Desenho: uma análise semiótica

June 13, 2017 | Autor: Erasmo Borges | Categoria: Desenho, Semiotica Visual, Percepção Visual
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DESENHO, UMA ANÁLISE SEMIÓTICA Prof. Ms. Erasmo Borges de Souza Filho Professor do Depto. de Desenho da UFPA e UNAMA e doutorando em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Email: [email protected] e [email protected].

Abstract This paper presents semiotic as an important area in the study of the sense and the drawing's meaning through the reading semiotic, which starts to have other dimension in the understanding of the human development, in the incentive of the creativity and in its cultural context of production. Drawing is an important contribution in the changes of methods and techniques of teaching of the drawing in the school.

Key Words Arts, Drawing, Semiotic, Education.

Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar a Semiótica como importante área de conhecimento no estudo do sentido e significação do desenho que através da leitura semiótica, passa a ter outra dimensão na compreensão do desenvolvimento humano, no estímulo da criatividade e no seu contexto cultural de produção, constituindo em uma importante contribuição na reformulação de métodos e técnicas de ensino do desenho na escola.

Palavras Chaves Artes, Desenho, Semiótica, Educação.

Introdução Este trabalho tem como objetivo apresentar a Semiótica como importante área de conhecimento no estudo do sentido e significação do desenho. Através da leitura semiótica o desenho passa a ter outra dimensão na compreensão do desenvolvimento humano, no estímulo da criatividade e na sua contextualização cultural. Nesse propósito, a semiótica, particularmente a semiótica discursiva ou greimasiana1, é uma importante contribuição na reformulação de métodos e técnicas de ensino do desenho na escola e no estudo dos componentes da imagem e de sua significação. Seguindo esse propósito, procurei explorar os procedimentos de estudo da imagem e de suas articulações sintático-semântica na investigação do sentido, no estudo da significação do desenho, em particular de um desenho feito por crianças de uma comunidade indígena, e dar conta das imagens nele contidas, em sua constituição sensível e inteligível. Nessa perspectiva, como não é possível conceber o desenho, enquanto texto2, de um lado, e seu contexto3, de outro, por serem realidades intrínsecas e de mesma natureza semiótica, portanto geradores de significação, a contextualização pode ser feita a partir do próprio desenho, por este se constituir a partir de relações ou rede de significações. O desenho indígena, objeto desta análise, expressa a problemática que em maior ou menor grau e que de um modo geral, as comunidades indígenas vêm passando na Região Amazônica, que tem como principal característica, entre outras, a forte influência indígena

