Desenho na sala de aula: Um livro para professores - Apresentando o método cacimba

June 13, 2017 | Autor: Lula Borges | Categoria: Arte Educação, Desenho
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Luiz Elson Dantas

DESENHO

NA SALA DE AULA

Método Cacimba

Edição do Autor Natal-RN, 2007

DESENHO

NA SALA DE AULA

Método Cacimba Autor: Luiz Elson Dantas Editoração e distribuição eletrônica: Lula Borges Imagem e Som [email protected]

D192d Dantas, Luiz Elson 1963 Desenho na sala de aula: método cacimba / Luiz Elson Dantas. – Natal / RN: Ed. do Autor, 2007. 100p.; il. ISBN: 978-1-329-82816-2 1. Arte – Educação. 2. Desenho. 3. Desenho - Método Cacimba. I. Título CDU - 37 CDU - 741.02

CONTATO: Endereço: rua Guaramiranga, 2470 - Panatis I - Potengi - Natal/RN Fone : (84) 3214-6374 E-mail: [email protected]

Apresentação Vários são os livros que trazem informações e exercícios para desenvolver a habilidade de desenhar. Este seria apenas mais um, se não fosse destinado a auxiliar o professorado do componente curricular Arte, na espinhosa tarefa de montar seu conteúdo programático. Ora, desde o primeiro concurso público que se tem notícia, o desenho é valorizado como instrumento para melhorar o ser humano. Seu organizador, o sábio Confúcio (551a.c. à 479a.c.), incluiu o desenho como uma das principais provas a qual se submetiam os candidatos. Os séculos que se sucederam, após este concurso, demonstraram que o sábio chinês tinha razão. Por este motivo, acredito ser indispensável no programa curricular de formação do professorado de Artes, bem como do destinado ao público estudantil, um espaço destinado ao estudo do desenho. A grande dificuldade do professorado é o domínio desta habilidade, uma vez que não se trata de nenhum dom divino, mas de uma prática possível e benéfica a todos os seres humanos, como hoje é sabido, sendo utilizado com fins terapêuticos com comprovados resultados, no tratamento de alguns distúrbios mentais. Desenvolver esta habilidade é a que se propõe este trabalho.

Método Cacimba Este roteiro de exercícios visa abrir o caminho da percepção visual aguda e cognitiva, o domínio da coordenação motora, assim como o raciocínio lógico. O(A) professor(a) que deseje contemplar seu alunado com os benefícios gerados pelo domínio desta habilidade, tem neste método uma fórmula para aplicar primeiro a si mesmo, para depois desenvolver um roteiro de conteúdos das suas aulas, junto ao seu público alvo, baseado nas suas próprias experiências.

Aucides Sales .

Agradecimentos Ao meu irmão ELTON LUIZ Aos alunos que nos últimos vinte anos me acompanharam Aos amigos artistas A Rose pela digitação e apoio A minha família Ao amigo professor Vicente Vitoriano que teve a paciência e a generosidade de ler, aconselhar,criticar e propor modificações colaborando com esse trabalho Aos artistas Potiguares: João Natal, Cláudio Oliveira, Emanoel Amaral, Aucides Sales, Francisco Iran, Ivan Cabral, Evaldo Oliveira, Paulo Sérgio (Locha) e Alex Barbosa, que cederam os direitos de publicarem seus desenhos. Aos também amigos Lula Borges pela diagramação, Francisco Farias, Erinaldo Alves do Nascimento, Socorro Santana , Miguel Everaldo, ao fotógrafo Jarly Barbosa, Patrícia Michelly pela revisão e a todos que me apoiaram na produção deste trabalho.

Nosso agradecimento também ao mestre Câmara Cascudo; desenho de Emanoel Amaral

Sumário Desenho na sala de aula ............................................................................................................

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Método Cacimba .......................................................................................................................

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Como usar este livro ..................................................................................................................

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Breve histórico ..........................................................................................................................

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O que é desenhar ......................................................................................................................

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As formas de representação de uma imagem ou correntes básicas do desenho ..........................

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Principais motivos que os artistas usam para desenhar ..............................................................

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Iniciando o curso no Método Cacimba .....................................................................................

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A unidade na variedade ...........................................................................................................

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Desenho de casas ......................................................................................................................

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A figura humana .......................................................................................................................

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O corpo humano .......................................................................................................................

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Elementos básicos do desenho ..................................................................................................

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Construindo figuras ...................................................................................................................

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Luz e sombra .............................................................................................................................

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Desenho de observação .............................................................................................................

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Agregando valor ao desenho .....................................................................................................

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Desenho com medidas ..............................................................................................................

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Arte e outras disciplinas ............................................................................................................

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Dicionários ................................................................................................................................

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Cenas do bairro .........................................................................................................................

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Quais as funções de um artista? .................................................................................................

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Conclusão .................................................................................................................................

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Créditos dos desenhos ...............................................................................................................

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Biografia ....................................................................................................................................

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Referências ................................................................................................................................

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O Desenho na Sala de Aula Por que grande parte das crianças, ao entrar na pré-adolescência, perde o interesse ou é desestimulada a desenhar? Como o ato de desenhar pode contribuir para a vida das pessoas e em especialmente para a vida dos jovens que se encontram na escola? Como o ensino do desenho, ministrado em sala de aula pode influenciar o desenvolvimento intelectual, cultural e criativo de um jovem estudante? Como o professorado têm utilizado as técnicas, os materiais e as noções básicas de desenho em suas atividades docentes? E, principalmente, por que a maioria das pessoas, ao deixar a infância, passa a achar que não sabe mais desenhar? Por que, ao ingressar no ensino fundamental, não encontra mais o espaço que tinha para o desenho que existia em sala de aula durante a educação infantil? Refletir sobre os caminhos que o ensino da Arte e em especial, do ensino do desenho está tomando na atualidade, é uma das questões básicas que tem direcionado as pesquisas e o pensamento de muitos educadores. Este livro, é um destes estudos. Nele, pretendo expor meu ponto de vista e propor ações que contribuam para a prática do ensino do desenho e enriquecer o debate sobre esta prática, que deve ser constante e ilimitado.

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12 Seguindo uma sugestão da profª Dra. Ana Mae Barbosa, que em uma palestra, realizada em Natal, no ano de 1998, defendeu a necessidade dos(as) educadores(as) e dos(as) professores(as) de Arte escreverem suas experiências, eu resolvi realizar este trabalho. A idéia ficou amadurecendo. Porém, por muitos anos o artista foi mais forte que o professor. E o meu foco de atuação era a produção e edição de revistas em quadrinhos sobre a cultura e a história do Rio Grande do Norte. Um convite para realizar uma oficina para estudantes de artes da UFRN, feita pelo Professor Dr. Vicente Vitoriano me fez repensar a idéia de organizar um trabalho no qual eu pudesse expor minhas idéias sobre o ensino do desenho, às vezes conflitantes com outros colegas educadores. Outra importante motivação foi a leitura do livro, “Desenho, Desígnio e Desejo: sobre o ensino do desenho”, da professora Dra. Leda Guimarães. Neste Livro, ela sugere, com clareza e objetividade, que se façam revisões sobre os caminhos trilhados no ensino do desenho e que se busquem formas de superar as dificuldades, de se formular novos caminhos. Este livro propõe uma seqüência de atividades com uma abordagem diferente sobre o ensino e aprendizagem do desenho. Partindo, en-

tão, do que o alunado já sabe, do que já se desenha, pretendo acrescentar novos conhecimentos. É indicado para estudantes dos 7 aos 14 anos, faixa etária na qual se observa um bloqueio no grafismo e a desvalorização do desenho. A idéia principal é a revalorização do desenho em sala de aula. É uma reflexão de como acredito que se possa dar um salto no desenvolvimento do grafismo pessoal, de modo que, todos que estão em sala, possam mediante a realização de desenhos simples, adquirir confiança para vencer os bloqueios de representação que se apresentam em determinadas pessoas. Através destes exercícios vamos agregar valor estético, artístico e conteúdo ao desenho que cada pessoa já realiza e enriquecer o seu estilo próprio. De modo que possibilite a quem deseja e não consegue, a realização de um desenho de intenção realista. Estimular o gosto pelo desenho, fazer com que o alunado seja levado a desenhar um pouco mais nas escolas. Este é o meu principal objetivo. Também é meu desejo estimular a paixão pelo ato de desenhar e fazer que as pessoas se reconheçam em seus próprios desenhos e expressem com mais beleza, emoção, precisão e habilidade as características visuais da sua cultura.

O Método Cacimba A utilização do desenho como fonte de conhecimento, é uma idéia que surge da experiência acumulada em anos de ensino em sala de aula, em atelier e em escolas de arte, em Natal e também em viagens, nas leituras, nas visitas a museus e nas conversas com vários artistas, principalmente com Aucides Sales, com quem aprendi e discuti bastante sobre os vários métodos e as didáticas mais apropriadas para o ensino dos diferentes tipos de desenho. A principal questão que procurei enfrentar foi como utilizar o desenho na sala de aula, diante da infeliz realidade de que em nosso Estado a carga horária destinada às aulas de Artes, hoje, é de 45 a 50 minutos semanais e, neste sentido, fui desenvolvendo uma seqüência de atividades de desenho que depois chamei de Método Cacimba. Este Método é baseado na utilização da memória visual, na observação da realidade circundante, na pesquisa e no estudo de imagens e na imaginação criadora do aluno, na sua capacidade de abstração das imagens e na capacidade de conceituar e criar novas formas, pois nossa mente ainda é uma desconhecida, misteriosa e fascinante construtora de conhecimentos. O desenho como fonte de conhecimento é uma provocação, é um questionamento do por

que não unir o ensino do novo e as metodologias do passado, o hoje e o ontem, as perspectivas de futuro com o que se vê a sua frente, o que não existe, não é visível, às abstrações do pensamento com a realidade. É uma sugestão de um caminho a ser seguido, apenas mais um método, como os muitos que já existem. Porém, em arte não existe um único caminho. Essa história de caminho único sempre é prejudicial a todos, seja na política com seus líderes e sua obsessão por controle e poder total, na religião com seus pregadores racistas e intolerantes, ou na arte com seus modismos. São chamadas de Cacimba, aqui no Nordeste do Brasil, os tipos de poços escavados de forma rudimentar no chão da terra nos períodos de seca. São pequenos poços onde jorra água do solo. A água é toda retirada durante o dia e no dia seguinte se encontra novamente cheia. Assim como a Cacimba, nossa mente quando solicitada sempre nos dá respostas, porém, se não for alimentada, provocada, instigada a novas respostas preguiçosamente repetirá velhas respostas e padrões. O nome também é uma homenagem ao escritor Ariano Suassuna, pela sua defesa da Cultura Nordestina.

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Como usar este livro

Os desenhos dos alunos que ilustram o livro não são para serem copiados ou reproduzidos. O leitor deve fazer os seus próprios desenhos, seguindo as orientações e as sugestões que são apresentadas pelo autor. Acho importante que o(a) professor(a) que pretenda usar essa proposta em sala de aula, faça primeiro, ele(a) mesmo(a), todos os exercícios, pois é isto o que este livro é: um livro de sugestões de desenhos. É uma descoberta individual, apesar de ser uma proposta de seqüência coletiva, pois a idéia é utilizá-la em sala de aula com todo o alunado, mesmo considerando, muitas vezes, turmas com até 50 alunos(as) como é bastante comum. Eu proponho que o professorado oriente o alunado para adquirirem o material básico para realizar qualquer desenho: lápis, papel, borracha, régua e apontador. Um caderno de desenho pode ser adquirido, mesmo do mais simples, aquele com arame na lateral. Entretanto, isto não é primordial. Pode ser utilizado o próprio caderno pautado usado no dia a dia, ou o fichário. Da mesma forma, se o alunado não

comprar o lápis grafite, pode utilizar a caneta. O importante é não criar empecilho à realização das tarefas em sala de aula e não dar oportunidades de desculpas ao alunado para não produzirem. É importante dar oportunidade a quem realmente não tem o material devido às suas condições econômicas. Os desenhos apresentados são de alunos (as) que durante os anos de 2004 e 2005 freqüentaram as minhas aulas de Arte, na Escola Municipal Profº Waldson Pinheiro. Foram na maioria, realizados na própria sala de aula, alguns, como tarefa realizadas em casas. As turmas eram compostas por alunos(as) de 5º a 8º, entre 9 e 18 anos. Alguns poucos são de alunos(as) que estudaram com o autor em outras escolas e ateliês nos últimos anos. Também temos desenhos realizados pelo autor e de amigos, artistas potiguares. Antes de iniciamos a parte prática do método, acho importante uma exploração teórica e algumas definições, sem nos aprofundarmos demasiadamente, pois não é o objetivo deste trabalho sobre o ato de desenhar.

