Demanda de Madeira em Tefé-Am

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Descrição do Produto

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC-Sr

Relatório Final Demanda de Madeira na Cidade de Tefé

Aluno/Bolsista: Viviane da Silva Marcos Orientadora: Nelissa Peralta Co-Orientador: Leonardo Mauricio Apel

Julho-2014 Tefé – AM

Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo fornecimento da bolsa de Iniciação Científica, que me proporcionou a oportunidade de conhecer e adquirir novos conhecimentos na área de pesquisa. Ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá por toda infraestrutura, apoio e incentivo, pelos cursos e capacitações que me permitiram adquirir e aprofundar meus conhecimentos. Aos meus orientadores Nelissa Peralta e Leonardo Maurício Apel, por todo apoio, orientação e dedicação, que foram essenciais para a realização dessa pesquisa, pessoas nas quais me inspiro. Em especial ao Leonardo que dedicou seu tempo me ensinando, ajudando, orientando, indo a campo comigo e me incentivando. Posso afirmar que não poderia ter tido um orientador mais brilhante, esforçado e inteligente. Ao grupo de pesquisa em Organização Social e Manejo Participativo, pelo auxilio e a acolhida e por ter tido a honra de conviver com pessoas de inteligência, generosidade e simplicidade incomparáveis. Dentre eles: Alex Coelho, José Cândido, Rafael Barbi, Eliomara Ramos, Quezia Martins, Hilkiene Alves, Lucimara Santos e Verônica Lima. Ao Manejo Florestal que também me auxiliou durante a pesquisa me fornecendo informações importantes. Em especial a Elenice Assis, Humberto Batalha, Marcio Abreu e demais colaboradores. Ao Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas, em Tefé, na pessoal de Daniel Gondim, pelas informações cedidas para a concepção deste trabalho. Aos donos das movelarias e serradores por terem aceitado participar e ceder entrevistas, fornecendo informações primordiais para a realização deste estudo. A minha Mãe, dona Vera Lúcia Justo da Silva, pelo seu amor incondicional, é meu maior incentivo, é quem me dá forças e que me apoia em

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todos os momentos da minha vida, é meu maior exemplo de dedicação. E aos demais membros da minha família pelo amor e auxilio. Aos meus amigos PIBIC’s, estagiários, bolsistas, amigos pessoais e amigos da faculdade pelo amor, apoio, encorajamento, ajuda, incentivo, momentos de alegria e paciência. Em especial a Nayandra Pollyana Torres, Jéssica Jaine Lima, Milarad Amorim, Haylla Carvalho, Augusto Audrin, Márcio Nery, Jéssica Emiliane Ribeiro, Vanielle Medeiros, Natália Medeiros, Juliana Chacon, Larissa Hounssell, Marília Banen, Raira Queiroz, Sinval Souza, Diego Guimarães, Flávia Alessandra Silva, Tiago Pacheco, Edvan Lima, Anderson Oliveira e Francisco Rosa. E a todos que contribuirão de forma direta ou indireta para a realização desta pesquisa.

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RESUMO

Os recursos madeireiros da região norte vêm sendo explorados intensamente desde a década de 60, principalmente com a abertura de estradas que dão acesso à região. Essa exploração ocasiona grandes danos ao meio ambiente, pois na maior parte é feita na ilegalidade, sem um licenciamento ambiental. No estado do Amazonas, o consumo de madeira é responsável por geração de empregos e de renda de altas cifras. Os estudos de maior dimensão a respeito desse setor na Amazônia são realizados pelo IMAZON, desde 1990. Mas estudos e dados a respeito da produção dos municípios são escassos e superficiais, principalmente no Amazonas. A cidade de Tefé está localizada na parte central do estado do Amazonas. Possuindo aproximadamente 60 mil habitantes. Por sua localização privilegiada é considerada uma cidade chave para a região pela facilidade de escoamento dos produtos vindos dos municípios vizinhos. A cidade possui sua própria demanda por madeira e absorve grande parte da sua produção, servindo como provável polo de distribuição da produção madeireira regional. Este trabalho tem como objetivo estimar a sua demanda por produtos de empreendimentos transformadores e dos produtores de madeira serrada independentes (serradores). Os empreendimentos de transformação da cidade apontam um consumo médio mensal próximo de 29m³. O levantamento feito com os extratores de madeira não licenciados mostrou que a maioria da madeira extraída pode ir para a construção civil e não para as movelarias como se levantou no início do estudo.

