DELLAZERI, Henrique; FERRARETTO, Luiz A. Radiojornalismo e serviço: a mobilização dos recursos jornalísticos da Gaúcha, de Porto Alegre, na cobertura da enchente na cidade de Esteio. In: Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo, 4, 2014. Caderno de resumos... Santa Cruz do Sul, 2014. p. 28.

June 30, 2017 | Autor: L. Ferraretto | Categoria: Journalism, Radio, Convergence
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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo IV Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo Santa Cruz do Sul – UNISC – Novembro de 2014

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Radiojornalismo e serviço: a mobilização dos recursos jornalísticos da Gaúcha, de Porto Alegre, na cobertura da enchente na cidade de Esteio1 Henrique DELLAZERI2 Luiz Artur FERRARETTO3 Resumo: Este artigo relata o processo de construção de uma cobertura especial dedicada à enchente que bloqueou a BR-116, em Esteio, no Rio Grande do Sul, no dia 23 de outubro de 2013. A partir da análise do processo de decisão realizado pela Rádio Gaúcha, que derrubou a programação tradicional, o estudo problematiza o radiojornalismo de serviço e a presença do gênero utilitário na programação, procurando demonstrar quais são os fatores que demandam mobilização de recursos em benefício da audiência nestas ocasiões. Com base em depoimentos da equipe da emissora e na observação participante dos eventos relatados, investiga-se, ainda, a interatividade e o lugar de fala dos ouvintes da Gaúcha no desenrolar dos fatos. Palavras-chave: Radiojornalismo; serviço; enchente; interatividade; convergência.

No dia 23 de outubro de 2013, a grande Porto Alegre enfrentava os efeitos das fortes chuvas da madrugada e do dia anterior. A BR-116, via que liga a capital gaúcha ao interior do estado e representa um importante canal de passagem com tráfego intenso ao longo do dia, encontrava-se bloqueada à altura da cidade de Esteio. A Rádio Gaúcha4, de Porto Alegre, dedicou-se, desde o início da manhã, à cobertura do episódio. O jornalismo de serviço, ou gênero utilitário, tornou-se premissa fundamental na tomada de decisão que desencadearia o cancelamento da programação tradicional na 1

Trabalho apresentado no IV Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo. Este artigo integra a pesquisa Radiojornalismo e convergência na fase da multiplicidade da oferta. 2 Estudante do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo. 3 Orientação de Luiz Artur Ferraretto, doutor em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 4 O autor agradece à emissora e aos seus profissionais o acesso às informações necessárias para a realização do estudo.

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emissora, dando sequência ao espaço dedicado às chuvas e os transtornos por ela provocados. A exemplo de ocasiões como o incêndio no edifício das lojas Renner em 1976 e os motins de 1987 e 1988 no Presídio Central, ambos em Porto Alegre, a ideia de interromper a programação, na Gaúcha, não é novidade. No entanto, no caso aqui relatado, ganha outra abrangência pela motivação buscada no serviço à população. Iniciada no Gaúcha Hoje, que naquele momento ia ao ar das 5h30 às 8h, a cobertura especial tomou maiores proporções perto do encerramento do programa. O horário, ocupado pelo Gaúcha Atualidade, transmitido das 8h10 às 9h30, conta com a apresentação de Daniel Scola e Rosane de Oliveira. Voltando os recursos de produção e reportagem ao episódio, o programa dedicou-se por completo à cobertura da enchente, sendo que seu espaço tornou-se insuficiente para oferecer o serviço. Levando isso em conta, a equipe da emissora optou pela decisão de, no jargão jornalístico, “derrubar” o Polêmica, mesa-redonda comandada por Lauro Quadros que seria transmitida na sequência. Os gestores de jornalismo da Gaúcha concluíram que o programa não poderia oferecer as informações urgentes no momento. O Gaúcha Atualidade seguiu acompanhando o caso até às 11h da manhã, quando a programação voltou ao seu curso normal com o Chamada Geral 1ª Edição. Além da narração dos fatos pela emissora, o contato do público ganhou importância no decorrer da transmissão. Por meio das redes sociais, ouvintes tornavam-se fontes privilegiadas: testemunhas do evento, forneciam material à emissora que averiguava as informações e passava a oferecer conteúdo com maior precisão. O esmaecimento da linha que dividia emissores e receptores reflete uma política de uso da internet pelo veículo e demonstra como as mídias digitais provocam mudanças sobre o meio de comunicação, aproximando o ouvinte do fazer jornalístico. Este artigo propõe-se a investigar o processo decisório que orientou a equipe da Gaúcha e o uso das redes sociais e tecnologias que apontam para uma nova postura na gestão de conteúdos. Com base na Economia Política, que investiga as relações sociais por trás dos processos de produção, distribuição e consumo de recursos, entre eles os de informação (MOSCO, 1996), o estudo procura situar a cobertura especial e entender suas motivações, respondendo às questões: como ela foi construída e qual foi o papel da audiência nessa construção?

