Desafios para retomada dos investimentos industriais até 2014: o Brasil frente à deterioração do sistema internacional

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Desafios para retomada dos investimentos industriais até 2014: o Brasil frente à deterioração do sistema internacional

Marco Aurélio Cabral Pinto1 Resumo O presente trabalho tem por objetivo discutir até que ponto o longo declínio relativo da Europa, reforçado pelas conseqüências financeiras negativas esperadas na conjuntura, pode implicar novas políticas públicas para o Brasil nos próximos poucos anos. A análise, fundamentada em comparações históricas com fatos e políticas adotados no passado, procurou mostrar que gastos públicos

realizados

especificidades

diretamente

complementares

através aos

de

entes

realizados

federativos para

possui

aumento

da

competitividade internacional do grande capital brasileiro. Conforme se pode concluir, planejamento e atuação integrada entre esferas e instituições públicas constitui-se fator crítico para eficácia dos gastos de investimentos. Esta eficácia, medida no longo prazo, pode ser avaliada em termos de fortalecimento das relações entre esferas públicas, interesses privados e movimentos sociais, em torno de soluções e problemas específicos em cada território. Palavras-chave: desenvolvimento econômico e social, políticas públicas, crise financeira internacional.

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O autor é engenheiro do BNDES, professor da Universidade Federal Fluminense e Conselheiro

Consultivo da Confederação Nacional de Trabalhadores Universitários Liberais – CNTU. O presente trabalho foi preparado como texto de apoio para apresentação realizada em São Paulo em setembro de 2012 por ocasião do Congresso Nacional dos Sindicatos de Engenheiros – CONSE 2012.

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1. Introdução No terceiro trimestre de 1929 a intensidade e a rapidez na retração de valor bursátil2 levou o sistema bancário anglo-saxão a experimentar destruição de créditos3 em escala até então não conhecida na economia-mundo ocidental. Nos meses seguintes ao crash, as quedas observadas no consumo de famílias e na produção industrial4 anteciparam adiamento de investimentos e retração nos níveis de emprego e de adimplência. Com isso, o desemprego nos EUA, centro do sistema e epicentro da crise, subiu de cerca de 3,4% em 1929 a montantes entre 20-25% no pico em agosto de 19325. Keynes pareceu mostrar melhor que outros, na contemporaneidade da crise, que a suposição de que o sistema oscila em torno de trajetória de equilíbrio “natural” de preços deveria ser revista. Para Keynes, o capitalismo histórico oscila como função da confiança acerca do futuro, portanto potencialmente instável em momentos de maior incerteza. Com isso explicou-se a perda de governabilidade econômica e, mais tarde, política na Europa nos anos 30. Enquanto isso, os principais líderes insistiam na doutrina de austeridade fiscal, contribuindo-se decisivamente para afastamento da estabilidade sistêmica6. A resposta brasileira na conjuntura parece apostar em gastos públicos e privados em infraestrutura como elemento dinamizador de investimentos industriais. Neste contexto, o setor privado possui incentivos para se interessar por segmentos da infraestrutura logística e energética, diretamente relacionados, na pior hipótese, às perspectivas de acumulação pelo grande capital industrial (importador) ou agropecuário (exportador) nos próximos anos.

2 Tomando-se 1926 como base 100, o indice S&P500 alcançou no pico em 1929 cerca de 220. Cerca de um ano após o crash o índice voltou aos níveis de 1926 [White (1990)]. 3 Tomando-se o pico de 1929 para o endividamento de governos, firmas e famílias em relação ao PIB nos EUA em cerca de 3 vezes, em 1950 havia encolhido para algo em torno de 1,4 x o PIB. 4 Ao cabo dos 36 meses desde outubro de 1929 a produção industrial norte-americana caiu a cerca da metade. 5 Conforme dados do Bureau of Labor Statistics do Governo dos EUA. Consulta realizada em agosto de 2012 de http://data.bls.gov/pdq/SurveyOutputServlet. 6

Ver Kavonius (2009)

2

Ocorre que as transformações históricas provocadas pela industrialização têm manifestado “efeito adverso” a concentração do capital, no Brasil e em toda parte. No Brasil, este duplo movimento histórico por vezes se contradiz com a prosperidade do povo, exigindo-se do Estado postura ativa como mediador de interesses financeiros e industriais, em nome da sociedade difusa. A permanente defesa da democracia depende, entre outros, do nível de integração entre esferas dos poderes públicos e entre essas e a sociedade civil organizada, sem prejuízo dos investimentos voltados para e com o grande capital industrial brasileiro. O presente trabalho tem por objetivo discutir até que ponto o longo declínio relativo da Europa, reforçado pelas conseqüências financeiras negativas esperadas na conjuntura, pode implicar novas políticas públicas para o Brasil nos próximos poucos anos. Pretende-se argumentar que nos próximos poucos anos, em momentum de aprofundamento da crise européia, os gastos públicos realizados diretamente através de Estados e Municípios podem ser fundamentais como salto no acesso da população a serviços de boa qualidade em saúde, educação, saneamento e mobilidade urbana, entre outros. Este salto inclui elementos modernizadores para a gestão pública, apostando-se no fortalecimento das instituições e da integração entre Ministérios, Secretarias de Estados, Municípios e sociedade civil organizada em torno dos desafios percebidos em cada território. A discussão fará recurso de comparações históricas com fatos, contextos e medidas tomadas pelos Estados Nacionais no passado em momentos de crise e em momento seguinte, de recuperação econômica. Para tanto, na seção 2 se procurará caracterizar premissas adotadas para evolução da crise iniciada em 2008. Na seção 3 serão discutidas perspectivas para a evolução do ambiente internacional nos próximos poucos anos. Na seção 4 se procurarão avaliar implicações esperadas da crise internacional para a política econômica brasileira nos próximos poucos anos. Na seção 5 encontrarse-ão conclusões ao presente trabalho.

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2. Caracterização da crise internacional iniciada em 2008 Independentemente de se tratar a crise contemporânea como terminal7 do ponto de vista de evolução do capitalismo histórico, aceita-se como premissa que a ausência de poder estabilizador (papel da Inglaterra no século XIX e dos EUA no pós-guerra) contribui para afloramento de crises sistêmicas, econômicas e políticas. In these circumstances, the international economic and monetary system needs leadership, a country which is prepared, consciously or unconsciously, under some system of rules that it has internalized, to set standards of conduct for other countries; and to seek to get others to follow them, to take on an undue share of the burdens of the system, and in particular to take on its support in adversity by accepting its redundant commodities, maintaining a flow of investment capital and discounting its paper [Kindleberger (1973)].

Aceitando-se que os EUA herdaram da Inglaterra, após período de trinta e um anos de guerras e crises econômicas, posição de topo na hierarquia do sistemamundo ocidental, como reconhecer a originalidade histórica da ordem mundial norte-americana?

Como

antecipar

corretamente

momento

de

transição

hegemônica e não cair em novas “armadilhas financeiras”, como as experimentadas nos anos oitenta e noventa na América Latina ? 2.1. Premissa quanto ao futuro dos EUA como hegemon Observada fotograficamente em dois momentos, a participação da Europa na economia mundial retornou em 2000 aos mesmos níveis de 1800, com algo em trono de 22% da economia-mundo (Figura 1). Constata-se ainda que a Ásia continental (China e Índia) perdeu significativamente importância econômica relativa em 2000, quando comparado à situação de 200 anos antes. A fronteira de crescimento do ocidente, que explica a perda relativa de importância da Ásia continental, se deu mediante industrialização tardia no

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Arrigui (2004) e Wallesrstein (2003).

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“grande continente”. Conjuntamente, Japão e Américas avançaram de posições desprezíveis em 1800 a cerca de 37% da economia mundial em 2000 (Figura 1). Figura 1 – Evolução histórica da participação relativa de países selecionados na economia-mundo.

Desde os anos setenta, os EUA vinham mantendo importância relativa em torno de ¼ da economia mundial, mas a partir de 2000 passou-se a observar perda sistemática de importância frente ao aumento da participação asiática. Considerando-se que a revolução maoísta de 1949 é ponto de inflexão na recuperação da posição relativa da China na hierarquia internacional e, dado que a partir dos anos setenta o ocidente parece perder sistematicamente importância, a crise de 2008 passou a acentuar o sucesso de economias com elevado planejamento público e baixo grau de internacionalização financeira. Por outro lado, atribui-se a queda relativa da importância européia na hierarquia internacional à falta de importância atribuída a estratégias indutoras de industrialização8. Em ambiente de paz, as firmas industriais no “velho continente”

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During the height of British hegemony, Britain’s manufacturing output constituted 19.9 percent

of the world’s total, creeping up to 22.9 percent in 1880. While its share only slightly declined to 18.5 percent in 1900, it fell to 13.6 in 1913. Most importantly, the US and Germany increasingly

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passaram a depender crucialmente de exportações, principalmente para os EUA. A partir dos anos noventa, com aumento da presença asiática nos mercados norte-americanos, a Europa passou a enfrentar dificuldades crescentes para manutenção de elevados níveis de emprego. Na Figura 2 apresenta-se quadro de crescimento econômico relativo esperado para encerramento de 2012. Independentemente da acuidade das previsões, os países pioneiros na industrialização encontram-se com economias estagnadas (Japão e EUA) ou declinantes (Europa). Em contrapartida, na periferia do sistema, onde se verificam experiências tardias de industrialização ou mesmo economias estritamente minero-agrossilvopastoris, observa-se crescimento significativamente mais elevado. Figura 2 – Perspectiva de crescimento econômico no mundo em 2012.