Palavras-chave: Indústria Madeireira; Matéria prima; Mercado.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Frequência de compra de madeira mensal -------------------------------- 15 Figura 2 - Principais Atividades das Movelarias de Tefé-AM ----------------------- 18 Figura 3 - Origem da matéria-prima-------------------------------------------------------- 20 Figura 4 - Comparação entre Receita Bruta e Volume de Madeira Adquirida -- 27 Figura 5 Custo Total com Matéria-Prima ------------------------------------------------- 28

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Datas das visitas realizadas as movelarias ------------------------------- 16 Tabela 2 Consumo Mensal Declarado ---------------------------------------------------- 21 Tabela 3 Peças, Medidas e quantidade de Madeira utilizada na construção de uma casa ------------------------------------------------------------------------------------------ 25 Tabela 4 Aquisição Mensal de Matéria-Prima pelas Movelarias Monitoradas - 26

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 2 RESUMO............................................................................................................ 4 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 10 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 12 4 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 13 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 13 5 METODOLOGIA............................................................................................ 14 5.1 ÁREA DE ESTUDO .................................................................................... 14 5.2 COLETA DE DADOS ................................................................................. 14 5.3 UNIDADE AMOSTRAL............................................................................... 15 5.4 MONITORAMENTO ................................................................................... 16 5.5 SERRADORES .......................................................................................... 16 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 17 6.1 ENTREVISTAS .......................................................................................... 17 6.2 CARACTERIZAÇÃO .................................................................................. 17 6.3 ATIVIDADE PRINCIPAL............................................................................. 17 6.4 GERAÇÃO DE EMPREGOS ...................................................................... 18 6.5 MAQUINÁRIO ............................................................................................ 19 6.6 MATÉRIA-PRIMA ....................................................................................... 19 6.7 PRODUTO ................................................................................................. 22 6.8 EXPECTATIVAS ........................................................................................ 23 7 SERRADORES ............................................................................................. 24 8 MONITORAMENTO ...................................................................................... 25 8.1 CONSIDERAÇÕES DO MONITORAMENTO ............................................ 28 09 CONCLUSÃO.............................................................................................. 30 10 CRONOGRAMA .......................................................................................... 31 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 32 12 ANEXOS ..................................................................................................... 34

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1 INTRODUÇÃO O Brasil é detentor de aproximadamente 516 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas (SFB, 2010), cerca de 60% do seu território, que desempenham um importante papel social, econômico e ambiental (SFB, 2010). Desse total, a maior parte concentra-se na Amazônia brasileira que abriga um volume estimado em 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora (Barros, A.; Veríssimo, A. 2002), “abrigando vasto estoque de madeira comercial” (SFB, 2010). Os recursos madeireiros da região norte vêm sendo explorados intensamente desde a década de 60, principalmente com a abertura de estradas que dão acesso à região (Barros, A.; Veríssimo, A. 2002). A madeira explorada, segundo Barros e Veríssimo (2002), é destinada em grande parte ao próprio mercado interno e uma parte menor ao mercado externo, principalmente aos Estados Unidos e Europa. Essa exploração é feita em grande parte na ilegalidade, sem nenhum licenciamento ambiental1 (SUFRAMA, 2003). Segundo Feanrside (2005), o desmatamento ininterrupto tem causado danos potenciais nas florestas restantes e são ainda mais graves do que os já causados, ocasionado impactos climático e prejuízos para a biodiversidade. Neste contexto, adotaram-se meios legais de defesa da floresta, o manejo florestal, aceito como a política ambiental mais adequada para se explorar madeira (GARRIDO FILHA, 2002). Silva (1996) define manejo florestal sustentável como administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. No estado do Amazonas, segundo o IMAZON (2010), em 2009 o consumo de madeira em tora foi de 357 mil m³, gerando uma receita bruta de 57,9 milhões de dólares, e 6.525 empregos. Segundo a CEPAL (2007), a 1

O licenciamento ambiental é uma exigência legal a que estão sujeitos todos os empreendimentos ou atividades que empregam recursos naturais ou que possam causar algum tipo de poluição ou degradação ao meio ambiente. Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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produção madeireira do estado subiu 67% a partir de 1997, diferente dos demais estados do norte que deve um decréscimo de produção no mesmo período. Os estudos de maior dimensão a respeito desse setor na Amazônia são realizados pelo IMAZON, a partir de 1990. Mas estudos e dados a respeito da produção dos municípios são escassos e superficiais, principalmente no Amazonas (SFB e IMAZON, 2010). A cidade de Tefé está localizada na parte central do estado do Amazonas, possuindo aproximadamente, 61 mil habitantes (IBGE, 2012). Por sua localização privilegiada é considerada uma cidade chave para a região e utilizada para o escoamento de produtos regionais. A cidade possui sua própria demanda por madeira e absorve grande parte da sua produção, servindo como provável polo de distribuição da produção madeireira regional. Tefé abriga diversos empreendimentos de transformação que utilizam a madeira como matéria-prima principal. Esses empreendimentos são importantes para a economia local ao gerarem renda e empregos. Este trabalho teve como objetivo o levantamento de dados que caracterizem o setor madeireiro local e estimar a sua demanda por produtos proveniente dessa matéria-prima, fazendo acompanhamento de uma amostra dos empreendimentos transformadores e dos produtores de madeira serrada independentes (serradores).