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Referencial teórico e conceitual A consolidação da TV no Brasil, na segunda metade do século XX, marca, também, mudanças essenciais que viabilizaram a manutenção do rádio. Frente à transformação de cenários imposta pelo novo meio, a indústria radiofônica, sofrendo com a “evasão de conteúdo, investimento e de boa parcela da audiência” (BRUCK, 2011, p. 20), reagiu apostando nas características que, até hoje, configuram-se como eixos de sustentação para o rádio: “[...] a busca do imediatismo e da instantaneidade da informação e da prestação de serviço” (BRUCK, 2011, p. 21). Este último desponta sempre que a informação pretende ser de interesse pessoal da audiência: [Ele] dá ao receptor a possibilidade de efetiva ação e/ou reação: aquela informação, oferecida oportunamente, que pretende ser de interesse pessoal do leitor – ouvinte – espectador [...]. A informação cuja meta deixa de ser oferecer dados circunscritos ao acontecimento, para oferecer respostas e orientação (KLÖCKNER; BRAGANÇA, 2001, p. 152-153).

O jornalismo de serviço, também definido por gênero utilitário, “leva ao receptor a informação que ele necessita de imediato ou que pode necessitar em algum momento” (VAZ, 2010, p. 125). São assuntos de interesse do ouvinte “fundamentais para facilitar e causar modificações no cotidiano do receptor” (COSTA; ROSA, 2006, p. 8). Janine Lucht (2010) identifica como pertencentes ao gênero utilitário o trânsito, a previsão do tempo e o serviço de utilidade pública, entre outros. Apesar de confundido, por vezes, com o gênero informativo, o utilitário “possui características próprias que o colocam como um gênero jornalístico independente” (VAZ, 2010, p. 125). O investimento na prestação de serviço oferecida pelo gênero utilitário adquire novas facetas no período que Valério Cruz Brittos (2002) chama de Fase da Multiplicidade da Oferta. Definida como o cenário em que um maior número de agentes competindo pela atenção do consumidor aumenta a concorrência e tem como resultado um acréscimo no número de produtos ofertados (BRITTOS, 2002), o período determina a inserção de novos elementos no quadro radiofônico que tem por base o jornalismo de serviço. Entre eles, o uso de novas tecnologias e técnicas de gestão capitalistas na busca pela elevação da taxa de lucro (BRITTOS, 2002). Visando a oferecer “respostas e orientação” (KLÖCKNER; BRAGANÇA, 2001, p. 153) para seu público, a Rádio Gaúcha desencadeou um processo que, passando pela 3