que historicamente tem se manifestado na diversidade cultural regional. Essa peculiaridade é observada na língua, no vestuário, na alimentação e na forma de como o amazônida se relaciona com a natureza. É certo que a maioria das cidades, vilas e vilarejos, tiveram sua origem em antigos aldeamentos indígenas. Com o crescimento da economia brasileira e a constante busca da integração regional, aos demais centros produtivos, a Amazônia passou a ser palco de grandes investimentos e exploração de suas riquezas. Este processo acelerado de crescimento, nas últimas décadas, contribuiu para o crescimento desordenado de vilas e cidades que na expansão de suas “fronteiras”, tornaram-se fatores de “ameaça” às comunidades indígenas que passaram a fazer enfrentamentos de toda ordem no combate a ocupação de suas terras. Na emergência desses conflitos em que de “um lado” se colocavam as comunidades indígenas, e do “outro” os modernos avanços da civilização, é que surgiram Parques (a exemplo do Parque Nacional do Xingu) com a finalidade de aglutinar as várias sociedades indígenas e a demarcação de parte de suas terras, estabelecendo assim, as “fronteiras” entre o “primitivo e tradicional” e a “sociedade moderna”. Nesse aspecto, a “posse do território tribal é condição à sobrevivência dos índios. Tanto quanto outras medidas protetórias, ela opera porém como barreira à interação e à incorporação” (Ribeiro: 1986,197). A criação de parques ou reservas em parte atendem a essa necessidade, não sendo porém suficiente para garantir sua sobrevivência enquanto povo, em face ao avanço cada vez maior de elementos característicos das sociedades urbanas no interior das culturas indígenas, nas suas mais variadas formas. Agráfas em sua origem, as comunidades indígenas sentiram a necessidade, em sua maioria, de ver o seu falar e os demais elementos significativos da sua cultura, serem possíveis de registro e documentação. A realidade dos Parkatêjê4 não se coloca distante desse contexto. Eles já foram alvo de constantes investidas, como por exemplo, na tentativa de exploração de suas terras por castanheiros, agricultores e garimpeiros, além do ônus da proximidade com um grande centro urbano, que a torna “vulnerável” culturalmente ante as problemáticas da vida urbana. Em que pese todos esses aspectos os Parkatêjês, buscaram com a implantação de uma escola, uma forma de “recuperar e conservar a memória social de forma a garantir a persistência da dignidade e da identidade enquanto povo, mas também utilizando-se das conquistas gerais da humanidade, como instrumentos que se integram ao processo cultural específico” (Araújo, 1990:1). Ainda segundo Araújo, a preocupação maior da comunidade era a recuperação do idioma tradicional (timbira, da família macro jê) e de antigos costumes, “abalados” pelos anos de contato, que quase leva a sua extinção enquanto povo. Pela tradição no desenho e riqueza das imagens presentes na pintura corporal ou utilitária, o desenho passou a ser parte integrante das atividades da escola indígena 5. Tanto o desenho quanto a pintura ritualista e expressiva do índio, são linguagens gráficas de características culturais particulares mas, de certa forma, de âmbito universal. Digo universal porque ambas participam do processo humano de aquisição de conhecimento, ao longo da história das culturas humanas e da indígena em particular, como pode ser observado nas marcas deixadas no desenho proposto, que contém importantes revelações do seu cotidiano. Entre os Parkatêjê a imagem surge como forma de comunicar aspectos do mundo circundante, de suas experiências, de sua memória, de sua imaginação e relações além de um espaço-tempo não apenas imediato. Por esta razão é que seus desenhos, por suas formas, cores, texturas e constituição estrutural, apresentam-se articulados por relações que possibilitam uma reelaboração contínua de seus significados pela forma e conteúdo apresentados nas suas elaborações. Os desenhos são como que organismos vivos que, além de provocar-nos uma recepção, nos incita a estabelecer modos de interação pelas temáticas apresentadas. O desenho, objeto deste estudo, mostra um panorama de parte da reserva da comunidade feito por Kôxunti e Pempti, alunos da escola, que expressam suas percepções da comunidade e os principais aspectos de suas apreensões cotidianas. A análise do desenho, referenciado na semiótica discursiva, coloca como principal desafio estabelecer a relação

entre a apreensão do vivido e a descrição do desenho proposto, na busca da sua significação. Partindo-se do princípio de que toda linguagem pictórica constitui-se a partir de uma peculiar semiose que se estabelece entre dois planos constituintes de sua estruturação, o plano de expressão e o plano de conteúdo, sem uma hierarquia pré-estabelecida, estabelecemos o primeiro como o ponto de partida para a construção do sentido expresso no texto, cuja disposição de apresentação de seus elementos constituintes fazem com que não fiquemos indiferentes ao desenho e à temática nele expressa. Este aspecto, ao traduzir-se na linguagem escrita e conseqüentemente verbal, torna a significação questão central deste trabalho, a partir de aspectos relacionais e científicos que busca dar conta das condições de produção e de compreensão do sentido, cuja fundamentação será tratada no decorrer da análise no item seguinte onde, primeiramente, situo aspectos fundamentais da teoria e, ao mesmo tempo, estabeleço os nexos com o desenho, seguindo os objetivos deste trabalho. Finalmente, para melhor situar o leitor, a Comunidade Indígena Parkatêjê está localizada na Reserva Indígena Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins, km 30, às margens da BR-322, antiga PA-70, e próximo à cidade de Marabá, distante em torno de 400 km de Belém. Esta região além de ser caracterizada por uma relativa abundância de florestas e riquezas minerais, tem sido palco constante de conflitos de terra com a emergência de diversas problemáticas sociais, em função do desenvolvimento urbano com o crescimento desordenado das cidades e em decorrência da implantação de grandes projetos e do extrativismo mineral, que vêm sendo implantados na região desde a década de 70.