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Figueiredo et. al. (2005), buscou analisar através da metodologia insumo-produto se os setores madeireiro e mobiliário podem ser considerados setores importantes para o desenvolvimento da região Amazônica, analisando a correlação destes com os demais setores da economia e avaliando o impacto deste setor sobre o crescimento econômico da região. Verificou-se que calculando os efeitos diretos e indiretos sobre a renda, para cada R$ 1,00 de custo, o setor tem um retorno de R$ 0,17 em salários, R$ 0,31 em lucros, R$ 0,08 em impostos e R$ 0,20 e importação. Apontando que este setor deve ser intensamente acompanhado, devida a forte pressão sofrida dada a sua importância econômica e ambiental na região. Na pesquisa de Magalhães (2011) procurou-se compreender como está caracterizado o setor madeireiro, em especial as movelarias, na cidade de Tefé, por ser considerado um ramo potencial para o município. No ano de 2011, havia 21 estabelecimentos madeireiros gerando 57 empregos com e sem carteira assinada, sendo 47 destes diretamente e 10 indiretamente, além de empregados contratados temporariamente por cinco desses estabelecimentos. Os empreendimentos consomem em média 2,35m³ de madeira ao mês (Magalhães, 2011), a maior parte não licenciada. Isso, segundo o autor, devese à falta de planos de manejo na cidade e à burocracia do processo de legalização nos órgãos competentes. Este trabalho também destacou que os estabelecimentos da cidade utilizam por mês, em torno de 49m³ de madeira serrada. Os dois estudos têm como foco o setor madeireiro e moveleiro, buscando características que demonstrem a importância deste setor, com diferentes enfoques. No primeiro notou-se que a indústria madeireira influência diretamente a economia da região pesquisada, apesar de ainda haver empecilhos que possibilitem uma participação ainda maior. Enquanto no segundo estudo, percebe-se que a participação do setor moveleiro é ainda restrita, apesar de gerar renda e empregos. E também enfrentam dificuldades Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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com relação à forma de exploração da madeira e de adequar o setor a legislação vigente. Santana et. al. (2008) faz uma análise de mercado de produtos madeireiros e não madeireiros da região de Mamuru-Arapiuns, a partir da implantação do marco regulatório dos planos de manejos sustentáveis como definição para a competitividade sistêmica do setor, além de avaliar através das transações de oferta e demanda entre os extraores e a indústria processadora os impactos sobre a cadeia produtiva. Mostrando que o maior empecilho para a expansão do setor está na oferta de matéria-prima, pois a falta de estrutura nas instituições acaba retardando as concessões de planos de manejo, diminuindo a oferta e impactando negativamente na cadeia. Segundo Varian (2006), a demanda por um bem varia à medida que os preços e a renda variam. Isso é analisado através da estática comparativa, que avalia como as escolhas dos consumidores reagem às variações no ambiente econômico. Para um bem normal à demanda pelo bem aumenta, quando a renda aumenta, e vice e versa, se os preços se mantiverem fixos. Para os bens inferiores, o consumo independe da renda, o consumo pode aumentar ou diminuir à medida que a renda cresce, um não inviabiliza o outro. Na indústria de transformação madeireira local, como a quantidade de fabricação dos bens finais é feita de acordo com as encomendas dos consumidores, a quantidade demandada está sujeita a variação de renda e as suas preferências, podendo decrescer à medida que a renda dos consumidores diminui, a preços constantes. A renda per capita municipal teve um aumento de 120,58% de 1991 a 2010 (ATLAS BRASIL, 2013), isso pode apontar um possível crescimento também no setor.

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3 JUSTIFICATIVA Este estudo faz-se necessário para levantamento de informações que caracterizem a extração e o consumo local de madeira e para que se possa entender a indústria transformadora na cidade de Tefé, dada à importância regional da cidade. Assim, através do monitoramento nos empreendimentos e de serradores, se estimará a demanda de produtos desse setor.

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4 OBJETIVO GERAL Estimar a demanda por matéria-prima e caracterizar o setor de transformação da madeira em Tefé-AM. 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Inventariar e caracterizar os empreendimentos de transformação de madeira na cidade de Tefé; Realizar

levantamento

dos

serradores,

produtores

de

madeira

independentes, que vendem madeira diretamente ao consumidor final; Estimar a produção de madeira dos serradores e empreendimentos.

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5 METODOLOGIA 5.1 ÁREA DE ESTUDO A pesquisa foi realizada na cidade de Tefé, estado do Amazonas, cidade polo da região do Médio Rio Solimões, parte central do Estado, com uma população de aproximadamente 61 mil habitantes (IBGE, 2012). O município tem uma área de 23.704 km², clima tropical úmido, e tem como principal atividade econômica o comércio. A pesquisa foi realizada no período de setembro 2013 a julho de 2014, com três serradores e em 23 movelarias2 espalhadas ao longo da cidade. 5.2 COLETA DE DADOS Para obter os primeiros dados, buscou-se junto ao Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM), órgão responsável por dar apoio à produção rural no município, informações a fim de saber a localização dos empreendimentos moveleiros. Após o levantamento desses dados, foram feitas visitas de campo nos locais indicados para realização de entrevistas e aplicação de questionário semiestruturado, para obter informações que caracterizassem os empreendimentos e construir um banco de dados inicial. Atribuiu-se uma numeração para cada movelaria visitada, para manter um controle organizacional e para garantir sigilo aos nomes e endereços dos entrevistados. Após essa coleta, buscaram-se informações a respeito dos serradores, através de indicação de terceiros (método bola de neve3), pois os mesmo não possuem pontos comerciais. A fim de se realizar entrevista e aplicação de questionário, para obter dados referentes ao tempo de atividade, maquinário utilizado, localidade de extração, quantidade e tipos de madeira, para também se fazer um banco de dados preliminar. 2