Breve Histórico Neste breve histórico convido os colegas professores a refletirem sobre os métodos e os processos pedagógicos, que foram e são utilizados na prática do ensino do desenho no Brasil. Por que será que muitos (as) professores(as) utilizam o desenho de uma forma aleatória, sem lhe dar a importância que merece? Será por que a maioria não conheça e não domine certos códigos desta nobre arte e essa insegurança resulta em tais atitudes. Por que será que a formação pedagógica ensinada nas universidades gerou tantos preconceitos, simplificações e deformações no ensino de desenho? E, finalmente, por que o professorado desenha igual aos seus alunos de 10 anos? Por que acabam por transformar suas aulas de desenho em aulas que, apenas, visam o desenvolvimento do potencial criador, valorizando só desenhos que expressem o interior através de abstrações? Por que, quando realizam releituras, só produzem cópias mal feitas, ao invés de criarem novas obras baseadas nos exemplos demonstrados? E quando utilizam o desenho como base de uma aula temática só repetem os velhos esquemas, sem nada acrescentar a seus repertórios visuais? Por que, alguns poucos professores realizam aulas com desenho de observação, como base para a aprendizagem do desenho realista, de forma superficial? Afinal, por que nossos professores de Arte são tão mal preparados? Compreendo e aceito, como também observou o Prof. Erinaldo Alves do Nascimento, na

sua palestra durante um curso na UFRN, em 2007, “Nada do que está posto culturalmente é natural, tudo é construção humana, uma invenção articulada por relação entre saber e poder “. Por isso, acho um equívoco muitos educadores e artistas acreditarem que a forma de representação da arte moderna e da contemporânea seja visto como uma “evolução natural” do trabalho dos artistas. E que todos agora, só devem aceitar como padrão de beleza estética e de linguagem esse tipo de manifestação, e, principalmente, que as formas utilizada no passado não mais servem para os artistas se expressarem. Considero pertinente que se devia refletir melhor sobre estas questões. Porque se deve levar em consideração todo o processo histórico ocorrido para se chegar aos conceitos hoje defendidos por muitos. E, infelizmente, parece que não se observaram os aspectos e as influências ideológicas, políticas e culturais que os geraram. Muitos não viram ou não quiseram ver, por exemplo, a imposição de gostos e idéias de uma elite em paralelo a promoção do preconceito e a desvalorização das manifestações populares. Aspectos estes que interferiram no processo de formação cultural do nosso povo. No Brasil, a desigualdade social é uma das maiores do mundo e a desigualdade de acesso aos diferentes tipos de manifestações culturais é ainda maior. Devemos lembrar que a Educação Brasileira foi e, continua sendo, elitista e excludente. O conhecimento foi oferecido a poucos senhores de posses, resultando daí a grande massa de analfabetos e semi-analfabetos que existe até hoje no

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16 nosso país. Essa distribuição do saber, preconceituosa e desigual, também foi prejudicial à Arte, que só chegou a ser oferecida sistematicamente de forma organizada, a toda população escolar, em nível nacional, nos últimos 35 anos. Na inclusão da Arte no Currículo Nacional, em diversas ocasiões, tratou-se os diferentes como iguais, como se todos já tivessem tido acesso aos conhecimentos e à produção, especificamente em desenho e pintura, da arte acadêmica ocidental, como também, a todas as transformações estéticas provocadas pelos artistas nos últimos séculos. Desconsideraram que tais ensinamentos ocorreram nas poucas e seletivas Escolas de Artes. Então, se o acesso à educação no Brasil ainda é, hoje, um grande desafio e necessita de toda uma mobilização da sociedade para que se torne possível a todos as pessoas e com qualidade, imagine os desafios e os problemas que a Arte/Educação e o ensino do desenho em especial, tem de enfrentar. Ensino levado a uma pequena parte de estudiosos, uma parte mínima de educadores e ao meu ver, de uma forma equivocada, motivado pela ingenuidade de uns, oportunismo de outros e pela falta de uma consciência coletiva da sua real importância.

fusão da fé cristã. Era voltada para a cópia de estampas religiosas, de forma artesanal. No período do ciclo do ouro, em Minas Gerais, observa-se uma mudança significativa neste processo. Ordens religiosas e irmandades possibilitam aos artistas trabalharem como empreiteiros na construção de templos, na decoração de igrejas e outras atividades. O ofício era ensinado de pai para filho, as vezes, de artistas europeus para seus filhos mestiços ou escravos que participavam das obras. A chegada da Missão Francesa, em 1816 e a implantação da Academia e Escola de Belas Artes, que abriu seus cursos em 1826 e formou a primeira turma em 1827, com apenas 38 alunos, sendo 21 em pintura, vai produzir uma ruptura nos métodos de ensino da arte no Brasil, ensino este, destinado a poucos selecionados que eram submetidos a um longo aprendizado realizado em muitos anos. O método de ensino era baseado no estudo de temas tradicionais da cultura Européia: mitos, lendas, cenas bíblicas, história, retratos e natureza-morta, no estudo das regras de perspectiva, da anatomia humana, dos cânones de proporção e do gosto da técnica de pintura apurada, baseada em valores do neo classicismo. Durante 100 anos, estes valores foram defendidos e utilizados pelos jovens que queriam ser artistas profissionais, ofício presente em um mercado de trabalho que exigia por parte do aspirante, o conhecimento e o uso de técnicas, materiais, de regras de composição e produção de uma obra de arte. É claro que ocorreram mudanças pontuais, neste período de um século. Como vimos, a formação de um artista levava tempo. Ao concluir seus estudos. ele devia estar preparado para registrar a História, a Botânica, retratar a elite, produzir quadros decorativos, cenas do cotidiano. Além disto, muitos artistas começaram a participar da implantação da industria gráfica, com gravuras, desenhos, caricaturas e Vamos refletir um pouco sobre a História. anúncios publicitários. Também havia os artistas No Brasil Colônia, o desenho fazia parte que ganhavam prêmios de viagens de estudo na de uma educação refinada destinada à nobreza Europa, a partir de 1850 e que depois voltavam portuguesa. Para os nativos a arte era ministrada ao Brasil para prestar serviços ao Império Brasipor padres estrangeiros, mais interessados na di- leiro, patrocinador das viagens.

O modelo de instituição de ensino, o das Escolas de Belas Artes, foi implantado em poucos Estados no Brasil. Também se registra algunhas escolas de Belas Artes vinculadas a ordens religiosas e outras funcionando em escolas particulares, quase todas, de forma esporádica e por pouco tempo. Com a República, novas mudanças ocorrem no sistema educacional Brasileiro. O início do processo de industrialização, a organização política dos imigrantes anarquistas e brasileiros e os emergentes conflitos sociais, provocam mudanças na sociedade e uma reformulação nos métodos de ensino. O desenho é valorizado neste processo, principalmente o geométrico e as técnicas de desenho do natural, aplicadas a produção de objetos de forma artesanal ou industrial. O ensino buscava produzir para o mercado bons artesãos e trabalhadores para a indústria. As viagens de nossos artistas à Europa e um maior intercâmbio cultural patrocinado pelos meios de comunicação do mundo industrial, como os jornais e revistas, contribuíram para provocar na Arte Brasileira, um movimento de ruptura artística, o Modernismo, que influenciou fortemente o ensino do desenho. No inicio, o Modernismo troca a cópia do modelo acadêmico, pelo modelo moderno, também Europeu. Só em 1928, com o Manifesto Antropofágico é que Oswald de Andrade, propõe a valorização das nossas raízes como tema e a busca de uma forma Brasileira de pintar, uma Arte com características próprias e não só cópia dos temas e estilos estrangeiros. Ele defendia que os artistas brasileiros deviam conhecer os movimentos estéticos europeus, mas não segui-los fielmente. O social e a Cultura deveriam ser a fonte de inspiração para nossos artistas, era o que defendiam os envolvidos no manifesto, inclusive questionando, a partir dos anos 30, a influência estética idealizada pelo cinema americano. O nacionalismo incentivado pelo poder público, da época, de tendência populista, utilizava a arte como propaganda dos avanços sociais pelas quais o país passava, buscando associar-se a idéia de uma nação moderna, com uma arte moderna. Infelizmente a verdade era outra. Cândido Portinari foi aluno da Escola de

Belas Artes e ganhou o prêmio de bolsa de estudos na Europa. Quando retorna, torna-se o maior representante desta estética moderna. Seu sucesso serve de modelo para surgirem no Brasil, em quase todos os Estados, dos anos trinta aos anos cinqüenta, toda uma geração de artistas que pintam ou desenham “quase como Picasso”, ou um “muito parecido com Portinari “. Novas transformações vão caracterizar os anos de 1950. Tanto na produção artística, como na no ensino da Arte. Uma das mais forte influência é a provocada por educadores americanos que adotaram o discurso dos críticos da arte modernos, os que desejavam a valorização do que era produzido na atualidade. Esta escolha, que difundia a idéia de que tudo que era novo, era uma tida como uma evolução e talvez, encobrisse o interesse dos empresários americanos que estavam montando o acervo dos seus Museus recentemente construídos. Na Educação, as influências da nova pedagogia e da psicologia, abrem as portas do estudos para o desenvolvimento da percepção visual e da livre expressão de sentimentos e emoções. Esta atitude influencia também a arte. Torna-se um novo caminho, para muitos artistas direcionarem suas obras. A criação da Bienal de Arte de São Paulo, em 1951, insere os nossos artistas em contato com o que se produzia de mais atual no mundo e estes novos artistas, buscam superar a estética, ainda valorizada, dos inovadores Modernistas, agora considerados ultrapassados, como Portinari, Lasar Segall e Di Cavalcante. A gravura, a escultura e o desenho também são valorizados. Começam a surgir Escolinhas de Arte, a primeira em 1949, com seus fundamentos artísticos baseados nestas tendências e formas de ver a arte. A Arte era vista, para as crianças, como uma válvula de escape de tensões emocionais reprimidas e exerce uma função terapêutica e preventiva às aflições do espírito. A Arte era um processo de criação, sem crítica, que dava liberdade excessiva à sensibilidade estética das crianças. Em 1971, a lei de diretrizes de Base da Educação Nacional, torna obrigatória a inclusão das atividades da Educação Artística nos currículos de todas as escolas Brasileiras. O Ministério da Educação e Cultura- MEC, apropria-se da fi-

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losofia da Escolinha de Arte do Brasil e a difunde pelos recém criados cursos universitários destinados à formação dos professores de educação artística, fomentando um novo mercado de trabalho. Estes cursos universitários foram organizados com corpos docentes bem heterogêneos. Devido a falta de profissionais preparados para exercer estas funções, foram convidados muitos “amigos “ e artistas simpatizantes do regime militar ou parentes de políticos governistas, pessoas sem sensibilidade social, apolíticos e sem formação acadêmica e artística. Muitos apenas tinham um vago conhecimento sobre a disciplina que iam ministrar, pois eram professores de outras matérias. Outros eram artistas medíocres, porém serviam aos interesses da ideologia política no poder. Alguns artistas também foram convidados. Destes, alguns poucos foram porque mereciam e conheciam o seu oficio e pelo papel que desempenhavam na sociedade. A Educação Artística não era considerada uma disciplina “séria “, mas uma atividade complementar destinada a desenvolver a criatividade, a individualidade, atitudes e hábitos sobre o uso de materiais, técnicas e instrumentos de arte. O professor devia ser polivalente e conhecer o conteúdo de Teatro, Música, Artes Plástica e Desenho Geométrico, novamente valorizado, devido ao estímulo dado para o ensino profissionalizante, pela política educacional instituída pelos militares. Nos anos de 1980, novas metodologias educacionais são difundidas em congressos e encontros de educadores, que agora se organizam em entidades de classes e buscam o estudo e fundamentação teórica mais consistente para o desenvolvimentos de suas práticas pedagógicas. Agora com a lei 9394/96, a Arte é considerada disciplina obrigatória na Educação Básica, nos diversos níveis, de forma a promover o desenvolvimento CULTURAL do aluno. E com a proposta e implantação de estudos dos temas transversais, a Arte adquiri um espaço privilegiado dentro da Escola. Essa valorização já é observada desde os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas especificamente no terceiro objetivo geral, o qual salienta a necessidade de que é preciso “ fazer com que

os alunos sejam capazes de conhecer características fundamentais do Brasil, nas dimensões sociais, materiais e culturais”. Por que muitos trabalhos de Arte expressam questões humanas que falam de coisas que contribuem para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país. Apesar de todo este avanço na valorização da Arte, muitos educadores contemporâneos e artistas, ainda acham que é atual copiar, reproduzir a arte feita “lá fora”, pois ela é a única forma de beleza aceitável. Então, é importante questionar, até que ponto o despreparo de alguns professores influenciou na redução do espaço que o desenho tinha na escola. Que espaço o desenho tem hoje, depois deste processo todo? A principal crítica que se faz ao ensino do desenho realista é a de que os métodos acadêmicos geram a formação de copistas e que todos reproduzem de forma igual o modelo que estão desenhando. Então, o que dizer das obras de muitos artistas de hoje. Observamos toda uma geração de copistas em série, obras que se não fossem pelas diferentes assinaturas, era quase impossível saber a sua autoria.

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Vejamos o que diz Ariano Suassuna;em Iniciação a Estética, 1992, pág222, “Mas, a partir do século XIX e principalmente XX, certos pintores e teóricos da pintura começaram a reagir contra os excessos dos maneiristas posteriores a renascença. Começaram sua reação de modo até certo ponto correto, porque, de fato corriam-se certos riscos com aquele tipo de pintura. Mas, depois caíram estes artistas e teóricos no risco oposto, passando a considerar como Única forma lícita de pintura, a Abstracionista”. O risco a que ele se refere, no caso dos acadêmicos, é a arte ficar só presa, atada, à defesa de uma tese. Por exemplo, a arte a serviço da política, como no período do nazismo, do fascismo, do stalinismo, ou na defesa intolerante da religião, como na idade média, em alguns paises islâmicos, ou hoje com as tendências fundamentalistas de alguns artistas Gospel. Momentos nos quais não existe espaço para o contrário. Outro risco que pode acontecer é o que já aconteceu no passado com muitos artistas, que ao apenas valorizarem a parte técnica, a virtuosidade no manejo e uso dos materiais, se deixem levar pelo orgulho infantil de se acharem que são melhores artistas do que outros que não possuem tais atributos e este apego a técnica sem levar em consideração leituras, sensibilização com causas políticas e sociais ou respeito às diferenças, atitudes que acabam por tornar muitos artistas em pessoas intolerantes, egoístas e sem caráter, produtores de obras sem alma e sentimento, apenas belas esteticamente. E no caso da Arte Moderna, pode ocorrer uma desumanização da arte, pois a busca pela beleza na arte pela arte, foi aos pouco tirando elementos que construíam esteticamente as obras e surgindo obras sem ter títulos, sem assunto, com composições criadas quase sempre ao acaso, obras sem representação de objetos, também sem cores, algunhas apenas pintadas com o branco sobre o branco. Até chegamos aos sem tela, sem suporte, obras em que a expressão humana não é

importante. A beleza está na arte que valoriza apenas a obra que revele a verdade do artista, sem qualquer interferência social, política, ideológica do mundo real. O contrário também ocorre, onde toda esquisitice ou novidade produzida por um determinado artista é considerada um ato genial, não havendo a necessidade de uma obra concreta. Outras correntes estéticas vão além acham que a verdadeira arte é a arte que usa apenas o conceito, o processo de criação passa a ser vista como mais importante que os outros tipos de manifestações visuais. Para o desespero e tristeza dos vendedores de telas e pinceis e a alegria dos fabricantes de bonequinhas de plástico.

