DESEMPENHO DE ESTUDANTES EM INSTRUMENTOS DE ATENÇÃO E FUNÇÕES EXECUTIVAS: ANÁLISE DE EFEITO DA IDADE

September 25, 2017 | Autor: Ricardo Lima | Categoria: Psicometria, Funções executivas
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Coelho, Lima, Ims, Fonseca & Ciasca. Desempenho de estudantes em instrumentos de atenção e funções executivas: análise de efeito da idade

DESEMPENHO DE ESTUDANTES EM INSTRUMENTOS DE ATENÇÃO E FUNÇÕES EXECUTIVAS: ANÁLISE DO EFEITO DA IDADE Performance of students in attention and executive functions instruments: analysis of age effect Rendimiento de los alumnos en instrumentos de atención y funciones ejecutivas: análisis del efecto de la edad

Danielle Ghirotti Coelho Ricardo Franco de Lima Renata Eliane Ims Gleize Urias da Silva da Fonseca Sylvia Maria Ciasca Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP  

Endereço para contato Departamento de Neurologia/ FCM/ UNICAMP Caixa Postal 6111. CEP 13083-970, Campinas-SP, Brasil E-mail: [email protected] (RF Lima)  

    Danielle Ghirotti Coelho Psicóloga, especialização em Reabilitação aplicada à Neurologia Infantil (FCM/UNICAMP). Ricardo Franco de Lima Graduação em Psicologia (Universidade São Francisco - Itatiba), aprimoramento profissional em "Psicologia clínica em neurologia infantil" (FCM/UNICAMP) , especialista em Neuropsicologia (Conselho Federal de Psicologia). Mestre e doutorando em Ciências Médicas (Saúde Mental - FCM/UNICAMP). Renata Eliane Ims Psicóloga, especialização em Neuropsicologia aplicada à Neurologia Infantil (FCM/UNICAMP). Gleize Urias da Silva da Fonseca Psicóloga, especialização em Neuropsicologia aplicada à Neurologia Infantil, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP). Sylvia Maria Ciasca Neuropsicóloga. Livre Docente em Neurologia Infantil. Departamento de Neurologia (FCM-UNICAMP). Revista Sul Americana de Psicologia, v2, n2, Jul/Dez, 2014  

 

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Coelho, Lima, Ims, Fonseca & Ciasca. Desempenho de estudantes em instrumentos de atenção e funções executivas: análise de efeito da idade Resumo O objetivo do trabalho foi obter evidências de validade de instrumentos para avaliar atenção e Funções Executivas, verificando os efeitos da sexo e idade sobre o desempenho, assim como a correlação entre seus escores. Participaram 166 crianças sem queixas escolares e rebaixamento intelectual, de ambos os sexos (46% meninos e 54% meninas) e idade entre 7-10 anos (M=8,53; DP=1,16). A amostra foi avaliada individualmente por meio dos testes: Teste de Cancelamento (TC), Teste de Trilhas A/B (TMT - A/B), Teste Cor-Palavra de Stroop (SCWT), Teste de Fluência Verbal (FAS) e Torre de Londres (ToL). Os resultados não evidenciaram diferenças entre sexos. Foram obtidas diferenças na idade, principalmente em idades distantes como 7 e 9 anos e 7 e 10 anos e obteve-se correlações significativas entre diferentes escores dos instrumentos utilizados. Considera-se os instrumentos investigados mostraram evidências de validade relacionadas ao desenvolvimento com efeito da idade, assim como relações entre os seus escores. Palavras chave: Testes psicológicos, Validade do teste, Atenção, Funções executivas. Abstract The aim of study was to obtain evidence of validity of instruments to measure attention and Executive Functions, verifying the effects of genders and age on performance as well as the correlation between their scores. Participated 166 children with no learning difficulties and intellectual problem, of both genders (46% boys and 54% girls) and aged between 7-10 years (M=8,53; DP=1,16). The sample was measured individually through the tests: Cancellation Test (TC), Trail Making Test A/B (TMT-A/B), Stroop Color Word Test (SCWT), Verbal Fluency Test (FAS) and Tower of London (ToL). The results showed no differences between genders. Differences in age were obtained, mainly between distant ages (7-9 years and 7-10 years) and were significant correlations between scores of different instruments. It is considered that instruments showed evidence of validity related to development with the effect of age, as well as relations between their scores. Keywords: Psychological testing, Test validity, Attention, Executive functions. Resumen El objetivo fue obtener evidencia de la validez de los instrumentos para evaluar la atención y funciones ejecutivas, la comprobación de los efectos del genero y la edad sobre el rendimiento, así como la correlación entre sus resultados. Participaron 166 niños sin dificultades de aprendizaje y problema intelectual, de ambos sexos (46 % niños y 54 % niñas) y edades comprendidas entre 7-10 años (M=8,53, DP=1,16). La muestra fue evaluada individualmente por medio de pruebas: Prueba de cancelación (TC), Trail Making Test (TMT - A/B), Stroop Color Word Test (SCWT), Verbal Fluency Test (FAS) y Tower of London (ToL). Los resultados no mostraron diferencias entre los sexos. Las diferencias de edad se obtuvieron principalmente en edades distantes como 7 y 9 años y de 7 a 10 años y obtuvieron correlaciones significativas entre las puntuaciones de los diferentes instrumentos. Se considera los instrumentos investigados mostraron evidencia de validez relacionada con el desarrollo, con el efecto de la edad, así como las relaciones entre sus puntuaciones. Palabras clave: Puebras psicológicas, Validez, Atención, Funciones ejecutivas. Revista Sul Americana de Psicologia, v2, n2, Jul/Dez, 2014  