Análise semiótica de um desenho Parkatêjê A semiótica discursiva, que tem como principal teórico Algirdas Julien Greimas (1917-1992) e juntamente com a Escola de Paris, realizou uma síntese coerente de aportes 6 muito diferentes fundamentados no binarismo da lingüística, sociologia e etnologia e seu método é uma referência obrigatória para tudo o que concerne aos textos narrativos. Em sua construção teórica, o projeto greimasiano, dá conta de várias dinâmicas convergentes e homogêneas até a significação centrada num enfoque lingüístico7. Toma como ponto de partida os conceitos de Saussure (1857-1913) e Hjelmslev (1899-1965) nos aspectos referentes aos pares opostos (língua e fala, significante e significado, sistema e processo) assim como a concepção fundamental de que todo sistema de significação é de natureza relacional, ré-significando a obra desses autores. Considerado uma proposta original, a teoria greimasiana é fundadora de uma teoria da significação que busca explicitar, sob forma de construção conceitual através do quadrado semiótico e de seu percurso gerativo, as condições de produção e apreensão do sentido. Este modelo permite dar conta da manifestação de todos os discursos em qualquer sistema, partindo da idéia central, comum a todo o estruturalismo, que somente as relações são suscetíveis de uma descrição científica. Longe de ser uma teoria pronta e acabada, a sua coerência e o rigor do propósito de conjunto para dar conta da significação, tornou-se uma referência obrigatória para todo enfoque científico da narratividade8. Durante muito tempo, a lingüística foi uma teoria da língua e da linguagem que não ultrapassava a fronteira da frase, considerada a unidade lingüística por excelência, sendo este um dos principais elementos de diferenciação entre a lingüística e a semiótica que, por sua vez, é uma teoria que tem no texto o seu objeto de estudo, sendo a relação, a sua unidade mínima (Barros, 1994:5). Porém, no estudo do texto, a semiótica trata as relações de forma diferente da sociologia e particularmente, na semiótica greimasiana, em que o texto é tido como tecituras de relações que se entrelaçam dando origem as significações, ela tem como objetivo descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz, ou seja, além de ser uma

“teoria geral e sintagmática da significação, propõe-se também como uma teoria gerativa” (Fiorin, 1995:25). Considerando-se estes aspectos e o propósito deste trabalho, de dar enfoque à imagem, particularmente o desenho, duas questões fazem-se necessárias. Em primeiro lugar, o que qualifica o desenho da Fig. 1 como um texto? E, a partir desta qualificação, como se constrói o percurso gerativo do sentido? A Semiótica Greimasiana por ser uma teoria gerativa, sintagmática e geral, dá ênfase ao texto9 como um objeto de significação e seu objetivo é estudar a produção e interpretação dos textos e, por conseguinte, preocupar-se fundamentalmente em estudar os mecanismos que engendram o texto e o constituem como uma totalidade de sentido. Interessa-se por qualquer tipo de texto, independente da sua manifestação. Fig.1 - Desenho da Comunidade Indígena Parkatêjê, feito pelos O texto como a combinação de alunos Kôxunti e Pempti, quando cursaram a 6ª série na unidades semióticas elementares conescola da comunidade. Este desenho é parte do trabalho de campo desenvolvido pela escola. forme o processo teórico da descrição e que se define de duas formas nãoexcludentes e complementares, se expressa como um objeto de significação e objeto de comunicação. O primeiro resulta da análise “interna” do texto a partir da sua organização ou estruturação, que o torna um “todo de sentido”; o segundo, a partir da análise “externa”, em um contexto sócio-histórico10, que lhe atribui sentido e, nos seus desenvolvimentos mais recentes, trata de “examinar os procedimentos da organização textual e, ao mesmo tempo, os mecanismos enunciativos de produção e de recepção do texto” (Barros: 1994,8). Enquanto objeto de estudo da semiótica, o texto pode ser tanto de natureza lingüística (oral ou escrito), quanto um texto visual ou gestual, ou de natureza sincrética de mais de uma expressão. Em síntese, o texto, tomando-se como referência o plano de expressão e o plano de conteúdo, em detrimento das suas diferentes manifestações, para construção de um percurso gerativo pode ser definido como “um objeto de significação e um objeto cultural de comunicação entre sujeitos” (Barros, 1994:90). Em segundo lugar, quando se fala em percurso gerativo de sentido, a rigor está se falando de plano de conteúdo. Este porém, precisa ser veiculado por um plano de expressão11 que neste estudo é expresso através do desenho (fig. 1) que, no conjunto, apresentase como um texto articulado. Ao propor a análise do desenho, Para construir-se o percurso gerativo de sentido do desenho, iniciarei pelo plano de expressão, por ser a porta de entrada ao texto visual, procurando identificar os formandos necessários a análise da imagem, manifestada através da figurativização. O desenho reflete aspectos vividos pelas comunidades indígenas ao longo do processo acelerado e ao mesmo tempo desordenado que vêm se dando na Amazônia nas últimas décadas. Ao observamos o desenho (fig.2), Kôxunti e Pempti, enunciadores cujas marcas estão presentes no texto através de seus nomes, com a intenção de fazerver uma "visão panorâmica" de parte da reserva indígena, presentificam os aspectos que lhe dão maior significação Enquanto destinadores, Kôxunti e Pempti deiFig.2 – Marca dos autores presentes no texto. xam claro a instauração de um destinatário, no caso a escola, ao caracterizarem a produção do desenho como um trabalho de campo, ou seja,

