DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: O QUE PENSAM AS PROFESSORAS SOBRE O TEMA EM UM CURSO DE FORMAÇÃO A DISTÂNCIA

May 26, 2017 | Autor: Marily Oliveira | Categoria: Educação Especial, Deficiência Intelectual
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ISSN: 1981-3031 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: O QUE PENSAM AS PROFESSORAS SOBRE O TEMA EM UM CURSO DE FORMAÇÃO A DISTÂNCIA?

1. Arlete Rodrigues dos Santos (UFAL)* 2. Marily Oliveira Barbosa (UFAL)*

RESUMO A Educação a Distância (EaD) é definida como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL 2005). O surgimentos de novas tecnologias da informação e da comunicação deram um novo impulso à educação a distância, fazendo aparecer, através da Internet, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento (MACHADO; MACHADO, 2004). Embora tenha tido no inicio muita resistência como modalidade de educação, ela tem ganho cada vez mais espaço, sobretudo em um pais continental como o Brasil , de problemas educacionais igualmente grandes, e colaborado para que o acesso ao conhecimento em regiões longínquas se efetive. Entender o professor como sujeito que produz, estimula e desenvolve conhecimento, é também compreender os princípios determinantes nos quais se pautam os valores de nossa sociedade, e os subsídios onde esses orientam suas práticas. Dessa forma, neste artigo, explicitamos o entendimento que os professores cursistas possuíam sobre a deficiência intelectual, reveladas em suas opiniões e crenças a respeito desse conceito, e presentificadas em suas respostas referentes ao aluno com deficiência intelectual, durante um curso ofertado pela Universidade Federal de Alagoas, na modalidade a distância. Palavras chaves: Deficiência intelectual- Formação distância

de professores - Educação a

INTRODUÇÃO Nas sociedades modernas, as mudanças sociais, econômicas e políticas, ocorrem num ritmo acelerado. O processo de globalização gera mudanças em todas as esferas da sociedade, criando novos estilos de vida e de consumo, e novas maneiras de ver o mundo e aprender. Tais mudanças são percebidas no processo econômico, na organização e gestão do trabalho, no acesso a cultura cada vez mais mediada pela tecnologia, que cada vez mais exige transformações nos sistemas educacionais que vão assumindo novas funções para enfrentar esses novos desafios. 1* Arlete Rodrigues dos Santos – psicóloga e mestranda CEDU – UFAL integrante do grupo de pesquisa Educação e Diversidade - NEEDI email [email protected] 2* Marily Oliveira Barbosa – professora de educação física e integrante do grupo de pesquisa Educação

e Diversidade NEEDI email [email protected]

2

Essas exigências se fazem refletir na escola, pois o acesso e tecnologias de comunicação, caracterizada pela interatividade e

uso das novas

capacidade de uso

individualizado, assim como de simular eventos do mundo natural e no imaginário, fizeram com que os alunos e principalmente os professores a percebessem uma mudança no seu papel de centralizador para coadjuvante no que se refere a informação, oportunizando assim a participação do aluno. A partir da popularização da internet, surge um enorme leque de possibilidades de auxílio ao professor, não apenas no processo educativo, mas, também para seu próprio desenvolvimento profissional. Esse avanço possibilitou a formação de comunidades virtuais, que a partir de suas funcionalidades expandiram-se no âmbito educacional, dando origem aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, expressão que tem sido utilizada, de modo geral, para se referir ao uso de recursos digitais de comunicação utilizados para mediar a aprendizagem, proporcionando aprendizagem colaborativa, construção coletiva e novas formas de interação (VALENTINI; SOARES, 2005). A Educação a Distância (EaD) é definida como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL 2005). O surgimentos de novas tecnologias da informação e da comunicação deram um novo impulso à educação a distância, fazendo aparecer, através da Internet, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento (MACHADO; MACHADO, 2004). Embora tenha tido no inicio muita resistência como modalidade de educação, ela tem ganho cada vez mais espaço, sobretudo em um pais continental como o Brasil , de problemas educacionais igualmente grandes, e colaborado para que o acesso ao conhecimento em regiões longínquas se efetive. Segundo Cortelazzo e Romanowski (2007) na educação à distância o aluno constrói o conhecimento - ou seja, aprende - e desenvolve competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à profissão e à sua própria vida, no tempo e local que lhe são adequados, com a mediação de professores (orientadores ou tutores), atuando ora a distância, ora em presença física ou virtual, e com o apoio de sistemas de gestão e operacionalização específicos, bem como de materiais didáticos intencionalmente organizados, apresentados em