Movelarias: Lugares onde se fabricam ou se vendem móveis. Método bola de neve: metodologia na qual um participante indica outros e assim por diante (NICOLACI-DA-COSTA, 2007). 3

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5.3 UNIDADE AMOSTRAL Após a montagem do banco de dados, pode-se caracterizar os empreendimentos em pequeno, médio e grande porte, pela quantidade mensal de madeira consumida. Assim, pode-se selecionar uma amostra que abrangesse todos os tipos de empreendimentos. Os empreendimentos foram estratificados por quantidade de matériaprima consumida no mês (Figura 1). Após a estratificação foram escolhidas duas movelarias no grupo das pequenas (com consumo até 2m³), três das médias (de consumo entre 2 e 4m³) e três grandes (com consumo acima de 4m³). Para escolha foi levado em consideração a facilidade e acessibilidade dos entrevistados durante o primeiro levantamento. Tendo em vista o monitoramento a ser realizado na segunda parte da pesquisa.

Médias

Pequenas

Grandes

Figura 1 - Frequência de compra de madeira mensal Fonte: dados coletados Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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5.4 MONITORAMENTO Após a escolha das movelarias, iniciou-se o monitoramento. As visitas foram realizadas duas vezes por semana, totalizando 140 visitas, no período de novembro de 2013 a julho de 2014. Buscou-se obter dados sobre quantidade de compra de matéria-prima, quantidade e preço dos produtos vendidos. Tabela 1 - Datas das visitas realizadas as movelarias

Mês

Dias

Novembro/2013 Dezembro/2013 Janeiro/2014 Fevereiro/2014 Março/2014 Abril/2014 Maio/2014 Junho/2014 Julho/2014

05 a 20 02 a 18 06 a 22 10 a 26 07 a 23 07 a 23 05 a 21 02 a 30 07 e 08

Quantidade de Visitas 16 Visitas 16 Visitas 16 Visitas 16 Visitas 16 Visitas 16 Visitas 16 Visitas 20 Visitas 08 Visitas

Fonte: Dados Coletados

5.5 SERRADORES Foram

entrevistados

somente

três

serradores.

Não

houve

monitoramento, somente entrevistas, pois o contato com os mesmos é difícil, além de responderem evasivamente às poucas entrevistas realizadas.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 ENTREVISTAS O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM) forneceu o endereço de 26 empreendimentos, espalhados pelos bairros da cidade, mas somente 23 estavam em funcionamento no momento das visitas. Apesar do aumento absoluto, não houve alteração significativa na quantidade de movelarias quando se compara o estudo atual com o de Magalhães (2011, p. 10), pois em 2011 haviam 21 movelarias em atividade. 6.2 CARACTERIZAÇÃO Segundo

os

dados

coletados,

os

moveleiros,

donos

dos

estabelecimentos, trabalham no ramo em média 19 anos (±12 anos, n=22), mas a variância de tempo é notória, o mais antigo têm 50 anos neste setor e o mais novo apenas três anos. Os mais experientes relataram que aprenderam o ofício ainda jovens, com seus pais ou parentes. O que condiz com o levantamento feito por Magalhães (2011, p. 12), onde segundo seus relatos os trabalhadores do ramo começaram ainda cedo no estabelecimento de algum conhecido ou parente e após um tempo surgia a oportunidade de abrir seu próprio negócio. 6.3 ATIVIDADE PRINCIPAL As entrevistadas revelaram que as principais atividades são a fabricação de móveis e esquadrias4, 11 estabelecimentos fazem as duas atividades de forma simultânea, nove fabricam apenas móveis e apenas três fabricam somente esquadria (Figura 2). Segundo Magalhães (2011, p. 12), a principal atividade na maioria dos empreendimentos era somente a fabricação de

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Esquadrias: é o nome genérico usado pela carpintaria referente principalmente, a portas, venezianas, janelas, e suas variantes. Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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móveis, enquanto hoje a maioria dos empreendimentos tem fabricado também esquadrias,

percebe-se

então

uma

mudança5

no

setor,

ocasionada

provavelmente pela preferência do consumidor, pois a oferta tende a se ajustar à demanda (VARIAN, 2006)

Figura 2 - Principais Atividades das Movelarias de Tefé-AM Fonte: Dados coletados