uma atividade escolar. Ao fazê-lo, enquanto enunciadores do texto, percebemos que na dimensão topológica12, estabelecem a seguinte disposição. Na parte inferior do desenho, a partir do meio, situam-se os aspectos de concretude do cotidiano da comunidade. Percebe-se a aldeia em forma circular, com as casas pintadas em tons de azul (parede) e laranja (telhado) situada entre dois rios (ig. São José e rio Mãe Maria), e em seu interior a representação de um campo de futebol. À esquerda da aldeia, vemos o desenho da escola em tons de verde (parede) e laranja (telhado) e, mais à esquerda, o desenho do curral com a criação de animais domésticos e silvestres. Observa-se nos desenhos das casas, do campo de futebol e do próprio curral, a incorporação de elementos da cultura rural e urbana. Na parte superior do desenho, a partir do meio, encontram-se representados: a rede de transmissão de energia da Eletronorte, vinda da hidrelétrica de Tucurui; a estrada (BR322) que corta a reserva, com suas pontes de madeira (hoje em ferro e em número de quatro no interior da reserva), servindo de ligação entre Belém e o Sul do Pará e demais localidades próximas, como Marabá e Tucurui. Mais acima observa-se a floresta em sua maior densidade. Na fig. 3, o elemento divisor do desenho, tornado actante13 pelo enunciador, está nitidamente representado pelo acampamento de caça Maguari (em tons de azul e laranja, distante alguns quilômetros do núcleo de morada dos Parkatêjê, na direção norte) e uma placa amarela que firma, como um “testemunho vivo” ao enunciatário, a propriedade da área pela comunidade. Ao afirmarem a propriedade e delimitarem o espaço pelo acampamento, estes elementos marcam a “fronteira” entre o modo de viver “no tempo do mato”, integrado à natureza, e os “rumores da civilização”, expres- Fig.3 - Acampamento Maguari como elemento de simetria do desenho. so pela rede de transmissão de energia e a estrada de terra, que possibilitam o fluxo de toda uma economia circulante no Estado e de certa forma, a "invasão" de suas terras de elementos estranhos a reserva. O acampamento Maguari é o objeto simétrico, para onde converge e irradia toda a narrativa que, no nível das estruturas fundamentais, determina, inicialmente, a oposição semântica fundamental liberdade vs dominação (exploração, opressão). Essa oposição manifesta-se na forma de vida livre, integrada, da comunidade com a natureza, expressa na circularidade do núcleo de moradia, nos remetendo para uma forma de vida “harmônica”. O aspecto acima pode ser melhor entendido (Fig.4) através da estrada de terra (antiga PA-70, hoje BR-322 e asfaltada), representada na horizontal (na cor amarelo-alaranjado), interligada por quatro pontes e representada no ponto visual (terço superior) do desenho. Este fato é suma importância, é onde o enunciatário é instalado para em seguida percorrer o desenho na vertical, descendo pela estrada principal de acesso à aldeia, passando pelo acampamento Maguari, detendo-se por instantes na circularidade da aldeia, para em seguida estabelecer novo percurso visual de circularidade no desenho em direção a esFig.4 - Movimento de entrada do enunciatário no cola, o curral, a placa de identificação da reserva desenho até retornar a estrada horizontal.