3 diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados através dos diversos meios de comunicação. Para Oliveira (2003), com a inserção de novas tecnologias digitais na área educacional, as várias experiências que vem sendo vivenciadas , e passam agora a serem analisadas, impulsionadas pelo

desenvolvimento das tecnologias de comunicação,

e em

razão do grande aumento de demanda e procura por esses cursos. Dessa forma, também se verifica um crescente investimento em pesquisa neste campo, objetivando verificar a apreensão do conhecimento e da aprendizagem na perspectiva das novas tecnologias eletrônicas de comunicação e informação, como da prática docente em termos metodológicos com base em uma nova lógica. Segundo Santos (2004) muitas universidades brasileiras têm na modalidade à distancia, uma possibilidade a mais na formação acadêmica, e a necessidade de uma formação permanente faz dessa modalidade , uma importante ferramenta na formação continuada de professores. Dessa forma, surge nesse novo espaço de aprendizagem, (a partir da ampliação de contextos), novas racionalidades, e o desenvolvimento da consciência crítica, estimulada pelos estímulos perceptivos que dela emergem, colaborando para

o favorecimento de

soluções diversas aos problemas enfrentados pelo professor em seu cotidiano, e as exigências oriundas das novas exigências enfrentadas por essa categoria profissional. Para Oliveira (2000), a formação dos professores no contexto atual, tem se destacado nos debates educacionais, pois, a revolução tecnológica, científica e paradigmática dos últimos anos tem levado a sociedade brasileira a viver inúmeras transformações e mudanças culturais, que impulsionadas pela globalização, e pela crescente conquista de direitos de acesso aos bens de consumo, por todos tem trazido a formação cultural e cientifica para a vida pessoal, profissional e cidadã, que possibilite relações autônomas, e criticas. Segundo os princípios da inclusão, a escola é a responsável pela educação de todos os alunos, independente das problemáticas que alguns possam ter, e uma escola inclusiva é uma escola que responde a diversidade de seus alunos , independente de suas diferenças, contudo, os caminhos percorridos até então para que a escola brasileira acolha a todos os alunos , indistintamente, tem se chocado com o caráter eminentemente excludente, segredativo e conservador de nossa cultura. Segundo Nóvoa (1992, p 24) “ a formação não se constrói por acumulação de cursos, conhecimentos ou técnicas, mas sim por meio de práticas de reconstrução permanentes de uma identidade pessoal”. Portanto, deve-se buscar durante o processo formativo, a articulação

4 das vertentes pessoal e profissional, considerando a totalidade humana , isto é, o meio social no qual os sujeitos do processo estão inseridos. Nesse sentido, a formação de professores assume um caráter de atividades complexa, pois, os professores são os principais mediadores da cultura, e dos saberes escolares (TARDIF, 2005). Entender o professor como sujeito que produz, estimula e desenvolve conhecimento, é também compreender os princípios determinantes nos quais se pautam os valores de nossa sociedade, e os subsídios onde esses orientam suas práticas. A inclusão no âmbito da nossa sociedade já é uma realidade, os pais de crianças com deficiência, respaldado na Lei de Diretrizes e Bases, declaração de Salamanca e ultimamente a campanha realizada na mídia, tem matriculado ou tentado o ingresso dos seus filhos em escolas regulares. Mas a questão principal é que os professores e escolas se julgam despreparados para esta proposta, contudo Stainback e Stainback (1999) ressaltam que os sistemas educacionais devem incluir no planejamento da escola objetivos específicos para o trabalho com a diversidade. Ainda sobre isso Blanco (2002) revela que é muito importante que o docente tenha ferramentas, instrumentos e conhecimentos, para dar a resposta à diversidade. A proposta é um desafio que deve ser acompanhado de processos de formação, sendo essa vinculada a construção de projeto educativo institucional. Neste processo, o professor tem um papel fundamental (ainda que não esteja sozinho), desde o primeiro momento, visto que as suas atitudes irão determinar a qualidade da interação nas situações de ensino, definir as perspectivas de aprendizado do aluno com deficiência, como também poderá influenciar o modo que os demais alunos irão interagir com aquele colega. (FUMES, 2006)