Fonte: Ministério da Fazenda

Dada a centralidade da dinâmica industrial e financeira nos diferentes Estadosnações, nas subseções seguintes se procurará discutir como a resultante do sistema-mundo ordenado a partir de hegemonia (militar, tecnológica, industrial e financeira) ocidental tende a se fragmentar nos próximos anos. Conforme se pretende argumentar, a velocidade de fragmentação dependerá do resultado das took greater shares. By 1900, the US had already surpassed Britain. By 1913, Germany had too. [Go (2009)].

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eleições norte-americanas, do tempo e da seqüência de saída dos países europeus do regime de cambio fixo e do ritmo de desaceleração da China. 2.1.1. Internacionalização dos interesses industriais norte-americanos: Europa e América do Sul (1950-1970) O pós-guerra encontra-se marcado por progressiva internacionalização das operações industriais das firmas norte-americanas para Europa e América do Sul. Considerando-se que os bancos norte-americanos se responsabilizaram por financiar boa parte dos gastos de investimento de firmas de mesma nacionalidade no exterior, a reação européia dependeu do fortalecimento das casas financeiras domésticas, principalmente na Alemanha e na França. Nestes países, recuperou-se grande convergência entre interesses financeiros e industriais. Esta proximidade decorreu da necessidade de união de esforços para

enfrentamento

da

“ameaça”

norte-americana

à

estratégia

de

industrialização com autonomia tecnológica européia. Our general conclusion is that countries with more divergence between finance and industry will favour more restrictive macroeconomic (and particularly monetary) policy, ceteris paribus. The available evidence shows that financial profitability is adversely affected by inflation, while non-financial is not similarly affected. Because expansionary policy is associated with inflation, and policy restrictiveness is frequently an anti-inflation measure, financial corporations are biased toward restrictiveness [Epstein&Schor (1990)].

A resposta coordenada dos principais Governos europeus no pós-guerra foi promover políticas expansionistas, monetárias e fiscais, como estratégia simultânea de favorecer as condições para crédito de longo prazo e impulsionar as indústrias nacionais. A transnacionalização tornava ineficazes políticas protecionistas aduaneiras e outras de caráter nacionalista e, somado à influência política que as transnacionais passaram a exercer sobre a formação dos pactos políticos locais, a “velha indústria” norte-americana literalmente desembarcou na Europa no pósguerra.

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Considerando-se que o saldo em transações correntes tendeu a manter-se positivo nos EUA entre 1950 e 1970, os efeitos expansionistas causados na conta de capital pela transnacionalização das firmas foram neutralizados, ainda que de forma insuficiente (Figura 3). A dívida pública manteve-se relativamente estável ao longo das décadas de 50 e 60 nos EUA9, enquanto as contas oscilaram entre superavitárias e deficitárias entre 1950 e 1970, com pico inferior em déficit de 3% do produto em 1968 com aumento de gastos militares devido à guerra do Vietnam. Figura 3 – Saldo em transações correntes e conta de capitais ao longo da década de sessenta 10.000 5.000 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 (5.000) (10.000) (15.000) (20.000) (25.000) (30.000) Saldo conta de capitais

Slado transações correntes

Fonte: Elaborada pelo autor com dados do Bureau of Economic Analisys,

Conseqüentemente, pode-se inferir que aumento de liquidez em dólares, suficiente para explicar as pressões cambiais e inflacionárias observadas no mundo durante os turbulentos anos setenta, deveu-se majoritariamente a reciclagem, na praça londrina, de excedentes em dólares produzidos pela URSS e países produtores de petróleo10. Com reservas em dólar fora do ambiente regulatório do Federal Reserve, a internacionalização das operações bancárias

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A dívida pública norte-americana evoluiu cerca de 1/3 entre 1950 e o final da década de sessenta. 10 Ver Parboni (1981).

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anglo-saxãs coincide com a proliferação de ativos financeiros, fundos e mercados, à vista ou futuros, principalmente a partir dos anos 80. Por outro lado, na América do Sul o Brasil passou a receber papel ativo na organização industrial internacional sob a égide norte-americana no pós-guerra. Já em 1950 o país recebeu notícia de investimentos de montadoras de automóveis, implicando-se em associação internacional com capital cafeeiroindustrial paulista, o qual passou a ocupar segmentos de autopeças e de distribuição comercial na cadeia produtiva automotiva. A localização escolhida pelas matrizes obedeceu a critérios de proximidade com mercados e mão-deobra em escala compatível com a transformação do Brasil em entreposto industrial para o restante do continente. Contudo, o financiamento de investimentos de longo prazo no Brasil tem sido realizado por bancos públicos, ao menos desde o ímpeto de industrialização dos anos 50. Sem prejuízo da liberdade dos bancos em organizar e promover mercados de capitais no país, diferentes governos entre 1950 e 1979 procuraram garantir amplo acesso financeiro para os negócios do grande capital privado industrial brasileiro. Em conseqüência, ao menos desde a concentração bancária promovida no Brasil nos anos 60 e 70, o comportamento político dos interesses financeiros no país tem sido muitas vezes contraditório com as políticas que visam preservar valor para indústria e para bancos públicos através do crescimento. Sob essas condições, entre 1950 e 1979 o pacto político celebrado entre interesses industriais-exportadores e bancos baseou-se na doutrina de que “gastar pode, desde que não produza inflação”, condição em que bancos correm riscos progressivamente maiores de incorrer em taxas de retorno negativas, principalmente em ambiente de baixo retorno garantido (taxas de juros que remuneram títulos públicos).

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2.1.2. Internacionalização dos interesses financeiros norte-americanos: Europa e América do Sul (1980-2000). O espasmo neoliberal fundamentalista verificado no mundo, entre 1979 e 2000, e no Brasil, entre 1993 e 1999, ficou conhecido como período da globalização [Fiori&Tavares (1997)]. Apesar de breve, durante o período da globalização as finanças internacionais liberalizaram fluxos cambiais e comerciais, bem como viabilizaram nova onda de concentração do capital no ocidente, com destruição de capacidade produtiva e empregos, através de fusões e aquisições promovidas em “mercados”. As crises cambiais verificadas ao final da década de noventa11 ajudaram a encerrar o período da globalização e abriram espaço para remoção das finanças do centro do poder político mundial. Conseqüentemente, a partir de 2000 rompeu-se progressivamente com a hegemonia neoliberal na formulação das políticas públicas, no compasso de resgate, nos EUA, de keynesianismo bélico, favorito da “velha indústria” como estratégia de sustentação econômica desde o pós-guerra. 2.1.2.1. Os EUA no período da globalização A estrutura financeira nos EUA pode ser descrita como market based, ou seja, os mercados de capitais, reorganizados pela banca no século XIX, tornaram-se efetivos no financiamento industrial de longo prazo. Explica-se este fenômeno pela natureza corporativa das grandes firmas industriais norte-americanas. Boa parte das famílias fundadoras historicamente compartilharam poder apenas mediante necessidade - em face da natureza explosiva dos mercados para produtos industriais desde meados do século XIX, as moderadamente elevadas

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Segundo Miranda (1999), Crise do Sistema Monetário Europeu (1992-1993); Crise no México

“Tequila” (1994); Crise Asiática (1997); Crise da Rússia (1998), Crise do Brasil (1999). Seguiu-se ainda a crise na Argentina (2000), com repercussões negativas para o comércio exterior brasileiro.

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taxas de acumulação das firmas eram então insuficientes para financiar o crescimento de capacidade das firmas12. Na Figura 4 apresenta-se saldo das contas de capital e de transações correntes dos EUA desde o pós-guerra. Conforme se pode perceber, a menos de breves períodos no início dos anos noventa e ao final da primeira década do novo século, observa-se tendência a crescimento exponencial de remessas de divisas pela conta de capitais. O crescimento verificado se refere, majoritariamente, à fluxos para constituição de portafólios de títulos financeiros denominados no estrangeiro. As relativamente poucas casas financeiras internacionais13 se beneficiaram dos diferenciais de taxas de juros, principalmente após renegociação das dívidas em países periféricos, e de transações bursáteis sobre agendas de fusão e de aquisição de companhias. Quanto às transações correntes, observa-se evolução exponencial de déficit entre 1994 e a deflagração da crise financeira internacional em 2008. Este crescimento pode ser explicado pelo aumento de déficits comerciais com a Ásia, em particular China. Em 2012, cerca de 40% do produto nacional bruto chinês será canalizado ao esforço de geração de excedente comercial em dólares. Em síntese, a estratégia das elites financeiras nos EUA entre 1980 e 2000 consistiu na liberalização comercial e financeira, bem como na consolidação, mediante

emprego

de

tecnologias

da

informação,

de

capacidade

de

arquivamento, processamento e comunicação de dados, voz e imagem em escala internacional. Com isso tornou-se possível erguer, em tempo real, verdadeiro cassino financeiro internacional14. As medidas liberalizantes das décadas de oitenta e noventa resultaram em aumento nas taxas de desemprego onde quer que Governos tenham aderido ao

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Considerando-se limite superior para endividamento das firmas dado pela alavancagem

máxima da estrutura de capital (dívida/equity), observa-se necessidade de emissão de ações junto a “minoritários” sempre que as taxas de acumulação de lucro são menores que a taxa de crescimento em ativos. 13