O desenho destina-se a dois enunciatários. São eles: a escola e o observador do desenho. Ao enunciatário escola, mediador entre o saber vivido pela comunidade e o saber produzido pela “civilização”, o a desenho se destina enquanto produto de um saber adquirido, incorporado aos asb pectos fundamentais da cultura da comunidade. Isso aparece marcado pela assinatura dos enunciatários da narrativa (Fig.5a). A destinação ao enunciatário observador, por sua vez, é nitidamente marcado no desenho pela placa com a inscrição "Área da Comunidade Indígena Parkatêjê" Fig.5 - a) Identificação dos alunos; b) Desenho da placa de (Fig.5b). A placa, ao voltar-se para o enunpropriedade da área ciatário observador no percurso visual, reitera no desenho a propriedade da comunidade sobre a área e com isso busca garantir a sua permanência, sobrevivência e liberdade, em detrimento as prováveis formas de expropriação e exploração da comunidade. Observa-se aqui uma embreagem enunciva que instaura o enunciatário no texto. Ele, enunciatário, tem seu olhar contemplativo da paisagem desviado para o chamado "Área da Comunidade Indígena Parkatêjê", portanto propriedade particular, cria-se um simulacro de embreagem que vem perturbar uma situação discursivamente debreada. O enunciatário (observador ou qualquer outro sujeito da enunciação) pode até contemplar a natureza e a beleza da reserva mas guardando a devida distância por ser uma propriedade particular. Na dimensão eidética, o desenho podem ser estabelecidas diferentes formas e composições de linhas (horizontais, verticais, oblíquas e circulares). No ponto visual temos a estrada horizontal que divide a reserva entre área de floresta e área cultivada pela comunidade. A mesma horizontal aparece na linha de transmissão de alta tensão. Embora divididas pela estrada horizontal, as áreas de floresta e área de cultivo são interligadas pelos quatro rios que aparecem em um misto de verticalidade e obliqüidade. Vemos ainda na vertical as estradas de acesso da aldeia, a escola e o curral. As árvores por sua vez são representadas por linhas verticais e encontros de linhas oblíquas na copa das árvores. Paralelo a estrada de acesso a aldeia vemos no desenho a cerca e a ligação da rede elétrica a partir da rede de transmissão. As linhas ao estabelecerem a estrutura lógica das formas, que é equivalente à da lógica das cores 14 (a ser tratada adiante), cria uma trama de relações (Fig.6), de significações, que ao darem movimento e dinâmica, criam uma tenFig.6 - Esquema gráfico da recorrência de linhas no desenho sividade no desenho. dimensão eidético. As linhas horizontais da estrada e da rede de alta tensão que ocupam toda a largura do desenho em relação as linhas horizontais do acampamento de caça, da escola e curral, coloca em contraposição equilíbrio, harmonia, estabilidade o movimento do progresso da civilização, tidos como valores positivos (portanto eufóricos do ponto de vista do sujeito S1, o progresso), em detrimento à forma de vida indígena, de integração à natureza, considerada de certa forma negativa (disfórico em relação a S1), por constituir-se um obstáculo ao progresso (S2). As linhas verticais (rios, troncos das árvores, acessos a aldeia, escola e curral) estabelecem um movimento de ascendência, de crescimento, em que o plano é substituído pela

altura, reafirmando a necessidade de ascensão, de integração com a natureza apesar do avanço do progresso. As linhas quebradas dos rios e principalmente das copas das árvores, estabelecem uma ligação muito mais íntima com o plano, ela traz em si a promessa do plano. Essas linhas ao se constituírem no esquema gráfico dos rios e galhos das árvores elas situam a natureza como a própria coisa prometida, a oferta, a dádiva de Deus ao homem e a ele compete a sua preservação. A tensividade gerada pela recorrência das linhas verticais, oblíquas e quebradas, reitera a euforia do ponto de vista do enunciador em que é possível viver integrado a natureza em co-existência com os benefícios da civilização, do “mundo do urbano”. Este último pode ser observado na ligação da rede elétrica da aldeia na linha de alta tensão de Tucurui, bem como no campo de futebol que aparece no centro da aldeia. Quanto a circularidade das linhas, há uma grande recorrência de círculos combinados (Fig.7) formando figuras circulares, predominantes na metade superior do desenho. São círculos representativos das copas que nos remetem para a circularidade da aldeia, reiterando a harmonia e mais uma vez a integração homemnatureza, reforçando e dando peso na percepção dos círculos concêntricos que estão na metade inferior direita do desenho (casas e caminho de interligação entre elas). Observa-se que o fato do campo de futebol ser representado graficamente por todas as Fig.7 - Esquema gráfico da recorrência de linhas circulares linhas e estar no centro do círculo, isso nos no desenho - dimensão eidético. remete para a concepção de que o prazer pode ser vivido de forma equilibrada, integrada e compartilhado por todos. Vale ressaltar as linhas sinuosas dos rios que dão volume, força e dinâmica, reiterando a integração à natureza e a própria dinâmica da vida na fronteira do "urbano" e do "natural". Quanto a dimensão cromática, observa-se a predominância da cor verde com leve atenuação descendente, reiterado nas diversas manifestações do desenho (floresta, lavoura, escola e alojamentos periféricos à aldeia) inclusive com a utilização da própria cor do suporte. Embora o verde apareça recortado pelo azul dos rios e o laranja das estrada, a cor do suporte garante a unidade e a integração do desenho tornando-o único, considerado neste plano de expressão, e que, estando separados, caracterizam um efeito de recorrência da cor. É o verde frescor, diafaneidade, vida, verde mãe-natureza, verde alimento e garantia da própria vida que vêm da floresta, do cultivo e do conhecimento produzido na escola de valorização de uma cultura milenar na co-existência com outras culturas. A cor azul é reiterado nos rios, no acampamento de caça e nas próprias casas da aldeia. O azul nos rios cria um efeito de sentido de movimento para o infinito, com um fluxo dinâmico que pode estar tanto para cima quanto para baixo; nas casas em circulo, a amizade, a confiança, a socialização, reforçado pelo azul do acampamento Maguari, enquanto espaço de socialização do alimento e estreitamento dos laços de amizade e de confiança. A cor laranja predominantemente na estrada e acessos em oposição ao telhado das casas criam um efeito de sentido de terra, de caminho e ao mesmo tempo de proteção. Em contraste com o verde, cria um efeito de sentido de força e energia de caminhos que interligam culturas diferentes e, ao mesmo tempo, a ação transformadora que protege a abriga os ideais de uma comunidade. Por último, a cor marrom aparece disposta na parte superior do desenho, marcada de forma intensa em toda sua largura, significando o tronco das árvores. É o marrom que pela sua disposição, cria o efeito de sentido de vigor e resistência de uma floresta que, apesar de vilmente explorada pelas madereiras da região, ainda resistem como guardiães da comunidade, da sua cultura, propiciando alternativas de sobrevivência.