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tomada de decisão entre os gestores da emissora, e aliando equipe e ouvintes na produção de conteúdo voltado a orientar os envolvidos com o alagamento, reflete as características do rádio citadas por Bruck (2011) e Brittos (2002). O imediatismo, a necessidade de apostar no serviço e a resposta da audiência, muitas vezes colaborativa, são algumas delas. O público, por sua vez, assume um papel de extrema importância relacionado à noção de interatividade. Como mencionado, cabe à audiência, cada vez mais, a posição de colaborar e construir, junto dos veículos de comunicação, a programação. “Numa interação [...] um e outro interlocutor se afetam de modo recíproco” (INTERCOM, 2010, p. 705). Para além desta definição, a presença da telefonia móvel e a internet acrescentam significados e expandem as possibilidades de troca que partem não só da emissora para os ouvintes, como também destes para aquela. Thompson (2002, p. 77) identifica a interação através de três diferentes manifestações: “face a face”, “mediada” e “quase-interação mediada” (THOMPSON, 2002). Em síntese, a primeira requer um “contexto de copresença” (THOMPSON, 2002, p. 78), enquanto a segunda diz respeito à comunicação, por exemplo, através de cartas ou do telefone (THOMPSON, 2002) e a terceira, por fim, aponta para as “relações sociais estabelecidas pelos meios de comunicação de massa” (THOMPSON, 2002, p. 79). Esta manifestação “[...] cria um certo tipo de situação social na qual os indivíduos se ligam uns aos outros num processo de comunicação e intercâmbio simbólico” (THOMPSON, 2002, p. 80). Estes usos dos aparatos digitais e as novas práticas possibilitadas por seu surgimento configuram, segundo Luiz Artur Ferraretto (2010, p. 544), o período de convergência no rádio: Na última década do século 20, já sob a vigência da internet, ocorre a convergência entre tecnologias tradicionais – os meios de comunicação de massa existentes e a telefonia fixa – com inovações então recém-introduzidas no país – a TV por assinatura, a telefonia móvel e a internet.

A convergência, em termos de conteúdos, caracteriza-se pela “exploração de novas linguagens e formatos possibilitados pela hibridização de formas simbólicas desenvolvidas para difusão em multiplataforma (FERRARETTO; KISCHINHEVSKY, 4

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2010, p. 176)”, como é o caso das iniciativas em termos de interação com o ouvinte. A emergência das novas mídias sociais vai configurando certa indistinção entre os polos de emissão e recepção (FERRARETTO; KISCHINHEVSKY, 2010). A economia política da comunicação, ainda, estuda as relações sociais que constituem a produção, distribuição e consumo de recursos, inclusive os de informação (MOSCO, 1996), e auxilia na investigação do rádio contemporâneo e seus desafios. Vincent Mosco (1996) entende que os estudos sobre informação e meios de comunicação são necessários para a compreensão de uma economia de serviços, sempre enfatizando as relações sociais e considerando diferentes formas de acesso à informação. Decorre destes novos usos e realidades, um outro olhar sobre o meio. “Com isto, o próprio conceito de rádio muda, por considerar-se emissora toda transmissão de um mesmo áudio para mais de um grupo remoto de consumidores, independentemente da tecnologia usada [...]” (BRITTOS, 2002, p. 41). A compreensão deste novo conceito, passa, portanto, pelo estudo e análise das características que hoje constroem sua identidade, entre elas, o jornalismo de serviço e a interatividade em suas diversas manifestações.

Referencial metodológico A partir da base teórica acima descrita, a metodologia utilizada para a realização deste artigo está centrada na observação in loco da cobertura realizada pela Rádio Gaúcha no dia 23 de outubro de 2013. O trabalho realizado pela equipe foi analisado principalmente do ponto de vista da produção, consequentemente transitando pelo estúdio, a redação e a reportagem. O acompanhamento da cobertura só foi possível em decorrência da realização de outra pesquisa, dedicada ao Polêmica. Com início às 9h30, o cancelamento da mesa-redonda devido à programação especial possibilitou que se observasse as etapas narradas através da pesquisa de campo. Isabel Travancas (2006, p. 103) pondera, a respeito do método da observação participante, que o pesquisador: “[...] não se coloca ingenuamente [...] em relação a sua presença no grupo. [...] Deve observar e saber que também está sendo observado [...]”. Vale dizer, além disso, que as etapas de levantamento de dados, elaboração de um 5