Todo excesso tem seus riscos. Infelizmente nas escolas, este pensamento fundamentalista, acabou sendo adotado pelos nossos professores de educação artística, hoje arte/ educadores propositores. Nas últimas décadas, prevaleceu a visão de que o ensino deve valorizar uma arte voltada à busca de uma representação livre de modelos, de regras e do quase total repúdio ao estudo temático da representação realista. As metodologias modernas e pós-modernas criaram um preconceito contra a idéia da representação do natural, defendido nas poucas e raríssimas escolas de arte. A didática das acade-

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20 mias era repudiada pelos que defendiam a busca de uma representação livre de modelos. Vejam que contraditório, em nome da liberdade de expressão se tira o direito de se aprender a desenhar com a intenção realista. Entretanto, a falta de determinados conhecimentos e até um certo pedantismo, além de uma dose de prepotência de muitos artistas e educadores, foram responsáveis por toda uma geração de artistas tão diferentes e tão iguais, que, por não terem estudado muitos meios e técnicas de representação que produzem uma melhor compreensão da forma de uma figura, além de outros recursos de desenhos, acabam produzindo obras de qualidade técnica e artística primária, simplista, sem acabamento, ou esmero na sua confecção. Assim, tornando-se repetitivos em seus temas e nas formas de representação de seu trabalho. A valorização só do lúdico, do processo do fazer por fazer, não levou em consideração as outras funções do desenho, diferentes funções que ele acumulou com as transformações que a sociedade sofreu, como ser uma forma de linguagem e comunicação que interage com pessoas de todos os níveis culturais, trocando idéias das mais simples às mais complexas. Sem títulos, sem identidade, perseguidores de um pioneirismo infantil, defensores de uma sensibilidade sem conteúdo. Assim muitos artistas que se declaram atuais, modernos, na verdade revelam-se como pessoas conservadoras que não desejam modificar situações. Por este motivo acho que a arte não deve ser um canal no qual só se pode valorizar a visão do artista, baseando-se no seu gosto pessoal e no seu mundo particular. Claro que isto é importante, mais impor seu gosto pessoal a todos, eu acho um exagero. Hoje, felizmente, muitos educadores têm

feito uma auto-crítica sobre suas práticas. Afinal, apesar desta quase ditadura, sempre teve pessoas que buscavam a intenção realista em seus desenhos e porquê? A professora Dra. Leda Guimarães, em seu livro Desenho, desígnio, desejo:sobre o ensino de desenho, 1996, pág 129, assim expressa sua opinião: “ Na tradição ocidental os critérios de representação visual são herdados dos gregos, que instauraram na arte procedimentos de contínua superação de meios de representar o visível de forma narrativa, ilustrativa, ilusionista. Essa tradição, que se afirma no renascimento e nos acompanha até hoje, é calcada em modelos e esquemas que servem de esteio para a representação, mas como é própria da civilização ocidental, esses modelos são sempre superados em favor de soluções considerando-as mais apropriadas para o momento”. A modernidade também possibilitou a formação de todo um grupo de atividades artísticas, como a publicidade, a atividade gráfica e ilustrativa, as histórias em quadrinhos, as vinhetas e comerciais da televisão e os desenhos animados que se desenvolveu à margem destes ensinamentos, estas atividades eram produzidas por artistas voltados para trabalhos de ordem mais prática. Estes artistas que, pela necessidade de trabalho e pela vivência não ligados aos círculos de consumo de Arte, tiveram que buscar um outro caminho, o da união dos conhecimentos acadêmicos, com suas regras e suas normas, com as constantes experiências formais dos Modernistas. Recentemente, o desenho volta a ser valorizado devido a vários motivos, um deles, possivelmente, é a explosão da era da informática, com sua rede mundial virtual e seus milhões de usuários, que se comunicam através de IMAGENS, ícones de um mundo novo, ainda em construção.

Talvez todo este processo histórico, nos oriente um pouco sobre o por que muitos docentes parecem ignorar o valor do desenho e diminuem os seus espaços na escola e chegam até a desestimular o seu uso, acabam promovendo bloqueios na juventude em relação ao desenho, exatamente no momento em que mais se poderia usar o desenho. Principalmente quando se encontram na idade da descoberta, da curiosidade, da expansão e do entendimento de uma realidade bem maior do que a que até então ele conhecia? Então, o ensino do desenho na arte/educação, enfrenta hoje um conflito de interesses,

protagonizado, de um lado, por professores(as) que propõem ao alunado produzirem obras que exercitem a sua liberdade de criação, que atuam na elaboração de conceitos sobre uma obras de arte, em releituras e comparações de trabalhos de artistas, dos próprios alunos ou dos colegas de classe. E do outro lado, jovens que só desejam fazer cópias de seus heróis prediletos ou fazer desenhos de retratos de seus cantores, atores e atrizes mais queridos. Como conciliar os dois desejos tão distintos? Esses desejos antagônicos, podem ser traduzidos nos desafios que se apresentam aos professores de Artes contemporâneos.

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O que é desenhar? Quando perguntamos ao alunado se sabem desenhar, observamos as mais diferentes respostas. Alguns afirmam que são capazes de copiar “igualzinho” qualquer desenho, outros afirmam “olhar para uma pessoa e desenhá-la tal qual está vendo”. Já outros revelam que não gostam e que não conseguem desenhar nada, nem uma bola, porém, quando solicitados a fazerem qualquer desenho, repetem certos padrões. A maioria não reconhece a arte abstrata como um desenho, chamam de borrões, riscos, doidice ou coisa pior. Quando assumem que não sabem desenhar é porque não conseguem representar uma imagem de acordo com os padrões do desenho com a intenção realista, seus desenhos, dizem, não ficam parecidos com as coisas, os objetos que eles querem representar. Assumem que não sabem desenhar “direito”, mais como veremos nos capítulos seguintes o que é desenhar direito? Afinal, o que é desenhar? Se formos buscar no dicionário o significado da palavra desenho, já teremos assunto para uma boa aula. Os conceitos existentes convergem para as seguintes definições: a) Uma habilidade: desenhar é uma habilidade e como uma habilidade, pode ser ensinada e aprendida. É um meio de domínio de uma técnica, o que exige uma certa repetição de um mesmo exercício, como o desenvolvimento da coordenação motora, útil em desenhos que precisam de uma mão treinada, que possibilite ao artista controle nos seus traços. Também a prática de determinados

desenhos, como no estudo da anatomia, perspectiva e proporção, na representação da figura humana, exige a obediência a regras que foram construídas e se mostraram eficazes. b) Um pensamento: desenhar é uma idéia representada visualmente, é a representação da idéia. O desenho torna visível a idéia, pode ter uma forma conhecida ou ser uma abstração. c) Uma linguagem: O desenho sendo uma criação de símbolos, códigos com formas e conteúdos compartilhados por um grupo, às vezes compreensíveis, outras experimentais, oníricas. É uma linguagem própria, composta de vários elementos visuais de natureza útil, científica e técnica. d) uma Arte autônoma – Desenhar é uma forma de beleza em si mesmo, uma criação artística, uma manifestação da imaginação e da inteligência, da criatividade humana. É um reflexo da individualidade, alem de algo que gera prazer e alegria. Então, é muito simples explicar que não existe uma única resposta para o que é desenhar. Como também é muito importante que se saiba que não existe um tipo CERTO ou MELHOR de desenho, um jeito melhor de desenhar do que outro, mais que existem FORMAS DIFERENTES DE DESENHAR, todas belas, igualmente.

As formas de representação de uma imagem ou correntes estilísticas básicas

Vicente Vitoriano

Luiz Elson

IDEALISMO - o artista recria a natureza, valoriza sua individualidade e a criação de uma composição com atmosfera e geometrização das formas consideradas ideais

EXPRESSIONISMO - o artista expressa sua emoção diante da natureza sem respeito à forma. Ele busca representar seus estados da alma. Auto-retrato Francisco Iran

Fayga Ostrower, 1991, pág. 312, distinguiu três atitudes básicas que os artistas, de forma coletiva ou individual, selecionam ao representar os aspectos significativos nos conteúdos expressivos de suas obras, Nas diversas épocas e culturas, da Pré-história até a contemporaneidade, ao por ela denominadas correntes estilísticas básicas que se apresentam as vezes com suas características particulares ou interpenetrando umas nas outras, ou seja, uma apresenta características da outra. Acredito que é importante analisar esta questão, pois ela tem provocado muitos equívocos entre artistas e educadores. Quando falamos que muitos alunos deixam de desenhar ou dizem que não sabem, observamos que eles estão opinando sobre o desenho chamado naturalista, ou de intenção realista. “ A arte não imita a natureza, ela a recria e a transfigura “, esta é a opinião de Ariano Suassuna, 1992, página 197. Esses argumentos poderiam servir de exemplo para que modernistas e contemporâneos deixem de preconceitos, atitudes que demonstram contra o desenho acadêmico de representação do natural, talvez, seja a hora deles deixarem de ser tão conservadores e não mais repitam os mesmos erros que cometeram os artistas acadêmicos. Erros de não verem a beleza na forma como os modernistas construíam formalmente e esteticamente suas obras. Fayga definiu seu pensamento sobre esta questão, classificando as obras dos artistas, em três diferentes formas de representação : NATURALISMO - o artista busca copiar a aparência da natureza de forma objetiva que o espectador identifique sua descrição ou emoção.

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Josian

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Principais motivos que os artistas usam para desenhar Retrato - É uma imagem de uma pessoa da vida real ou imaginários, muitas obras são homenagens ou registros comparação com o passado, refletem a personalidade, o caráter e a expressão do retratado. Pintura de gênero - retratam cenas do cotidiano, a vida diária com suas alegrias e tristezas, atividades com cenas do dia a dia. História e mitologia - são obras que descrevem histórias com os heróis, batalhas, a vida na corte, seres fantásticos, deuses, eventos históricos e histórias que formaram a cultura de um povo. Imagens religiosas - são obras que representam os símbolos, os ícones de uma religião, os principais deuses, espíritos, superstições e a arte muitas vezes e voltada para fins mágicos, sagrados. Também são as criações de toda icnografia pictórica da cultura cristã com suas hisNatureza morta - composição com obje- tórias de santos e da vida de Jesus cristo. Decoração - imagens criadas com o objetitos, frutas, organizados aparentemente de forma vo da harmonia estética entre seus elementos incasual Paisagem - obras onde a natureza é a mes- ternos de uma obra na busca da beleza. O artista recria, estiliza imagens que tornar tra da beleza, o artista procura representar a atmosfera dos lugares, descrever, documentar, regis- os ambientes, as coisa e as pessoas mais atraentes. trar locais onde hoje podemos observar as mudanças de um mesmo espaço ao longo do tempo. A arte tem sido usada para convencer, fazer pensar, explicar as razões, chamar a atenção para temas importantes; como a denúncia da injustiça, o horror da guerra, descortinar e chocar as pessoas mostrando as maldades cometidas pelo preconceito e pelas violências diárias, ou por fim apenas para divertir. Deve o estudante buscar compreender que muitas obras de arte representam em seus temas a sua época, o pensamento coletivo ou individual que retratam os anseios de um povo. A busca pelo entendimento de coisas comuns a todos, como a morte, a vida, o amor. E que estas representações têm um significado diferente a cada cultura e em cada época. Selecionamos alguns motivos que freqüentemente são utilizados pelos artistas em suas obras.

Carlos Alberto Luiz Elson Nilson

Iniciando o curso no Método Cacimba Vamos à prática. Eu inicio perguntando se todos sabem desenhar. Com a negação de alguns, proponho que os alunos desenhem um sol.

As mais diversas representações surgem. Daí, já começo a indagar por que se desenharam tantas imagens diferentes do sol. Se todos ao olharem para o sol, vêem a mesma imagem de um círculo? Falo do modo de representar individual, do grafismo pessoal, do jeito particular de cada um de desenhar e que vários fatores interferem em sua visão do mundo, que sua memória visual é inerente à sua experiência de vida e tem a ver com as condições e impressões que cada imagem lhe causa e afeta. Explico que essas aulas propõem um caminho a se seguir, com a realização de atividades que buscaram resgatar imagens de nossa memória, proporcionar um novo olhar sobre nosso meio e aprender com os artistas, vendo como eles representaram determinadas coisas e a construir novas formas gráficas de beleza. De acordo com o sentido de beleza de cada um dos participantes. Nesta primeira aula procuro iniciar o estudo do desenho com o desenho de memória, buscando resgatar as imagens que cada um guardou do que viu. O primeiro exercício é desenhar coisas do cotidiano. Vamos do mais simples ao menos simples. Peço para desenharem dez tipos diferentes de frutas.