 

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Introdução A avaliação neuropsicológica trata-se de um procedimento sistemático para investigar o funcionamento cerebral por meio de dados obtidos em diferentes fontes, tais como características do desenvolvimento, observações clínicas e desempenho em instrumentos validados e normatizados (Ustárroz, 2007; Lezak, Howieson, Bigler, & Tranel, 2012). A análise dos parâmetros psicométricos de um determinado instrumento é realizada por estudos que visam obter evidências de validade e fidedignidade. Particularmente, as evidências de validade podem ser baseadas: (i) no conteúdo do teste; (ii) em sua estrutura interna; (iii) no processo de resposta; (iv) na relação com variáveis e critérios externos e; (v) nas consequências da testagem (AERA, APA, & NCME, 1999). No entanto, em nosso contexto são escassos os instrumentos de avaliação dos domínios cognitivos, como a atenção e Funções Executivas (FE) destinados à população infantil e que apresentem propriedades psicométricas adequadas. Do ponto de vista conceitual, a atenção pode ser definida como a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos (Raz & Buhle, 2006). Classificando a atenção quanto ao processamento envolvido, temos quatro subdivisões: seletiva, sustentada, alternada e dividida (Sternberg, 2000; Raz & Buhle, 2006). A atenção seletiva refere-se à emissão de uma resposta após um estímulo específico, neste caso ignoram-se os outros estímulos do ambiente (Gazzaniga, Ivry, & Mangun, 2006). A atenção sustentada é a capacidade de manter o foco em determinados estímulos por um período de tempo, após selecioná-lo como alvo de seu interesse (Sternberg, 2000). A atenção alternada refere-se à capacidade de substituir um estímuloalvo inicial por outro e depende da memória operacional e do controle inibitório

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(Sternberg, 2000; Gil, 2002). A atenção dividida é a capacidade de dividir o foco entre duas ou mais tarefas independentes executando-as simultaneamente (Gil, 2002). Por sua vez, as FE podem ser definidas como conjunto de habilidades cognitivas que auxiliam o indivíduo na realização de tarefas de forma independente, organizada, eficaz e socialmente adaptada. Essas funções capacitam o indivíduo a tomar decisões, avaliar e adequar seus comportamentos e estratégias, visando a resolução de um problema ou atingir uma meta (Gazzaniga et al., 2006). Há diferentes modelos cognitivos para as FE e dentre as habilidades que os compõem, podemos destacar a flexibilidade mental, controle inibitório, planejamento e fluência (Miyake et al., 2000; Zelazo & Müller, 2002). Diferentes instrumentos para avaliar a atenção e FE têm sido citados na literatura. Para a atenção podemos destacar instrumentos que utilizam o paradigma de cancelamento de estímulos alvos, como o Teste de Atenção por Cancelamento (TAC) que avalia a modalidade visual da atenção seletiva, alternada e dividida (Capovilla & Dias, 2008; Hazin et al., 2012) e os Testes de Cancelamento (TC – Figuras Geométricas e Letras em Fileira) que avaliam a atenção sustentada visual (Lima, Travaini, & Ciasca, 2009; Simão, Lima, Natalin, & Ciasca, 2010). Para avaliar os componentes das FE são encontrados instrumentos semelhantes, porém com estímulos ou versões diferentes: (i) Teste das Trilhas (Trail Making Test - TMT) – avalia flexibilidade cognitiva; (ii) Teste Cor-Palavra de Stroop (Stroop Color Word Test - SCWT) – avalia controle inibitório; (iii) Torre de Londres (Tower of London - ToL) – avalia planejamento; (iv) Teste de Fluência Verbal (FAS) – avalia fluência e velocidade de acesso lexical (Capovilla & Dias, 2008; Lima, Salgado-Azoni, & Ciasca, 2013).

