. Esse isolamento do cenário artístico mundial conjugado com o interesse pelos novos movimentos artísticos da época começou a "fermentar" o que viria a ser conhecido como o De Stijl. O surgimento deste movimento artístico se deve principalmente a dois artistas: Theo Van Doesberg e Piet Mondrian. Em 1912 Mondrian se mudou para Paris, o centro artístico da época (e local onde ele mudou seu nome de "Mondriaan" para Mondrian) quando, ao visitar a Holanda, estourou a guerra e, devido a neutralidade da Holanda, ele foi obrigado a ficar no país. Diante desta situação, Mondrian se viu obrigado a permanecer morando na Comunidade artística de Laren e lé conheceu Bart van der Leck e M.H.J. Schoenmaeker. Essas influências aliadas ao fato dele acreditar que o Cubismo Analítico não havia atingido seu objetivo principal ao não tomar rumo a arte puramente abstrata foram criando suas ideias que iriam resultar no Neoplasticismo. Do outro lado, Theo van Doesburg estava a procura de artistas com quem pudesse editar um jornal e fundar um movimento artístico. Van Doesburg era também um escritor, poeta e crítico que havia adquirido mais fama escrevendo sobre arte do que como um artista independente e que devido a sua personalidade "chamativa" havia criado uma rede de contatos no mundo artístico. Por volta de 1915 ele começou essa sua busca por outros artístas que compartilhassem seus anseios. Ele já havia tido contato com os trabalhos de Mondrian enquanto servia o exército e assim, este foi o primeiro artista que ele foi atrás e o encontrou numa exposição no Amsterdam Stedelijk Museum. Van Doesburg também conhecia J.J.P. Oud e os artista húngaro Hungarian Vilmos Huszàr. Com isso, em 1917, a colaboração destes artístas em parceria com o poeta Anthony Kok, resultou na fundação do De Stijl. O marco do início do movimento foi a edição do primeiro número da revista De Stijl (que continuou a ser públicada até 1932) no qual Mondrian publica seu texto teórico "Neoplasticismo em pintura". Vale salientar a entrada do jovem arquiteto Gerrit Rietveld para o grupo em em 1918, mesmo ano em que Van der Leck deixou o movimento devido a divergências em certas opiniões artísticas. A revista públicada pelos membors do grupo servia para propagar as teorias defendidas por eles e devido à influência dos seus textos (às vezes muito semelhantes a um manifesto) o próprio nome da revista passou a caracterizar o movimento (cujo nome original seria Neo-plasticismo e mais

tardiamente, Elementarismo). Durante os primeiros 3 anos, a revista dedicou-se praticamente a Mondrian e à defesa da sua teoria o NeoPlasticismo, porém foi nos anos 20 que ela se tornou mais ativa. Não eram feitos mais do que 300 exemplares por edição, e por isso mesmo é impressionante notar como ela foi influente na época. Outra curiosidade é saber a origm dos nome do movimento. Neoplasticismo foi um termo criado pelo próprio Mondrian em 1917 quando escreveu a série de 12 artigos chamados “De Nieuwe Beelding in de schilderkunst” (o Neo-Plasticismo na Pintura). Porém o curioso é a origem do nome De Stijl. Acredita-se que esse termo tenha derivado do trabalho "Der Stil in den technischen und tektonischen Künsten oder Praktische Ästhetik" de Gottfried Semper, acreditando-se errôneamente que esse termo significasse materialismo e funcionalismo. O De stijl teve em suas origens influencias principalmente do Cubismo e da Arte Abstrata porém com o passar do começaram a surgir também influências do construtivismo russo, suprematismo, dadaísmo. Na arquitetura, as ideias de Berlage e Frank Lloyd Wright tambéminfluenciaram bastante o grupo. Porém este movivemnto teve algo que o diferenciou da maioria dos movimentos modernos, ele não seguiu o padrão de regras do Cubismo, Futurismo, Surrealismo, etc. nem aderiu a algum dos princípios das escolas de arte como a Bauhaus. O De Stijl era um projeto coletivo, um esforço conjunto. O De Stijl era um movimento não só estético mas também filosófico que acreditava que a arte devia reconciliar as grandes polaridades da vida - “Natureza e intelecto”. Os artistas envolvidos não buscavam imitar a natureza, ao contrário, buscavam a abstração total reduzindo tudo à sua forma essencial, o que levou este movimento a ser considerado o "mais puro dos movimentos abstratos". Contudo, tem de se deixar claro que o De Stijl não concebia a arte abstrata como sendo contrária a natureza. Para os artistas do movimento, a arte abstrata se punha à natureza animal e primitiva do homem, uma natureza grosseira que não corresponde à verdadeira natureza humana. Suas características visavam alcançar uma visão impessoal e objetiva da arte através de uma estética nova (neo) e universal. Um equilíbrio entre o individual e o universal, a "Liberação da Arte tanto das coerções da tradição quanto do culto da individualidade". Como disse o prórpio Mondrian: “O Objeto da natureza é o homem, o objecto do homem é o estilo”. Porém a ideologia não se restringia apenas a arte, os membros do grupo acreditavam existir leis que regem a expressão artística e que viam na sua arte um modelo para relações harmoniosas dos indivíduos na sociedade. Queriam criar uma linguagem aestetica universal baseada na rejeição do excesso deocorativo (Art Nouveau) em favor de um estilo simples e lógico que enfatizasse a "construção e a função", algo adequado a todos os aspectos da "vida moderna". Procuravam a perfeição e a verdade supremas, ultrapassando o mundo físico e emotivo, de modo a