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caderno de anotações e a entrada no campo propriamente dita (TRAVANCAS, 2006) fizeram parte deste trabalho. Em um diário de campo, registraram-se observações sobre a equipe, a emissora em seu conjunto e mudanças em relação aos outros dias. Entrevistas semiabertas com Daniel Scola (4 nov. 2013), editor-chefe da emissora e apresentador do Gaúcha Atualidade, e Milena Scholler (31 out. 2013), chefe de reportagem e então apresentadora do Gaúcha Repórter, complementaram os dados retidos da. Os jornalistas desempenharam papéis centrais na tomada de decisão que, adiante, vai ser descrita e comentada. Ainda, a análise de ambos referente ao papel do ouvinte na programação da emissora ganha importância neste artigo. Considera-se que as entrevistas em profundidade sejam “um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte [...]” (DUARTE, 2006, p. 62). Elas foram realizadas de acordo com o modelo semiaberto que “[...] busca tratar da amplitude do tema, apresentando cada pergunta da forma mais aberta possível. O relato das respostas obtidas e a observação realizada em campo passam a ser descritos na sequência, procurando, através da reconstituição das etapas transcorridas, realizar sua problematização e discuti-los.

Pesquisa de campo Às 5h30 de quarta-feira, 23 de outubro de 2013, vai ao ar mais uma edição do Gaúcha Hoje. Conforme aumenta a força das chuvas, e, consequentemente, os transtornos provocados pelos alagamentos, os esforços da equipe de produtores, repórteres e apresentadores convergem no sentido de dar mais espaço à cobertura especial que acabaria ocupando toda a manhã de programação. O Gaúcha Atualidade, apresentado pela dupla Daniel Scola e Rosane de Oliveira, acabaria desempenhando papel central no processo. O programa, que abandonou as pautas definidas, tomou o espaço do Polêmica de Lauro Quadros para dar resposta à demanda que vinha dos ouvintes e orientá-los. Scola, editor-chefe da Gaúcha, e Milena Schoeller, apresentadora, na época, do Gaúcha Repórter e chefe de reportagem da emissora, iniciaram a discussão que “derrubaria” a programação e possibilitaria o retorno da audiência não só em termos 6

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numéricos, mas também colaborativamente. Os jornalistas reconheceram a necessidade do rádio de suprir as demandas do público. Em resposta, os ouvintes da Gaúcha somaram esforços à emissora e aprimoraram a cobertura. De fato, a discussão e o processo decisório começaram, de forma mais intensa, nos momentos que antecederam o horário usual do programa Polêmica. Mesa-redonda que visa ao debate de temas atuais e contraditórios, o programa não poderia ceder, apropriadamente, o espaço que requeria o trânsito naquele momento. Na sala de produção, os esforços eram direcionados para a cobertura dos alagamentos. O prefeito da cidade de Esteio, Gilmar Rinaldi, e os responsáveis pela Defesa Civil estavam entre as fontes que a equipe buscava com afinco. De início, as opções incluíam alterar a estrutura do Polêmica para garantir espaço ao trânsito e à chuva. Porém, foi-se tornando cada vez mais evidente que isto não seria possível. Daniel Scola (4 nov. 2013) entende a decisão de alterar a programação como consequência da dinamicidade e versatilidade do rádio: Como tudo que acontece no rádio, aconteceu de uma hora para a outra. Um pouco antes do Polêmica a gente avaliou que não seria o mais adequado manter um programa que iria se concentrar em um tema só, tendo o grande assunto da semana, ou do dia, em andamento. E que teria ainda muitos desdobramentos. A gente decidiu mudar nossa programação, e eu acho que aí está um dos grandes méritos do rádio, ter essa flexibilidade de poder, de um momento para o outro, decidir para onde vai o foco da sua atenção.

Em complemento, a chefe de reportagem Milena Schoeller (31 out. 2013) acrescenta que a decisão está ligada à essência do rádio: Qualquer decisão que a gente toma é conectada à essência do rádio: a prestação de serviço. Essa é a avaliação que a gente faz no momento que vai derrubar a programação. Aquele fato que aconteceu é grave o suficiente para que tu tenhas que informar às pessoas o que está acontecendo? E essa informação é mais importante que qualquer outra que o rádio pode ter naquele momento?