Technological and regulatory change suggest that ongoing consolidation will reduce the

number of smaller banks, and that large multinational banks will play an increasing role in domestic banking markets. [Davies (2007)]. 14

Ver Strange (1994)

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processo de concentração de controle corporativo como estratégia para cortes de gastos públicos e destruição de capacidade ociosa industrial. Figura 4 – Transações correntes e conta de capitais nos EUA entre 1980 e 2011

500.000

19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08 20 10

(500.000)

(1.000.000) (1.500.000) (2.000.000) (2.500.000) (3.000.000) (3.500.000) (4.000.000) Transações correntes EUA (1980-2012)

Conta de cpaitais

Fonte: Elaborada pelo autor com dados do Bureau of Economic Analisys,

2.1.2.2. Europa e América do Sul no período da globalização Na Inglaterra inaugurou-se processo de privatização de ativos públicos já no início dos anos oitenta. A partir de meados da década a livre circulação de capitais financeiros encontrou ambiente favorável para arbitragens de curtoprazo. Aumentou-se em muito volumes transacionados nas praças periféricas, tão logo (re)implementado regime de cambio fixo em escala internacional. O afluxo de recursos de portafólios constituídos em offshores e administrados em Londres e Nova Iorque se deu a partir de potente coordenação cambial realizada pelo sistema de reservas nos EUA junto aos demais bancos centrais. O triunfo na política econômica aliava à época juros elevados, inflação baixa e superávits fiscais. Com isso, a constituição de ativos financeiros na periferia do sistema parecia negócio líquido e rentável.

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No Brasil, a crise cambial verificada em 1999 precipitou fim do modelo econômico adotado desde 1993, cujas bases apoiavam-se em financiar os então desejáveis déficits em transações correntes (com balança comercial negativa!) através de entrada crescente de recursos majoritariamente de curto-prazo. A saída possível, adotada ao final do Governo F. H. Cardoso, passou a ser a de atender pleitos, até então pouco considerados, provenientes do setor exportador. (Re) Inaugurou-se no país a estratégia de valorizar a inovação como vetor para inserção internacional das empresas industriais brasileiras. 2.1.3. Reafirmação dos interesses industriais norte-americanos no período 2000-2008 Aumentos exponenciais observados na oferta de moeda e crédito em dólares a partir de 2002 levaram, pela maior concorrência, à diminuição no poder de barganha dos bancos privados no processo de alocação seletiva de recursos a famílias e empresas. Com isso, a política expansionista dos EUA conduziu, em última instância (e em menos de uma década!), à formação de bolhas de ativos que, uma vez rompidas, deram origem à crise financeira internacional em 2008. Na Figura 5 encontra-se apresentada evolução do endividamento total de famílias, empresas e governo na proporção do produto interno bruto nos EUA entre 1870 e 2010. Conforme se pode perceber na inflexão das décadas de 20 e 30, a escalada exponencial na criação de crédito foi seguida de período de destruição, em cujo curso desenvolveu-se a grande depressão. A julgar pela evolução do endividamento nos EUA desde a década de 50, as medidas tomadas para contenção dos efeitos negativos da crise financeira de 2008 parecem postergar momento de destruição de crédito, percebida como condição necessária para manutenção da saúde do sistema financeiro mundial lastreado em dólares. Neste contexto, o ambiente de liberalização financeira parece contraditório com inúmeras possibilidades oferecidas pela engenharia jurídico-financeira para compartilhamento de riscos, principalmente com o Estado. O contraditório se estabelece, principalmente, quando oportunidades de curto-prazo são exercidas sem contrangimento, ainda que comprometam o futuro da estabilidade sistêmica 13

internacional. Aparentemente os esforços empreendidos desde 2008 para supervisão e regulamentação dos fluxos financeiros internacionais têm alcançado poucos avanços. Com estabelecimento da crise em 2008, retornaram ao núcleo de poder dos EUA os antigos protagonistas políticos do período da globalização sem, contudo, reunirem condições políticas para interromper a escalada de déficits nas contas públicas e em transações correntes. Figura 5 – Evolução histórica da relação dívida x PIB para os EUA

Na Figura 6, pode-se verificar que os gastos de defesa realizados pelos EUA no exterior desde o incidente de 2001 têm permitido continuidade, e até ampliação, nos programas tecnológicos e nos estoques de armamentos produzidos pelas grandes corporações da “velha indústria”.

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Figura 6 – Gastos de defesa dos EUA no exterior (MM de US$ correntes)

19 60 19 63 19 66 19 69 19 72 19 75 19 78 19 81 19 84 19 87 19 90 19 93 19 96 19 99 20 02 20 05 20 08 20 11

(5.000) (10.000) (15.000) (20.000) (25.000) (30.000) (35.000)

Fonte: Dados do Bureau of Economic Statistics USA, elaborada pelo autor.

2.1.3.1. Período de transição no Brasil (2003-2010) Durante o período de transição, verificado no Brasil entre 2003 e 2010, foi possível romperem-se com grilhões financeiros aos quais o Brasil esteve submetido por força das políticas econômicas praticadas no mundo durante período da globalização. Estes grilhões corresponderam a necessidade percebida de: (i) manutenção de taxas de juros elevadas contra elevações de preços; (ii) acumulação de reservas contra flutuações de curto-prazo; e (iii) manutenção de agenda de reformas conforme exigências dos “mercados”, contra aumentos no “risco país”. O período de transição parece corresponder ao rebatimento, sobre a vida econômica do Brasil, do resgate de poder político pelos interesses da “velha indústria” norte-americana desde 2000. No Brasil, o apoio do grande capital a liderança sindical formada no internacionalizado setor automotivo dois anos depois aponta para novo pacto político, compartilhando-se poder representantes das finanças e do setor industrial-exportador. À época da transição no Brasil, entre 2003 e 2010, percebeu-se necessidade de: (i) expansão da infraestrutura logística e energética; (ii) incentivos às empresas exportadoras (fiscais e financeiros); e (iii) aumento do poder de compra no

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mercado interno (emprego, renda e transferências). As políticas e programas anunciados para atender às referidas necessidades durante o período de transição não teriam sido possíveis no pacto político anterior, ao menos na escala observada. Por outro lado, foram herdadas práticas e políticas de corte neoliberal do período anterior: (i) atitude “independente” do Banco Central; (ii) contingenciamentos orçamentários com finalidade de geração de superávits fiscais; e (iii) regime de metas inflacionárias, com implicações sobre manutenção de juros elevados. 2.4. Síntese dos argumentos Em publicação sobre a natureza e a perspectiva dos EUA como centro hegemônico mundial, Fiori (2004) argumentou que: O grande problema teórico, entretanto, não está apenas na dificuldade dos EUA para estabilizar a paz e o crescimento econômico do sistema mundial. Está no paradoxo, absolutamente inexplicável do ponto de vista de todas as teorias existentes sobre lideranças ou hegemonias mundiais: a descoberta de que as principais crises do sistema foram provocadas pelo próprio poder que deveria ser o grande pacificador e estabilizador.

Nos EUA, interesses financeiros e industriais alternam posições no núcleo de poder governamental desde os anos 70. Essa alternância tem se desenvolvido sem que se interrompa ou controle tendência aparentemente inercial do sistema econômico e político de buscar valorização no capital financeiro em escala internacional. Esta tendência inercial explica-se pelo esgotamento relativo dos mercados para bens produzidos sob o paradigma tecnológico eletricidademetalurgia-química/petroquímica [Coutinho&Belluzo (1982)]. Assim, acossados pelo fim do ciclo tecnológico e sem contar com a necessária convergência interna em torno do papel como hegemon estabilizador, os EUA parecem assistir passivametne ao desmoronamento das instituições unionistas na Europa contemporânea. Considerando-se que a Europa encontra-se desde os anos 70 em declínio relativo acelerado frente à ascensão recíproca de economias da Ásia, parece razoável supor que o futuro do velho continente dependa crucialmente da

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recuperação do mercado interno europeu e de manutenção, pelos Estados nacionais, de empregos de engenharia, ciência e tecnologia15. 3. Perspectivas para a dinâmica da crise internacional até 2014 Conforme se pode perceber pelo exame da Figura 7, após superação de impacto decorrente da crise de 2008, os EUA pareceram retomar trajetória de crescimento econômico experimentado no período pós-2001. Entre outros, este período encontra-se marcado por keynesianismo bélico e gastos em pesquisa e desenvolvimento no complexo industrial-militar-acadêmico. Figura 7 – Evolução do produto interno norte-americano desde 2000. 14.000,0 13.500,0 13.000,0 12.500,0 12.000,0 11.500,0 11.000,0 10.500,0

20 00 20 q1 00 20 q4 01 20 q3 02 20 q2 03 20 q1 03 20 q4 04 20 q3 05 20 q2 06 20 q1 06 20 q4 07 20 q3 08 20 q2 09 20 q1 09 20 q4 10 20 q3 11 20 q2 12 q1

10.000,0

Fonte Dados do Bureau of Economic Analisys, elaborada pelo autor.

Por outro lado, o ritmo de aumento da riqueza nacional tem sido maior que o aumento observado nos níveis de emprego, o que parece gerar tensões sociais significativamente inferiores ao limiar de risco à ordem social. O mesmo não se pode afirmar em relação à Europa do sul. Níveis mais elevados de desemprego desencorajam imigração, o que pode ser efeito desejável no cálculo das elites.

15

A Europa, principalmente Alemanha, participa como fornecedora de bens intensivos em

tecnologia para boa parte das cadeias produtivas industriais mundiais.