A autora menciona ainda que seja preciso superar o mito da necessidade da capacitação especializada para ensinar alunos com deficiência, como também o de um “dom especial” para trabalhar com eles. Pois é preciso desenvolver no professor o respeito pela diferença, a capacidade de perceber que a diversidade é inerente ao ser humano e, por conseguinte presente no cotidiano escolar, não devendo ser vista como entrave, mas fator de enriquecimento na aprendizagem do convívio com a heterogeneidade. Isto é, de modo a cumprir esses papéis efetivamente, o professor precisa construir uma base de conhecimento, que consiste de um corpo de compreensões, conhecimentos , e concepções de mundo, no qual incorpora sua subjetividade. É nesse contexto conflitivo que se incorpora a realidade social, tornando-se elemento decisivo para explicitar a concepção dos educadores sobre deficiência intelectual.

5 Dessa forma, neste artigo, explicitamos o entendimento que elas possuíam sobre a deficiência intelectual , reveladas em suas

opiniões e crenças a respeito deste conceito,

presentificadas em suas respostas em relação ao aluno com deficiência intelectual.

METODOLOGIA

Este estudo é de natureza qualitativa. Segundo Costa (2001), este tipo de estudo se preocupa com uma realidade que não pode ser quantificada, trabalhando com a subjetividade dos participantes, em particular com as suas atitudes, valores, crenças, buscando compreender suas respostas de forma a tornar o problema mais explícito. Flick (2004) menciona que os métodos qualitativos consideram a comunicação do pesquisador com o campo e seus membros como parte explícita da produção do conhecimento. Os participantes da nossa pesquisa foram 25 professoras cursistas que participavam do Curso de Formação de Professores do Ensino Fundamental para o atendimento ao aluno com Deficiência Intelectual (CFPEFAADI) ofertado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em convênio firmado pelo MEC no ano de 2010. Participaram do curso 1000 professores de todo o Brasil, subdivididos em turmas de 25 alunos. O instrumento escolhido para a coleta de dados foi o questionário, sobre o qual Gil (2002) conceitua como sendo um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado, o questionário é constituído por questões abertas, algumas questões apresentam alternativas suficientemente exaustivas para abrigar a enorme quantidade de respostas possíveis. A pergunta postada na plataforma era a parte integrante do III módulo dedicado ao tema deficiência intelectual - a questão era aberta e não obrigatória - esta introdutória da temática no curso tinha como intuito verificar os conceitos pré-construidos pelas professoras cursistas. Os participantes que fizeram parte desta pesquisa foram 25 professoras de cidades paulistas do interior e do litoral do estado, participantes do Curso (CFPEFAADI), este foi composto de cinco módulos, a saber:

Módulo

I II III

Nome

Fundamentos da Educação a distância Fundamentos da Educação especial e inclusiva O aluno com deficiência intelectual

Carga horária

20hs 40hs 20hs

6 IV V

Teorias da aprendizagem e desenvolvimento humano e a pessoa com deficiência intelectual Estratégias para o ensino do aluno com deficiência intelectual em contexto educativo inclusivo

40hs 60hs

Os dados analisados neste trabalho foram extraídos de respostas, oferecidas por professores (as) atuantes do Ensino fundamental. O ingresso destas professoras cursistas tem sido realizado mediante inscrição na plataforma Freire, no qual outros cursos de formação a distancia foram ofertados no ano de 2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a transcrição da respostas postadas na plataforma pelos cursistas, procedeu-se a leitura das mesmas juntamente com uma análise minuciosa e exaustiva de todos os dados e a partir destes foram criadas categorias. Para isto, foi utilizada a análise de conteúdo. Tal análise é descrita por Bardin (1979, p. 42), como: Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores [...] que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção da mensagem.

A partir dos dados coletados na pesquisa, procuramos extrair a matéria-prima dessas informações, relacionando a teoria encontrada na literatura com as percepções dos sujeitos em seu cotidiano. Para Minayo (2004, p. 209), a análise temática “consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado”. Ainda segundo a mesma autora, a análise desdobra-se em três etapas: 1) pré-análise; 2) exploração do material; 3) tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Deste processo resultaram as seguintes categorias: a definição de deficiência intelectual e o processo de ensino aprendizagem em relação aos alunos com deficiência intelectual.