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A primeira constatação deve ser comentada em sala é que, todos normalmente conseguem desenhar. E é impressionante a variedade de formas apresentadas sobre uma mesma fruta. Partimos então para objetos do dia a dia escolar, que estão com eles no momento, como por exemplo lápis, caderno, livro, borracha, apontador, lapiseira, caneta e mochila.

Então, logo após os desenhos comento sobre os resultados obtidos, incentivo a olharem os desenhos dos colegas e os incentivo ao afirmar que todos, de modos diferentes, conseguiram fazer seus desenhos, uns com mais detalhes, outros com menos, porém pequenas diferenças são notadas, como por exemplo as particularidades entre objetos tão parecidos e com quase a mesma forma, como o lápis, a caneta e a lapiseira. Vejam, todos conseguiram, vocês são capazes de desenhar. Você pode, basta tentar, é só uma questão de paciência. Falo das virtudes que o ato de desenhar proporciona, do desenvolvimento da concentração, da atenção, que são tão importantes no momento da vida escolar. Falo do valor da tarefa realizada, da idéia de caprichar, de dedicar um tempo maior, nas tarefas a ter mais calma, de se buscar um acabamento, uma limpeza no desenho. Nesse momento solicito que desenhem com mais detalhes, forçando assim mais a memória e a percepção visual.

A memória deve ser exercitada do mesmo modo como nosso corpo, dizem muitos educadores, devemos solicitar dela um pouco mais de esforço. Solicito que se lembrem de objetos de uso domésticos, aqueles que a maioria tem em suas casas, como geladeira, fogão, televisão, som e sofá, claro que nem todos possuem estes objetos, mais já viram e com certeza estão guardados em suas memórias visuais.

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28 Com o resultado deste exercício, motivo ainda mais o alunado, pois a supressa que demonstram com os desenhos que realizam é enorme, a maioria não acredita no que produziu, normalmente vão mostrar aos colegas o que fizeram e ver como os amigos desenharam, a alegria na sala é contagiante. Caso a aula já esteja terminando vamos a uma atividade um pouco fora de moda, mais muito útil: o dever de casa. Solicito que desenhem de observação o aparelho de televisão da sua casa, ou um outro objeto, olhem e desenhe olhando para ela, não façam de memória. Introduzo neste momento, o desenho de observação, sem fazer comentários, ao qual deixo para depois. O desenho de um telefone, um liquidificador, um ventilador ou um computador pode ser solicitado também. . .

Atenção: não esqueça de ir realizando os seus desenhos e não copiando os dos alunos que ilustram este livro.

Na aula seguinte corrijo de carteira em carteira os trabalhos realizados. E continuo a nossa busca nos arquivos da memória visual com outros exercícios. Solicito que desenhem objetos pessoais, do vestuário e adereços, tais como: relógio, calça, camisa, paletó, vestido e outros.

Vamos em frente. . . Neste momento, duas ou três aulas após, podemos comentar sobre os resultados alcançados, vocês diziam que não sabiam desenhar e como já realizaram mais de 30 desenhos? Observem que todos conseguiram realizar as tarefas que solicitei, então, vocês já sabiam desenhar ou é porque não tinham tentado desenhar. Só repetiam sempre os mesmos desenhos? Muitas vezes achamos que não sabemos ou não temos capacidade para fazer determinadas coisas, mas, na verdade, é que, às vezes, estamos condicionados a não tentar, a não experimentar, a não criar novos caminhos. E como não nos propomos a não tentar, não realizamos nenhuma ação em direção para aprender coisas novas. É importante que compreendamos que simples resultados podem conter grandes avanços e que desenhar abre janelas para o desenvolvimento de atitudes significativas para o aprendizado.

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A unidade na variedade Entramos em outra fase: a da ampliação do repertório visual e da criação de novas formas a partir dos padrões ou esquemas estereotipados que a maioria já possui e usa sempre que desenha, como por exemplo, o desenho de uma árvore. Normalmente, quando solicitamos o desenho de uma árvore, surge sempre a famosa e clássica árvore de maçã. O condicionamento imposto na infância surge com toda sua força, reflexo do automatismo que leva à repetição da mesma forma e nos condiciona a repetir a mesma resposta.

Então, quando peço para que desenhem três tipos de arvores diferentes, como, por exemplo, um coqueiro, uma bananeira e um cajueiro, as dificuldades se apresentam. Porém, muitos já têm menos medo de errar e fazem suas representações com mais detalhes. Quando buscamos a variedade, dentro de uma mesma unidade, neste caso arvores de vários tipos. A nossa visão se amplia, nosso mundo aumenta.

Depois, para provocar respostas mais complexas, aumento o grau de dificuldade. Proponho um trabalho de pesquisa a partir do qual possam observar na sua rua ou bairro, vários tipos de árvores. Também para reforçar a aquisição destas novas percepções, vou com o alunado até ao pátio da escola ou estacionamento, desenhar alguns tipos de árvores que podemos ver. A pesquisa e a observação ajudam a despertar a curiosidade, tão presente e importante no processo de ensino e aprendizagem. Podemos observar que a busca pelo detalhe, pela diferença, por características particulares em cada desenho passa a ser objeto do desejo do alunado. Eles se tornam mais exigentes com seus desenhos e consigo mesmo. Eles começam a dar importância as pequenas diferenças nos objetos analisados. Os alunos começam a dar atenção ao seu ambiente de vida. A curiosidade se aguça como a atenção pela busca pelo detalhe.

Na próxima aula, o alunado continua a realizar desenhos no qual pequenos detalhes são determinantes nas diferenças entre animais da mesma espécie. Solicito que se desenhe animais que apresentam pequenas diferenças, como um boi e uma vaca, um galo e uma galinha entre outros. Acredito ser este exercício muito significativo. É um momento em que o alunado pode desenvolver a sua capacidade de auto-aprendizagem, de criar o hábito e o interesse na realização de pesquisas.

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32 Como tarefa de casa, solicito que realizem desenho olhando, pegando, cheirando os legumes e as verduras. Desenhos mais complexos em detalhes podem surgir como: desenhos de cebolas, alhos, pimentões, entre outros.

Outros exercícios propostos são: desenhos de peixes, insetos, animais selvagens, domésticos e pássaros. Temos aqui uma ótima oportunidade para

a ampliação da visão sobre o mundo que vemos, mais às vezes não prestamos muita atenção. Este aumento do repertório visual gera uma variedade de novas informações e desenvolve um olhar diferente sobre o cotidiano. O alunado vai aprendendo novos conhecimentos ao desenhar, vai acumulando informações na medida que utiliza os conhecimentos, que já tem em sua memória aos novos, quando se propõe a realização de pesquisas. Muitos exercícios podem ser solicitados como dever de casa, atividade que estimula o alunado a repetir a aula e a desenvolver o hábito de estudar e pesquisar, como também conhecer o prazer na realização das tarefas, da missão cumprida A cobrança, por parte dos professorado deve ser rígida, de mesa em mesa na sala de aula, corrigindo os trabalhos de cada aluno(a), observando os progressos obtidos de acordo com a forma de representação inerente a cada um(a).

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Desenho de casas Depois, passo para o desenho da casa do próprio alunado, que é outra atividade que pode ser bem explorada. Inicialmente, são demonstrados, em sala de aula, os diferentes tipos de fachadas (no caso de casas populares), portas, janelas, portões, muros, detalhes de telhas da casa e a paisagem ao redor, como a existência de orelhões, postes, calçada, cercas ou outras formas de construção que são

agregadas na paisagem urbana. Esta abordagem inicial, que desenho no quadro da sala de aula e que é copiada pelos alunos, serve para que eles percam o medo de tentar desenhar a sua casa de memória, pois adquirem confiança, já que normalmente todos conseguem copiar do quadro. E já não devem reclamar, ou dizer que não sabem, pois todos conseguem realizar estes desenhos olhando do quadro.

Devemos observar a posição do telhado em vários ânulos e o estudo das telhas.

Depois, solicito que desenhem de memória, a frente, a fachada da sua casa, com todos os detalhes. E no final da aula, como dever de casa, solicito que desenhem novamente a frente da sua casa, só que de observação.

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Na aula seguinte, fazemos a comparação entre os dois desenhos, o que foi feito em sala de aula e o de observação. Essa atitude é importante para demonstrar como a nossa memória retém determinada informações e como esquece outras. Esta seleção da memória demonstra a necessidade de treinála, de exercitá-la, pois assim obteremos melhores resultados quando a usamos.

Ao olharem com mais atenção o seu ambiente, a sua casa, a sua cidade, a sua realidade, as imagens que lhe são impostas no dia a dia, lhes possibilitará adquirirem novos conhecimentos. Passam, então, a comparar com outros olhares, com um novo enfoque, refletir melhor sobre o seu mundo e sua vida. Depois do desenho de uma casa podemos propor novas pesquisas como o desenho de igrejas do bairro, do supermercado, da padaria, da farmácia, de lojas de material de construção ou dos prédios públicos.

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A professora Maria Inês Moura Biondi, na sua tese de mestrado em geografia, defende a importância do desenho no estudo da geografia. Baseada nos PCN´s, ela propõe que uma das situações ideais para o estudo da geografia é a leitura de paisagens, pois, o desenho acompanhado de uma reflexão, possibilita um aprimoramento das habilidades de localização, proporção, pontos de vistas e o entendimento da simbologia local, atitudes tão úteis ao conhecimento e ao estudo da cartografia.

res histó o l a v e d os Observe s e prédi i . a e c d o a l d i e t c i la Vis sseios pe as esculturas, os a p s a l u a eo uitetura, ricos em q r a a . Observ u s s a o a s s e e h p n as e dese escola ou áficos e r a g é o t e a g a s s e ca s acident ser fonte z da sua a f m e e u d q o p os percurso rto. Tod a u q o i r seu próp o desenho. od de estud

Aluno Leonardo Canário pintando no Teatro Alberto Maranhão.

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Luiz Elson - caneta esferográfica

No estudo de paisagens, procure estudar as diferentes formações das nuvens, pois o céu é um elemento de destaque, observe como ele cria a atmosfera da cena e a cada instante é o reflexo de uma beleza única.

Caso a escola seja próxima a uma praia, serra ou outro acidente geográfico natural característico da cidade, podem também servir de modelo para estudos. Acredito que, ao ver melhor o seu ambiente, os alunos podem criar e desenvolver uma visão mais crítica da realidade, porque, ao constatar tantas diferenças nas formas, podese ter curiosidade de saber o porque. Por que as favelas e os condomínios fechados? Por que parte da cidade e estão bem cuidadas e outras não? Como foi se construindo esta situação? Esta compreensão do seu ambiente pode gerar uma atitude de não se conformar com as injustiças presenciadas e o desejo de buscar soluções para que se mude a situação.

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A figura humana O desejo de representar visualmente, de desenhar de várias formas, ângulos e maneiras diferentes a figura humana tem, principalmente na cultura ocidental, atraído a atenção de muitos artistas que, nos mais diferentes momentos da história, têm criado e usados vários modelos de desenhar o corpo e as expressões humanas. Do mesmo modo, esse desejo acontece, também, com as crianças em idade escolar. Na atualidade, devido a forte influência dos meios eletrônicos, a grande maioria busca na cópia dos desenhos animados ou de personagens de histórias em quadrinhos a realização deste desejo. E é neste momento que se gera um dos bloqueios, pois ao não conseguir que seu desenho fique parecido com o que está copiando ou se está desenhando um retrato e alguém faz um comentário tal como, “ah ! não está lembrando fulano”, o desgosto e a frustração levam muitos a acharem que seu desenho esta feio ou que nunca vão saber desenhar, ou até que isto é um dom de Deus. Em alguns casos, perde-se o interesse pelo desenho e se abandona esta nobre arte. Que tragédia! Cabe ao professorado evitar essa crueldade, na medida do possível. Neste momento, com sua experiência, deve trazer reproduções de várias obras de arte com imagens de como os artistas representaram a figura humana em vários estilos e épocas diferentes e explicar que cada jeito de desenhar a figura humana tem sua beleza, que não existe uma forma melhor do que a outra, mas formas diferentes de se ver a beleza. Desenhar exige estudo e quem deseja ser um bom desenhista deve praticar muito, pois determinados resultados só se consegue com muita

observação, paciência e o domínio do manuseio do material adequado. Saber usar bem os materiais que proporcione um sombreado correto é tornar possível, ou seja, se dar melhor caracterização, mais vida as pessoas retratadas. Lembre-se que grandes artistas construíram estilos próprios, formas particulares de representar a figura humana, outros destruíram a forma e a reconstruíram, como Picasso e o Henfil que era um dos maiores desenhistas do Brasil, desenhava seus personagens quase que como uma caligrafia, como um ato da sua escrita, impossível de ser copiado.

Desenho baseado em obra de Picasso

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Porém, muitos artistas buscam um efeito mais realista, mais fotográfico em seus desenhos e só se consegue isto com tempo, disciplina e dedicação, após uma, prática constante que desenvolver certas habilidades manuais. Esta forma de desenhar é possível a todos que se dediquem ao estudo de determinadas técnicas. O problema é que a maioria das pessoas não teve oportunidade de aprendê-las, ou tem preguiça de estudar.

Desenho de Geniere

Vamos então transmitir algumas noções que facilitem a superação deste desafio e orientar para os que desejam que seus desenhos de retratos fiquem mais parecidos com os retratos que estão copiando dos artistas ou que as pessoas que posarem se reconheçam nos desenhos produzidos. Como também possibilitar aos desenhos ficarem mais expressivos.

