\"Demarcação do Casal de Siróis em 1875\", in «Luz da Serra», Santa Catarina da Serra, Ano XLIII, n.° 508 (no original, 528), janeiro de 2017, p. 14.

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LUZ DA SERRA

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Demarcação do Casal de Siróis em 1875

Em 1819, o convento de Santa Ana, localizado em Leiria, era detentor de diversas propriedades na então freguesia de Santa Catarina da Serra, destacando-se, de longe, uma de enormes dimensões na zona de Siróis, a qual foi demarcada no ano de 1875. A transcrição que se segue, tomando em consideração as normas internacionais de Paleografia, encontra-se numerada para tornar mais acessível ao leitor o documento datado de finais do terceiro quartel do século XIX. Assim, sempre que encontrar um número no texto deverá ler o correspondente na rubrica "notas textuais".

«Tem este Casal a marcação, medição e confrontações seguintes; constantes do tombo antigo. Começando do marco junto ao caminho, à esquina do comodo de Jose Antunes, das Neves, de Siroes, ao principio do Rocio, caminhando para o norte, ate ao Outeiro de Louraes, no alto delle está outro marco [1] e ate aqui tem quatrocentos setenta e um metros e confina do nascente com o dito Jose das Neves; deste marco voltando para o poente, descendo ladeira abaixo, até ao Caneiro [2] e subindo para o Outeiro do Codiçal [3], ahi está outro marco na distancia de cento e noventa e outo metros e confina com o dito Jose Antunes, pelo norte; deste marco voltando para o norte até à cumeada sobre a Vargea [4], onde esta outro marco, tem a distancia de dusentos trinta e um metros e confina do nascente com fazenda de Maria Ignacia, de Siroes; e descendo na mesma direitura [fl. 87] para a Vargea [5], passada esta, no principio do Outeiro da Vargea [6], está outro marco na distancia de cento cincoenta e outo metros e confina do nascente com elle emphyteuta; - e deste a outro marco no alto do dito Outeiro, tem a distancia de

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-- histórias da História -cento outenta e sete metros; - e deste do Outeiro até ao outro que está no outeiro chamado da Lomba da Vargea [7], tem cento quarenta metros e parte do nascente com a dita Maria Ignacia e sobrinhos; - deste marco caminhando para o poente a outro que está no outeiro em aguas vertentes [8], sobre o Passadouro da Vargea [9], tem a distancia de cento sessenta e dous metros e confina do norte com Manoel Antonio Serralheiro de Valle Tacão e outros dahi; - e deste continuando até outro marco, que esta junto à parede no caminho que vem do Sobral para Valle Tacão [10], a confinar com Luis Francisco dahi; tem cento trinta e seis metros; deste, atravessando a Vargea pela ladeira acima direito ao Sobral [11], no alto está outro marco, a distancia de cento setenta metros e confina com Luis Francisco dahi e Joaquim Vieira, do Sobral; deste ao outro marco que esta no altosinho [12], junto do caminho do Sobral para a Fonte [13], tem cento sessenta e outo metros, confinando pelo norte com Faustino Francisco e Manoel Ne=o, do Sobral; deste marco descendo a ladeira abaixo, para o Valle da Terra Grande [14], passado o Valle, no principio da ladeira [fl. 87v] esta outro marco na distancia de cento e dose metros e confina pelo norte com Jose Alves, do Sobral e Maria Justina, viuva, das Ma=as; deste marco voltando para o sul [15], por uma cumeada acima até chegar à estrada, que vae de Leiria para Ourem, ahi esta outro marco [16], na distancia de dusentos quarenta e dous metros e confina pelo poente com Jose Francisco, de Valle Tacão e com olival de Joaquina Maria, viuva, das Boucinhas, freguesia do Arrabal; - deste marco voltando para o poente até um outeirinho [17], que esta defronte, onde chamam a Sismaria [18],