Há, ainda, outro elemento a ser considerado. Através do contato com o ouvinte, seja ele via redes sociais, telefone ou mensagem de texto, a emissora é capaz de medir a urgência de um assunto pelo número de menções feitas ao tema através dos canais de comunicação com o público. “Naquele momento, toda nossa audiência, torpedos, e-

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mails, ligações, eram sobre esse assunto. As pessoas queriam saber disso”, aponta Schoeller (31 out. 2013). Em termos de percepção, Daniel Scola (4 nov. 2013) considera que a decisão de derrubar a programação foi muito lógica, vista da seguinte maneira: Aquele assunto que está mobilizando o maior número de pessoas é o indicador. E aí fica fácil avaliar por que a gente decidiu derrubar a programação. A BR-116 estava bloqueada, tinha uma cidade praticamente embaixo da água, que era Esteio, continuava chovendo e milhares de motoristas parados há mais de uma hora na 116 com a água subindo, os carros boiando. [...] Muita gente nos mandou mensagem dizendo o seguinte: “aqui na minha casa, a água está na altura do joelho”. Quando tu tens esse drama, de quase uma tragédia para essas pessoas, tu tens que pensar uma programação especial.

Pensar a programação, como menciona o editor-chefe, é um dos pontos fundamentais para a realização de uma cobertura bem-sucedida, avalia Milena Schoeller (31 out. 2013). A chefe de reportagem insiste que “não há uma fórmula” que cubra as etapas da tomada de decisão. Além disso, ela aponta que o consenso final é sempre subjetivo: “tu avalias conforme a tua experiência. Tem critérios jornalísticos, mas para tu definires o que é mais importante tens que te submeter a outras opiniões.” Esta troca, conforme acontece, é o que aproxima a decisão do mais acertado possível. E ela deve se fazer presente não apenas nos momentos de maior tensão, mas continuamente. No dia em questão, a partir de uma troca de e-mails entre o estúdio e a redação, os jornalistas levaram a ideia adiante. Falando-se em gestão, por mais que o processo seja imprevisível, a proposta deve ser submetida à aprovação dos responsáveis pela programação. Na Rádio Gaúcha, estão presentes quatro gestores de conteúdo: Cyro Martins, gerente de jornalismo; Daniel Scola, editor-chefe; e as chefes de reportagem Milena Schoeller e Andressa Xavier. Aprovada conjuntamente, a decisão foi levada até o estúdio pelo gerente de jornalismo, Cyro Martins. Foi ele que, também, informou o apresentador Lauro Quadros a respeito do cancelamento do Polêmica. Apesar de inesperada e incomum, a solução encontrada acabou dando conta das necessidades da equipe. Com o cancelamento do programa, o apresentador e as produtoras optaram por transferir o tema do dia para a edição de 24 de outubro. A partir deste momento, pode-se dizer que o foco dos trabalhos estaria totalmente no Atualidade. 8

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Com a cobertura em andamento, a busca por fontes e atualizações da situação eram contínuas. Tanto o trabalho de produção como a atuação dos repórteres, nas ruas, era muito intenso. A exemplo, surgiu a informação de que a cidade de Esteio estaria solicitando ajuda do exército para lidar com as águas. Deste momento em diante, a confirmação, mais tarde obtida através de um depoimento ao vivo do prefeito Gilmar Rinaldi, seria priorizada entre as tarefas pendentes. Scola (4 nov. 2013) esquematiza as pendências de produção da seguinte maneira: “o trabalho da produção nessa hora é organizar a entrada dos repórteres, aproveitando melhor suas posições.” “Toda nossa equipe estava voltada [à enchente]. Jocimar Farina, Paulo Rocha, Mateus Ferraz. O pessoal da produção, Mauro Saraiva Jr. E de tarde, Álvaro Andrade, Evelin Argenta, Cristiano Goulart” (SCHOELLER, 31 out. 2013). Uma boa cobertura resulta de um bom aproveitamento dos recursos disponíveis. Entre eles, as informações dispersas entre os repórteres e jornalistas da Gaúcha e, também, as fontes. A organização de suas entradas é responsabilidade da emissora no tratamento do assunto. É por isso que a produção deve centralizar algumas tarefas: “ela tem que saber qual repórter está fazendo o que, e o que ele está falando, e qual depoimento é o mais importante. Ela deve organizar isso” (SCOLA, 4 nov. 2013). Ainda, no sentido de aproveitar os recursos disponíveis, outra fonte muito importante merece destaque: o público. Os ouvintes da Gaúcha, atentos às informações divulgadas pela rádio, contataram a emissora para acrescentar, ou reforçar, aspectos que julgassem essenciais, além de esclarecer suas próprias dúvidas. Às 10h, um usuário do Twitter publicou uma fotografia endereçada ao @DanielScola. A mensagem: “Transporte público de Esteio parado”. Na imagem, uma fila de ônibus na pista contrária àquela em que dirigia o ouvinte podia ser vista. Entretanto, nenhum sinal de movimento. O jornalista, imediatamente, reproduziu o tweet para seus seguidores, dando forma a uma espécie de cobertura paralela. Momentos mais tarde, Scola avisava na rede social: “Antes das 18h água não deve baixar na BR-116, diz PRF @RdGaucha”. O post foi replicado diversas vezes, potencializando seu alcance. Outros usuários, aproveitando a informação, questionavam o apresentador: “@DanielScola @RdGaucha Meu Deus... Isso é inadmissível... Tem que ter algum problema de vazão porque não tinha isso antes das obras...”. 9