Desenho de João Natal

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42 Partimos do mais simples para o menos simples. Vamos começar. Inicialmente copio no quadro da sala de aula partes distintas do rosto e, separadamente, vou desenhando as formas mais simples de representação e acrescentado detalhes, passo a passo, até formar uma figura mais complexa. Na seqüência: o olho, a boca, o nariz e a orelha (primeiro vistos em um rosto de frente). OLHO –inicio com o desenho de um simples ponto. Para aprofundar os estudos sobre os olhos, deve-se observar as formas ao redor do globo ocular, é importante ressaltar as pálpebras, as sobrancelhas, as rugas e o brilho dos olhos.

BOCA – dependendo do desenho, uma reta já define uma boca, mais vamos acrescentando novas linhas até conseguir a idéia de volume. Dê especial atenção a linha que separa o lábio superior do inferior.

NARIZ –partindo de dois pontos, vamos construindo outras formas de representação. Observe que o nariz modifica seu desenho de acordo com a posição que o vemos.

ORELHA – uma elipse pode ser o ponto de partida do nosso desenho.

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44 Depois, eu junto tudo explicando muito superficialmente as proporções entre as partes que compõem o rosto. Então, peço que desenhem um rosto de um homem e de uma mulher, para que comparem coisas sutis como a forma da boca, sobrancelhas, olhos e cílios.

Outro exercício que proponho é que se criem vários personagens, observando os formatos de desenhar uma cabeça, pois podemos partir das formas mais conhecidas, como a oval, o círculo, o quadrado, triângulo e o retângulo até as formas irregulares como o formato de uma pêra.

Solicito que de desenhem 10 tipos de rostos diferentes. Aqui também podemos acrescentar uma pesquisa sobre os vários tipos de cabelo, barba, bigode para que se desenhe com mais detalhes a grande diversidade de biótipos humanos. Por fim, podemos acrescentar adereços como óculos, brincos, tiaras, lenços e chapéus.

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Nesta fase de estudos, o alunado já adquiriu as noções das proporções que existem entre as várias partes do rosto e poderão obter a intenção realista que desejam em seus desenhos.

Depois que muitos aprendem a desenhar o rosto como se fosse um tipo de boneco, vamos procurar dar mais “vida” a esses desenhos, vamos observar as mudanças que ocorrem nas sobrancelhas, olhos, boca e rugas, quando realizamos diferentes expressões. O estudante deve cumprir com seu papel de estudar. Em um bloco de anotações registre, inicialmente as diversas expressões faciais e, depois, desenhe as formas que o corpo expressa como linguagem. Organize como se fosse um dicionário de gestos e atitudes, pesquise em revistas, recorte fotos, veja trabalhos de vários artistas. Observe em revistas em quadrinhos e em desenhos animados, atentando para os exageros nas expressões.

Depois de ampliar as possibilidades de representar um retrato, eu copio no quadro as principais formas de expressão do rosto, as conhecidas em todas culturas : a alegria, a tristeza, o nojo, a raiva, a supressa e a desconfiança. Peço que criem um personagem e o desenhe com estas expressões e com outras que desejarem. Ao criar um personagem, procure desenha-lo de vários ângulos, com diferentes expressões Para concluir o estudo da expressão, proponho que se posicionem em frente de um espelho e realizem vários desenhos.

Quando estiverem mais familiarizado em desenhar um rosto qualquer, explico que podemos usar vários esquemas de construção na realização dos esboços, desenhos preliminares, que possibilitaram um novo aprendizado e modificações na forma de representação de seus desenhos.

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Deve o professorado oferecer informações e exemplos de obras de artistas que procuraram em suas obras realçar a beleza da nossa diversidade étnica. Vários povos contribuíram no processo da formação cultural brasileira: diferentes nações indígenas, africanos, europeus, asiáticos, entre outras, aqui se misturaram e formaram uma nação mestiça. Ainda hoje podemos identificar características físicas diferentes destes diversos povos. Tais diferenças e misturas devem ser objetos de estudo de nossos desenhos.

Luiz Pinheiro

Leonardo Canário

É importante que se identifiquem, vejam-se fazendo parte desta diversidade, que não perpetue antigos preconceitos, como o que só considera bonito um padrão de beleza baseado nos cânones gregos. Mais que veja a beleza no negro, no mulato, no índio, no asiático, no oriental, enfim, em todas as pessoas, cada um com uma beleza nova e particular, com sua singularidade e características próprias.

Aucides Sales

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O desenho da criação de um personagem também pode ser utilizado o desenho cômico e não só necessariamente retratar de forma realista. O melhor exemplo é o estudo de desenhos animados, nos quais o exagero das formas, a deformação das proporções possibilitam vários estudos. Diminua, aumente o queixo, o nariz, o corpo, não há limites para as distorções, invente, crie personagens usando como base frutas, animais, objetos, lembre-se que ratos, esponja e coelhos são exemplos de personagens queridos por muitos.

Ivan Cabral

Cláudio Oliveira

O desenho do rosto de perfil é outra forma de representar a figura humana que estudamos Inicialmente, copio no quadro os esquemas mais usados. Como ensinei na construção de rosto de frente, também vou por partes, desenho primeiro os olhos, depois a boca, o nariz e a orelha.

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50 No desenho do olho de perfil, realizo o mesmo procedimento, inicio com a imagem de um ponto, depois acrescento outras linhas que se parecem com um A deitado. Lembrem-se de representar os espaços existentes ao redor dos olhos.

O desenho do nariz é caracterizado pela forma triangular.

O desenho da boca de perfil é realizado seguindo uma seqüência que vai acrescentado linhas até obter a idéia do volume, observe com atenção a posição dos lábios superior e inferior, eles apresentam tamanhos diferentes para cada pessoa.

A orelha deve ser estudada em diversas posições

Apresento agora, vários esquemas de construção de desenho de uma cabeça em perfil, o estudante deve conhecer vários esquemas e escolher o que melhor lhe serve.

Depois, que todos copiam os exemplos, solicito que se desenhe um colega da classe. Enquanto um desenha o outro serve de modelo. Concluído o primeiro desenho, os alunos alteram as posições, normalmente, observamos a alegria e a satisfação de nossos alunos com os resultados obtidos.

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52 Depois de toda esta preparação, sugiro que quem desejar, quem tiver o interesse de desenhar retratos com a intenção realista, já estará mais preparado tecnicamente e com certeza obterá resultados melhores do que alcançava. Os alunos podem utilizar fotografias de seus ídolos, de personalidades ou solicitarem que amigos e parentes posem para eles.

Geniere Sara

Luana

Willy Joiran

O corpo humano Para concluir o estudo do desenho da figura humana estudamos os esquemas de representação do corpo. Explico que existem mais de 100 sugestões de esboços(desenhos preliminares ) de esquemas de construção, que vão dos cânones de proporção até linhas circulares de contorno.

Usando um aluno como modelo, pode se propor que se desenhe de observação uma pessoa em pé. Sempre usando modelos masculinos e femininos para evitar que pelo condicionamento e preconceito os meninos só desenhem meninos e as meninas, meninas.

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54 Depois de desenhar um aluno em sala de aula, volto ao quadro e demonstro 03 tipos de esquemas básicos de esboços. Solicito que os alunos copiem as imagens do quadro,

O primeiro é o boneco de arame, baseado nos ossos do corpo humano. Depois acrescentamos a idéia do corpo com volume, relembrando o desenho de um cilindro. Explico a idéia de transparência, que fazemos nos esboços quando construirmos um boneco de cilindros. O último esquema que solicito é o baseado nos contornos do corpo. Ele é realizado com traços usados livremente, esse tipo de esboço é executado com poucas linhas.

O estudo da proporção deve ser uma constante, cada pessoa tem tamanho diferente. Mas, para facilitar, vamos usar o padrão de 7 cabeças e meia ou seja, o tamanho da cabeça é usado como unidade de medidas. Lembre-se a proporção varia de acordo com estatura de cada um, pela idade e pelo tipo de desenho.

Os desenhistas de Quadrinhos e animação utilizam padrões de 2 cabeças e meio, 3 ou 4 cabeças para criação de personagens. Treine com revistas de moda e fofoca, utilize fotografias para compreender melhor os locais onde se dividem as medidas baseadas no padrão escolhido. Depois tente desenhar copiando, apenas olhando a foto. Por fim tente criar imagens do corpo humano sem olhar para nada, nem desenhos dos outros ou fotos, mais abstraindo as formas que você conhece do corpo. O desenho é criado baseado nos estudos que você realizou.

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56 Existem vários tipos de esboços para se desenhar mãos. Procure conhecer e teste muitos destes esquemas, até encontrar um que lhe dê um resultado satisfatório, isto é algo muito pessoal. Aqui demonstro alguns tipos. Observe as proporções e o volume entre as diferentes partes de uma mão.

Desenhe usando sua própria mão como modelo, também observe, sempre que possível mãos das pessoas em diferentes posições.

Observe as curvas dos pés e o movimento dos dedos.

Para avaliar os esforços do alunado como tarefa extra-classe, peço que desenhem a sua família, observando as características de cada um, se um é gordo o outro magro, um é alto o outro baixo. Solicito que tentem representar estas diferenças e a ação do tempo sobre as pessoas. Observamos que muitos acabam por transmitir características pessoais de uma forma riquíssima e sutil.

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58 Outro exercício que é proposto é realizar desenhos baseados nos esportes que os alunos mais gostam ou praticam.

Existem muitos esquemas de esboços, procure conhecer o máximo possível. Aprenda a conhecer as principais curvas do corpo humano, estes detalhes são importantíssimos para que os desenhos de figura humana apresentem naturalidade. .

O estudante deve se dedicar ao estudo da anatomia, mesmo que de forma superficial, conhecer os ossos e ao músculos, trarão aos seus desenhos uma beleza que é diferente dos que desenham sem estes conhecimentos. Quem desejar se aprofundar procure livros especializados que existem no mercado, existem artista que exageram nestes estudos e vêem beleza até nas deformações. Este tipo de estudo proporciona que possamos observar a mesma figura em vários ângulos, os efeitos dos músculos e as mudanças que sofrem a cada movimento

A utilização de estátuas de gêsso é um recurso que facilita o entendimento dos efeitos de luz, sombra e volume no corpo humano. Prática frequente nas antigas escolas de arte e de comprovada eficácia.

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60 O uso de modelo nu deve fazer parte dos estudo de quem deseja se aprofundar na prática do desenho da figura humana, na verdade, este conhecimento é essencial, observe, copie inicialmente a partir de fotos de revistas especializadas e os que puderem estudem com um modelo vivo. Tenha sempre um bloco de anotações para que possa desenhar, observe na rua, em locais públicos e até em casa, às vezes, um simples cochilo é motivo para um belo desenho.

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Após realizar mais de 100 desenhos em sala de aula os alunos já não podem mais dizer que não sabem desenhar. Muitos já possuem uma confiança que não possuíam, já perderam o medo de riscar, de tentar, de fazer. Chego a brincar, dizendo; Pronto! Agora vamos começar a estudar, a aprender a desenhar! Está primeira parte foi só a introdução, para provar que vocês já sabiam, que todos já desenhavam, porém poucos acreditavam. Depois de ter explorado um pouco o campo da memória e da observação, vamos agora brincar com a imaginação e com a capacidade de criar e recriar novas imagens. Vamos dar liberdade a experimentação gráfica, desenvolvendo um centro de interesse visual totalmente novo para muitos, vamos ampliar a nossa visão trabalhando os elementos básicos do desenho.

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Elementos básicos do desenho O Alfabetismo visual, é uma didática artística baseada em uma visão estética organizada por arte/educadores com o objetivo de explorar cada elemento visual de uma obra de arte, interpretar as diversas relações entre estes elementos da linguagem visual e a analise da sua importância na composição da obra. Eles acreditavam, que estes estudos ampliava a capacidade de ver. Defendiam que o aumento da inteligência visual, aumenta o efeito da inteligência humana e amplia o espírito criativo. Cabe ao professor provocar experiências perceptivas que acionem os dispositivos mentais impulsionadores da criatividade. Essas idéias tiveram influencias dos artistas Abstratos, da Psicologia da Gestalt, dos concretistas e da Escola de Artes Bauhaus. Artistas e educadores que procuraram ao longo do tempo criar uma síntese para a linguagem visual, trabalharam desconstruindo as imagens, já bastante transfiguradas pelas idéias modernistas, que de modo espontâneo já produziam obras tentando criar imagens que se libertavam das formas semelhantes à realidade. Explorando novas e criativas técnicas, valorizando a livre expressão e a emoção, os artistas chegam até a dissecar a imagem, reduzindo-a ao máximo, a buscar a beleza até na menor particular de expressão visual, um simples ponto. Aqui vamos seguir um caminho prático. Proponho o seguinte método de trabalho; durante a explicação dos três primeiros elementos, o ponto, a linha e a figura, podemos utilizar diversos materiais tais como: grafite, lápis aquarela, canetas esferográficas, lápis cera, tinta guache, tinta nanquim e principalmente, colagens com papéis

coloridos. Pelo pouco tempo disponível para uma aula, utilizo os papeis em pequenos formatos (10X15 cm), de modo que possibilite aos alunos concluírem um ou dois trabalhos por aula. Estes exercícios também podem ser realizados com o uso de computadores, caso a escola disponha, pois os programas de computadores baseados em cálculos matemáticos e suas combinações, possibilitam o aprendizado destas noções, por facilitar a criação de verdadeiras obras de arte com um simples toque. Para iniciar, o melhor programa é o Paint, acessível a todos os computadores que usam o Sistema Operacional Windows. Acredito que após os alunos terem realizado vários exercícios, aqui sugeridos e produzidos as colagens, usado outros materiais ou utilizando a computação gráfica, como recurso didático, sua visão sobre desenho e as artes visuais se ampliará de forma que ele passe a valorizar e compreender um pouco mais sobre Arte moderna, a pintura Abstracionista. E estas formas de arte serão vista com outros olhos, não só encarada como algo mal feito, borrões, riscos ou uma mistura de cores sem sentido. Após produzirem seus trabalhos percorrendo caminhos parecidos com os usados pelos artistas, os alunos terão uma outra noção de beleza no desenho, entendendo que aqueles desenhos tão estranhos a eles revelaram a sua beleza, uma beleza diferente da que eles estavam acostumados a entender como correta, mas, uma nova visão da arte, que muitas vezes, não precisa de explicação, é só deleite. Apesar da ausência de formas conhecidas ela é cheia de significados, o alu-

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62 no passa a gostar e compreender, fazendo, produzindo obras com a estética da arte moderna. Esta nova forma de comunicação visual, este ver com outros olhos, tão simples, tão obvia,

tão verdadeira e universal comum a todos os povos independente de cultura, ou país, a linguagem espiritual da alma como denominou Kandinsky.