6.4 GERAÇÃO DE EMPREGOS Os 23 empreendimentos visitados geram no total: 61 empregos, distribuídos entre fixos e temporários, uma média de 2,6 empregados por estabelecimento. Do total, 35 empregados são fixos, sendo que 14 deles têm alguma relação familiar com o dono do estabelecimento. Os demais trabalham de forma temporária. Constatou-se que 19 movelarias têm funcionários fixos, enquanto quatro possuem apenas trabalhadores temporários. O maior empregador é o estabelecimento 23 com cinco empregados fixos e três temporários. O segundo maior empregador é o estabelecimento 19 com cinco funcionários, três fixos e dois temporários. Os estabelecimentos 1, 6, 11 e 14 empregam quatro funcionários cada um, sendo a maioria deles temporários. Os demais estabelecimentos variam de três a apenas um funcionário, sendo estes na sua maioria fixos.

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Acredita-se que essa mudança no setor possa estar ligada à preferência dos consumidores por móveis fabricados com outros materiais e pela facilidade crédito oferecida por lojas de varejo. Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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Comparando ao estudo de Magalhães (2011, p. 11), não se encontra grande diferença na média de empregos gerados por estabelecimento. E ainda existe a predominância dos empregos fixos. 6.5 MAQUINÁRIO As máquinas utilizadas pelas movelarias pesquisadas somam um total de 141, distribuídos entre 14 tipos diferentes de máquinas que são usadas para preparar e dar acabamento em móveis e esquadrias, numa média de 12 equipamentos por estabelecimento. No estudo de Magalhães (2011, p. 16-17) os empreendimentos apresentavam juntos 99 máquinas, revelando um aumento significativo de equipamentos. Os

equipamentos

que

aparecem

com

maior

frequência

nos

empreendimentos são a Bancada de Serra (26 máquinas) e a Tupia (25 máquinas), Plainadeira ou Desempenadeira (20 máquinas cada) e Serra fita (15 máquinas). As demais apareceram com menor constância, variando de duas para uma em algumas movelarias. As movelarias que contêm maior número de máquinas são os estabelecimentos número 23 com 13 máquinas e o número 01 com 09 máquinas. Estes empreendimentos também são os maiores consumidores de matéria-prima. Os estabelecimentos número 07 e 11 contêm oito máquinas cada um. Os demais empreendimentos variam entre sete e quatro máquinas cada. 6.6 MATÉRIA-PRIMA De acordo com as entrevistas realizadas nas movelarias, pôde-se constatar que a maioria da madeira consumida nos estabelecimentos não é oriunda de manejo, adquirindo madeira numa média de uma a duas vezes por mês. Isso condiz com o que Magalhães (2011, p. 15) expôs em seu estudo. A utilização da madeira não licenciada deve-se em grande parte pela facilidade de compra, pelo seu valor que é menor comparado ao da madeira manejada e Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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pela burocracia para se regularizar e adquirir madeira manejada. Inclusive os moveleiros que utilizam madeira manejada descrevem a dificuldade de ter acesso a este tipo de matéria-prima pela falta de planos de manejo que a oferte. No entanto, mesmo com o valor da madeira manejada ser elevado os moveleiros querem trabalhar com esta matéria-prima para se manterem legalizados. Entre os 23 empreendimentos, 15 estabelecimentos utilizam matériaprima de origem não manejada, sete empreendimentos madeira não licenciada e de manejo e apenas uma movelaria utiliza somente madeira manejada (Figura 3). A matéria prima não licenciada vem de diversos locais de origem, os locais mais citados foram a Estrada da Emade6 e das comunidades em torno dos rios Tefé e Solimões. Enquanto a madeira manejada veio do plano de manejo da Associação de Extratores de Tefé, no Rio Tefé.

Serradores e Manejo

Manejo

7

1

Serradores

15

Figura 3 - Origem da matéria-prima Fonte: Dados coletados

O

estabelecimento

que

mais

compra

madeira

no

mês

é

o

estabelecimento número 20, com, em média, quatro aquisições mensais. As demais movelarias variam suas aquisições entre duas e uma vez no mês. 6

Estrada que liga a área urbana à área rural da cidade de Tefé.

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Somente a movelaria número nove compra madeira com menor frequência, menos de uma vez por mês. Segundo as informações fornecidas durante as entrevistas, as movelarias consomem 73,34 m³ de madeira por mês, uma média de 3,19 m³ (±2,51, n=23) por estabelecimento, entre madeira manejada e não licenciada. Vale ressaltar que um metro cúbico equivale a aproximadamente 28 pranchas (medida mais recorrente 2,20 m x 20 cm x 08 cm). As movelarias que mais consomem matéria-prima são os estabelecimentos 23, utilizando 10 m³ mensais, 20, usando 9,9 m³, número 10, consumindo 6 m³ e número 06, utilizando 5 m³. As demais movelarias variam seu consumo entre 4,2 m³ a 0,6 m³ por mês (Tabela 1). Houve um aumento expressivo no consumo de madeira (valores declarados na entrevista inicial), quando comparamos com o estudo de Magalhães (2011, p.14), que relata um consumo total de 49,25 m³ por mês.

