Desconstruindo o que nunca foi construído: pontas bifaciais ‘Umbu’ do Sul e Sudeste do Brasil

June 19, 2017 | Autor: Astolfo Araujo | Categoria: Geometric Morphometrics, Projectile Points, Projectile Point Typology, Achaeology
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Desconstruindo o que nunca foi construído: pontas bifaciais ‘Umbu’ do Sul e Sudeste do Brasil ARTICLE · OCTOBER 2015

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2 AUTHORS: Mercedes Okumura

Astolfo G M Araujo

Federal University of Rio de Janeiro

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Desconstruindo o que Nunca foi Construído: Pontas Bifaciais ‘Umbu’ do Sul e Sudeste do Brasil Mercedes Okumura* Astolfo Araújo**

OKUMURA, M.; ARAÚJO, A. Desconstruindo o que Nunca foi Construído: Pontas Bifaciais ‘Umbu’ do Sul e Sudeste do Brasil. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 20: 77-82, 2015.

Resumo: Pontas bifaciais têm sido usadas como fósseis-guia da Tradição Umbu, presente em parte do sudeste e em todo o sul do Brasil desde 10.000 anos AP. A grande amplitude temporal, o vasto território e a ausência de estudos sistemáticos das pontas em nível regional são os principais fatores que sugerem a existência de uma diversidade até então não reconhecida pelos arqueólogos. Este artigo testa a hipótese de que há diferenças morfológicas importantes nessas pontas. Análises estatísticas multivariadas foram aplicadas a quatro medidas tomadas em 654 pontas de oito regiões. Os resultados mostram fortes afinidades entre os grupos do Rio Grande do Sul e diferenças importantes entre as pontas de São Paulo e do sul do Brasil.

Palavras-chave: Líticos – Métodos quantitativos – Tradição Umbu

Introdução

A

rtefatos líticos lascados em formato de ponta são bastante comuns nas Américas, sendo denominados genericamente “pontas de flecha” ou “pontas de projétil”. Embora sua função perfurante seja óbvia, podem ser vários os meios pelos quais a perfuração é produzida, daí os sistemas de lança, propulsor de dardos ou arco. Neste artigo, devido à falta de informações suficientes sobre esse assunto, designaremos tais artefatos como “pontas bifaciais” (Cf. Okumura, submetido). (*) PPGArq, D.A., Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, [email protected] (**) Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo. [email protected]

Uma característica importante das pontas bifaciais reside no fato de as mesmas se constituírem em artefatos formais, ou seja, instrumentos cuja manufatura visa à obtenção de uma forma específica. Arqueólogos têm analisado pontas bifaciais a partir de abordagens tecnológicas, experimentais, morfológicas e funcionais. A enorme diversidade de tamanhos e formas das pontas bifaciais no registro arqueológico permite testar diversas hipóteses sobre a presença ou a ausência de mudanças na morfologia desses materiais, sendo que tais mudanças podem estar ligadas a tempo, função, tecnologia, fatores demográficos ou culturais (Bettinger & Eerkens 1997). Desse modo, devido à sua grande importância social, econômica, política e simbólica, pontas bifaciais seriam veículos