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Figura 8 – Evolução do desemprego nos EUA

A política de “dólar frouxo” praticada a partir de 2001 pelos EUA tem ajudado o país a financiar gastos públicos com contrapartidas em entesouramento de divisas por bancos centrais no estrangeiro. Assim, enquanto a China, Brasil e demais países mantiverem política de acumulação de reservas denominadas em dólares, estará segura a “política industrial” dos EUA junto às suas transnacionais – dólares valorizados nas praças estrangeiras implicam em preços competitivos para cadeia fornecedora localizada nos EUA (aumentos no conteúdo nacional). Claramente resposta em linha com a necessidade política de preservação de empregos de boa qualidade no país. A depender do resultado das eleições norte-americanas, admitem-se dois cenários. No primeiro, com vitória democrata, é esperado esforço para redução de déficits públicos mediante redução de gastos militares, principalmente no exterior. A destruição de crédito necessária se dará em ambiente de elevada liquidez, portanto sem muitas dificuldades para alongamento de dívidas ou falhas bancárias. Neste cenário, a propensão a importar é esperada de diminuir, dados políticas de “dólar frouxo e de manutenção de austeridade fiscal por parte dos países europeus. Neste cenário, a economia norte-americana é esperada de continuar em recuperação lenta até eventual ruptura do sistema bancário em Euros. Em caso de vitória de Republicanos, por outro lado, espera-se elevação de hostilidade por parte dos EUA em relação a rivais na Ásia Menor. Atribui-se

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considerável probabilidade a ambiente de “guerra fria”, no qual se justificam, perante o público, aumentos nos gastos militares. Neste cenário espera-se recuperação da produção industrial na Europa e aumento do nível de empregos nos EUA. Neste contexto, dificilmente a Europa manteria postura de austeridade fiscal, face às necessidades de gastos para compartilhamento de riscos e benefícios envolvidos numa “guerra fria” contra interesses localizados no oriente muçulmano. 3.1. Europa A demora política de países europeus em abandonar o padrão-ouro após deflagrada a crise financeira em 1929 levou a atrasos relativos na recuperação mais tarde16. Em ambiente de desaceleração no comércio mundial e de deflação de preços, os códices da ortodoxia econômica impunham a economias com déficits em balanços de pagamentos ajustes fiscais e restrição de liquidez como mecanismos “autoreguladores” em regimes de câmbio fixo. A postura conservadora adotada por lideranças políticas na Alemanha, França e outros, perdeu

sincronia

com

respostas

expansionistas,

fiscais

e

monetárias,

implementadas nos EUA17 durante a grande depressão. Do ponto de vista bancário, preocupação desde 2008 quanto a solvência e efeitos sistêmicos de falhas em mercados de ativos tem proporcionado respostas rápidas e eficazes dos Governos, incluindo-se Europa. Apesar de sujeito a regime de câmbio flutuante contra moedas fora do bloco (Dólar e Yene, principalmente), o Euro tem atuado como câmbio fixo para as diferentes moedas 16

For example, Britain and the Scandinavian countries that left the gold-standard in September

or October 1931 recovered much earlier than countries that adhered to the gold-standard beyond the London conference in 1933 such as France, Italy (until 1934), or Poland. What it not shown, however, is the extent to which this “recovery” was driven from the mid-1930s onwards by armament programmes that foreshadowed the Second World War. [Wolf (2012)]. 17 The conclusion reached is that fiscal policies between the two World Wars were mainly neoclassical, i.e. expenditure reacted to the development of revenue. In certain European countries, for example the Netherlands and Sweden, some countercyclical fiscal policies can be observed. However, as the governments there were smaller and the effect therefore comparably limited, this did not play a key role in the economic recovery. [Kavonius (1999)].

19

nacionais18. Com isso, mesmo sob condições de flexibilidade monetária, restrições fiscais podem levar a falhas em balanços de pagamento em Euros, principalmente em títulos públicos em países menos prósperos no “velho continente”. Lembra-se que a gravidade da crise bancária européia observada ao longo da crise dos trinta pode ser explicada, em grande parte, pelo esforço de manutenção de câmbio fixo sob fugas de capital intensas ou duradouras19. Na medida em que se torne mais clara a turbulenta desmontagem do sistema de cambio fixo europeu em futuro próximo, mais cedo se perceberá na Alemanha e demais países da Europa do norte que não há outra escolha senão intensificar gastos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico como estratégia de sustentação. Quanto mais tardia, a necessária flexibilização da política fiscal no norte da Europa tenderá a voltar-se estritamente para respectivos territórios nacionais, na tentativa de isolar-se de manifestações políticas radicais que se espera surgir nos próximos poucos anos no sul da Europa. Este composto político, esperado entre os países menos industrializados na Europa, pode alimentar quedas ulteriores no emprego e empobrecimento da população frente a produtos industriais com conteúdo estrangeiro. Na Espanha e na Itália se espera aceleração na deterioração econômica, face ao decréscimo no turismo e na exportação de produtos básicos. Esta situação é esperada de se

18 ...the gold standard and the euro are extreme forms of fixed exchange rates, and how these policies had their most potent effects in the worst peaceful economic periods in modern times. While we are lucky to have avoided another catastrophe like the Great Depression in 2008–9, mainly by virtue of policy-makers’ aggressive use of monetary and fiscal stimuli, the world economy is still experiencing many difficulties. As in the Great Depression, this second round of problems stems from the prevalence of fixed exchange rates. Fixed exchange rates facilitate business and communication in good times but intensify problems when times are bad. [Eichengreen&Temin (2011)] 19

This was exacerbated by political factors that affected short-run capital flows, namely tensions

over war debts and reparations until 1933, to be followed by fears of another war after the rise of Hitler (liquidity). Together, this contributed to a fragmentation of Europe into currency and trade blocs, where the reluctance to pursue expansionary policies was finally broken by rearmament programmes roughly along the lines of these blocs (adjustment).

20

somar à deterioração na situação dos bancos, o que poderá exigir “soluções de mercado” a partir de casas financeiras estrangeiras. 3.3. China O aumento de importância da China frente ao ocidente desde os anos 70 devese ao fato de que a sobrevivência da “velha indústria” depende crucialmente do desbravamento permanente de novos mercados, principalmente na periferia do sistema. Ao menos enquanto persistir vácuo para desenvolvimento de aplicações industriais em novo paradigma tecnológico20. Ainda que a América do Sul e África ofereçam bolsões de riqueza que podem ser transformados em mercados consumidores no futuro, face à significativa diferença populacional, a Ásia oferece oportunidade de elevadas expansões na produção industrial em curto prazo. Quanto à evolução setorial da distribuição dos investimentos diretos recebidos pela China nas décadas de oitenta e noventa, esta esteve vinculada às diversas fases da abertura de sua economia ao IDE. Assim, durante o período inicial da reforma (1979-1986), os investimentos concentraram-se nas atividades de prospecção geológica, na indústria manufatureira trabalho-intensiva (indústria tradicional, especialmente têxtil e confecções de roupas) e no setor de serviços (atividades imobiliárias). A partir de 1986, com o início da segunda fase da abertura ao IDE, o governo chinês tomou uma série de medidas para mudar a estrutura setorial dos investimentos diretos recebidos, dirigindo-os para a indústria de transformação e para os setores export-oriented e de mais alta tecnologia. Desse modo, o IDE no setor primário caiu de 40,9% em 1988 para 3,1% em 1993, e o setor manufatureiro passou a ser o principal setor de destino dos investimentos diretos externos Nos anos 1990 – período que compreendeu a terceira e quarta fases da abertura – algumas medidas mais fortes foram tomadas para aumentar a participação do IDE nas indústrias capital- intensivas. A prioridade era o desenvolvimento e fortalecimento da indústria química, de máquinas e equipamentos de transporte, eletrônicos e comunicações. Recentemente, foram abertas ao investimento direto externo novas atividades no setor de serviços e dados maiores estímulos ao surgimento de setores de tecnologia de ponta e ao estabelecimento de centros de pesquisa e desenvolvimento no país Inicia-se, então a quinta fase a abertura da economia chinesa com a adesão da China a OMC em 2001 [Accioly (2005)].

20

Ver Pinto (2000).

21

Desde dezembro de 2001, com a aceitação de entrada da China na Organização Mundial de Comércio (OMC), as megacorporações industriais ocidentais alimentaram expectativas de penetração no maior mercado consumidor potencial do planeta. Uma vez aceita no “clube de trocas ocidental”, foram instaladas fábricas no país, desde

que

em

sociedade

com

interesses

chineses

como

exigência

governamental para acesso aos mercados domésticos. O objetivo de absorção de tecnologia pelos chineses, somado a profundas diferenças em conceito empresarial, fizeram com que boa parte dessas experiências fracassasse, mesmo em setores com elevada perspectiva de crescimento [Shen, Wu, Ng (2005)]. Dado que câmbio, trabalho e meio ambiente são dimensões econômicas que conferem grandes vantagens para a indústria localizada na Ásia continental, a estratégia da China foi a de produzir e exportar para mercados de baixo custo baixa qualidade – grande volume. Rapidamente o made in china passou a representar etapa intensiva em trabalho, mesmo em sistemas e sub-sistemas industriais. Mais recentemente, a China tem ocupado espaço em indústrias intensivas em tecnologia em escala internacional. A tempestividade brasileira contra a “ameaça” chinesa em setembro de 2011 parece exemplo suficiente21. Considerando-se que cerca de 40% da renda chinesa provem de exportações, espera-se desaceleração econômica considerável nos próximos anos. A intensidade e a duração dessa desaceleração depende da rapidez do shift da organização industrial chinesa para nova realidade do mercado interno. E vice versa. Temos uma população de 1,4 bilhão de pessoas. Cerca de 30% da força de trabalho ainda está no campo. Levando em conta a população total, nossa taxa de urbanização ainda é de 50%. Pense na quantidade de pequenas cidades que se tornarão grandes ao longo da costa nos próximos anos. Pense em ruas, casas, metrôs e trens de alta velocidade que precisarão ser construídos. Nessa área, ainda temos um longo caminho a percorrer. Mas. para atingirmos essas 21

O governo anunciou aumento de 30 pontos percentuais no IPI (Imposto de Produtos

Industrializados) de carros e caminhões com a intenção de atingir principalmente veículos importados e favorecer a venda de produtos nacionais.