Tabela 2 Consumo Mensal Declarado

Estabelecimento 23 20 10 6 1 21 7 8 11 5 3 17 19 22 2 14 13 4 18 9

Qt. Mensal Madeira (m³) 10 9,9 6 5 4,2 4,2 4 3 3 2,2 2,1 2,1 2,1 2,1 2 2 1,8 1,6 1,6 1,6

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15 12 16 Total

1,6 0,7 0,6 73,34

Fonte: Dados Coletados

De acordo com o descrito pelos entrevistados foram identificadas 09 espécies de madeiras utilizadas nos estabelecimentos, são elas: Angelim (Hymenolobiun excelsum Ducke), Mulateiro (Calycophyllum spruceanum Benth), Abacatão (Lucuma speciosa Ducke), Louro Inamoim (Octea cymbarum Kunth), Jitó (Guarea guidonia (L) Sleumer), Louro Preto (Octea neesiana (Miq) Kresterm), Dente de Onça (não encontrado), Sucupira (Vatairea guianensis Aubl.) e Anoirá (Licania macrophylla Benth). Sendo que o angelim, o mulateiro e o abacatão estão presentes na maioria dos estabelecimentos. No estudo de Magalhães (2011, p. 13) foram identificadas 18 espécies florestais, nove a mais do que no atual estudo. No entanto as espécies que haviam sido citadas como mais utilizadas são as mesmas. O valor pago pela matéria prima nos estabelecimentos varia de acordo com o fornecedor, a medida da prancha, o transporte e a espécie da madeira. No entanto, a madeira não licenciada é mais barata, com um valor médio de 16,03 (±1,05; n: 53) por prancha, do que a oriunda de manejo, com valor médio de R$ 30,00 (n: 2) por prancha, tendo valor agregado pelo tipo de extração Constatou-se que as espécies citadas como mais consumidas têm valor por prancha em média de R$ 17,52 (±4,71; n: 22) e em metros cúbicos é de R$ 497,71 (±133,8; n: 22), por espécie.

6.7 PRODUTO Segundo as informações fornecidas os produtos mais fabricados por mês nos empreendimentos são as portas com portais, em segundo lugar são as janelas com portais, presentes em 21 movelarias. Em terceiro e quarto Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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estão, respectivamente, as camas de casal e solteiro, fabricadas em oito estabelecimentos. Os demais artigos como cômoda, beliche e sala de jantar são fabricados por apenas cinco das movelarias pesquisadas. Essas informações condizem em parte com o levantamento de Magalhães (2011), onde as portas também eram os produtos mais fabricados, no

entanto

as camas

estão

presentes em

um

número menor de

estabelecimento, isto confirma a maior participação das esquadrias na produção das movelarias. Quanto ao valor de cada produto, estes variam por produto e quantidade de matéria prima empregada. Dependendo do valor do m² estabelecido pelo moveleiro, a média do preço das portas com portais é de R$ 222, janelas com portais de R$141, cama de casal R$ 296, cama de solteiro R$ 194, beliche R$ 360, cômoda R$ 350 e sala de jantar7 R$ 522. Os dados obtidos mostraram que as movelarias vendem em média 4,2 m³ de madeira transformada em produtos. O consumo médio de matéria-prima por produto varia. Uma porta com portal utiliza em média 0,1454 m³, uma janela com portal usa 0,0936 m³, uma cama de casal consome 0,1694 m³, numa cama de solteiro emprega-se 0,1358 m³, em um beliche usa-se 0,2288 m³, em uma cômoda aplica-se 0,1901 m³ e para se fazer uma sala de jantar utiliza-se 0,2517 m³ de madeira. Vale ressaltar que as movelarias da cidade trabalham apenas por encomendas. Com exceção de uma, que possui contrato com o governo estadual e participa do PROMOVE8 - Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar. 6.8 EXPECTATIVAS

7

Sala de Jantar: composta de mesa e quatro cadeiras. Programa que integra o conjunto de Políticas Públicas do Governo Estadual para o Desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas (ADS,2014). 8