Deficiência intelectual e sua definição para as professoras

7 Em relação ao que seria a deficiência intelectual, todas elas tentaram de alguma forma explicar a partir do seu ponto de vista o que seria essa deficiência e como ela se apresenta nos indivíduos que a possui, como também relataram sobre a mudança da nomenclatura, que antes era utilizada como deficiência mental e que atualmente passou-se a utilizar o termo deficiência intelectual, que foi mais difundido a partir da declaração de Montreal (2004). Tal descrição pode ser vista no relato a seguir: O termo deficiência intelectual substitui o termo deficiência mental[...]. O termo deficiência mental sempre causava impacto nas pessoas, hoje o termo deficiência intelectual pressupõem uma dificuldade de desenvolver-se intelectualmente como o esperado para a idade. (Professora Fernanda)

As professoras em sua totalidade já se utilizavam do termo deficiência intelectual e algumas delas conheciam o porquê dessa nomenclatura. Sassaki (2005) salienta que tal título retrata o fenômeno propriamente dito, pois o termo refere-se especificamente ao funcionamento diferenciado em relação ao intelecto. Tais professoras explicitaram também o que para elas seriam a deficiência intelectual, pois Chinalia (2010) relata que é de extrema importância que os educadores possuam clareza em relação as particularidades que envolve os alunos com deficiência intelectual, para assim desenvolver estratégias que beneficiem o desenvolvimento deste aluno, no âmbito escolar. A grande maioria das professoras explicitaram sobre a dificuldade que os alunos com deficiência intelectual possuíam em relação ao aprendizado quando comparada a outros alunos, incluindo a dificuldade de assimilar alguns conceitos, vejamos a seguir alguns relatos: A deficiência intelectual pode ser traduzida como uma "forma mais lenta" de compreender e assimilar alguns conceitos, ou ainda de executar algumas tarefas. (Professora Raquel) Para mim a deficiência intelectual eu defino como a dificuldade que uma pessoa tem de aprender maior que outra, pois, seja por fator genético, patológico, problemas na hora do parto ou qualquer outro motivo que faz com que um deficiente intelectual não consiga aprender da mesma forma que outra pessoa, mas ele pode aprender de formas diferentes dependendo do grau de deficiência que ele tenha. Independente deste grau devemos respeitar todos e garantir uma boa qualidade de ensino e de vida. (Professora Marta)

Tais professoras se utilizam da comparação entre os alunos com deficiência intelectual e aqueles que não possuem tal deficiência, quando na realidade todo aluno apresenta diferentes particularidade. Batista e Mantoan (2007) retratam que o aluno com deficiência intelectual possui uma dificuldade de estabelecer

o conhecimento como os demais, bem

como tem dificuldade de demonstrar sua capacidade intelectual.

8 Algumas outras professoras saíram da tentativa de comparar os alunos e de alguma forma tentaram conceituar o que para elas seriam a deficiência intelectual e estas mencionaram sobre as limitações em relação ao desenvolvimento de certas habilidade, como veremos nos fragmentos a seguir: A pessoa portadora de deficiência intelectual tem limitações de habilidades com comunicação, funções acadêmicas, autocuidado, no lar, no trabalho... Como qualquer outra pessoa tem dificuldades e potencialidades. (Professora Valéria) A deficiência intelectual é um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. (Professora Iraci)

De fato os alunos com deficiência intelectual possuem algumas limitações em determinadas áreas da sua vida, contudo estas limitações são diferentes entre os alunos, nem todos possuem as mesmas particularidades. Segundo a AAIDD1 (2011) a deficiência intelectual em cada aluno se apresenta de forma diferente, e em alguns casos apresenta restrições significativas em relação ao funcionamento intelectual e as habilidades sociais e práticas do cotidiano.

O processo de ensino aprendizagem em relação aos alunos com deficiência intelectual O aluno com deficiência intelectual possui diversas diferenciações quando relacionadas e comparadas aos outros alunos, e quando se trata do processo de ensino e aprendizagem, tais diferenciações se revelam mais expostas. E tal fato ficou ressaltado no discurso das professoras, que deram ênfase à dificuldade de aprendizagem. Cintra, Jesuino e Proença (2010) em seu estudo relacionaram que grande parte dos educadores põe em foco as dificuldades para aprender ou a não-aprendizagem na escola e as professoras pesquisadas ao falar sobre estes alunos retratam sobre esta dificuldade em adquirir determinados conhecimentos, como veremos a seguir: Deficiência Intelectual é aquele ser humano que encontra dificuldades de elaborar conhecimentos e criar principalmente no que diz a respeito ao processo de ensino aprendizagem como a leitura e a escrita. (Professora Cibele)

Barros (2010) menciona que para alguns educadores ainda persistem na crença de que os alunos com deficiência intelectual são impossibilitadas de aprender a ler e escrever, no entanto nem todos os alunos possuem essa dificuldade, há uma parcela destes que

1

American Association on Intellectual and Developmental Associação Americana sobre deficiência intelectual e desenvolvimento.

