DESASTRE NATURAL. MEMÓRIA E TRAUMA. REVIS(ITAÇ)ÃO ARTÍSTICA

June 2, 2017 | Autor: Ana Salgueiro | Categoria: Disaster Studies, Culture Studies, Memory Studies, Madeira, Estudos Regionais e Locais
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DESASTRE NATURAL. MEMÓRIA E TRAUMA. REVIS(ITAÇ)ÃO ARTÍSTICA Ana Salgueiro UCP- CECC UMa-CIERL

RESUMO: SEN-TIDO, título que Pedro Afonso atribui a um conjunto de dois vídeos realizados em 2016 e em que o autor revisita, agora através do processo criativo, a (sua) experiência do desastre de 20 de Fevereiro de 2010, coloca-nos perante questões centrais quando equacionamos a problemática dos desastres (ditos) ‘naturais’. Isto, desde logo, pelo jogo gráfico que o título encerra. Encenando a rutura da palavra sentido, pela introdução do hífen que, assim, a desbembra, sublinhando não apenas a desestruturação de SEN-TIDO, mas também a perda (SEN) do que antes se assumia como algo

TIDO

e que, nessa exata medida, conferia sentido(s)

para a vida e para a morte (ambas evocadas pelo vermelho-sangue da imagem), o título da exposição evidencia de forma subliminar quer o carácter traumático do momento crítico do desastre, quer a dinâmica paradoxal que o trauma decorrente dessa experiência-limite encerra. Se o hífen desbembra, ele sinaliza também a inviabilidade de superar o regresso obsidiante, através da memória, ao momento traumático e à experiência da catástrofe. Assim, partindo do visionamento dos dois vídeos de Pedro Afonso (SEN-TIDO e VI-VIDO), propomo-nos reflectir sobre o que é um desastre ‘natural’. Poder-se-á entender um desastre como o 20 de Fevereiro na Madeira como um fenómeno meramente biogeográfico? Poder-seá aceitar como válida a narrativa do 20 de Fevereiro que reduz o desastre aos eventos extremos de caráter físico experienciados na data que lhe dá nome e nos dias imediatamente posteriores e anteriores? Constituirá o 20 de Fevereiro um fenómeno encerrado na história de sujeitos e das comunidades insulares? Que papeis podem ser assumidos pela memória e pela criação/expressão artística, na gestão do trauma e na construção quer de vulnerabilidades, quer de dinâmicas de resiliência?

[Comunicação apresentada aquando da inauguração de exposição SEN-TIDO de Pedro Afonso, na Pipinoir (Funchal), em resposta a convite endereçado pelos docentes da disciplina de Projeto em Arte e Multimédia do Curso de Arte e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, Prof. Doutor Duarte Encarnação e Prof. Doutor Vítor Magalhães.]

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