Na formação do plano do desenho, a dinâmica e o movimento de ir e vir com o olhar do enunciatário que é instaurado pelo enunciador, conduzindo-o a um passeio visual ao longo da imagem, é reforçado pela recorrência dos vários triângulos (Fig.8) propostos e dispersos no desenho. A forma triangular, tem características que lhe são peculiares: a primeira é a capacidade de apontar para alguma coisa pela sua agudidade; a segunda, ao tomar base na horizontalidade, aponta para o alto reforçando o sentido de verticalidade e de integração homem-natureza, que é "queFig.8 - Recorrência de formas triangulares no do des enho. brada" pela estrada horizontal que passa pela reserva. Assim, tanto na dimensão topológica, como na eidética e na cromática, observa-se que as diferentes isotopias 15 que se estabelecem, contribuem para estabelecer um plano coerente de leitura e a determinação do modo de ler o texto, na construção do seu significado. Com referência a aspectualização, a relação entre enunciador e enunciatário é de base argumentativa, cujo propósito da comunicação é a persuasão do segundo pelo primeiro, para um fazer-crer. Tanto um quanto o outro, são desdobramentos do sujeito da enunciação e o ato de comunicação entre eles é um complexo jogo de manipulação para validar a crença daquilo que se transmite para o enunciatário (fazer interpretativo). Com esse propósito vários são os recursos utilizados no desenho para produzir os significantes da realidade e que reafirmam de um fazer-crer. Observa-se a relação entre filogênese e ontogênese, em que o enunciador assimila, incorpora e expressa a formulação de conceitos através da figuritivização, no caso o desenho como ato (da vida), como manifestação de sujeitos em determinados contextos, como textos visuais. No aspecto da relação filogenética e ontogenética, um olhar mais atento e analítico, desvelará os recursos construtivos utilizados para produzir os efeitos visuais do desenho. A utilização de diferentes planos fronto-paralelos (ou de rebatimento) e o uso da perspectiva oblíqua reforçam a noção de profundidade, associada ao colorido do desenho, próprio das crianças maiores que desenham aquilo que conhecem (familiares ao seu contexto). Este mesmo aspecto pode ser observado na escala de representação do desenho em que os objetos de valor aparecem claramente destacados em relação aos demais. Observa-se que a dimensão do curral, da escola, do acampamento e da própria floresta, aparecem no nível das modalidades como aquisições de competência de um poder, dever, querer e saber ser e fazer para uma vida em comunidade e de integração à natureza. Observase que há uma interlocução entre os níveis topológico, eidético e cromático na construção da tematização. No nível das estruturas discursivas, os temas concretizam-se por meio das várias figuras do desenho. As leituras temáticas podem ser assim expressas: o tema sócioeconômico dos “benefícios” para a comunidade, na medida em que suas terras são objeto de usufruto pelo Estado, o que faz dos Parkatêjê, uma comunidade indígena com um poder aquisitivo acima das outras existentes na região, a exceção dos kaiapó; o tema da domesticidade dos animais e a distinção entre eles, representada pelo curral; o tema educação na aquisição conhecimento expresso pela representação da escola situada entre o núcleo e o curral; o tema sobrevivência, expresso pelo acampamento Maguari, situado no centro da narrativa, apresentando-se como o mediador entre o “tradicional” e o “moderno”; o tema socialização, expresso não só pela circularidade do núcleo de moradia mas, principalmente pela representação do campo de futebol no espaço interior o que remete o enunciatário para a questão do gênero16, uma vez que este espaço perfeitamente marcado, é um espaço predominantemente masculino.