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Imediatamente, a resposta: “Engenheiro do DNIT garante que obras da rodovia do parque NÃO favoreceram alagamento da BR-116 @RdGaucha”. Na opinião do apresentador, existe uma questão cultural relacionada ao uso das redes sociais ao longo da programação, que não deixa de refletir uma postura da empresa referente à interação. A rádio deve posicionar-se diante das possibilidades de uso das mídias sociais e definir o que pretende fazer delas: A gente costuma dizer na rádio que a rede social, o torpedo, enfim, eles são os olhos e os ouvidos da gente na rua. E aí tem uma questão de cultura também. Em um primeiro momento, tu dizeres assim: teoricamente, a rede social é fundamental para nossa programação, pode não ser verdade. Agora, no momento em que tu adotas a rede social como uma ferramenta importante, valoriza seu uso, e tu instigas, estimulas, e crias uma cultura de o ouvinte sempre participar, ele sempre vai contribuir contigo, e ele contribuindo a tua programação passa a ter como fundamental a ajuda do ouvinte pela rede social. (SCOLA, 4 nov. 2013)

No site da Rádio Gaúcha, ao longo do dia, uma galeria de fotografias foi atualizada com imagens que ilustravam a situação tanto da BR-116 como do interior de cada cidade, mostrando ruas alagadas, carros e casas debaixo da água. Além do material captado pelos repórteres da emissora, a contribuição da audiência, no sentido de gerar conteúdo, foi notória. É a esta iniciativa que Scola se refere. Na Gaúcha, ao menos no dia em questão, o aproveitamento das tecnologias e do interesse do público em participar foi intenso. Basta apenas esclarecer o seguinte: “até que ponto essa informação que ele, [o ouvinte], passou é informação para a gente, a emissora? É informação para apuração” (SCOLA, 4 nov. 2013). A sequência de tweets abaixo ajuda a ilustrar o uso das mensagens: Daniel Scola: Os relatos de ouvintes e dos nossos repórteres indicam que Esteio tem dezenas de casas com água na altura da janela. @RdGaucha Usuário A: @DanielScola @RdGaucha Scola, te liga no passo-a-passo do @UsuárioB na BR-116. Situação periclitante. Usuário B: Estou parado a 10min na frente da empresa DuPont na BR116, está um rio, água chegando na porta do carro já... Usuário B: Acabei de abandonar o veículo em meio à inundação da BR-116, carro prestes a boiar. Usuário B: Moradores estão quebrando a mureta de contenção central da BR para escoar a água.

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Daniel Scola: Prefeitura de Esteio pede ajuda do exército para ajudar no resgate de pessoas ilhadas pelos alagamentos. @RdGaucha