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Dentre as evidências de validade descritas para os instrumentos citados, destacamse aquelas obtidas nas relações com critérios externos, tais como o sexo, nível de escolaridade (Capovilla & Dias, 2008; Seabra & Dias, 2010; Hazin et al., 2012; Dias & Seabra, 2014), faixa etária (Lima et al., 2009; Dias & Seabra, 2012; Dias & Seabra, 2014) e as correlações entre os escores (Seabra & Dias, 2010). As justificativas para a obtenção destas fontes de validade são pautadas nas evidências empíricas de que os domínios cognitivos, como a atenção e FE, seguem a trajetória do desenvolvimento infantil (Zelazo, Craik, & Booth, 2004; Rueda et a., 2004; Prencipe et al., 2011). A realização deste tipo de estudo por diferentes grupos de pesquisa no país permite a disponibilização posterior dos instrumentos para uso clínico. Capovilla e Dias (2008) realizaram estudo com 407 estudantes da 1ª a 4ª série do ensino fundamental de uma escola pública e idades entre 6 e 15 anos. Foram utilizados o Teste de Atenção por Cancelamento (TAC) e o Teste de Trilhas (TT - Partes A e B), para avaliar a atenção e as médias das notas escolares (português, matemática, ciências, história e geografia). Os resultados mostraram efeito da escolaridade com aumento sucessivo nos escores do TAC da 2ª a 4ª série. No TT-A foi verificado aumento da 1ª a 3ª série e o TT-B discriminou somente a 4ª série das demais. Além disto, foram encontradas correlações significativas entre os escores do TAC e TT e o desempenho escolar. Em um segundo estudo, Seabra e Dias (2010) investigaram novamente os efeitos da escolaridade sobre o desempenho no TAC e TT-B, porém em estudantes da 5ª a 8ª séries. Foram avaliados 255 estudantes com idades entre 10 e 17 anos de uma escola pública. Foi observado que o escore total do TAC foi o que melhor discriminou a 5ª e 8ª séries, isto é, as séries inicial e final do ensino fundamental. Dentre as partes deste

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instrumento, a parte 3 foi a que mais discriminou a 5ª em relação a 7ª e 8ª séries. O TT B discriminou a 5ª e a 6ª séries da 8ª série. Adicionalmente, as autoras obtiveram correlações negativas e significativas entre os escores do TAC e TT-B, sugerindo haver relação entre a atenção e a flexibilidade mental. Hazin et al. (2012) também investigou o desempenho de 524 crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 16 anos, cursando o ensino fundamental das redes pública e privada no TAC. Foram observadas diferenças entre os escores considerando as variáveis tipo de escola e nível de escolaridade. O mesmo não ocorreu para a variável sexo. Desta maneira, estudantes das escolas particulares obtiveram melhor desempenho no TAC, assim como os escores foram capazes de diferenciar sucessivamente os anos escolares, principalmente nos três primeiros anos do ensino fundamental. Ampliando o escopo de instrumentos para as FE, Dias, Menezes e Seabra (2013) avaliaram grupo de 572 crianças e adolescentes, de ambos os sexos e idades entre 6 e 14 anos. Além do TAC e TT-A/B, as autoras também utilizaram o Teste de Memória de Trabalho Auditiva, Teste de Memória de Trabalho Visual, Teste de Geração Semântica, Teste de Stroop Computadorizado, Torre de Londres e Teste de Fluência Verbal. Houve diferenças de desempenho em relação ao sexo no teste de memória de trabalho visual, com melhor desempenho dos meninos e no teste de fluência verbal, com melhor desempenho das meninas. Quanto à idade foi observada progressão de desempenho em todos os instrumentos, porém sem diferenças entre as faixas etárias maiores. Nas tarefas mais simples, como o TAC houve diferenças de idade, principalmente até 11 ou 12 anos. Em tarefas mais complexas, como na memória operacional o desempenho apresentou aumento mais contínuo até as faixas etárias mais velhas.