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muito apropriados para carregar informações sobre grupos e fronteiras (Wiessner 1983). No Brasil, sítios que apresentam pontas bifaciais são comumente associados à Tradição Umbu. Sua criação remonta aos estudos desenvolvidos pelo Pronapa, cujos pesquisadores tentaram entender a diversidade do registro arqueológico através de tipologias e da criação de tradições e fases arqueológicas. Miller (1967, 1974), enquanto trabalhava na região do Vale dos Sinos e do Maquiné, no Rio Grande do Sul, criou três fases pré-cerâmicas cujos sítios apresentavam pontas bifaciais: Camuri, Umbu e Itapuí. Enquanto a Fase Camuri era caracterizada por sítios a céu aberto, as fases Umbu e Itapuí foram associadas a abrigos rochosos. A Fase Umbu seria a mais antiga (6.000 a 4.000 anos AP) que a Itapuí e predominariam pontas bifaciais pedunculadas e com corpo triangular, assim como pontas lanceoladas. A Fase Itapuí seria mais recente que a Umbu (4.000 a 1.000 anos AP), caracterizada por pontas com pedúnculo bifurcado e corpo, algumas vezes apresentando bordas serrilhadas. Com base nesses estudos, a Tradição Umbu foi criada (Dias 2007). Inicialmente, essa tradição encontrava-se distribuída no sul do país, desde o fim do Pleistoceno até o período histórico (Schmitz et al. 1980; Schmitz 1999; Noelli 1999/2000). Nos anos seguintes, alguns pesquisadores criaram novas tradições relacionadas a novas descobertas de sítios com pontas bifaciais no país. No Paraná, Chmyz (1981) criou a Tradição Bituruna, caracterizada pela presença de pontas foliáceas pedunculadas e de tamanho grande. Em São Paulo, na região de Rio Claro, Miller Jr. (1972) definiu a Tradição Rio Claro, que incluía, em algumas fases, sítios com pontas bifaciais. No entanto, com o passar dos anos, essa tentativa de nomear a diversidade morfológica das pontas bifaciais acabou dando lugar a uma hegemonia do uso do termo “Tradição Umbu”. Assim, sítios arqueológicos contendo pontas bifaciais foram descritos como pertencendo à Tradição Umbu, independentemente da região ou da morfologia das pontas. Na região sudeste, nos estados de São Paulo (Prous 1991:154; Juliani 2012) e Minas Gerais (Koole 2007:40),

sítios onde foram observadas pontas bifaciais foram associados à Tradição Umbu. Até mesmo os sítios descritos por Miller Jr. (1972) como sendo distintos da Tradição Umbu tiveram o mesmo destino (Prous 1991:154). Há dois grandes problemas relativos ao uso do termo Tradição Umbu, que seriam a extensa distribuição geográfica dos sítios e o enorme período abarcado por estes. Ou seja, a manutenção dessa tradição implicaria em grupos humanos espalhados por áreas muito grandes durante um enorme período. Outro fator complicador seria a escassez de indicadores cronológicos identificados nessa Tradição (Schmitz 1987). Embora não pensemos que o termo “tradição Umbu” precise ser totalmente banido, propomos um estudo cuidadoso da morfologia dessas pontas bifaciais a fim de verificar a presença de importantes variações morfológicas, seja em termos cronológicos ou espaciais. Além das coleções particulares de Afonso Paseto, Cinira Mülk, Dinan Rogério, João Boer e Silézia Pinto, foram visitadas as seguintes instituições cujas coleções continham pontas bifaciais de interesse: • Museu Histórico e Pedagógico “Amador Bueno da Veiga”, Rio Claro, SP • Museu da PUC de Campinas, Campinas, SP • Museu de Arqueologia e Etnologia (USP), São Paulo, SP • Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, Joinville, SC • Museu Universitário “Professor Oswaldo Rodrigues Cabral” (UFSC), Florianópolis, SC • Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), SC • Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS • Instituto Anchietano de Pesquisa (Unisinos), São Leopoldo, RS • CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, RS • Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (Marsul), Taquara, RS

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A fim de caracterizar a morfologia das pontas bifaciais, foram tomadas as seguintes medidas lineares com paquímetro: comprimento máximo medial, comprimento medial do corpo, comprimento medial do pedúnculo, largura aleta-aleta, largura pescoço, espessura metade corpo, espessura pescoço, espessura metade pedúnculo, espessura máxima medial (qualquer ponto) e comprimento do ápice até o local de espessura máxima medial. Devido ao fato das medidas apresentarem alguma correlação entre si e também para maximizar o número de exemplares que pudessem ser incluídos nas análises, foram escolhidas variáveis cuja correlação em relação a outras fosse pequena e que representassem algumas das dimensões de interesse. Assim, as análises foram realizadas a partir de quatro medidas lineares fracamente correlacionadas: comprimento do corpo, comprimento do pedúnculo, largura do pescoço e espessura do pescoço.

A Tabela 1 apresenta a amostra incluída nas análises e a Figura 1 apresenta a proveniência de cada grupo. TABELA 1 Amostra incluída nas análises Estado (região)

N

São Paulo (Rio Claro)

70

Paraná (Reserva)

129

Santa Catarina (Taió)

66

RSS (Vale dos Sinos)

53

RST (Vale do Taquari)

106

RSC (Vale do Caí)

135

RSL (Litoral Norte)

76

RS (Miscelânea)

19

Total

654

Fig. 1. Locais de proveniência dos materiais analisados.