Na sequência reproduzida, a partir das primeiras publicações no perfil de Daniel Scola, um ouvinte alertou o apresentador a respeito da situação na BR-116 através do Twitter. Mencionando outro usuário da rede social, que se encontrava na rodovia, ele contribuiu com a descrição do cenário e ajudou a ilustrar a gravidade da situação no momento. Logo em seguida, após os motoristas começarem a abandonar seus veículos e os moradores a quebrar a mureta central, o jornalista informava que a ajuda do exército já havia sido solicitada. O contato empresta a carga dramática do momento ao programa, reforçando o vínculo com a audiência. Ao longo do dia, o número de acessos do site da Gaúcha cresceu rapidamente. Milena Schoeller (31 out. 2013) explica que “normalmente temos 2 mil pessoas no ar ao mesmo tempo. Naquele dia o número aumentou para 7 mil. Tivemos 45 mil visualizações da página”. Além da apuração, aliada ao trabalho conjunto com o ouvinte, a chefe de reportagem retoma a questão determinante para a manhã, que permitiu resultados tão satisfatórios: “por que o acesso estava mais que triplicado? Porque as pessoas queriam informação. Então a gente tinha a obrigação e a responsabilidade de fazer isso”. O serviço prestado pela Gaúcha, através da resposta obtida junto ao público, demonstra como a presença do rádio se transforma em companhia no cotidiano da audiência. Demonstra, também, como o veículo pode se diferenciar na agilidade e no tratamento que dá às informações: @DanielScola Nada substitui o rádio MESMO! Acordei, li um pouco sobre o temporal e já estou recebendo as informações fresquinhas pela rádio. Belíssima cobertura da @RdGaucha com a situação das chuvas na Grande Porto Alegre. @DanielScola, @acmacedo, @rosaneoliveira e a reportagem! @DanielScola Ontem a equipe da @RdGaucha deu show de competência e jornalismo. Parabéns a todos os profissionais. Bom dia!

Scola (4 nov. 2013) sintetiza: Porque só o rádio, no fim das contas, consegue fazer uma cobertura organizada, real time, em cima do fato, com depoimento e mais que isso, com a emoção do depoimento, o drama das pessoas. A nossa cobertura foi,

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: sem interrupção, até o meio-dia. A cobertura da TV começou depois do meio-dia, a cobertura dos sites, bem depois. E não traz a dimensão do drama que as pessoas estão vivendo.

A presença do rádio, nos receptores dos veículos em meio ao alagamento da BR116, ou nas casas invadidas pela água, certamente foi determinante para orientar as pessoas envolvidas com o episódio de 23 de outubro de 2013. Os depoimentos enviados ao jornalista Daniel Scola revelam como o tratamento dado à informação torna-se um diferencial que, pode-se dizer, é um dos responsáveis pelo sucesso da cobertura realizada. Na opinião dos entrevistados, o que mede o grau de competência da cobertura é, naturalmente, a satisfação dos ouvintes. É com base nela que eles acreditam ter protagonizado uma decisão acertada, de acordo com o que a situação exigia. Por óbvio, medir a satisfação do público implicaria uma pesquisa com os ouvintes da Gaúcha que acompanharam a transmissão, o que foge aos objetivos deste artigo. De fato, numa era que mede a convergência no rádio, tem-se a percepção de que seu diferencial consiste em chegar aos lugares mais distantes, sempre próximo do ouvinte. Um dos meios mais democráticos, ele encontra nas novas tecnologias possibilidades de expandir-se, porém segue cumprindo seu papel de prestar um serviço, cumprir um papel junto à sociedade.

Considerações finais A criação e desenvolvimento de novas tecnologias, como foi o caso da televisão brasileira nos anos 1950, recorrentemente suscita o esgotamento de modelos prévios. Entretanto, provou-se equivocada a sugestão de que o rádio, diante do aparecimento da TV, perderia seu público e não encontraria meios de perpetuar-se. De fato, parte da programação, com o acréscimo da imagem em movimento, migrava para o novo suporte. Contudo, é mais apropriado falar-se em adaptação. Em tempos de oferta múltipla e grande concorrência, o meio enfrenta, também, as transformações proporcionadas pela incorporação das mídias digitais ao mercado de radiodifusão sonora. As emissoras de jornalismo, com sua produção ancorada no imediatismo da informação, encontram na telefonia móvel e na internet, por exemplo, oportunidades de expandir sua programação em direção à web, atingindo e envolvendo o ouvinte através de diferentes suportes. No cumprimento de seu papel junto à 12