No nível das estruturas narrativas, os elementos das oposições semânticas fundamentais são assumidos como valores pelos sujeitos da enunciação, e que demonstram através do desenho, a relação de transformação entre o estado de liberdade e o de exploração. Observa-se a estrada de acesso ao núcleo cercada, como forma de garantir a acessibilidade a aldeia, ao mesmo tempo em que no núcleo, as casas incorporam a “estética urbana” com acesso a energia elétrica, a mesma que percorre a reserva e que já foi palco de muitos conflitos. O desenho é carregado de sentidos e os modos de apreensão desses sentidos do mundo expressos no desenho, possibilitam uma nova sensibilização do sujeito na sua percepção do circundante, fatos esses já expressos no nível topológico, eidético e cromático, que fazem uma interligação entre natureza e modernidade, apesar da contradição entre uma e outra expressa no texto. A relação espaço-tempo se faz presente pelos actantes do “tradicional” e os actantes do “moderno” e, podemos afirmar que o sinestésico tem sua ênfase no simulacro criado pelo desenho do campo de futebol, situado no centro da circularidade, como importante elemento constitutivo das relações que lá se concretizam, da mesma forma que as linhas sinuosas dos rios expressam a sua dinâmica e movimento. No nível da estrutura fundamental, podemos afirmar que a categoria euforia é expressa pela metade inferior do desenho naquilo que é significativo para a comunidade, portanto, a base de toda a sua existência, a liberdade e que reflete um enunciado de estado (relação de junção). A disforia, por sua vez, está representada na metade superior por aquilo que representa uma “ameaça” para a comunidade, a exploração e dominação, que “vem de cima”, que “paira no ar”, uma disjunção que ao mesmo tempo se transforma em um enunciado de fazer. O percurso entre ambas se dá por uma afirmação de uma sobre a outra, ou seja, dá que está na base, do que é vital, sobre a que está acima, que na ótica do enunciador representa uma “ameaça”, embora passível de interlocução e de transformação. Embora seja um desenho aparentemente “simples”, ele não encerra uma narrativa mínima, ao contrário, estrutura-se numa seqüência canônica de sedução (manipulação) e ao mesmo tempo de competência (saber-fazer), pela coerência na tematização do discurso. Finalmente, o texto caracteriza-se por ser um discurso figurativo, que recobre os percursos temáticos abstratos, atribuindo-lhes traços de revestimento sensorial. As isotopias no desenho são fundamentais para a reiteração do tema, assegurando, graças a idéia de recorrência, a linha sintagmática do discurso e sua coerência semântica, ampliando as possibilidades de leitura e determinando um modo de ler o texto.

Conclusão À medida em que se adentra no estudo da semiótica, como qualquer construção conceitual, observa-se a complexidade do processo para quem está iniciante nesse campo de conhecimento que é a semiótica discursiva. Embora sem a competência de um semioticista, lancei-me no desafio de apreender a estrutura e os conceitos da semiótica greimasiana que tem me despertado novos olhares para a construção da significação (ou ré-significação) do mundo, que não se inscreve somente no campo da filosofia ou da sociologia, com os quais tenho convivido mais tempo, e cujos traços ainda aparecem de forma impertinente no texto. “Adentrar” e “sorver” na teoria semiótica nos coloca em um outro patamar na construção de novos sentidos na cotidianidade, permitindo “construir-lhes os sentidos pelo exame acurado de seus procedimentos e recuperar, no jogo da intertextualidade, a trama ou o enredo da sociedade e da história”. O exercício de construção do percurso gerativo de sentido de uma imagem é algo fascinante e nos possibilita uma reeducação do olhar não só para as imagens mas para as "coisas" da vida, amparado pelo contexto sócio-histórico mas, fundamentalmente, para o avanço da teoria na descoberta de novos elementos para suporte de análise.