Vamos reproduzir alguns conceitos já conhecidos e acrescentar a nossa opinião sobre esses estudos. Ponto Portanto vamos ao ponto. Ponto é o resultado do primeiro choque do instrumento (lápis, pena, etc. ) com o plano (x). Ou seja um local, um espaço qualquer.

É o elemento de menor superfície que o olho humano pode perceber isoladamente no campo visual em relação a um plano. Agrupando –os ou isolando-os obtemos diversos efeitos. Nas artes gráficas e na computação, é o elemento de base, podem ser grandes, pequenos ou médios e de qualquer cor. O ponto é o elemento indicador e moderador do espaço. Vamos então realizar desenhos. Inicio a parte prática com um exercício, onde solicito que cada aluno crie três composições diferentes, usando o elemento ponto como base para seus trabalhos. Vemos nos exemplos a seguir as diversas formas de uso, seja agrupando, ampliando, organizado sem limitar o número ou o tamanho dos pontos usados, comento a diversidade de imagens que surgem, pois apesar de usarem um elemento tão simples, temos inúmeras composições. Os alunos se surpreendem com seus trabalhos. Relato de como a mente humana é ilimitada em

suas criações e como cada pessoa tem a capacidade de criar e pensar diferente dos outros e que todos podem realizar o que pensam, mesmo que seja uma coisa tão simples, porem se não tem a atitude de fazer, a ação de pelo menos tentar ampliar seu conhecimento, suas capacidades mentais serão limitadas, por que eles mesmos se castram, se anularam. E que pequenas conquistas geram confiança e com confiança se tem coragem para enfrentar novos desafios. Linha o elemento linha define os contornos, é capaz de conferir volume e movimento à representação gráfica, gera e qualifica as superfícies. As principais linhas podem ser a: Retas- horizontal vertical e inclinada e linhas curvas. As linhas podem se apresentar : finas ou largas, fortes ou delicadas, retas ou sinuosas, escuras ou claras, contínuas ou quebradas. São as linhas que definem e articulam as formas, transmitem sentimentos e sensações, reproduzem as texturas, determinam o movimento de um ponto em um espaço.

A linha é o elemento essencial do desenho, por isso é importante para o artista e para o estudante de arte, saber usá-la com liberdade, para isto deve ter o domínio da coordenação motora, que é conseguido com treino e repetição de exercícios. Exercícios esses que praticados com freqüência, possibilitará aos artistas se ter habilidade para produzir traços de rara beleza e expressão. O uso do próprio elemento, linha, como centro de uma obra, como foco do trabalho de um artista é novamente demonstrado. Recorro à reproduções de obras de grande artistas para demonstrar o valor que eles deram a linha e ao propor exercícios, veremos que as possibilidades de realização são ilimitadas. A ampliação da percepção das linhas, dos seus principais tipos, começamos a observar o seu emprego nas coisas do cotidiano, contornado objetos, nas estruturas arquitetônicas, na decoração, na natureza.

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64 Figura - Forma - Contorno O contorno descrito pelas linhas define os espaços. É aquilo que se vê, como as coisas existem, é a sua estrutura organizacional realizada através da junção de linhas. As principais figuras são: quadrado, triângulo, círculo, elipse, retângulo, losango e trapézio, além de outras formas irregulares.

Inicio recordando a aula de linha e demonstrando que ao unir várias linhas passo a construir figuras, formas como o quadrado, o circulo, o triângulo, que são as figuras mais comuns. Depois, desenho no quadro outras formas regulares e solicito que reproduzam em seus cadernos como o retângulo, a elipse e o losango, por fim as formas irregulares. Novamente após mostrar obras de vários artistas que produziram obras usando apenas as formas geométricas, solicito que façam as suas, usando inicialmente só uma figura, como por exemplo, realizarem uma obra só com quadrados ou só triângulos. Neste trabalho, se possível usamos colagens de papéis coloridos. . dam tão belos segredos estéticos em sua intimidade. Levar exemplos de trabalhos de artistas com obras utilizando estes elementos visuais, além de trabalhos de outros alunos ou do próprio professor. São formas de incentivo que devem ser sempre utilizadas.

A variedade de composições e a beleza dos trabalhos que vão surgir impressionam aos alunos e enche de satisfação o professor, pela constatação de que todos produzem belos trabalhos, de uma harmonia e mistura de cores que emocionam. São formas que vão brotando e se materializando, revelando a beleza da alma e dos corações, as vezes de alunos tão brutalizados pela vida. E que guar-

Sei que cada professor busca uma melhor maneira na realização da sua aula, sei que cada público é diferente um outro do outro, mas, acho que nós professores devemos ter certos cuidados ao organizar os procedimentos que os alunos vão realizar. Não deixe margem para erros, esteja pronto para que se eventualmente os alunos esqueçam ou não tragam seu material, tenha uma solução para que a atividade seja realizada. Por isso, proponho que neste exercício, o professor trabalhe inicialmente com pequenos pedaços de papéis coloridos, que ele já deve trazer cortado de casa, depois, dividir a sala em pequenos grupos e distribuir o material, de modo que todos participem e não reclamem pela falta do que fazer. Textura

No desenho, a textura é a forma que utilizamos para representar as diferentes superfícies. É a representação e o caráter das superfícies dos materiais visuais. As texturas se caracterizam visualmente pelo modo como se forma a superfície, pela concentração de linhas, pontos, tramas que se alternam ora ordenados ou desorganizados, com traços e hachuras que se agrupam ou se isolam. A textura é a pele das coisas, é como representamos gráficamente o que vemos ou criamos. Para exemplificar melhor podemos usar as texturas visíveis na própria sala de aula. Solicito que os alunos desenhem a textura do piso, a da madeira que reveste o quadro negro, a dos azulejos da parede, o chapisco da parede e as formas das telhas. Depois apresento reproduções de obras de artistas que explorarão basicamente a textura em suas obras, então copio no quadro 10 tipos de texturas gráficas e solicito que criem outros 20 tipos diferentes. Peço para não utilizem nenhuma forma conhecida, como o desenho de uma casa, uma arvore, mas só linhas, traços, hachuras e formas geométricas. Como pesquisa extra-classe, peço que desenhe texturas a partir de folhas de arvores, troncos e para quem tem computador em casa, que experimentem criar várias obras, brincando no programa Paint, onde terão recursos para observar que existem milhões de respostas a uma mesma pergunta, que eles podem criar ilimitados desenhos, mudando as cores, os tamanhos. Uma simples atitude, a de experimentar, a de re-trabalhar uma mesma idéia, de buscar novas e possíveis soluções, são recursos que os computadores nos oferecem para que reflitamos e modifiquemos a nossa forma de ver e pensar o mundo, pois se isto é possível em um simples trabalho, por que não em outras coisas? Não existe só uma solução para quase tudo. É preciso criar o hábito de observar, de testar, de imaginar varias soluções para um mesmo problema. O volume A ilusão criada pela idéia da perspectiva, representa a dimensão dos objetos. Agora temos um momento especial no estudo dos elementos básicos a idéia de volume na representação das figuras. A primeira constatação que temos é que a maioria das pessoas fazem seus desenhos de forma chapada, ou seja só apresentando duas dimensões a altura e a largura. o volume só se apresenta, em média em 30% dos desenhos de uma sala. Acredito que estes conhecimentos ainda não foram difundidos e incorporados ao pensamento coletivo. Isto talvez seja a razão pela qual a maioria das pessoas não consigam representar “direito “ um objeto da forma realista.

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66 A difusão deste conhecimento se deu principalmente nas Escolas de Arte e no ensino do desenho geométrico nas escolas, mais voltado para o estudo da matemática, como já vimos, não era para todos. Inicio os estudos ensinando a desenhar um simples Cubo. Faço isto no quadro, passo a passo, primeiro desenho um quadrado, relembro os cuidados com a habilidade técnica de fazer as linhas retas, sem auxilio de régua. Depois, demonstro que só uma linha inclinada na base, já possibilita a idéia de profundidade e vai exigir novas linhas horizontais e verticais para complementar a construção da figura. É importante que eles desenhem pelo menos três vezes o cubo. O último sem olhar o modelo no quadro, que deve ser apagado. Também acho que é necessário mostrar a inclinação para o outro lado do quadrado e quando as duas linhas da base estejam inclinadas. Conforme o exemplo da ilustração.

Após todos terem assimilado estas noções, solicito que desenhem uma pirâmide, um cilindro, um cone, um paralelepípedo, uma esfera e um prisma para observarem outras figuras sólidas em perspectiva. Já dizia Cézanne : “Saber desenhar é só desenhar um cilindro, um cone e uma esfera”. Também podemos trabalhar com volume construindo objetos em três dimensões, usando diversos materiais como o isopor, o papelão, o barro ( argila ) a massa adesiva tipo durepox, madeira, gesso e outros.

cubo,

pirâmide, paralelepípedo, cilindr o, cilindro,

cone,

prisma,

Neste momento, podemos fazer pequenas esculturas, utilizando estes materiais.

tr onco tronco

e esfera

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Construindo figuras Seguindo o conselho do mestre francês Cezanne, vamos após conhecer as formas sólidas básicas, construir outras figuras, a partir da união destas formas. O desenho de uma circunferência deve ser feito passo a passo, podemos inicio partindo do quadrado, até a construção de uma circunferência. Depois de ter uma certa prática, tente desenhar usando apenas linhas básicas em forma de cruz, observe sempre a linha de eixo. Essa capacidade de criar, de transformar as figuras, possibilita que as pessoas possam desenhar qualquer objeto e desenvolver o seu grafismo. Depois, desenhamos uma elipse, refazemos o mesmo procedimento até treinar este traçado livremente e dominar a figura com segurança. Nunca despreze as partes não visíveis de um objeto, faça o desenho usando a transparência nos esboços para desenhar com correção a idéia da tridimensionalidade dos objetos. Inicialmente coloco alguns exemplos no quadro para serem copiados e demonstro que usando as formas como esboços podemos ir construindo vários desenhos. Após treinar os olhos e as mãos para ver e construir as formas sólidas básicas (cone, cilindro e a esfera). Vamos começar a unir umas com as outras.

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68 Solicito a execução de desenhos de sofás e cadeiras, como pesquisa extra-classe. É importante comparar os diferentes estilos que um mesmo objeto apresenta, comparando seu desenho com o dos colegas, os alunos passam a observar com mais atenção os objetos do seu cotidiano.

Luz e sombra No desenho, podemos obter os efeitos visuais de luz e sombra usando recursos simples, como na forma de sombrear tracejado, em que as linhas são aproximadas ou separada, cruzando linhas usando hachuras e esfumando usando o esfuminho ou os dedos. Na sala de aula podemos demonstrar este exercício com o lápis grafite, com a caneta esferográfica ou com canetas com tinta nanquim.

Para estudar os efeitos da luz e da sombra, devemos seguir um roteiro já usado no estudo das formas geométricas sólidas. Aqui podemos usar as formas construídas de isopor ou madeira sugeridos no estudo de desenho de observação, depois ir desenhando objetos. TOM – é a graduação de valor entre o branco e o negro, representa a ausência ou a presença da luz. O tom molda as formas visíveis. Eles separam os planos, um do outro e possibilitam a justaposição entre as partes de uma composição. É importante observar o foco da luz (natural ou artificial), os tipos (sombra do objeto, sombra projetada), sua posição em relação ao objeto iluminado, sua intensidade e a sombra produzida. No início dos estudos é importante buscar dominar poucos tons, 3 ou 4, depois ir ampliando a sua escala entre o preto e o branco.