22

metas de crescimento, precisamos manter as reformas, evitar a inflação e impedir as crises provocadas por questões financeiras e pelo aumento desmedido da dívida pública [GANG (2012)].

Antecipam-se dificuldades para que parcela da sociedade chinesa com hábitos tradicionais pré-industriais adquira insaciabilidade material e individualismo comportamental compatíveis com os requisitos do capitalismo histórico. No entanto, a eficácia da burocracia pública chinesa em planejar e implementar políticas e estratégias reduz o risco de descontinuidades no crescimento econômico observado até 2014. Por outro lado, a China parece movida por interesses geoestratégicos na construção de relacionamento com países dotados de reservas minerais, tais como Angola22. A síntese dos argumentos apresentados encontra-se apresentada na Tabela 1. Tabela 1 – Cenários para o ambiente externo nos próximos 5 anos. Cenário

EUA

Europa

China

“Democrata”

Elevada liquidez, baixo crescimento, pax americana e acumulação financeira (fusões e aquisições).

Crescimento em desaceleração e intensificação na ocupação de mercados no exterior, principalmente na África e América do Sul, onde quer que haja minérios (hidrocarbonetos).

“Republicano”

Elevada liquidez, crescimento moderado, aumento de gastos com defesa, pesquisa e desenvolvimento. Elevação nos preços de petróleo e resgate de ambiente de guerra fria.

UE mantem postura fiscalista e ocorre deterioração no emprego e na renda dos países em dificuldade financeira. Avança agenda de aquisição de firmas em bolsas, instabilidade em mercados e ataques especulativos a países. UE retoma crescimento industrial com revisão de regras fiscalistas para socorro financeiro a Estados e bancos. Aumento de gastos públicos em defesa e meio ambiente. Lenta recuperação econômica.

China permanece como parceira comercial e financeira dos EUA, da mesma maneira em que se opõe às iniciativas ocidentais na “guerra fria”. Observa-se ainda desaceleração no crescimento.

Fonte: elaboração própria

22

Ver Abreu&Pinto (2012) para discussão como a China expatria significativo contingente

populacional para Angola como funcionários em obras de infraestrutura. Por sua vez, a China garante a Angola crédito de longo prazo contra recebíveis em barris de petróleo Petróleo que permite que a China escape do cerco das companhias de petróleo ocidentais na geopolítica da Ásia Menor.

23

4. Implicações para a política econômica brasileira até as eleições de 2014 O Brasil encontra-se em meados de 2012 em situação de estagnação industrial (Figura X) decorrente da perda de dinâmica externa e interna causada pela propagação da crise financeira internacional para Europa. A estagnação industrial observada ocorre a despeito das medidas de incentivo tomadas pelo Governo Federal ao longo dos últimos 12 meses, a saber: (i) redução da TJLP; (ii) desonerações tributárias sob folha de pagamentos; (iii) PAC Equipamentos, PAC Mobilidade Urbana e PAC Concessões; (iv) Investimentos Públicos (MCMV e Logísitica), (v) Financiamento aos Estados; (vi) redução das taxas de juros cobradas no Programa de Sustentação do Investimento (2,5% para máquinas e equipamentos e caminhões); e (vii) prorrogação da isenção de IPI e redução do prazo da depreciação acelerada (de 48 para 12 meses) para o setor de bens de capital. Figura X – Relação entre taxa de investimentos e PIB (%) entre 1991 e 2012T2. 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14

Fonte: Ipeadata

O sucesso do comércio exterior de produtos industriais brasileiros parece menos plausível no cenário “democrata” que “republicano”, devido principalmente às falhas financeiras esperadas no subsistema europeu nos próximos anos no

24

primeiro cenário. Estas tenderão a contaminar e instabilizar o sistema financeiro internacional, como o têm feito desde 2008, pela via de intensos fluxos pela conta de capitais e/ou por súbitas mudanças no câmbio, principalmente. Na Tabela 2 apresenta-se montante de investimentos industriais mapeado pelo BNDES, onde se pode perceber a enorme dependência da ação da Petrobrás para aumento na formação bruta de capital fixo no país. Este aumento se dará apenas se houver manutenção de níveis elevados para conteúdo nacional em partes, peças, componentes, sistemas e serviços nas encomendas. Somente em exploração e produção, a Petrobras prevê investimentos de cerca de US$ 128 bilhões entre 2012 e 2015. Apenas com E&P no pré-sal serão consumidos cerca de 45% do valor total investido. A participação do pré-sal na produção nacional de petróleo e gás deverá saltar dos atuais 2% para 41%, até 2020. Dadas as restrições financeiras, gerenciais e tecnológicas, acredita-se que a Petrobrás será levada a alongar os investimentos previstos. Considera-se que o complexo petrolífero on-shore voltado ao pré-sal brasileiro, assim, irá dispor de capacidade compatível com somatório necessário para atendimento da demanda interna e produção de excedente moderado. Nestes termos, evitar-seá no futuro participação excessiva do núcleo de interesses ligados à “velha indústria” norte-americana no pacto político brasileiro. A estratégia do governo parece ser a de mapear e amadurecer oportunidades empresariais e tecnológicas no país, com vistas ao aumento do conteúdo nacional na montagem do complexo industrial petrolífero. Tabela 2 investimentos industriais esperados para o Brasil nos próximos anos. Setores Petróleo e Gás Extrativa Mineral Automotivo Papel e Celulose Eletroeletrônica Química Siderurgia Têxtil e Confecções CIS

2007-2010 2012-2015 Em R$ bilhões de 2011 238 354 68 58 35 56 20 26 21 25 24 25 32 21 10 14 10 11

25

Aeronáutica Indústria

3 461

7 597

Fonte: BNDES (2012)

Conforme se pode perceber pelo exame da Tabela 2, observa-se retração relativa de investimentos em setores produtores de commodities para o mercado externo e incremento em setores voltados para mercado interno. Entre esses, têxtil&confecções e eletroeletrônica encontram-se pressionados por competição com bens produzidos na Ásia continental, principalmente. O segmento manufatureiro tem mantido taxas de crescimento modestas mediante

sustentação

de

participações

no

mercado

interno

brasileiro,

encontrando-se muito sujeito às condições de crédito e câmbio. Considerandose elevada propensão pela liquidez da banca brasileira e piora na situação externa, a progressiva restrição do crédito para duráveis com mercados secundários, somado a rivalidade com chineses, deve alimentar a estagnação industrial nos próximos anos. No caso das demais mineradoras, siderurgia e papel e celulose, as inversões previstas entre 2012 e 2015 são menores que o realizado entre 2007 e 2010, devido principalmente à percepção de agravamento da crise e perspectiva de elevação de capacidade ociosa. Boa parte da indústria de transformação brasileira, com parte significativa do capital imobilizado, anunciou e implementou investimentos em expansão de capacidade no passado recente (siderurgia, papel e celulose etc). Os investimentos estavam em curso no momento em que se deflagrou a crise em 2008 e boa parte não foi cancelada. Com a evolução da crise, tanto as exportações de bens intermediários quanto o ritmo de expansão do mercado interno diminuíram, o que explica retração nos investimentos em capacidade. Dos R$ 56 bilhões de investimentos previstos para a cadeia produtiva automotiva, R$ 39 bilhões serão invertidos pelas montadoras e R$ 17 bilhões em autopeças. Os investimentos correspondem, majoritariamente, à entrada de novos concorrentes, provenientes principalmente da Ásia continental.