atingir o mundo mental. Eliminando o "trágico da vida” que (segundo eles) se manifesta na falta de equilíbrio e nas lutas entre o individual e o universal e entre o Homem e a Natureza. Por isso mesmo o Neoplasticismo foi contra os movimentos do passado, por veicularem os aspectos sensoriais e emotivos da vida. É interessante dizer que este idealismo foi de fervor quase religioso entre seus seguidores, que abraçaram as suas ideias com todas suas forças e que o impacto desta ideologia foi bastante significativo tanto na Holanda como na Alemanha. Todo este modo de pensar filosófico dos envolvidos com o Neoplasticismo teve forte influência de uma escola de pensamento chamada Teosofia (apesar de que alguns membros do grupo viam o De stijl mais ligado a filosfia Hegeliana da dialetica). E grande parte dessa influência veio através de um matemático chamado M.H.J. Schoenmaekers que se tornou conhecido de Mondrian. Este matemático teosófico formulou um filosofia mística neo-platônica que tratava sobre a forma geométrica ideal. Ele acreditava na beleza da geometria pura, seguindo a ideia de Platão de que as formas geométricas nunca se alteram e existem além da realidade física no que o mesmo Platão denominou de o "mundo das ideias". Schoenmaekers publicou The New Image of the World (1915) e Principles of Plastic Mathematics (1916), dois livros de fortíssima influência no movimento De Stijl. Na prática toda esta filosofia e ideias se traduziam da seguinte forma. A harmonia e ordem eram estabalecidas pelo uso de elementos puramente geométricos (linhas retas, superfícies planas, retângulos) e, com a adesão um pouco mais tarde, pelo uso apenas das cores primárias (vermelho, amarelo e azul) combinadas com as cores neutras (preto, branco e cinza). Assim eles reduziram as composições visuais às linhas verticais e horizontais e a um limitado universo de cores, isso tanto na pintura quanto na arquitetura. Outro ponto forte do estilo De Stijl é a forte assimetria que alcançou e o equilíbrio estético pelo uso da oposição. Com esses limites era criada uma "simbologia universal", um código capaz de transmitir e configurar um número infinito de mensagens. Uma frase de Van Doesburg caracteriza bastante claramente o valor todo este padrão para os adeptos: "O que a cruz representava para os primeiros cirstãos, o quadrado representa para nós. O quadrado vai conquistar a cruz". Algo a se salientar é que, em muitos dos trabalhos tridimensionais dos artistas do grupo, as linhas verticais e horizontais estão posicionadas em camadas ou planos que não se interceptam, permitindo assim que cada elemento exista independentemente e não obstruido pelos outros (a exemplo disso temos a casa de Rietveld Schröder e a famosa cadeira "Red and Blue Chair"). Alguns dos mais famosos membros do grupo, afora Theo van Doesburg e Piet Mondrain (motores do movimento, especialmente van Doesburg), foram Vilmos Huszár(1884–1960), Georges Vantongerloo, Jan