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70 O estudo do degradê tem grande importância para o jovem desenhista, deve-se treinar a mudança dos tons do claro para o escuro e do escuro para o claro. Exercício – crie quatro variações de tons usando a mesma imagem, com diferentes estudos de tons. Luz – quanto mais o ambiente é iluminado mais forte são as sombras, quanto a iluminação é fraca, as sombras ficam difusas, se percebe pouco. As sombras criam a atmosfera de uma obra. O tamanho das sombras depende da distância do foco de luz. Estude projeções de sombra do natural, observe as diferentes imagens criadas nas sombras projetadas. Observe que nas superfícies curvas as mudanças nas sombras são graduais. Pintura COR- Transmite emoções e também tem um significado simbólico. Os Artistas usam a cor incorporando significados associativos ou como referência do que vemos na natureza. Inicio trabalhando com tinta guache, como primeiro exercício com pintura proponho um exercício coletivo, porém feito individualmente Os alunos começam trabalhando em um formato pequeno de papel (10 x 14 cm ), para que tenha disciplina, respeite as qualidades técnicas da tinta e compreenda que certos efeitos só são conseguidos se utilizar a técnica correta. O pequeno formato do papel possibilita que o aluno conclua sua pintura em uma única aula de 45 a 50 minutos, depois quando já tiver mais prática com a utilização dos materiais, devem-se propor trabalhos com tamanho maiores. Também sugiro que caso o professor seja de escola pública e não possua sala ambiente para trabalhar. Que ele providencie, tenha em seu poder todo o material, como: tintas, pincéis, papel, panos de limpeza e paletas, de modo que o aluno não tenha motivos para não realizar os trabalhos, alegando falta de esquecimento em trazer o material de casa ou condições de comprá-los. Também deve ficar, pelo menos, no início das explicações da técnica, responsável pela distribuição das tintas, isto evita desperdício e sujeira em sala de aula. Acho importante demonstrar a técnica com calma com um exercício simples, para que o aluno se familiarize com as possibilidades que a tinta pode proporcionar. Depois, acho que o professor pode solicitar que os alunos realizem uma cópia de uma obra de arte de um artista conhecido, pode ser um artista da própria cidade ou um da arte mundial, entendo que ao copiar o aluno vai tentar descobrir os caminhos percorridos pelo artista e vai aprender como ele conseguiu certas soluções e ver a importância de cada estilo, de cada traço. Dai então é que ele pode fazer uma releitura, com mais segurança e não simplesmente só copiar de forma mal feita. Concluindo, esta atividade solicito que cada aluno produza um trabalho individual com tema a sua escolha.

Desenho de observação A aprendizagem da técnica do desenho de observação vai proporcionar aos alunos a ampliação da sua percepção visual, pois vai fazer com que olhem as diferentes formas das coisas com mais atenção e como eles já estão familiarizados com as formas geométricas planas e sólidas, isso facilitará a compreensão da aula. Acho necessário construir as figuras sólidas (fazer de madeira, isopor ou cartão) de tamanho razoável, de modo que fiquem visíveis a todos os alunos. Estes devem se posicionar em forma de círculo, para que todos possam ver ao mesmo tempo as figuras e facilitar a circulação do professor na sala, de modo que ele possa fazer as correções e orientações necessárias. Após percorrer todo o caminho que já fizemos, os alunos já estão aptos a avançar no seu grafismo. E ao desenhar olhando para um objeto tentando reproduzir uma imagem que fique o mais parecido possível com o real, eles vão perceber que já venceram o medo, já não dizem mais, “eu não sei”, “eu não consigo desenhar”. Simplesmente olham e desenham. Na segunda sessão de desenho de observação usamos objetos de formas simples, como jarros e objetos de cozinha, depois passamos para objetos mais complexos como um lampião, um telefone, um par de tênis ou outro qualquer.

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Agregando valores ao trabalho Antes de fazer um trabalho, uma obra, acho necessário explicar com exercícios práticos, a importância dos seguintes elementos visuais que compõem um desenho. CHAPADO - preenchimento de uma área com uma só cor de forma uniforme, em um só tom. DEGRADÊ - pintura com mudanças de tons, do claro para o escuro CONTORNO - Traço exterior de um desenho. delimita os diferentes planos. CONTRASTES - pode ser tonal, entre cores ou com uma só cor, ou com relação a tamanhos. PERSPECTIVA - É o modo matemático de mostrar distância e a escala, é o modo mais conhecido de fazer superfícies planas parecerem tridimensionais. PROPORÇÃO - É a relação matemática entre os diversos tamanhos. RITMO – É a repetição de uma forma com igualdade ou alternância. TRANSPARÊNCIA – É a visibilidade das partes internas das figuras FIGURA/ FUNDO - É a relação visual que aproxima e distancia a imagem do expectador. TOM – É a ausência e a presença de luz LUZ- Como elemento visual, a luz é o elemento de contraste entre o claro e o escuro, que cria um movimento de vibração dos valores dos tons. ESCALA- A escala determina a proporção, a medida e o tamanho relativo das coisas, é a coerência dos pontos formando uma totalidade. MOVIMENTO- O artista articula dois aspectos fundamentais contidos no movimento o espaço e o tempo, através dos contrastes (tensões espaciais) e das semelhanças (seqüências rítmicas). O movimento é um efeito de ilusão visual. Também ocorre quando o olhar realiza um caminho visual percorrendo a obra. COR- O problema da cor deve ser entendido como uma questão de relacionamento entre as cores e não o estudo de uma cor isolada. EQUILÍBRIO - Pode ser conseguido com as harmonias entre simetria, contrastes, proporções. PROFUNDIDADE - É conseguida através dos efeitos de perspectiva. DIREÇÃO – As formas (contorno) básicas expressam três direções básicas e significativas, a horizontal, a vertical e a diagonal.

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74 Perspectiva Caso o professor deseje pode se aprofundar um pouco no estudo da perspectiva para conseguir mais profundidade nas dimensões dos objetos. Explico as principais regras na construção da perspectiva. A linha do horizonte –Linha imaginária que se localiza de acordo com o nível do olho do observador, ela se desloca acompanhando a visão do mesmo. Primeiro fazemos no quadro da sala de aula e peço que copiem acompanhando meu desenho, passo a passo, um desenho de um cubo com um ponto de fuga e depois um com dois pontos de fuga. Como exercício, solicito que desenhe um compartimento da sua casa, pode ser um quarto ou a sala. perspectiva com um ponto de fuga

perspectiva com dois pontos de fuga

O objeto ou objetivo do desenho pode se encontrar em diversas posições quanto a linha do horizonte.

Desenho com medidas No estudo do desenho de observação é importante se estudar a idéia da proporção (relação entre as medidas). O primeiro exercício que proponho é treinar o olho a ver as medidas e a fazer uma relação de unhas com as outras. Proponho o seguinte exercício de linhas : Inicio solicitando que reproduzam linhas do mesmo tamanho e depois dividam-nas em partes iguais, sem utilização de réguas e por fim reproduza o desenho de um quadrado usando a técnica descrita. A mesma técnica serve para o desenho de objetos e é claro que requer a obtenção de varias medidas.

Use o lápis e o polegar como instrumento de medidas. A medida padrão deve ser usada para se ampliar em escala, basta repetir quantas vezes desenha a mesma medida.

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76 Desenho de carros Acho que é importante que os alunos realizarem estes desenhos usando todo o caderno, ou seja uma página por desenho, para podemos observar mais detalhes. Para concluir, solicito uma visita ao estacionamento da escola para desenhar carros que lá se encontram, exercício que fascina a muitos alunos. Antes de ir ao estacionamento, realizo na sala de aula desenho no quadro de esboços utilizando as formas geométricas sólidas. Desenho a forma básica de um carro, vendo de frente, de lado e de três quartos.

A ampliação dos sentidos abre uma nova dimensão do conhecimento nas pessoas, amplia a vontade de se aprofundar, de não se conformar com o resultado rápido, observamos que, quando os alunos não estudam corretamente, eles iniciam seus desenhos e procuram concluir logo o trabalho. Depois, o alunado começa a curtir o seu desenho, a detalhar, a dedicar mais tempo a sua tarefa. O ato de desenhar, requer, assim como a matemática, muita disciplina, exige que para se obter determinados resultados, disciplina em seguir orientações técnicas com rigor, obedecer leis, seguir as seqüências lógicas e a se respeitar a continuidade de um processo até se chegar a um resultado. Dá um certo trabalho, trabalho mental, às vezes unindo o esforço mental e o esforço físico. Talvez por isto, muitos desistam tão fácil de aprender a desenhar ou acham o estudo da matemática tão difícil. Não é a toa que hoje a maioria das famílias desestruturadas, compostas de pessoas sem respeito próprio ou pelos outros, sejam de pessoas sem estudos ou de pessoas que não valorizaram sua aprendizagem. Acredito que o desenho, algo tão simples de se fazer, possa contribuir para modificar esta situação, porque com a ampliação da nossa visão e dos nossos outros sentidos, abrimos uma nova dimensão para adquirir novos conhecimentos e o desejo, a vontade de se aprofundar nos detalhes, na atenção redobrada as coisas mais simples e a dedicação a resolver problemas dos pequenos aos grandes. Podem gerar uma confiança que é possível de se realizar quase tudo daquilo que se pensa e se cria. Esta certeza torna as pessoas mais pacientes, mais sensíveis, mais tolerantes, pessoas que passam a acreditar em si mesmo e que respeitam os outros, pois vêem nas diferenças, não algo estranho, reprovável, mas uma forma nova de ver as coisas, essas atitudes vão proporcionar, pelo ato do desenho, que as pessoas se tornem melhores do que elas já são. Essa expectativa também foi compartilhada por Kandinsky e Rui Barbosa.

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78 O desenho de animais Estude os esboços utilizando os círculos e as elipses, conheça, se possível a anatomia de cada animal e quando desenhar de observação realize vários estudos em diferentes posições.

Xilogravura de Paulo Sergio (Locha).

O professor pode dedicar especial atenção ao desenho de cavalos e bois, temas freqüentes na obra de muitos artistas.

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Desenho: Luiz Elson, pintura: Emanuel Amaral

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A arte e outras disciplinas Buscando romper com a estrutura particularizada onde as matérias tem conteúdos independentes, hoje se busca uma maior integração entre as diferentes disciplinas e a Arte pode servir como uma ponte, como uma conexão metodológica para uma inter-relação de saberes relacionando os vários conhecimentos, essa integração entre as cadeiras torna-se a cada dia uma realidade nas escolas. As escolas buscam se adaptar a esse novo mundo com saberes tão especializados e cada vez mais influentes na formação da cultura, do trabalho e do pensamento da comunidade escolar. Processo que necessita de todos uma eterna aprendizagem, para possibilitar uma educação emancipadora e autônoma, que desmistifique a realidade e a compreenda como um espaço de diferentes, verdades, que os conhecimentos e os conceitos produzidos sejam relativizados e que o alunado construa sua aprendizagem dentro de uma visão holística que explique a realidade sem fragmentação. A Arte coopera com outras disciplinas e o desenho é um dos instrumentos desta atitude, ele atua dentro desta pluridisciplinaridade, desta relação complementar entre disciplinas mais ou menos afins. Voltando para o desenho – Aulas temáticas Agora sugiro atividades de apoio a aulas temáticas, que normalmente a maioria dos professores usa em sala.

Aula sobre folclore

Os mitos e as lendas do nosso folclore estudados pela maioria dos nossos alunos na educação infantil, marcam a memória dos mesmos, pois quando solicitamos que desenhem os personagens destes mitos. Todos conseguem, cada qual com sua forma própria de representação, mais vemos o resgate das imagens dos sacis, cucas lobisomens e outros. Aproveito a ocasião para fazer pesquisas e contar histórias, enriquecendo com novas informações, o conhecimento já adquirido de modo que esta atividade possibilite o aumento do repertório visual de cada um.

Música Peço que os alunos desenhem no quadro, cinco instrumentos musicais, depois explico as famílias, os tipos de sons que emitem, que serão identificados através da audição de CD’s. Como pesquisa solicito o desenho de outros instrumentos.

Criando símbolos A propaganda e a publicidade são duas atividades econômicas que utilizam a arte em suas criações. Elas influenciam a sociedade contemporânea com a mesma velocidade com que as comunicações se expandem e transmitem informações, criando toda uma cultura baseada em imagens simbólicas, com suas marcas, logotipos, brasões e desenhos que já fazem parte do cotidiano das pessoas. Propor ao aluno que ele crie um símbolo, é uma aula muito significativa, para que ele compreenda um pouco desta nova cultura visual. Inicialmente, explico os conceitos de propaganda e de símbolos, depois os tipos, as principais formas de letras, o uso das cores, a hierarquia dos formatos e tamanhos de letras e apresento exemplos de recortes em revistas de trabalhos de artistas gráficos. Então, solicito que cada aluno crie um logotipo com as letras iniciais de seu nome ou com uma profissão que deseja seguir no futuro. Também posso solicitar um símbolo pra cada uma das disciplinas que ele tem na escola ou sobre as áreas da arte. Esse exercício possibilita de que o aluno após conhecer muitas formas de desenhos, passe a utilizar a capacidade de criar uma imagem a partir da abstração do pensamento.

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82 Desenho de profissões Neste exercício o aluno procura unir o desenho da figura humana com o cenário, solicito que o aluno desenhe uma pessoa em seu local de trabalho. O professor pode sugerir que cada um desenhe a profissão que almeja. Observamos que muitos alunos buscam ideais profissionais muitos simples. Apesar de estarem na escola com o desejo de serem alguém na vida e acreditarem que o estudo vai melhorar as suas vidas.

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História A disciplina de história tem no uso do desenho um forte aliado para sua aprendizagem, principalmente pelo apelo visual da cultura produzida nas diferentes épocas, utilizar como motivo para desenhos as transformações do vestuário, das armas e armaduras, da arquitetura, dos móveis, dos adereços (chapéus, bengalas, sapatos, óculos) dos meios de transportes, entre outras coisas, é sem dúvida, algo que motivará os alunos a utilizarem o desenho como fonte de conhecimento.

Também podemos explorar a partir dos estereótipos, o que pode gerar discussões sobre conceitos e preconceitos, de como certas idéias são construídas e reproduzidas. É papel dos professores fazer os alunos refletirem sobre elas. O desenho de adereços estimula o aluno a realizar pesquisas e a conhecer as diferentes formas de um mesmo objeto. O desenho de personagens históricos também é um motivo a ser explorado.