26

Finalmente, espera-se que o segmento de bens de capital encontre dificuldades crescentes

para

formação

de

backlog

no

exterior,

dependendo-se

progressivamente mais de apoio público em termos de oferta de crédito de longo prazo e garantias, entre outros subsídios. Recursos públicos para pesquisa e desenvolvimento parecem cruciais, principalmente em programas tecnológicos associados a urbanização, meio ambiente e defesa. Na Tabela X encontra-se apresentada relação de fatores determinantes estimados pelo BNDES (2012) para o investimento no país. Tabela X – Fatores determinantes esperados para investimento Setores

Determinantes

Petróleo e gás e Eletricidade

Autônomo e induzido

Saneamento, Rodovia, Ferrovia, Portos, Concessões Aeroportos, Energia Elétrica Saneamento, Rodovia, Ferrovia, Portos, Orçamento Aeroportos, MCMV Construção residencial, Automotivo Eletroeletrônico, química, têxtil e confecções, telecomunicações e serviços

Demanda doméstica

Extrativa mineral, papel e celulose, Demanda externa siderurgia, aeronáutica, agroindústria Fonte: BNDES (2012)

Nas subseções seguintes encontram-se discutidas três esferas onde as políticas públicas podem ser coordenadas de maneira a induzir retomada de investimentos industriais no Brasil nos próximos anos. 4.1. Câmbio Na primeira esfera de coordenação de políticas públicas para retomada da industrialização para o Brasil contemporâneo elege-se o câmbio. Defende-se que o Banco Central induza redução de juros referenciais até próximo do limite em que se perceba risco de fuga de capitais, com objetivo de desvalorização administrada do Real frente ao dólar. Até esse ponto, desconhecido no presente momento, mas sabidamente volátil, espera-se

27

tendência de redução na entrada positiva de dólares de curto-prazo. Lembra-se que a esperada continuidade nas políticas expansionistas norte-americanas nos dois cenários avaliados tende a deslocar o ponto de ruptura nos fluxos cambiais para baixo, ou seja, na direção de abrir espaços para reduções adicionais nas taxas de juros brasileiras. O ritmo de desvalorização cambial deve ser estabelecido como objetivo, ao menos até que se atinja ponto desejado para início de substituição de importações em segmentos industriais importantes, principalmente bens de capitais e insumos para o complexo petrolífero. Cuidados, porém, devem ser tomados com efeitos adversos da inflação induzida pela desvalorização do dólar. Assim, uma política cambial ativa voltada para a expansão das exportações líquidas deve ter seus efeitos domésticos, especialmente sobre salários, compensados de modo a evitar degradação adicional do perfil distributivo. Essa compensação pode ser buscada através de subsídios a assalariados ou a bens de consumo popular ou através de outros meios, dependendo dos instrumentos à disposição de cada governo. [Lopes&Cardim (2008)]

Evidentemente que a redução no ritmo de acumulação de reservas, associado a redução de juros pagos em títulos públicos, terá implicações importantes sobre a involução esperada na razão entre dívida e produto nacional bruto nos próximos anos. Isso faz com que a administração dos juros possa ser tão flexível quanto as necessidade do câmbio, considerando-se que a situação esperada de diminuição de endividamento público relativo irá desencorajar fugas abruptas de capital

das

praças

financeiras

brasileiras.

Parâmetro

importante

na

administração do câmbio, a taxa de juros não deve responder diretamente à inflação, sob pena de incorrer em equívoco custoso para o país. Este equívoco, conforme discutido, resultaria em deterioração da produção e do emprego no Brasil. 4.2. Infraestrutura logística e energética O debate contemporâneo sobre a licitação de concessões públicas ao capital privado deve ser mediado pelas seguintes considerações:

28

(i) não se pode confundir instrumento com estratégia. A venda de ativos públicos, assim como a constituição de empresas públicas, deve ser matéria tratada no âmbito da implementação de estratégias de desenvolvimento com inclusão social. Como tal, a licitação de concessões públicas ao capital privado parece medida adequada em tempos de escassez de recursos gerenciais para a realização dos investimentos necessários; e (ii) não se pode confundir estratégias perseguidas na atualidade com as adotadas na década de noventa no Brasil. Enquanto durante os 90 a estratégia de venda de ativos públicos perseguia geração de superávits fiscais e abatimento de dívidas públicas (que aliás nunca foram atingidos), a estratégia atual parece alavancar investimentos e empregos com objetivo de crescimento econômico. 4.2.1. Investimentos em Logística A estratégia brasileira para a implementação de projetos de logística ferroviária e rodoviária prevê a criação de empresa estatal para coordenar a implementação de projetos no país, com ênfase na integração entre modais, articulação com cadeias produtivas e planejamento do sistema nacional de transportes. Expansão da malha ferroviária para permitir a ligação a áreas de produção agrícola e mineral a portos, indústrias e mercado consumidor. Para isso, o governo quer a revisão do modelo regulatório, para criar um ambiente mais competitivo no transporte de cargas, incentivar a utilização da capacidade da infraestrutura ferroviária e estimular novos investimentos. Quer ainda garantir carteira de projetos para ampliar e melhorar a utilização da malha, integrando-a aos demais modais de transporte (rodovias e hidrovias). Outra diretriz importante é o investimento em trens de alta velocidade – Rio- São Paulo - Campinas, São Paulo - Curitiba, Campinas - Triângulo Mineiro e Campinas-

Belo

Horizonte.

[Ministério

dos

Transportes

(www.transportes.gov.br, ago-2012)

Para tanto, se pretende investir 91 bilhões de reais na construção de 10.000 km de ferrovias, sendo R$ 56 bilhões nos cinco primeiros anos e o restante em 25 anos. Da mesma maneira se pretende investimentos de cerca de R$ 42 bilhões, sendo 23,5 bilhões de reais nos cinco primeiros anos.

29

Figura 8 – Plano para expansão da malha ferroviária brasileira.

Fonte: Perrupato (2012)

Na Figura 9, mostra-se o montante de investimentos realizados nos últimos anos como percentual do produto interno bruto. Como se pode perceber, há déficit histórico de investimentos no segmento desde meados da década de 80. Figura 9 – investimentos em relação ao PIB em infraestrutura logística no Brasil.

1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99

1

3

5

7

10

Fonte: Perrupato (2012)

Para o desenho da malha logística no Brasil, avaliou-se a produção e o escoamento de produtos-chave no transporte de cargas brasileiro. Cada um dos produtos foi estudado em termos de produção, demanda e fluxos internos e de

30

exportação, definindo-se localização, traçado e modal. Foram então definidos vetores logísticos [Perrupato (2012)] para orientar a política de transportes alinhada com o desenvolvimento (crescimento com distribuição de riquezas) brasileiro. O Governo tem reconhecido mérito em projetos que promovam integração sulamericana, cujo objetivo parece ser o de abrir rotas para exportação de produtos brasileiros

pelo

oceano

pacífico.

Na

Figura

10

mostram-se

projetos

contemplados no PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes. Figura 10 – Investimentos em integração sul-americana.

Fonte: Perrupato (2012)

4.2.2. Energia Conforme se pode perceber em exame da Tabela 3, o complexo petrolífero brasileiro irá demandar investimentos na ordem de 60% dos investimentos a serem realizados em energia no país até 2014. Portanto, do bom desempenho da Petrobrás no que se refere a encomendas nacionais depende crucialmente a industrialização brasileira.

31

Tabela 3 – Gastos previstos em infraestrutura energética no Brasil nos próximos anos. EIXOS GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PETRÓLEO E GÁS NATURAL MARINHA MERCANTE COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PESQUISA MINERAL TOTAL

2011-2014 113,7 26,6 281,9 36,7 1,0 1,1 0,6 461,6

PÓS-2014 22,9 10,8 593,2 626,9

TOTAL 136,6 37,4 875,1 36,7 1,0 1,1 0,6 1.088,5

Fonte: Casa Civil (2012)

Em seguida, com cerca de 30% do total a se investir em energia nos próximos anos no país, consta energia elétrica, cujo andamento tem sido prejudicado por questionamentos aos processos de licenciamento ambiental, majoritariamente. Considerando-se que as obras para implantação dos sistemas elétricos demandam bens e serviços qualificados no país, pode-se considerá-las como indutoras de crescimento econômico. Se considerados os investimentos para atendimento de condicionantes socioambientais, que incluem compensações para os principais municípios no entorno das obras, pode-se perceber o alcance do processo civilizatório em curso. As usinas da Amazônia parecem permitir recuperação dos principais municípios da região, cuja degradação por anos de abandono e ilegalidades legaram enorme passivo socioambeintal para a sociedade brasileira.

4.3. Investimentos públicos através de entes federativos O fortalecimento do Estado Nacional brasileiro pressupõe descentralização com integração entre esferas federativas, conforme apontado nos termos da Constituição de 1988. No entanto, durante a década de noventa, motivado por objetivos financeiros de superávit fiscal, o Governo Federal reduziu ao mínimo gastos e transferências a Estados e Municípios. Com isso, atribuições públicas como educação, saúde, transporte, saneamento básico, coleta e destinação de

32

resíduos sólidos, etc, passaram a experimentar queda na qualidade do serviços prestados ou foram objeto de licitação ao capital privado. A menos dos principais Estados e Municípios da Federação, enorme porção do território brasileiro encontra-se desprovida de serviços básicos adequados. Com isso, amplia-se a distância econômica e política entre centros e periferias no país. Nas próximas subseções se procurará mostrar que a estratégia para retomada de investimentos industriais no país deve atender requisitos logísticos e energéticos para o grande capital industrial-exportador, mas também ajudar os entes regionais e locais a implementarem planos integrados a partir de soluções definidas para cada território. Defende-se que, adicionalmente, investimentos diretos através de entes públicos podem fortalecer a organização social e ajudar a criar efetiva descentralização no estabelecimento de prioridades e de soluções no país. A crítica ao encaminhamento proposto pelo Governo Federal recorre ao passado dos anos 60 e 70, período onde se contraiu boa parte da dívida pública externa. Assim, Estados e Municípios experimentaram excessos fiscais a ponto de se criar ambiente de inadimplência para títulos de emissão local após elevação nas taxas de juros no início dos anos oitenta. No entanto, cumpre-se reconhecer que melhor seria para a sociedade fiscalizar gastos públicos percebidos como necessários ao invés de restringi-los indefinidamente. Principalmente em conjuntura de crise internacional, onde gastos públicos podem ser não apenas desejáveis como cruciais. Nestes termos, a recuperação maciça da qualidade de vida dos mais pobres pode se dar através de investimentos em educação básica, saúde, saneamento, etc, apoiados nas reais necessidades e soluções para cada situação-problema em cada território. Pode-se considerar que investimentos assim realizados são favoráveis à construção de sociedade de conhecimento, condição inseparável de um país que se almeja industrializado e soberano. Isso sem nenhum prejuízo dos instrumentos de monitoramento e fiscalização do emprego dos recursos públicos. Novamente, a comparação com a década de setenta não parece adequada, considerando-se que a democracia brasileira