O desenho em questão, não se caracteriza apenas como a representação de alguma "coisa em si", mas de um ato de sujeitos que constróem sentidos a partir de seus ideários culturais (percepções, ações e valores) na construção da enunciação. Finalizando, o texto que ora apresento, como qualquer texto de “aproximação” de uma teoria, provavelmente apresenta falhas, lacunas e talvez até uma elaboração sinuosa no percurso gerativo do sentido na análise do desenho. Porém, quero ressaltar, que o momento de análise é o momento culminante de um processo significação, de fruição de um conhecimento no redirecionamento do olhar para um fazer humano que muito me atrai e dignifica que é o desenho.

Notas 1. Assim denominada por ter como principal teórico Algirdas Julien Greimas (1917-1992). 2. A palavra texto provém do verbo latim texo (Cf. Koehler, s.d., que trata do presente verbete), que significa tecer, trançar, compor, escrever, redigir, construir e fabricar. No seu aspecto lingüístico, o texto tem uma estrutura, que garante a apreensão de sentido na sua globalidade e uma interdependência de suas partes ao todo. É um objeto, ao mesmo tempo, lingüístico e histórico, dotado de uma organização específica e considerado um todo de sentido. 3. Texto e contexto são níveis de manifestação da mesma realidade semiótica, indissociavelmente articulados entre si. A este respeito, Cf. LANDOWSKI (1996: 22-43) 4. Antigamente conhecidos como “Gaviões do Oeste” ou simplesmente “Gaviões”. 5. Denominada Escola Indígena de 1º Grau Peptykre Parkatêjê 6. Este aspecto refere-se a natureza relacional dos sistemas de significação, cujas referências são buscadas em Saussure e Hjelmslev; a antropologia de Levi-Strauss nos aspectos metodológicos e epistemológicos (ressaltase neste aspecto a influência da Escola de Praga, particularmente de Trubetzkoy e Jakobson); a semiologia social de Barthes; e a teoria de Proop. 7. Cf. FIORIN (1995:17-42) que trata do discurso fundador da Semântica Estrutural de Greimas. 8. É considerada como o princípio organizador de qualquer discurso. (Cf. GREIMAS & COURTÉS, 1983:294) 9. Cf. GREIMAS (1976), que trata do texto como um objeto histórico e como uma totalidade de sentido e GREIMAS e COURTÉS (Sd.), no que se refere a este verbete. 10. Sócio-histórico ou, mais precisamente, sócio-semiótica conforme considera LANDOWSKI (1991:29) em que o "conjunto dos dispositivos semióticos - Textuais e contextuais - necessários para a apreensão da significação de seu objeto, encontra inevitavelmente, no seu percurso analítico, certos elementos portadores de sentido que pertencem ao mesmo tempo a outras disciplinas e, em primeiro lugar, àquelas do social, do político e da história." Para tanto, faz necessário assegurar a coerência da análise redefinindo esses elementos "contextuais" do ponto de vista da sua pertinência semiótica. 11. Cf. FIORIN (1997:31) que trata do percurso gerativo no nível da manifestação e define-o como um modelo que simula a produção e a interpretação do significado, do conteúdo. 12. Cf. GREIMAS e COURTÉS (1991, Tomo II, p. 82), que trata desse verbete e dos verbetes Eidético e Crom ático entre outros. 13. Ao substituir o termo personagem , o termo actante pode ser concebido como aquele que realiza ou que sofre o ato, independentemente de qualquer outra determinação, tornando-se uma entidade sintática da narrativa, consolizadora das relações funcionais que aparecem no percurso gerativo, no momento da constituição dos enunciados da sintaxe narrativa de superfície 14. Cf. KANDINSKY (1997), que trata do ponto e da linha sobre o plano. 15. A isotopia é um termo originário das ciências exatas (particularmente da física) que Greimas transferiu para a análise semântica. Ao conferir-lhe uma significação específica, fez com que ela assegurasse (com base na idéia de recorrência), a linha sintagmática do discurso e a coerência semântica do texto. Nesse aspecto, a isotopia pode ser de dois tipos: a isotopia temática, que caracteriza-se pela recorrência do mesmo traço semântico ao longo do texto (reiteração, repetição) e a isotopia figurativa, que caracteriza-se pela redundância de traços figurativos, pela associação de figuras semelhantes ou que se associam em um mesmo grau de manifestação. A relação entre elas, por sua vez, recebem a denominação de metafóricas ou metonímicas, não como figuras de linguagem, mas como figuras de discurso. 16. De um modo geral, nas sociedades indígenas da região, as mulheres cumprem papéis especificos, cabendo ao homem as ações de determinação e força. Mesmo no lazer, essas diferenças são expressas entre o que é masculino e o que é feminino.

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