Índio Tapuia , desenho de Evaldo Oliveira .

Estudo de tipos de chapéus.

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O aluno Arthur , criou este belíssimo desenho onde ele brinca com os estereótipos e as bandeiras de diferentes paises.

Dicionários Trabalhar a escrita com seus alunos é hoje uma tarefa de todo professor. Conhecer os significados e sentidos de uma palavra, possibilita usá-la com mais beleza e emoção. Saber contextualizar uma palavra e com ela construir um conceito sobre qualquer assunto, são objetivos, que todos os professores devem perseguir para que seus alunos realizem. Neste sentido tenho trabalhado com a produção de dicionários, atividade onde os alunos produzem o seu próprio dicionário. Cada aluno constrói o seu repertório particular de conceitos, organiza desenhos, realiza pesquisas, colagens, diagramação e a confecção de um livreto. No exemplo aqui exposto demonstro um trabalho que realizei em uma aula integrada com ciências e português. O aluno pesquisa e desenha a imagem, faz a leitura na sala de aula do conceito que elaborou, os amigos e o professor discutem os seus argumentos. Depois o aluno reescreve o seu novo conceito.

TUBARÃO - É UM ANIMAL CARNÍVORO E MUITO PERIGOSO. É impressionante os contrastes apresentados nos conceitos criados pelos alunos, as dificuldades de muitos alunos em criarem um conceito sobre coisas tão simples e a quantidade de informações que outros possuem. Este é um ótimo exercício, onde imagem e texto se relacionam. A cada ano realizo com os meus alunos um trabalho diferente, como por exemplo, o dicionário dos animais, o dicionário da arte, o dicionário do seu bairro, entre outros.

J

JOÃO REDONDO BONEQUINHOS PARA BOTAR NAS MÃOS E BRINCAR DE FAZER TEATRO.

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Cenas do Bairro Uma das principais atividades que solicito é o desenho de cenas do seu bairro. Proponho que o professor escreva no quadro sugestões de 10 locais diferentes, locais estes, que normalmente temos em um bairro de periferia e que sejam próximos a escola e da casa dos alunos. Reforço a idéia de que procurem só desenhar o que tem em seu bairro e a evitarem locais imaginados como praias, florestas, aquelas famosas casinhas com chaminé e cortinas com um jarro na janela, isto é quando o bairro não é localizado próximo a estes locais citados. SUGIRO DEZ CENAS Dentro de casa - em situações diversas, assistindo tv, cozinhando, no banheiro, no quarto, etc Na escola, no pátio, na sala de aula, desenho dos professores, o recreio Na feira do bairro No local de trabalho do aluno. Locais conhecidos do bairro, como; padaria, farmácia, lanchonete, igreja Em frente a casa do aluno. Um fato marcante na sua vida, como um assalto, um acidente Lazer no bairro, andando de bicicleta, jogando bola. A noite no churrasquinho da esquina, em uma pizzaria. Em uma festa, um show musical. Cada aluno deve desenhar apenas uma cena, porém exijo no desenho a presença da figura humana, detalhes nas casas, caracterização das pessoas, animais, meios de transporte, enfim, que procurem expressar em seus desenhos as coisas que estudamos neste livro.

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90 O desenho da cena do bairro é um espécie de teste, pois, neste momento, podemos observar se os alunos modificaram a sua forma de desenhar, podemos comparar os primeiros desenhos com os atuais e avaliar quais mudanças ocorreram, que novos elementos da representação gráfica foram incorporados, incluídos no repertório visual de cada aluno. Podemos então constatar os resultados e os benefícios das seqüências do Método Cacimba. Salientando que é importante o professor levar em consideração na sua avaliação a forma particular de cada pessoa de desenhar.

O professor que desejar, deve solicitar que os alunos sempre realizem redações sobre o trabalho que estão produzindo. Devem registrar todo o processo desenvolvido, analisando o seu grafismo, as modificações que ele sofreu, as alegrias, as decepções, as supressas e os resultados alcançados. Escrever todo dia, como propõe Ziraldo, qualquer coisa, como por exemplo um diário, é uma atividade importante na fase escolar e possibilita o desenvolvimento pelo ato da leitura. Solicito ao alunado que produzam um diário da Arte, onde eles registrem o que viu relacionado a arte naquele dia. Ler e escrever devem ser metas constantes dos educadores Por fim, o professor pode organizar e realizar uma exposição com os trabalhos dos alunos. Se possível com uma abertura festiva e que os alunos contem com a presença da família e dos amigos do bairro. Ao final de um semestre ou um ano, dependendo do ritmo da turma e das interferências ou de novas propostas que sempre surgem, como também da forma como cada professor adapta esta proposta às suas práticas, poderemos observar as mudanças que ocorreram nos desenhos dos alunos e a postura com relação a forma como eles encaram a Arte.

Talvez, após realizarem estes desenhos os alunos passem a dizer: -Minha casa é bonita. -Minha rua é muito bonita. -Eu sou um cara bonito. -Puxa !, como o mundo é interessante, por que eu não via como tem tanta coisa para conhecer. -Como existem coisas erradas, que precisam melhorar, quanta injustiça, como têm pessoas tristes e sem um sentido para suas vidas. Seria realmente muito bom. Gostaria realmente que o desenho despertasse nas pessoas uma nova forma de encarar as suas vidas. E que jovens tão brutalizados por uma cultura consumista, que lhe impõe modelos estranhos a sua realidade, baseados em valores que não respeitam o mundo em que eles vivem, o seu mundo mais próximo, sua intimidade familiar, sua rua, sua comunidade, seus amigos, mas uma realidade imaginária, idealizada como adequada segundo padrões que possibilitaram através do consumo de determinados bens e de atitudes a serem seguidas, o alcance de uma felicidade idealizada. Este processo de acomodação cultural realizado através de uma publicidade mentirosa e convincente, torna nossa juventude, presas fácies para pregadores oportunistas, políticos espertos, sujeitos crentes na lei do mais forte e do mais rico como única solução de sucesso na vida, pessoas sem rumos, sem destinos, sem senso crítico, sem leitura da sua própria vida, sem uma identidade cultural própria, mais uma copia mal feita de algo que muitas vezes ele nem compreende o que é.

Davi - 15 anos

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Quais as funções de um artista? Depois de realizar tantos desenhos é possível que muitos alunos sintam o desejo de se aprofundar nos caminhos da Arte e queiram se tornar artistas, aviso que o caminho é longo e as vezes penoso, cheios de incompreensões, desgostos e revolta, porém também fonte de prazer, sucesso e realizações. É importante que eles saibam que o oficio da Arte exige dedicação, estudo e conhecimento. Afinal, será se todos artistas conhecem o seu ofício? Ou, apenas sabem usar melhor do que outras pessoas determinadas técnicas? Porque, de que adianta um artista que tem um bom domínio da técnica, mas não conhece o seu papel? Papel este que veio sofrendo transformações ao longo do tempo, seja o artista como um filósofo de seu tempo, como um observador e crítico da sua realidade, como um educador, um transmissor de idéias e histórias moralistas para novas gerações, um homem que aponta caminhos. O artista cumpri o papel de sonhador, um mágico, criador de novas formas ou de interpretações dos símbolos dos rituais religiosos. O artista tem seu trabalho, sua obra, guiada pela sua ideologia, fruto de sua vivência, suas leituras, sua forma de entender o mundo. Segundo Diderot, escritor francês, celebre pela criação da sua famosa enciclopédia e estudioso da arte no século XIX, “O artista dispõe apenas de um instante para ver a vida, sentir e representar são a os limites extremos da arte, para isso ele deve aprender a ver e isto implica em aprender falar sobre o que vê e usar sua arte como ferramenta para tornar a virtude amável, o vício odioso, o ridículo respeitável, eternizar as boas ações, aterrorizar aos tiranos e alertar aos soberanos e à plebe sobre o que se deve se esperar desses pregadores sagrados da mentira. O artista deve estar ao lado dos educadores e dos consoladores dos males da vida”. Ser artista, viver de seu oficio, é diferente de fazer Arte, embora muitos confundam as duas coisas.

Francisco Iran.

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Conclusão Acredito que o desenho é uma fonte de conhecimento, pelos seus sutis caminhos, que levam à diferentes aprendizagens. Acredito na experiência, na ousadia de se buscar novos caminhos, acredito no valor do desenho, na sua magia. Esse foi um caminho que trilhei e que venho utilizando em sala de aula. Como falei antes, uma seqüência de atividades, onde muitos exercícios são de práticas corriqueiras nas aulas de Arte. Porém, não organizadas nesta forma, ela com certeza apresenta resultados, como os exemplos aqui expostos e espero que possa contribuir para a melhoria do ensino da Arte nas salas de aula. Valorizar o desenho é uma necessidade, é uma reação ao desinteresse e a desilusão que muitos jovens apresentam ao se dirigirem as aulas de Arte. Afinal, desenhar faz parte da infância. Talvez desenhando, brincando de ver o mundo de uma outra forma, eles possam adquirir a capacidade de imaginar, de criar e sonhar com um novo tipo de mundo, com uma outra realidade, onde ele esteja como sujeito, como herói da sua própria história. Em seu artigo “ A cultura visual no ensino da Arte Contemporânea :singularidades no trabalho com imagens “, publicado no informativo Arte na Escola n º45, Erinaldo Alves do Nascimento, ressalta que “ A principal tarefa de atuação do professor de ensino da Arte comprometido com a cultura visual é possibilitar condições para que a escola forme sujeitos com uma capacidade e disposição para compreender muito bem o que foi feito no passado e que ainda é preciso ser feito para mudar ou preservar no presente e que agindo desta forma podemos contribuir para a formação de sujeitos menos obedientes, mais questionadores e críticos, pessoas com a capacidade de serem autores e criadores de si mesmos, com queria Nietzche – SUJEITOS ÚNICOS E IRREPETÍVEIS “. Assim também é a proposta deste livro, que cada aluno mesmo seguindo uma seqüência coletiva de desenhos, façam trabalhos que serão ÚNICOS! ninguém REPETIRÁ suas criações e nem ele a dos outros. Ao finalizar, espero que todos que realizaram os exercícios aqui propostos, tenham se divertido, gostado de desenhar, brincado um pouco com esta fascinante atividade criada pelo espírito humano. Caso não tenha conseguido alcançar os resultados que imaginou, não seja tão rígido consigo mesmo, tenha calma, refaça alguns exercícios, crie novos, acredite na prática e que com o tempo, estes resultados surgiram. Pois, o bom em arte é que no final tudo dá certo.

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94 RELAÇÃO DOS CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES. Infelizmente, não poderei colocar o credito ao lado do desenho, por que, quando recolhi alguns desenhos não solicitei a identificação completa do aluno e há páginas em que estão desenhos de vários alunos, por isto estou apenas listando os nomes de todos. Carlos Eliabi, Lucas, Diego, Denílson, Arthur Constatino, Natahany Andressa, Kleion Rolemberg, Julio Cesar, Romilson, Jhonatan Nascimento, Aldrey, Regivaneide, Elizama, Felipe Diego, Tony, Franklim, Bruce, Allison,

Joelma, lílian, Joelma Silmara, Ataniel, Solange, Hudson, jéssica Janine, Clecio, Ednaldo, Maria Soraide, Raiane Apolinário, Alana Mycaely, kellen, lindenberg, lais Eunice, Hallen, joiran Cleiber, Luana, Beatriz, Luis Felipe, Jose Adriano, willy, Felipe Talita, Rayane, Felipe Dantas, Maira williane, João Paulo Emerson, Issac, Nitiery, Felipe Fonseca, Carlos Eduardo, Cleidjane, Iara, Jucimara, Suyane, Djackson, Ítalo, Julia karla, Lea Marques, Maxuell, Augusto Sergio, jose Adriano, Pettros, Ana Maria, Brenda Roseane Apolinário, liedson, Vinicius Dantas, Leonardo Canário, Laís Eunice, Aline Raissa, Sara,.

Desenho de Alex Barbosa

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Luiz Elson ao lado da releitura de Picasso produzida por seus alunos de curso de pintura

LUIZ ELSON DANTAS Nasceu em Angicos ( RN), no dia 23 de Agosto de 1963, É licenciado em Educação Artística, com habilitação em artes plástica pela UFRN e especializado em Teoria da Arte pela UFPE. Estudou desenho com o artista Aucides Sales e pintura com Jomar Jackson. É desenhista de história em quadrinhos, membro do Grupo de Pesquisa e História em Quadrinhos, onde editou com o grupo, a revista MATURI, o suplemento cultural, “O Cascudinho”, semanalmente por 2 anos no jornal o Poti. Realiza trabalhos com as técnicas da pintura á óleo, acrílica, aquarela e já participou de varias exposições coletivas. É professor de Artes na rede pública Municipal e Estadual, já trabalhou nas escolas particulares Henrique Castriciano e Encanto. Todas em Natal (RN). Ministrou cursos de desenho e pintura na Escolinha de Artes Newton Navarro, na Cidade da Criança, durante dez anos, também foi professor do Atelier Central, Escola de Artes que funcionou nos anos 90 pela Secretaria Estadual de Educação. Também trabalha organizando projetos culturais, eventos artísticos e peças teatrais participou da criação do texto e como ator do filme Cartas na Mesa, dirigido por Carlos Tourinho e roteirizado por Geraldo Alburquerque. Atualmente trabalha na Biblioteca Prof. Américo de Oliveira, na Zona Norte de Natal. Entrem em contato conosco Luiz Elson Dantas Fone : (84) 3214-6374 - 8829-7191 E-mail: [email protected] [email protected]

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Vinicius Dantas

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