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Durante as entrevistas, foram feitas perguntas sobre as expectativas dos moveleiros quanto ao ramo. A maioria deles (96%) afirmaram que a aquisição de madeira antigamente era mais fácil, por diversos motivos, entre eles os mais citados foram: (1) a falta de fiscalização na extração de madeira, (2) maior quantidade e menor preço de matéria-prima ofertada na região. Quando perguntado como era a comercialização dos produtos antigamente, 68% dos entrevistados disseram que era mais fácil por (1) haver maior demanda; (2) maior circulação monetária e (3) menor concorrência, tanto de outros empreendimentos, quanto de outros produtos substitutos. Enquanto 18% dos entrevistados responderam que era mais difícil. Os outros 14% disseram que não houve alteração no mercado e que as vendas permanecem iguais. Quanto às dificuldades enfrentadas pelo ramo, 74% dos moveleiros afirma que suas maiores dificuldades são de conseguir matéria-prima, tanto manejada e até mesmo a não licenciada e a rigorosidade da fiscalização. Os demais 26% vêm como dificuldades (1) a falta de crédito para investimento, (2) os gastos com eletricidade, (3) a pouca saída de seus produtos e (4) falta de mão de obra. Suas expectativas são que o ramo reduza as atividades, mas consideram a possibilidade do manejo ajudar para sua manutenção, desde que o sistema burocrático também dê condições para a continuação do setor. 7 SERRADORES Entrevistaram-se três serradores, relataram que aprenderam o ofício por contra própria e com ajuda de amigos. Dois deles trabalham com um ajudante. O maquinário utilizado pelos mesmos é um motosserra 066. No entanto, têm a extração como fonte de renda secundária. O local de origem de extração da matéria-prima não é um local fixo, mas geralmente extraem da estrada da Emade ou do Rio Tefé e outras comunidades nos arredores da cidade. Trabalham geralmente por encomenda no terreno de quem solicita seus serviços, principalmente para construção de Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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casas. Descreveram que uma casa de madeira, com tamanho de 8m x 4m, utiliza 5,58 m³ de matéria-prima (Tabela 2). Tabela 3 Peças, Medidas e quantidade de Madeira utilizada na construção de uma casa

Item Peças Travessas Ripão Caibro Pinos Tábua de Assoalho Tábua de Parede Esteio Ripinha Travesa Total

Qt. 12 10 48 24 12

Medida m³ Total m³ 4,5mx5,08cmx7,62cm 0,017419 0,209032 4,10mx3cmx2cm 0,00246 0,0246 4,5mx8cmx2,54cm 0,009144 0,438912 3mx7,62cmx5,08 0,011613 0,278709 3mx10cmx10cm 0,03 0,36

40

4mx20cmx2,54cm

0,02032

0,8128

140

3mx1,27cmx20cm

0,00762

1,0668

30 140 40

10 cmx10cmx5m 3mx5cmx1,27cm 4mx7,62cmx5,08cm

0,05 1,5 0,001905 0,2667 0,015484 0,619354 5,58

Fonte: entrevista com serradores

Os serradores também extraem madeira para fornecer às movelarias, mas relatam que fazem isso com menor frequência, o motivo mais apontado é a dura fiscalização e receio de apreensão da matéria-prima, além de uma suposta baixa lucratividade, pelas dificuldades de transportar a madeira até os estabelecimentos e por muitas vezes terem que pagar pela retirada no terreno de terceiros. Trabalham principalmente prestando serviço por diárias no terreno do “contratante” e/ou retirando a madeira e revendendo por dúzia, quando trabalhando por conta própria. Os mesmos não tem uma frequência determinada de extração, mas afirmam que retiram madeira mais de uma vez ao mês. Não trabalham com uma espécie definida e sim a que estiver disponível. Relatam também que trabalham na ilegalidade por estarem em uma atividade não regularizada. 8 MONITORAMENTO De acordo com os dados obtidos pelo monitoramento realizado no período de Novembro de 2013 a Julho de 2014, os empreendimentos Estrada do Bexiga, 2.584 – Fonte Boa – Tel/fax: +55 (97) 3343-9700 – C.P 38 – 69.553-225 – Tefé (AM) – www.mamiraua.org.br – [email protected]

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consumiram no total 78,58 m³ de madeira, uma média de 1,26 m³ (±0,87; n=62) mensais por estabelecimento. O que nos permite inferir que a demanda média mensal de madeira pelos estabelecimentos da cidade é de 28,94 m³. O consumo médio de madeira varia de acordo com a demanda por produtos e oferta da matéria-prima, os meses onde houve um aumento no consumo foram os de janeiro e maio de 2014, conforme a Tabela 06. Tabela 4 Aquisição Mensal de Matéria-Prima pelas Movelarias Monitoradas

Mês Novembro/13 Dezembro/13 Janeiro/14 Fevereiro/14 Março/14 Abril/14 Maio/14 Junho/14 Julho/14

Volume Total 18,67 10,11 10,4 7,84 7,28 6,38 4,35 6,72 6,83

Fonte: Dados Coletados

No período do monitoramento, a receita bruta total dos estabelecimentos foi de R$ 140.186,00. Tendo uma queda no mês de janeiro/2014. Comparando a receita bruta arrecada pelos estabelecimentos com o volume de matériaprima adquirida, percebe-se que nos dois primeiros meses de monitoramento a receita e o volume de madeira decaíram. Já no mês de janeiro a receita bruta tem uma queda, mas o volume de madeira tem uma elevação, o inverso dos meses seguintes, esse padrão antagônico é notado em fevereiro e maio inclusive, enquanto os outros meses de monitoramento mostraram uma relação direta entre o volume adquirido e a receita bruta dos empreendimentos (Figura 4).