33

parece dotada de instituições e com transparência suficiente para que se produzam planejamento e uso de recursos com racionalidade e espírito público. É esperado que investimentos em infraestrutura logística e energética, aliados a investimentos através dos Estados, produzam demanda efetiva no curto prazo através do somatório de gastos em obras civis e mão-de-obra, bem como em compras de equipamentos e insumos para construção. Considerando-se que bens demandados possuirão conteúdo nacional relevante, conclui-se por ocupação de capacidade e manutenção de empregos em cadeias produtivas localizadas no país, incluindo-se bens de capital e engenharia de projetos. Neste sentido, a estratégia discutida só produzirá resultados efetivos se administrado limiar para substituição de importações, principalmente na cadeia produtiva de petróleo. Finalmente, dado que os projetos de infraestrutura implicam em contratações na base da sociedade brasileira, a injeção de recursos em segmentos menos favorecidos implicará em demanda adicional para toda a indústria do país. 4.3.1. Durante a crise dos trinta A experiência dos Estados Unidos na condução da crise dos 30 mostra a necessidade de se contar com entes estaduais para encaminhamento e gestão de projetos de investimento em infraestrutura. Em 1927, os gastos governamentais não-militares nos EUA totalizaram cerca de 3% do produto nacional bruto [Wallis (1987)]. Explica-se baixo comprometimento federal pelo fato de que cada Estado, até 1933, era institucionalmente responsável integralmente por programas de alívio social contra desemprego dentro das divisas territoriais. Como tal, a assimetria na qualidade do planejamento e da gestão observada entre as administrações locais era então grande o suficiente para que apenas os Estados mais prósperos dispusessem de estruturas preparadas para acessar e utilizar adequadamente os recursos, na medida em que se tornaram efetivamente necessários. A partir de 1933, contudo, o governo Federal norte-americano passou a comprometer recursos através de órgão especialmente designado para alocação

34

de gastos entre os entes da confederação23. Em 1940, a soma de gastos nãomilitares alcançou 8,5% do PIB norte-americano, mostrando-se elevação de quase 300% em menos de uma década. Visto mais de perto, três quartos do crescimento observado em gastos federais não militares nos EUA corresponderam, durante ao período da “grande depressão”, a programas administrados sob “acordos cooperativos” com os entes estaduais. Dadas as assimetrias entre Estados “ricos” e “pobres” nos EUA, era então realizada previsão orçamentária que compatibilizasse efeito redistributivo com escala de necessidades locais. These grant programs grew from $250 million in 1932 to $3,922 million in 1940. The distribution of these funds was by no means equal across the regions of the country. States with high un-employment and low incomes did not, in general, receive larger national grants. [Wallis (1987)]

O mecanismo encontrado foi a concessão de garantias aos Estados pelo Tesouro. Com isso, o New Deal norte-americano enfrentou o desafio de adaptar rígidos princípios normativos para concessão e acompanhamento de créditos federais ao despreparo das burocracias públicas em territórios relativamente menos prósperos nos EUA. It is our sense that the New Deal irrevocably altered the evolution of American federalism and did this largely through the widespread introduction of a fiscal instrument that had seen only modest use earlier: intergovernmental grants. The introduction of major grant programs in a form that involved close cooperation between federal and state authorities marked the end of a period in which different levels of government functioned with a high degree of independence. To make use of the terminology of the political scientists, we moved from a system of “coordinate” (or “dual”) federalism, in which the various levels of government function in relatively independent spheres, to one of “cooperative” federalism, in which there is much more sharing of fiscal functions and greater interplay among levels of government in the management and funding of public programs. [Wallis e OatesBordo, In: Goldin and White (1998)]

O resultado alcançado foi indução de maior integração entre os entes federais, estaduais e municipais, fortalecendo-se a atuação sistêmica, política e 23

The Federal Emergency Relief Administra-tion (FERA).

35

econômica do Estado norte-americano, diante de ameaça comum às várias elites locais. À ocasião as críticas agrupavam-se majoritariamente sobre o argumento de utilização política, pelos governadores estaduais, de recursos para alívio contra desemprego nos EUA. A plausible interpretation of the process as a whole is that a "balancing" mechanism operated at the most centralized level. If some area were receiving a great deal of highway construction or soil conservation funds - more than is politically called for - an effort might be made some-where in the budget to shift funds away from that state. Such a mechanism may also have allowed the executive branch to

offset apparent

"concessions" to congressmen, by

appropriately adjusting other budget items. [Wright (1974)].

Dessa maneira, contra efeitos políticos negativos, os técnicos do governo federal norte-americano desenvolveram procedimentos de acompanhamento e análise compatíveis com a continuidade dos programas. Aparentemente não houve influência sobre votos em decorrência dos programas de alívio social [Wright (1974)]. 4.3.2. Investimentos públicos nos Estados brasileiros até 2014 Desde o ano de 2000, o Governo Federal tem produzido encontros anuais com os Governadores para celebrar acordo entre a União e Estados pelo cumprimento de metas acordadas no âmbito do Programa de Ajuste Fiscal. Este programa resultou da Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual proporcionou aos Estados reescalonamento de dívidas junto ao governo federal durante a década de noventa. Com a redução das taxas de juros básicos da economia abrem-se espaços nas contas públicas estaduais para aumentos nos limites de endividamento. Desde 2009 foram liberados cerca de 120 bilhões de reais para serem utilizados em obras de infraestrutura, saneamento, transporte urbano, ações ambientais e mobilidade urbana. Em 2011, o investimento dos Estados foi de R$ 36,6 bilhões. Na Tabela 4 encontra-se apresentada lista de Estados e respectivos aumentos no limite para endividamento em 2012. No momento em que o presente

36

documento estava sendo concluído ainda encontravam-se sob avaliação as revisões dos programas do Distrito Federal e do Estado do Paraná. Tabela 4 –Margem de endividamento de Estados resultantes do PAF 2012 Estado

Valor (em R$ milhões)

Acre Alagoas Amazonas Bahia Ceará Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso do Sul Mato Grosso Minas Gerais Pará Paraíba Pernambuco Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina Sergipe São Paulo Total

1.195 710 1.409 5.662 1.726 4.621 2.170 1.637 959 1.201 6.126 986 929 3.306 7.055 731 311 498 3.679 1.435 11.959 58.305

Fonte: Ministério da Fazenda

A crítica que tem sido feita ao Governo Federal aponta a medida como temporária, dado que levará a uma redução do superávit primário dos Estados no futuro, pela via de pagamento de juros e amortizações crescentes. Ou seja, apenas em cenário de taxas de juros declinantes seria possível sustentar-se expansão de investimentos através de ampliação de limites para financiamentos. De outra forma, caso necessários aumentos nas taxas básicas de juros, os Estados poderiam ser induzidos a situações renovadas de inadimplência. Nesse cenário, a queda de arrecadação decorrente de ambiente com baixa atividade econômica contribuiria para iliquidez futura. Nestes termos, a responsabilidade de cada Estado nos próximos dois anos será grande no que se refere à eficácia na aplicação dos recursos a investimentos

37

estruturantes24. Dessa eficácia dependem taxas de crescimento econômico formal no longo prazo. Lembrando-se que, no curto-prazo, apenas a canalização dos montantes públicos em gastos realizados nos respectivos territórios já proporcionará efeito positivo sobre crescimento econômico e arrecadação. Assumindo-se que a democracia brasileira encontra-se dotada de instrumentos de

monitoramento

e

controle

sobre

gastos

públicos,

principalmente

investimentos, a eficácia do emprego dos recursos dependerá das prioridades a serem estabelecidas pelos governos de Estado, da relação administrativoinsatitucional entre esses e municípios, e da adequação das prioridades às realidades locais. Quanto maior o esforço de planejamento, quanto maior a integração entre Estados e Municípios, quanto maior o envolvimento da sociedade organizada, maiores as chances de adequação entre investimentos e realidades locais. Os investimentos necessários em obras de infraestrutura: saneamento, transporte urbano, ações ambientais e mobilidade urbana, devem obedecer a planejamento público integrado. Este planejamento deve ser orientado por territórios, ou seja, deve procurar compreender os desafios e possibilidades de cada município ou subregião através de usas especificidades e atores relevantes. Considerando-se que os Estados mais prósperos da União contam com instituições dedicadas a cada uma das dimensões de investimento citadas, nos casos em que estas são de controle público, o aporte de recursos e posterior execução de usos se torna mais imediata e eficaz. No caso dos Estados menos prósperos, contudo, não se conta usualmente com estrutura administrativoinstitucional para promover os investimentos necessários. Dessa maneira, é razoável supor que os Estados venham a utilizar parte dos recursos para fortalecimento de instituições e aprimoramento da gestão pública.

24

A partir de definição obtida em Goiás (2012): “entende-se por programa estruturante aquele com

iniciativa governamental com capacidade de alavancar outras iniciativas privadas ou públicas, possuindo efeito multiplicador, com forte impacto econômico ou social”.