Disabilities,

traduzida

por:

9 demonstram habilidades excepcionais, cabe ao professor atuar de forma a explorar as potencialidades dos seus alunos e assim desvendar as suas possibilidades. A mesma autora relata que os professores necessitam de orientação e apoio para lidar com esses alunos, pois todos eles são capazes de aprender, mas cada um em seu ritmo próprio. E quanto a isso algumas das pesquisadas relataram que para elas os alunos com deficiência intelectual possuem um “tempo” próprio para a assimilação do conhecimento, vejamos: O individuo que aprende, mas em seu tempo, são capazes de realizar suas atividades propostas, mas dentro da sua limitação. (Professora Marilene) Pessoas com dificuldade de aprendizagem e um baixo nível intelectual, onde é capaz de aprender, mas com um ritmo diferenciado que deve ser respeitado. (Professora Suely)

Sendo assim tais professoras salientam que estes alunos obtém o conhecimento, cada um em seu próprio ritmo. Mantoan (2003) relata que todos os alunos aprendem nos seus limites, segundo o tempo que lhe é necessário, pois quando o ensino é ofertado valorizando as potencialidades de cada aluno ocorre o sucesso da aprendizagem, pois esta se realiza ao explorar talentos, atualizar possibilidades e desenvolver aptidões próprias de cada aluno. Seguindo este viés a professora Mariana relatou sobre a necessidade de estímulo diferenciado para estes alunos, como também sobre a necessidade da seleção de educadores para lidar com esse alunos, observemos a seguir: São alunos que precisam receber mais estímulos variados, a educação precisa selecionar os educadores com habilidades do que se faz. Porque são pessoas com tempo diferente, a forma como aprendem ou necessitam de maiores instruções cabe a nos educadores respeitar esse tempo com confiança e motivações. (Professora Mariana)

De fato cada aluno possui suas particularidades, independente de possui deficiência ou não. Contudo Chinalia (2010) alerta sobre a necessidade do educador compreender que em determinados casos o aluno com deficiência intelectual poderá necessitar de procedimentos diferenciais daqueles empregados para a sala toda, podendo em determinados momentos exigir procedimentos especiais para a construção do conhecimento. Batista e Mantoan (2007, p. 17) retratam que “aprender é uma ação humana criativa, individual, heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem, independentemente de sua condição intelectual ser mais ou ser menos privilegiada.” Ou seja o processo para adquirir o conhecimento pode ser relativo e diferenciado de

individuo para individuo, cabe ao

profissional da educação auxiliar na mediação e obtenção deste conhecimento, atuando como facilitador no processo de aprendizagem dos seus alunos como um todo

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos assim que as professoras cursistas possuíam um bom conhecimento sobre o aluno com deficiência intelectual, bem como da nomenclatura adotada atualmente, inclusive algumas conseguiam conceituar a deficiência intelectual conforme os autores aqui citados. Uma pequena parcela das pesquisadas possuíam dúvidas quanto ao processo de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. Vale ressaltar que em diversos momentos as professoras relataram sobre o tempo diferenciado que os alunos que possuem esta deficiência necessitam para assimilar determinados conceitos. Um diferencial bastante significativo é que todas as entrevistadas acreditam na aprendizagem de seus alunos, mesmos que estes necessitassem de abordagens diferenciadas e de um maior tempo para adquirir determinados conhecimentos. Algumas delas apresentavam pequenas dúvidas em relação a como lidar com esses alunos e relataram que gostariam de ter um maior conhecimentos sobre as peculiaridades que estes alunos apresentavam. De forma unânime todas elas acreditavam que ao dispor de ambientes e ações adequadas todos os alunos com deficiência intelectual podiam aprender, cada um em seu ritmo, mas que assim alcançavam os objetivos propostos pela escola, que é disponibilizar o conhecimento a todos aqueles que estejam interessados, de forma a desenvolver as potencialidades de todos os alunos, independente destes possuírem deficiência ou não.

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