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26

R$ 40.000,00

20 18

R$ 35.000,00

16 R$ 30.000,00 14 R$ 25.000,00

12

R$ 20.000,00

10 8

R$ 15.000,00

6 R$ 10.000,00 4 R$ 5.000,00

2

R$ -

0 nov/13 dez/13

jan/14

Receita Bruta

fev/14 mar/14 abr/14 mai/14

jun/14

jul/14

Volume Total de Madeira

Figura 4 - Comparação entre Receita Bruta e Volume de Madeira Adquirida Fonte: Dados coletados

O custo com a matéria-prima nos meses de monitoramento foi de R$ 39.850,87. Comparando os dados obtidos, nota-se que a receita bruta dos estabelecimentos é maior que o gasto com a matéria prima, com exceção de janeiro, onde a demanda por produtos é menor, a receita tem uma queda e a compra de matéria prima é maior. Segundo os responsáveis pelas movelarias isso deve-se também pelo aumento da oferta na matéria prima nesse período, , tendo uma reserva do faturamento de dezembro para comprar matéria prima e deixar em estoque.

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27

jul/14

R$3.005,00

jun/14

R$3.800,00

mai/14

R$2.148,00

abr/14

R$6.037,00

mar/14

R$3.978,00

fev/14

R$3.840,00

jan/14

R$3.865,88

dez/13

R$4.728,05

nov/13

R$8.448,94 R$-

R$2.000,00 R$4.000,00 R$6.000,00 R$8.000,00 R$10.000,00

Figura 5 Custo Total com Matéria-Prima Fonte:Dados Coletados

8.1 CONSIDERAÇÕES DO MONITORAMENTO De acordo com dados fornecidos pelo IDAM, onze empreendimentos estão licenciados para comprar madeira manejada, mas somente quatro deles fizeram uma aquisição no mês de novembro de 2013. Durante o monitoramento outra compra seria feita, mas a Instrução Normativa n° 21/2013 do IBAMA passou a exigir que as movelarias movimentassem seus pátios no sistema de licença DOF (Documento Origem Florestal) informando o exato saldo contábil de seus estoques, suspendendo 10 movelarias que receberam o licenciamento em 2013, impedindo-as de fazer novas compras de matériaprima. Os pátios dos moveleiros licenciados foram liberados sete meses após a suspensão. Mas a baixa oferta de madeira manejada é uma dificuldade para os estabelecimentos que necessitam realizar compras frequentes dessa matériaprima. Mas, segundo o relato dos moveleiros, ultimamente há dificuldade de comprar até matéria-prima não licenciada, por conta da rígida fiscalização e a

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ausência de madeira para extração em áreas próximas. Além da baixa qualidade dos desdobros, que inviabiliza a utilização total do volume adquirido.

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09 CONCLUSÃO Percebe-se que comparando os dados do levantamento inicial com o monitoramento, o valor declarado inicialmente é maior que o registrado no monitoramento. Demonstrando um consumo médio mensal próximo de 29m³ de madeira serrada pelos empreendimentos de transformação da cidade. As espécies mais consumidas são o Angelim, o Mulateiro e o Abacatão. Com preço médio de R$ 16 para pranchas de madeira não licenciada e R$ 30 para as pranchas de madeira manejada. A madeira de extração não licenciada ainda é a mais utilizada, tanto pelo baixo custo, como em função das dificuldades burocráticas do processo de legalização de exploração, que causa uma reduzida oferta de matéria prima manejada. Além do risco que os mesmos sofrem da possível interrupção de suas atividades por órgãos fiscalizadores. Apesar de os empreendimentos não trabalharem com estocagem de produtos, em determinada época do ano quando a oferta de matéria-prima é maior e a receita bruta é menor, estes reservam uma parte do faturamento do mês anterior para comprar madeira. O levantamento feito com os extratores de madeira não licenciados mostrou que a maioria da madeira extraída pode ir para a construção civil e não para as movelarias como se levantou no início do estudo. No setor de construção, os volumes de madeira necessários para a construção de apenas uma residência, chegam a ultrapassar o consumo mensal de muitos empreendimentos quando comparados individualmente. Recomenda-se a continuidade do monitoramento para se ter uma visão mais clara dos movimentos de mercado até agora registrados e destaca-se a necessidade de se expandir o acompanhamento junto aos serradores.

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10 CRONOGRAMA

Objetivos Específicos

Revisão bibliográfica Levantar e caracterizar os Entrevista IDAM empreendimentos de transformação de madeira na cidade de Tefé (movelarias, Construção e atualização do banco de serrarias, vendedores de materiais de dados construção etc.) Visitas de campo e entrevistas Realizar levantamento dos serradores (produtores de madeira independentes) que Visitas de campo e entrevistas vendem madeira diretamente ao consumidor final Estimar a produção de madeira dos Análise estatística dos dados empreendimentos e serradores coletados Relatórios parciais Confecção de relatório Relatório final

Meses

Atividades 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

X X

X

X

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X

X

X

X

X

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X X

Confecção de relatório

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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAZONAS, Agência de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
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