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Estudos prévios também têm sido conduzidos com as versões dos instrumentos utilizadas no presente estudo com amostras não clínicas e clínicas. Estes estudos têm investigado algumas fontes de evidências de validade baseadas em critérios (nível escolar, comparação com amostras clínicas) e na relação com outros instrumentos (principalmente de desempenho escolar.) No estudo de Lima et al. (2009) foram avaliadas 36 crianças sem dificuldades de aprendizagem, de ambos os sexos, faixa etária entre 7 e 10 anos, cursando da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. Foram utilizados o TC, TMT-A/B, SCWT e ToL. Os resultados revelaram diferenças significativas entre as séries nos escores de tempo do SCWT, TC-FG, TC-LF e TMT-A/B. O mesmo efeito não foi observado sobre o desempenho na ToL. Além disto, foram observadas correlações entre diferentes escores e os resultados nos subtestes de leitura, escrita e aritmética do Teste de Desempenho Escolar (TDE). Em outro trabalho, Fonseca et al. (no prelo) avaliaram 151 crianças sem queixas de dificuldades de aprendizagem, de ambos os sexos, entre 7 a 11 anos, cursando do 2º ao 5ª ano. Também foram usados os TC, TMT-A/B, SCWT, ToL e foi acrescentado o FAS. Os resultados revelaram efeito do nível escolar no desempenho dos instrumentos, com melhora progressiva. Também foram obtidas correlações dos escores com os subtestes do TDE, mesmo quando controlada a variável idade. Com amostras clínicas, estes instrumentos também tem se revelado sensíveis para diferenciar grupos com desenvolvimento típico e grupos critério que apresentam queixas de dificuldades na atenção (Simão, Lima, Natalin, & Ciasca, 2010) e com Dislexia do Desenvolvimento (Lima et al., 2013). Considerando a relevância e necessidade de termos instrumentos validados e disponíveis para serem utilizados na avaliação de crianças em idade escolar, o presente

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estudo objetivou obter evidências de validade para testes de atenção e FE: (i) baseada na relação com critérios (sexo e idade); (ii) baseada na relação entre seus escores.

Método Participantes Participaram do estudo 166 crianças sem queixas escolares e rebaixamento inteelctual, de ambos os sexos, sendo 76 meninos (46%) e 90 meninas (54%), com faixa etária entre 7 e 10 anos (M=8,53; DP=1,16) e cursando do 2º ao 5º ano do ensino fundamental. Da amostra total (n=166), 43 (26%) cursavam o segundo ano, 41 (25%) o terceiro ano, 40 (24%) o quarto ano e 42 (25%) o quinto ano. Não houve diferenças significativas entre a idade média do sexo masculino (M=8,70; DP=1,06) e feminino (M=8,38; DP=1,15) [t(166)=1,12; p=0,068], conforme indicou os resultado do teste Mann-Whitney. Para a seleção dos participantes foram considerados os critérios de inclusão: ter sido indicado pelos professores por não apresentar dificuldades de aprendizagem e/ou atenção; apresentar o desempenho intelectual dentro do esperado conforme os resultados do Desenho da Figura Humana - DFH-III (Wechsler, 2003), isto é, com percentil da figura total acima de 25; apresentar desempenho escolar compatível com o esperado para sua faixa etária, conforme resultados do Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994). Foram considerados critérios de exclusão: apresentar deficiência auditiva ou visual não corrigida; fazer uso de medicamentos psicoativos; apresentar alguma patologia ou condição neurológica, conforme relato dos pais.