ahi esta outro marco, na distancia de mil e trinta metros e confina pelo norte com a dita estrada de Ourem para Leiria [19]; - deste marco voltando para o logar da Cova Alta, direito para entre poente e sul por um outeiro abaixo [20], ate a presa da Valla da Rossada ou Valle da Cova Alta [21], até à presa do mesmo Valle; e subindo ladeira acima até à cerrada de Jose da Costa, da Cova Alta [22], onde esta outro marco, tem de distancia dusentos trinta metros e confina pelo norte com Jose Ferreira, das Ma=as e com Maria Ne=a, viuva, do Casal Menino [23]; - e deste marco voltando pela vertente e caminhando para entre sul e nascente na distancia de tresentos sessenta e tres metros, confina pelo poente com o dito Jose da Costa, Manoel Carreira Alfaiate e outros; - dahi no Outeiro da Cova Alta de Cima [24], esta outro marco entre o Casal das Religiosas e o da [fl. 88] Excellentissima Mitra, - e deste voltando para o nascente pela borda do valle [25] ate ao caminho que vae da Cova Alta para o Sobral [26], até ao Valle da Cova Alta [27], tem cinco marcos; - e deste marco, digo, deste Valle subindo pelas vertentes de ma=os ao sul dos A[r]naes [28], ate ao outeiro, que fica ao cimo do Valle da Granja [29], estão quatro marcos e confina pelo sul com o casal da Excelentíssima Mitra [30], sem medição; e daquelle marco vae a estrada, que vem do Pedrome para Siroes [31], confinando pelo sul com a mesma estrada; e junto da dita estrada, volta pela estrada, que vae para Siroes e divide os termos de Leiria e Ourem [32], pela vertente e ahi esta um marco na distancia do que esta junto à capella de São Guilherme, a marcar o dito Casal da Mitra, de dusentos quarenta e outo metros; - e deste marco continuando pela estrada,

aguas vertentes, até chegar à estrada, que vem de Ourem para Leiria junto a ella onde chamam a Cruz de Siroes [33] esta outro marco na distancia de quatrocentos outenta e cinco metros e confina do sul e nascente com a dita estrada; - e deste ate ao primeiro marco, que esta junto ao caminho na estrada do Rocio de Siroes, confina pelo sul e nascente com a dita estrada na distancia de tresentos e quarenta metros» [34]. NOTAS TEXTUAIS:

[1] A alguns metros a sul da habitação que era de Mário Francisco, de Siróis. No topo está um marco em pedra do qual se observa apenas o topo. Aí foi colocado, em 1722, um marco com a epígrafe «MITRA», pois o Casal do Pedrome tinha também o Outeiro dos Lourais como ponto de demarcação. [2] No Caneiro encontrase a designada fonte da Lapa. [3] Outeiro devidamente sinalizado, mas sem marcos antigos visíveis. Por aí passava o limite do Casal do Pedrome, onde foi colocado um marco em 1722, e, mais tarde, o de Siróis. [4] A norte do Outeiro do Codessal, terra onde crescem codessos. [5] Trata-se do Vale das Tias, junto a Vale Tacão. [6] Limite de Vale Tacão. [7] Junto ao povoado de Vale Tacão. [8] Ou seja, na encosta. [9] É o caminho que faz a ligação entre Vale Tacão e Sobral, até à Rua da Fonte da Granja. [10] Hoje, Rua da Fonte da Granja. [11] Pelo sítio do Passadouro. [12] À entrada da atual Rua da Fonte da Granja. [13] Fonte da Granja. A epígrafe mais antiga nesta fonte data de 1909. [14] É admissível que o local corresponda, hoje, ao vale entre a Rua da Fonte da Granja e a Rua Central. [15] Pela Rua Central, no designado Sobral da

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Granja. [16] Estará a referir-se ao sítio da Granja, onde, pela Rua Central, se vem ter à senecta estrada que fazia a ligação de Leiria para Ourém e vice-versa. [17] Trata-se do Outeirinho da Fonte. [18] No cruzamento da Rua Central com o caminho que vai para a aldeia de Casal da Estortiga. [19] Talvez, junto à Rua da Girôa, também conhecido por Serradinha. [20] Sítio da Serradinha, até ao Vale Longo. [21] Hoje, parte do Vale Longo. Em 1758, porém, o cura João Pedro chama de Vale da Cova Alta ao atual Vale da Laje, que ficava no seguimento do Vale dos Namorados ou, como também surge em alguns textos, Vale das Namoradas. [22] Poderá tratar-se do acesso junto ao Vale do Seixo. Rua de Leiria. [23] Freguesia de Espite. [24] No sítio onde reside Artur Alves. Mantém o mesmo nome. [25] Talvez, Vale da Rainha. [26] Pelo sítio da Girôa, limite de Sobral. Junto à casa de Jaime da Purificação Pereira. [27] A nascente, este, de Cova Alta corresponderá,

Vasco Jorge Rosa da Silva Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém atualmente, ao Vale da Rainha. [28] Hoje, Vale da Rainha, que segue para os Arnais, Quinta da Sardinha, e para a localidade de Pedrome, pelos sítios do Casal Cego e Espinheiro, até à atual EM357, antiga EN357. [29] Rua dos Arnais. [30] Com o nome de Casal do Pedrome. [31] É o caminho do Casal Cego, que faz, ainda, a ligação entre Pedrome e os Arnais. [32] Hoje, Rua de São Guilherme. [33] Cruzamento em Quinta da Sardinha, onde se realizava a feira. [34] Inventário dos bens na posse e administração do convento de Sant' Anna de Leiria, ADL, Dep. VI-24-B-5, caixa 5, doc. 3, fls. 86v-88.

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