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Resultados A Figura 2 apresenta a Análise de Componentes Principais. A partir da análise do primeiro componente, que explica 85% da variação observada, pode-se verificar que as pontas oriundas de São Paulo (SP) são maiores que as demais, sendo que as pontas do Rio Grande do Sul (RST, RSS e RSC: grupos de Taquari, Sinos e Caí) são as menores da amostra. Já o segundo componente, que explica 13% da variação observada, verifica-se que as pontas na parte

superior do eixo (especialmente SP, RS e RST) apresentam pedúnculos maiores em relação ao corpo da ponta. O inverso se observa nos grupos localizados na parte inferior do eixo (SC, RSL e PR). Os resultados da Análise de Agrupamento (Figura 3) mostram que os materiais de São Paulo são morfologicamente distintos dos demais da amostra. Também é possível verificar uma semelhança morfológica entre as pontas de Paraná e de Santa Catarina, além de uma proximidade já observada na Análise de Componen-

Fig. 2. Análise de Componentes Principais

Fig. 3. Análise de Agrupamento (ligação simples, distância euclidiana)

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tes Principais entre os grupos do Rio Grande do Sul: Vale dos Sinos, Caí e Taquari. Verifica-se que os grupos do sul são mais semelhantes entre si em relação ao grupo de São Paulo. Conclusões Há diferenças importantes entre as pontas de São Paulo em relação aos grupos do sul do Brasil em termos de sua morfologia. Miller Jr. (1972) considerou as pontas bifaciais da região de Rio Claro (Estado de São Paulo) como sendo diferentes daquelas associadas à Tradição Umbu. Nossos resultados preliminares apoiam essa ideia. Em termos geográficos, parece haver uma semelhança morfológica entre as séries de Reserva (PR) e de Taió (SC). Outro resultado importante é a semelhança entre os grupos dos Vales do Taquari, do Caí e do Sinos. Estes três grupos encontram-se geograficamente próximos, o que permitiria que tais grupos pudessem manter um nível importante de contato entre si. Esse contato, por sua vez, permitiria a manufatura de pontas de morfologia semelhante. Tais resultados se coadunam com o que seria esperado segundo a Teoria de Transmissão

Cultural (p. ex.: O’Brien et al. 2008; Eerkens & Lipo 2007). Futuras análises pretendem explorar em maior detalhe questões regionais sobre a morfologia das pontas, assim como aspectos relacionados à cronologia desses grupos associados às pontas bifaciais do sudeste e sul do Brasil. Agradecimentos Agradecemos à Comissão organizadora da 3ª. Semana Internacional de Arqueologia “André Penin” MAE-USP pelo convite e também a todas as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento deste projeto (em ordem alfabética): Adriana Dias, Adriana Pereira dos Santos, Afonso Paseto, Cinira Mülk, Daiza Lacerda, Dária Barreto, Dinan Rogério, Dione Bandeira, Jefferson Dias, João Boer, João Messeti, José Donizeti de Souza, Juliano Bitencourt Campos, Maria Antonieta Cassab, Maryzilda Campos, Marisa Afonso, Natália Zanella, Paulo Jacob, Pedro Ignácio Schmitz, Ricardo Coelho, Sérgio Klamt, Silézia Pinto, Teresa Fossari e Waldomiro Malaguti. Apoio financeiro CNPq (159776/2010-4) e FAPESP (09/54720-9, 2010/06453-9).

OKUMURA, M.; ARAÚJO, A. Undoing what was never done: ‘Umbu’ bifacial points from Southern and Southeastern Brazil. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 20: 77-82, 2015.

Abstract: Bifacial points have been used as guide fossils of Tradition Umbu, which has been described in Southeastern and Southern Brazil since 10,000 years BP. The large temporal range, the vast territory, and the absence of systematic studies of these points are the main factors that suggest the existence of a hitherto unrecognized diversity by archaeologists. This article tests the hypothesis that there are important morphological differences in such points. Multivariate statistical analyzes were applied to four linear measurements taken from 654 points from eight regions. The results show a strong affinity between the groups of Rio Grande do Sul and important differences between the points from São Paulo in relation to southern Brazil.

Keywords: Lithics – Quantitative methods – Umbu Tradition

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