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Instrumentos Desenho da Figura Humana – DFH-III (Wechsler, 2003). Instrumento normatizado para a população brasileira, destinado à crianças de 5 à 12 anos e que avalia o desenvolvimento cognitivo-intelectual baseando-se na análise das diferentes características dos desenhos de uma figura masculina e feminina realizados pela criança. Para cada item a pontuação pode variar de 0 à 1 e o escore bruto total é obtido pela soma de todos os pontos. A partir do escore bruto é obtido o percentil e classificação: deficiente, fronteiriço, abaixo da média, média, acima da média, superior e muito superior. Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994). Instrumento normatizado para a população brasileira destinado à escolares da 1ª à 6ª séries do Ensino Fundamental (correpondente ao 2ª-7º ano, conforme a atual classificação de escolaridade). Os subtestes do TDE avaliam atributos elementares das habilidades escolares de leitura, escrita e aritmética, com itens de nível crescente de dificuldade. Com base na soma dos pontos de acertos é calculado o escore bruto de cada subteste e o escore bruto total. Estes dados são convertidos em classificações (superior, médio e inferior), por meio de tabela que considera o resultado esperado por ano escolar. Teste de Cancelamento – TC (Lima et al., 2009) em duas versões: (i) Figuras Geométricas (TC-FG): constitui uma folha com uma sequência randômica de figuras geométricas simples e a criança deve assinalar todos os círculos encontrados o mais rápido que puder; (ii) Letras em Fileira (TC-LF): constitui uma folha com letras distribuídas de forma randômica e a criança deve assinalar todas as letras “A” o mais rápido que puder. Para a avaliação do desempenho são utilizados os critérios: (i) Tempo

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de execução expresso em segundos; (ii) Erros - soma dos erros cometidos por omissão e adição. Teste das Trilhas (Trail Making Test – TMT-A/B) (Lima et al., 2009). A Parte A é composta por uma folha com círculos numerados de 1 a 25, distribuídos aleatoriamente e a criança deve traçar uma linha conectando a seqüência numérica o mais rápido que puder. O desempenho é avaliado em termos de “Tempo de Reação”, expresso em segundos e Erros. A Parte B é composta por círculos com números e letras. A criança deve traçar uma linha ligando os círculos de maneira alternada, por exemplo: 1-A-2-B3-C, seguindo as ordens numérica e alfabética corretas. O desempenho é avaliado em termos de tempo (em segundos) e erros representados pela soma dos erros de sequência e de alternância. Teste Cor-Palavra de Stroop (Stroop Color Word Test – SCWT) (Lima et al., 2009). São utilizadas quatro cores (vermelho, amarelo, azul e verde) com 24 estímulos em cada uma das três partes: (i) “Cartão Cores” (C): composto por quadrados pintados nas quatro cores dispostas em ordem randômica, no qual a criança deve nomear o mais rápido possível; (ii) “Cartão Palavras” (P): composto por nomes de cores impressos nas cores correspondentes (situação congruente), no qual a criança deve dizer o nome das cores o mais rápido possível; (iii) “Cartão Cor-Palavra” (CP): composto nomes de cores, porém impressos em cores incongruentes, por exemplo, a palavra Verde impressa na cor azul (situação incongruente). Novamente a criança deve dizer a cor e não nomear a palavra o mais rapidamente possível. O desempenho é medido por escores de tempo (em segundos) e de erros para cada um dos cartões Teste de Fluência Verbal - FAS (Lezak et al., 2012; Mello, 2003). Foram utilizadas duas categorias do FAS: (i) Fonológica (FVF): a criança deve dizer o maior

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número de palavras que comecem com as letras “F”, “A” e “S” em um minuto; (ii) Semântica (FVS): a criança deve dizer o maior número de palavras nas categorias “animais”, “frutas” e “materiais escolares” em um minuto. Os escores são expressos pela soma do número de palavras expressas em cada uma das categorias. Torre de Londres (Tower of London – TOL) (Lima et al., 2009). É constituído por uma base de madeira com três pinos verticais equidistantes e quatro discos coloridos (azul, preto, amarelo e branco) do mesmo tamanho, com um furo no centro para o encaixe nos pinos. No total são 10 itens com grau crescente de dificuldade em função do número de movimentos necessários para alcançar a posição final. Para cada item, o experimentador coloca os círculos numa posição inicial e apresenta uma posição final que a criança deve reproduzir utilizando o menor número possível de movimentos. Considera-se um movimento cada vez que o círculo é retirado do pino e colocado em outro. São permitidas três tentativas para a resolução do problema. A resposta é considerada correta quando a solução é alcançada com o número mínimo exigido de movimentos. Os escores podem variar de 1, 2 e 3 pontos, conforme tenham sido atingidas na terceira, segunda ou primeira tentativas, respectivamente. O escore total é obtido pela somatória dos pontos de cada item, podendo variar de 0 a 30. Como critério de interrupção do teste é a obtenção de escore 0 em duas figuras seguidas.