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audiência, levando até ela informações de interesse pessoal, o rádio experimenta um contato emissor-receptor menos rígido e cada vez mais permeável. A cobertura realizada pela Rádio Gaúcha ilustra o processo com que o rádio assegura sua sobrevivência ao lado das novas tecnologias digitais. No episódio narrado, a agilidade ao cobrir o evento foi determinante. E, possivelmente, a cobertura radiofônica tenha sido a única a trazer a dimensão do drama que estava se passando. Apostando no gênero utilitário, a Gaúcha cancelou a programação para priorizar aquilo que teria caráter de urgência na vida do ouvinte. Além da resposta em termos de audiência, a cobertura suscitou o engajamento do público. Considera-se, portanto, que: 1. A agilidade da informação, nesse caso a informação de serviço, segue orientando as decisões jornalísticas em termos de programação. Através de um processo bastante orgânico, o caráter de proximidade com o ouvinte o transforma em indicador, colocando-o no centro da decisão e fundamentando-a com base naquilo que é urgente para o público. 2. A construção de coberturas especiais, e a mobilização de recursos da emissora como conjunto, encontram no imediatismo da indústria de radiodifusão um diferencial que contrapõe o meio rádio da televisão e do jornal, por exemplo. O narrar dos fatos em tempo real, ancorado também na palavra do ouvinte, carrega consigo o peso do momento. 3. O gênero utilitário, no rádio, ocupa um papel muito próximo daquele apresentado pelo informativo. Apesar de possuir características próprias que o distanciam dos demais, a informação radiofônica não é estanque, e passa por diferentes gêneros ao longo de sua execução. Assim, a emissão de uma informação pode conter juízos de valor típicos do gênero opinativo, por exemplo, e trazer consigo dados que possam auxiliar o público, configurando o serviço. Isso tudo, é claro, além da informação em si. A naturalidade da fala, situada na conversa estabelecida com o ouvinte, dificulta o processo de individualizar os gêneros. 4. O ouvinte, em ocasiões como essa, não mais ocupa um papel secundário em relação à emissora. De fato, seus lugares de fala ainda diferem substancialmente, 13

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porém viabilizar espaços que insiram a audiência na programação, como no relato apresentado, desponta como uma necessidade ao se pensar a programação. 5. Mídias sociais e telefonia móvel evidenciam pontos de fuga na “quase-interação mediada” atribuída por Thompson (2002) aos meios de comunicação de massa e aproximam o contato de algo, no mínimo, próximo da “interação mediada”. Nos momentos em que audiência e emissora interagem através de redes sociais, o contato se torna mais individualizado e direto. 6. A incorporação de novas tecnologias pelo rádio, como as mídias digitais, configura um processo que garante sua adaptação e manutenção. A convergência em curso demonstra que é necessário repensá-lo frente às transformações em andamento. Considerando as tecnologias como práticas sociais e culturais (SCHUDSON, 1993) e investigando as relações sociais que permeiam as etapas de produção, distribuição e consumo da informação (MOSCO, 1996), através da economia política, é preciso pensar em uma espécie de cultura que englobe a participação do ouvinte na programação, garantir um espaço que vá além da opinião, atingindo, num cenário como o retratado, o quase apagamento da fronteira entre emissão e recepção. Iniciativas que, aliando características fundamentais do veículo a novas possibilidades, dão fôlego à indústria de radiodifusão sonora e, também, ilustram sua adaptação e renovação. O rádio, ao explorar o gênero utilitário e buscar novas aproximações com o ouvinte, vê nas novas tecnologias, em vez de uma sentença para seu fim, a garantia de sua sobrevivência (KLÖCKNER; BRAGANÇA, 2001).

Referências BRITTOS, Valério Cruz. O rádio brasileiro na fase da multiplicidade da oferta. Verso e Reverso, São Leopoldo: Editora da Unisinos, ano 16, n. 35, p. 31-54, jul.-dez. 2002. BRUCK, Mozahir Salomão. Um novo estatuto para a escuta radiofônica. Logos: Mediações sonoras, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 18-30, 2º semestre 2011. COSTA, Ana Paula Ladeira; ROSA, Gleice D. Jornalismo utilitário: um estado da arte do gênero no Brasil. In: CONECO – Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, 1, 2006, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: CONECO, 2006.

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