Wils, o poeta A. Kok, os arquitetos Gerrit Rietveld (1888–1964), Robert van 't Hoff (1887–1979) e J.J.P. Oud (1890–1963), o artista gráfico e fotógrafo Piet Zwart (1885-1977), El Lissitzky, Van Easteren, o cineasta Hans Richter, entre outros. Por volta de 1921 algumas características do grupo começaram a mudar (sendo chamado este período até 1925 a segunda fase do movimento). Hans Richter havia aderido o movimento e havia convidado van Doesburg para ir a Alemanhã, onde ele teve contato com a Bauhaus (para onde foi convidado). Van Doesburg também conheceu Lissitzky que 2 anos antes havia desenvolvido sua próspria forma de epressão elementarista trabalhando em conjunto com Kasimir Malevich na escola Suprematista de Vitebsk, Rússia. Esses encontros começaram a trazer novas ideias para o movimento, o que não agradou a todos. Influências Malevich e do Construtivismo russo foram as mais fortes. Com o tempo van Doesbur quis incorporar as linhas diagonais aos seus trabalhos, o que Mondrian discordava totalmente. Para Mondrian o horizontal e o vertical significavam a estabilidade, uma prova de que o estilo duraria para semrpe. Para van Doesburg, a diagonal era dinâmica significando "tudo está em um estado de contínuo desenvolvimento" e assim mais vital que a vertical e a horizontal. Isso fez com que Mondrian deixasse o grupo em 1924 logo depois que van Doesburg propôs a teoria do Elementarismo (que de certa forma parecia uma revisão do Neoplasticismo). À partir de então começaram a surgir novos "membros" no grupo trazendo principalmente influências dadaístas. A poesia de I.K. Bonset e a antifilosofia de Aldo Camini (ambos de cunho dadaísta) geraram controversias nos adeptos ao movimento De Stijl. Apenas após a morte de van Doesburg foi descoberto que estas duas pessoas não passavam de pseudônimos do mesmo. Em 1930 Theo van Doesburg escreveu o Manifesto da arte Concreta, porém veio a falecer 1 ano depois. Mesmo assim os remanescentes do De Stijl e os futuristas foram influenciados por mais estas suas novas ideias. Contudo, devido ao papel central de van Doesburg no De Stijl, o grupo não sobreviveu a perda do seu principal mentor. Alguns dos membros continuaram em contato porém sem uma figura central não houve como "reanimar" o movimento. Outro fator importante para o grupo se romper foi que os artistas ligados ao De Stijl não eram muito próximos uns dos outros. Eles conheciam basicamente uns aos outros porém a comunicação era praticamente apenas via carta (Mondrian nunca conheceu Reitveld ao vivo, por exemplo). Sendo assim, o movimento permaneceu coeso por quinze anos, mas mesmo após 1931 muitos dos artistas continuaram fiéis às ideias basicas do movimento (Rietveld e Mondrian são provas disso).

Alguns dados: - O movimento De Stijl conseguiu influênciar apenas um artista na área da música: Jakob van Domselaer, um grande amigo de Mondrian. Entre 1913 e 1916 ele compôs Proeven van Stijlkunst (Experimentos no Estilo Artístico) inspirado pelas obras de Mondrian. Contudo, apesar de sua composição revolucionária, Van Domselaer nunca se tornou muito conhecido durante sua vida. - A casa Schröder de Rietveld (projetada entre 1923 e 1924) é a única construção edificada completamente de acordo com os princípios do De Stijl (apesar de existirem outras seguindo algumas das ideias e princípios). - Alguns afirmam que o legado do movimento De Stijl foi muito maior na área teorica do que na prática. - Na arquitetura as influências do estilo permaneceram por bastante tempo chegando, por exemplo, até Mies van der Rohe, que utilizou bastante suas ideias. - o De Stijl influenciou desde pintura e arquitetura até as "artes decorativas" (design de móveis e interiores, por exemplo), moda e tipografia. - A revista Die Stijl é o mais marcante trabalho de desgin gráfico dos artistas do movimento porém as ideias de redução de forma e cor são seu maior legado para o desenvolvimento do design gráfico. Isso colocou a Holanda juntamente com a Alemanha e a Rússia na vanguarda da evolução do design gráfico internacional. - Os trabalhos dos artístas adeptos ao De Stijl influenciaram o estilo da Bauhaus. - Hoje em dia é possível encontrar trabalhos de artístas ligados ao movimento em museus como: Gemeentemuseum in The Hague, the Amsterdam Stedelijk Museum e The Central Museum of Utrecht.

Referências Inglês: -http://www.saylor.org/site/wp-content/uploads/2011/05/De-Stijl.pdf -http://www.designishistory.com/1920/de-stijl/ -http://www.britannica.com/EBchecked/topic/566242/De-Stijl -http://blog.fidmdigitalarts.com/wp-content/uploads/2011/02/de-stijl.pdf -http://en.wikipedia.org/wiki/De_stijl -http://www.encyclopedia.com/topic/de_Stijl.aspx -http://www.telegraph.co.uk/culture/art/art-features/7103458/De-Stijlmovement-squares-lines...-and-barking-like-dogs.html -http://factoidz.com/de-stijl-dutch-modernist-design-part-1/ -http://www.visual-arts-cork.com/history-of-art/de-stijl.htm -http://www.edgeworthjohnstone.co.uk/article_destijl.html -http://www.guggenheim.org/new-york/collections/collection-online/show-full/movement/?search=De%20Stijl

Português: -http://tipografos.net/bauhaus/stijl.html -http://www.mondrian.kit.net/inconteudo.htm# -http://www.slideshare.net/michelepo/neoplasticismo -http://www.slideshare.net/danifiuza/a-1452216 -http://www.slideshare.net/FBAULartecontemporaneaII/7-neoplasticismo-ebauhaus -CHIPP, h. B. - Teoria Da Arte Moderna (obtido em: http://pt.scribd.com/doc/55148210/Chipp-h-b-Teoria-Da-ArteModerna-Neoplasticismo-e-Construtivismo-Pgs-324-a-369). -APOSTILA – De Stijl - Profa.: Flavia Simonini Campos - UNESA – Fundamentos de Arte e História

Espanhol: -http://www.slideshare.net/beafdez/de-stijl -http://www.slideshare.net/AmyBello/de-stijl-5830752 -http://www.slideshare.net/shabot/de-stijl-1554233

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