Procedimentos Após a aprovação do projeto Comitê de Ética (Protocolo nº 476.243) foram realizados contatos com escolas de ensino fundamental de uma cidade do interior de São Paulo/ SP. Foram obtidos os consentimentos das unidades escolares para realização da pesquisa mediante carta de apresentação e autorização. Os pesquisadores

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participaram de reunião para apresentar a pesquisa aos professores e solicitaram que indicassem as crianças de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Foi marcada reunião com os pais das crianças selecionadas para explicação sobre o projeto, seus aspectos éticos, assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, foram marcados encontros com as crianças para administração dos instrumentos. As avaliações foram realizadas individualmente, em sala determinada para esta finalidade em duas sessões com duração de uma hora cada. Após o término das avaliações foram marcadas sessões de devolutiva com os pais para comunicação dos resultados, assim como entrega de relatório. Posteriormente, foi marcada reunião com a equipe escolar para apresentação dos resultados do trabalho realizado. Por fim, foi realizada a tabulação e análise estatística dos dados.

Análise dos dados Os dados foram analisados por meio do Programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 20.0. Foram conduzidas análises descritivas e para as análises inferenciais foram utilizados testes não paramétricos, considerando os resultados da análise de distribuição e homogeneidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov). Para comparação das médias entre os sexos foi conduzido Teste de Mann-Whitney, complementando pela análise de magnitude de efeito (Cohen’s d). Para verificar efeito da idade sobre o desempenho nos instrumentos foi usado teste Kruskall-Wallis e, em seguida, Mann-Whitney para verificar quais grupos explicavam as diferenças significativas obtidas. A análise da correlação entre os instrumentos foi realizada por meio do coeficiente de correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi de p8; 7>10

0,014*

7>10; 8>9; 8>10

10; 8>10; 9>10

0,003**

710; 9>10

0,077

7>10

9; 7>10; 8>9; 8>10

8; 7>9; 7>10

9; 7>10; 8>9; 8>10

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Tabela 2 continuação Escores SCWT-C erros SCWT-P tempo SCWT-P erros SCWT-CP tempo SCWTCP Erros FAS fonológica FAS semântico

ToL

Idade

N

M

DP

Mín.

Máx.

7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10 7 8 9 10

40 41 43 42 40 41 43 42 40 41 43 42 40 41 43 42 40 41 43 42 27 25 33 30 27 25 33 30 40 41 43 42

0,13 0,20 0,07 0,19 17,08 16,34 13,47 12,93 0,12 0,02 0,07 0,00 44,60 37,85 34,53 31,26 2,38 1,56 1,16 1,88 19,07 21,52 22,85 25,33 30,15 31,84 36,55 37,07 17,58 18,56 19,21 19,40

0,46 0,40 0,26 0,51 4,84 5,30 2,97 3,69 0,40 0,16 0,46 0,00 13,11 9,00 9,25 6,22 2,72 1,88 1,23 2,05 5,20 5,86 7,10 6,02 5,26 7,33 6,16 5,36 3,04 4,04 3,57 3,68

0 0 0 0 11 10 9 8 0 0 0 0 25 20 19 20 0 0 0 0 11 9 11 13 19 21 24 30 12 8 12 11

2 1 1 2 31 38 22 24 2 1 3 0 85 57 58 48 11 8 4 6 30 34 38 34 39 47 47 50 27 26 27 27

Valor de pa

Diferenças entre as idadesb

0,417

ns

9; 7>10; 8>9; 8>10

0,011*

7>10

8; 7>9; 7>10; 8>10

0,484

ns

9; 7>10; 8>10

9; 7>10; 8>9; 8>10

9; 7>10

a

Kruskall-Wallis; bMann-Whitney; *p
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