38

A baixa capacidade de investimento dos Estados, segundo críticos, será equacionada apenas com venda de ativos. Considerando-se que os Estados menos prósperos não possuem ativos para serem vendidos, nem tampouco mercados

cativos

expressivos,

não

se

concebe

alternativa

senão

o

financiamento público. A busca de oportunidades não atendidas pelo “mercado” parece ser o uso mais adequado dos recursos públicos. Nestes termos, os piores indicadores para coleta e destinação de resíduos sólidos, acesso a rede de esgotamento sanitário, entre outros, podem ser encontrados em áreas rurais e regiões norte e nordeste. 4.3.2.1. Resíduos sólidos residenciais Da eficaz coleta e destinação do descarte de consumo depende a saúde pública, o turismo e o bem estar. Nos centros urbanos das regiões centro-oeste, sudeste e

sul,

conforme

esperado,

encontram-se

as

melhores

instalações

e

equipamentos para coleta de lixo do país. Lamentavelmente, as cidades litorâneas do nordeste carecem de infraestrutura adequada para coleta, o que tem prejudicado emprego e renda em comércio e turismo na região. Nas áreas rurais, no Sudeste e no Sul, mais uniformemente ocupadas, se dispõe de cerca de 50% de acesso a coleta de lixo regular. Centro Oeste, Nordeste e Norte ainda não atingiram 30%. Dado que no Norte os rios provêem escoadouro natural, trata-se coleta e disposição de lixo como questão ambiental, da qual dependem receitas futuras, tanto de turismo quanto de comércio de pescados. Do total de lixo coletado no país, quase 70% já tinham destinação final adequada em 2008, o que significa que o esforço a ser despendido é menor que foi no passado, mas necessário para que se diminuam as diferenças sociais em e entre porções do território brasileiro. 4.3.2.2. Resíduos sólidos residenciais Enquanto o percentual de domicílios urbanos atendidos por rede coletora de esgotos tem aumentado continuamente, o percentual dos atendidos por fossa séptica tem se mantido estável, com tendência de queda a partir de 2008. 39

Contribui para o progresso o ordenamento urbano promovido pelo programa Minha Casa Minha Vida I e II, cuja continuidade contribuirá para melhoria das condições de moradia dos menos favorecidos nos próximos anos. São Paulo (91,1%), Distrito Federal (89,4%) e Minas Gerais (89,1%) lideram em cobertura os municípios com rede coletora de esgoto em 2009. Nas regiões rurais encontra-se pequeno acesso à rede de esgotos. Considerando-se a baixa densidade populacional, o acesso à rede passou de 7,3% em 2002 para 19,5% dos domicílios brasileiros em 2009. Isso significa que as cidades pequenas e médias experimentaram melhoria significativa na qualidade de vida nos últimos anos. Em 2009, áreas rurais em São Paulo tinham 44,3% de acesso, Distrito Federal, 22,6% e Rio de Janeiro, 17,9%. Estados do Norte e do Nordeste, pelas mesmas razões apontadas quanto ao lixo, são esperados de empregar recursos para melhoria das condições sanitárias em respectivos territórios. Considerando-se elevada proporção do esgoto tratado em relação ao que é coletado nas regiões Centro Oeste (88,9%), Nordeste (86,4%) e Sul (78,8%), pode-se supor que coleta e tratamento são integrados. Norte e Sudeste tiveram as piores porcentagens de cobertura, sendo na última devido aos grandes bolsões de pobreza encontrados na periferia das cidades grandes. Em síntese, o investimento a ser realizado pelos Estados parece oferecer oportunidade para fortalecimento das instituições públicas, integração entre esferas administrativas do Estado, aproximação com a sociedade organizada, diminuição da pobreza e preparação do Brasil para se tornar uma sociedade do conhecimento no futuro. O planejamento público e participativo sobre territórios, o endereçamento dos recursos para a melhoria das condições de vida da sociedade

difusa,

disponibilização

de

constituem-se recursos

em

públicos

estratégias federais.

que

acompanham

Aqueles

Estados

a

que

aproveitarem melhor esta oportunidade construirão caminho sólido para as futuras gerações. A conjugação de investimentos públicos em infraestrutura voltados para necessidade competitiva do grande capital industrial (logística e energética) e para

atendimento

de

necessidades

das

camadas

menos

favorecidas

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(saneamento, educação, saúde, resíduos sólidos etc) parece adequada ao enfrentamento dos desafios dados pela crise internacional. Na medida em que a situação externa se agrave, e as conseqüências de quebra do regime de câmbio fixo na Europa (Euro) se tornem mais evidentes, será necessária gestão cambial compatível com processo de substituição de importações como defesa da sociedade brasileira.

5. Conclusões No presente trabalho procurou-se questionar até que ponto o curso da história implica em novas estratégias para crescimento econômico com inclusão social no Brasil nos próximos poucos anos. Justifica-se relevância da pergunta diante de perspectiva de agravamento de crise sistêmica internacional e de evidências de desaceleração da economia brasileira na conjuntura de meados de 2012. A resposta brasileira parece apostar em gastos públicos e privados em infraestrutura nos próximos anos como elemento dinamizador de investimentos industriais.

Neste

contexto,

espera-se

que

o

setor

privado

empreste

contrapartidas patrimoniais e competência em gestão para implantação da infraestrutura logística e energética. Mesmo em cenários pessimistas, as perspectivas de acumulação pelo grande capital industrial (importador) ou agropecuário (exportador) nos próximos anos, dependendo-se das condições para concessão, garantirão retorno lucrativo para recursos empregados. No entanto, considerando-se que ao grande capital industrial, intensivo em empregos de boa qualidade, interessa o desenvolvimento do país, gastos com elevação da qualidade geral de vida podem ser lucrativos no futuro. A lucratividade do grande capital industrial brasileiro parece função do grau de autonomia financeira, comercial e tecnológica das corporações brasileiras: subsidiárias ou genuinamente nacionais. Conforme se procurou mostrar, o sistema-mundo ordenado a partir de interesses dominantemente ocidentais, vigente nos últimos cerca de 500 anos, tende a mudança acelerada nos próximos anos. A velocidade de mudança esperada dependerá do resultado das eleições norte-americanas, do tempo e da 41

seqüência de saída dos países europeus do regime de cambio fixo e do ritmo de desaceleração da China. À luz dos argumentos apresentados, a evolução esperada para a crise internacional nos próximos anos deve ser marcada: (i) por intensificação da crise econômica (desemprego) e política (radicalismo) na Europa com fim de sistema de câmbio fixo. Esperam-se manifestações nacionalistas, com transição para políticas fiscais expansionistas. Admite-se possibilidade de retorno dos países ocidentais a regimes de desvalorização cambial administrada segundo fluxos externos de capitais e inflação. Conforme se procurou mostrar, os gastos públicos, realizados diretamente através de Estados e Municípios, podem ser vetores de crescimento fundamentais no longo–prazo, considerando-se que no curto-prazo encontra-se garantido efeito positivo sobre a atividade econômica. A ação coordenada pode levar a salto no acesso da população a serviços de boa qualidade em saúde, educação, saneamento e transporte público de massas, entre outros. Este salto inclui elementos modernizadores para a gestão pública, apostando-se no fortalecimento da integração entre Ministérios, Secretarias de Estados e Municípios e sociedade civil organizada em torno dos desafios apresentados em cada território. Conclui-se que o investimento realizado diretamente através dos Estados deve aliar-se ao incremento de recursos públicos para investimentos em logística e energia, essenciais para a consolidação do capitalismo brasileiro. Na medida em que se torne mais clara a turbulenta desmontagem do sistema de cambio fixo europeu em futuro próximo, mais necessário será ao Brasil planejar adequadamente estratégias para implementação da desvalorização do câmbio contra moedas internacionais. Esta desvalorização, conforme antecipado, deve ser orientada para limiar de fuga de capitais através de variações nas taxas de juros básicas entre outras regulamentações. Parâmetro importante na administração do câmbio, a taxa de juros não deve responder diretamente à inflação, sob pena de incorrer em equívoco custoso para o país. Espera-se que os investimentos em infraestrutura logística e energética, aliados a investimentos através dos Estados, produzam demanda efetiva no curto prazo

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através do somatório de gastos em obras civis e mão-de-obra, bem como compras de equipamentos e insumos para construção. Considerando-se que bens demandados possuirão conteúdo nacional relevante, conclui-se por ocupação de capacidade e manutenção de empregos em cadeias produtivas localizadas no país, incluindo-se bens de capital e engenharia de projetos. Neste sentido, a estratpegia discutida só produzirá resultados efetivos se administrado limiar para substituição de importações, principalmente na cadeia produtiva de petróleo. Finalmente, dado que os projetos de infraestrutura implicam em contratações na base da sociedade brasileira, a injeção de recursos em segmentos menos favorecidos implicará em demanda para toda a indústria do país. Bibliografia 1. ABREU, M. P. L.; PINTO, M. A. C.; O papel do Brasil no desenvolvimento econômico de Angola entre 2002 e 2011: análise da carteira de projetos de construção civil pesada apoiada com recursos do BNDES. Rio de Janeiro, Mimeo, jul-2012. 2. ACCIOLY, L., China, uma Inserção Externa Diferenciada, Economia Política Internacional: Análise Estratégica, n. 7, out/dez 2005. 3. ARRIGUI, G.; Rough Road to Empire, Conferência intitulada “The triad as rivals ? US, Europe and Japan”, Georgetown University, Washington D. C., Apr 25-26 de 2003.

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